A prometida do rei escrita por Vindalf


Capítulo 13
Capítulo 13




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Bena empalideceu:

— Lobélia...!

Thorin argumentou:

— Mas aceitou a compensação. Sua concordância estava implícita.

— Isso foi antes que eu soubesse os termos do contrato. Isso significa que ou eu me caso com ele ou o trato está desfeito.

Bena estava pálida feito uma folha de papel:

— Pela Senhora Verde! Prima... Você- Você está apaixonada por Thorin?

— O quê? Não, claro que não! Onde conseguiu essa ideia tão absurda?

Bilbo contra-indagou:

— Por que iria querer tanto se casar com ele se não fosse o caso de uma paixão?

— Não é óbvio? — Eu não sairia do Shire a não ser para me tornar uma rainha! Prometeram-me uma coroa. Quero muito ser rainha. E eu posso arruinar esse seu acordo de comércio se você desistir de se casar comigo e me fazer rainha!

Todos se olharam, perdidos sobre o que deveriam fazer. Thorin virou-se para seu conselheiro mais fiel e confiável, em busca de confirmação:

— Balin, isso é verdade?

— Temo que sim, meu rapaz — confirmou o khuzd (anão) de cabelos brancos, com um suspiro profundo. — O Thain foi claro em especificar que a falta de concordância de todos os envolvidos renderia o contrato nulo e sem nenhum efeito legal.

Bena estava horrorizada e fez um apelo:

— Lobélia, prima minha, você quer tanto assim ser rainha que estaria disposta a viver com um marido extremamente infeliz?

Lobélia repetiu, determinada:

— Eu serei rainha! Mas já que vocês dois se amam tanto, não vou me opor a que Bena seja amante ou concubina do rei. Todavia, eu quero minha coroa. É meu direito!

Bilbo estava possesso, Bena estava desanimada. Thorin a abraçou, e a moça hobbit disse, tristemente, a seu amado:

— Eu aceito ser sua concubina...

— Não! — Thorin reagiu com vigor. — Você é minha Única, a Única que Mahal forjou para mim!

Balin acrescentou:

— Nosso povo não tem concubinas, mesmo na família real. O povo jamais aceitaria tal situação.

Kíli e Fíli se entreolharam, contrariados. Bena se pôs a chorar baixinho, Thorin a consolá-la. Ela tinha sido tão feliz por alguns minutos!...

Dís pronunciou de maneira serena:

— Lobélia tem todo direito de reivindicar o que lhe foi prometido. Mas Verbena também tem uma reivindicação legítima sobre Thorin, pois que ele quer tomá-la como sua Única. Diante disso, proponho resolver esse assunto do modo tradicional, como nossos antepassados previram: as duas moças devem lutar por seu escolhido. Um combate aberto, um duelo em público.

Fíli exclamou:

— Isso não é feito há centenas de anos!

Bilbo indagou:

— E por que não?

Dís explicou:

— Algumas razões são bem entendíveis: aprendemos a respeitar a escolha do outro, descobrimos que o casal resultante da contenda normalmente ficava infeliz, e além disso, a sociedade dos anões começou a condenar a prática do combate mortal para uma questão tão trivial quanto casamento.

Lobélia perdeu toda cor em suas faces, olhos arregalados. Tudo que ela conseguiu articular foi:

— M-mortal...?

Dís respondeu de maneira casual:

— Sim, é claro. Um duelo tradicional de casamento, ainda mais pela mão do rei, não requer nada menos do que o combate até a morte. Desta forma, o rival não ficará vivo para fazer uma nova tentativa em outra ocasião.

Lobélia, Bilbo e Bena estavam horrorizados. Balin confirmou:

—Sim, é isso mesmo.

Kíli exclamou, entusiasmado:

— Uau! Que fantástico!

Lobélia sabia que Bena não tinha vontade de entrar num duelo desses. Ainda assim, ela reclamou:

— Mas eu sou a prometida do rei! Como alguém pode contestar isso?

Balin lembrou:

— A tradição é antiga, mas existe. Qualquer um pode desafiar o rei ou a rainha. Mas devem ser seus próprios campeões. Precisam lutar pessoalmente.

Bena indagou:

— Então terei que lutar com Lobélia? Yavanna Sagrada, eu terei que matar minha prima...!

Thorin implorou, angustiado:

— Balin, por favor. O que preciso fazer para dar fim a essa insânia?

O conselheiro abanou a cabeça pesadamente:

— Não há nada que você possa fazer, Thorin. Ou as moças duelam, ou desistem. Não vejo saída.

Kíli franziu o cenho e virou-se para a mais velha, indagando:

— Lady Lobélia, desistiria de sua coroa?

A resposta foi peremptória:

— Nunca!

— Muito bem — Ele fez uma nova pergunta. — Então poderia talvez considerar mudar de coroa?

Ela franziu o cenho, indagando:

— O que quer dizer?

Dís estava curiosa:

— Kíli, do que está falando?

O príncipe ignorou sua mãe e voltou a falar diretamente com Lobélia:

— Eu sou herdeiro ao trono de Durin. Você consideraria se casar comigo em vez de meu tio?

Uma ruidosa cacofonia de vozes iradas irrompeu no salão parcamente mobiliado. Era difícil saber quem dissera o quê.

— Kíli!

— Rapaz, o que está fazendo?

— Está louco, seu cabeça de pedra?

— Irmão, por quê?

O príncipe mais jovem ergueu a mão, pedindo silêncio. Só quando conseguiu é que ele indagou:

— Qual é sua resposta, Lady Lobélia?

— O quê? Quer que eu responda agora?

Kíli respondeu:

— É apenas justo, visto que a senhora também exigia uma resposta de Thorin imediatamente.

Lobélia não gostou da resposta, mas considerou a oferta. Então ela contra-indagou.

— Você tem alguma condição?

— Só peço que me conceda as mesmas condições que ofereceu a Thorin: direito a uma concubina.

Fíli estava horrorizado:

— Kí!

Thorin foi até o jovem príncipe:

— Filho de minha irmã, não posso deixar que faça isso.

— Meu tio — disse Kíli gravemente —, esta é minha decisão. Não posso deixar que sacrifique sua escolhida, sua Única.

Bilbo estava incrédulo e dirigiu-se à moça ambiciosa:

— Lobélia, está vendo isso? Já considerou o que está fazendo? Qualquer chance de simpatia e amizade que você pudesse ter conquistado até agora vai desaparecer se insistir nessa loucura!

Friamente, Lobélia lembrou:

— É o meu direito.

Bena estava tão desolada que mal conseguia reagir. Ela se separou de Thorin e garantiu:

— Não vou permitir, Kíli. Sei que muitas pessoas de Erebor não vão respeitar um rei que tem uma amante em sua corte.

Dís concordou:

— Bena está certa. Uma coisa assim enfraqueceria muito o reinado de Thorin.

Kíli virou-se para o casal, garantindo:

— Depois de tudo que Thorin fez por nosso povo, e o mínimo que posso fazer por ele. Sou um herdeiro do trono de Durin. Se eu tiver uma amante, o povo pensará mal de mim, mas Thorin estará preservado.

Bena objetou:

— Mas Kíli...! É um sacrifício grande demais...

O príncipe sorriu tristemente e lembrou:

— Thorin estava disposto a fazer esse mesmo sacrifício por seu povo. Sou seu herdeiro; como posso fazer menos?

Bena estava em tal estado de nervos que quase deixou escapar. Após passar tanto tempo com os príncipes, a moça hobbit aprendeu a reconhecer o brilho malicioso nos olhos do jovem arqueiro. Era a mesma expressão que ele tinha ao planejar alguma travessura ou brincadeira.

Quando Bena reconheceu aquele brilho nos olhos de Kíli, um raio de esperança emergiu em seu peito. Seu coração se acelerou.

Kíli tinha um plano, ela percebeu. E parecia que ninguém mais tinha percebido as intenções dele. O mais importante era que Lobélia não tinha captado a malícia.

Bena pegou as mãos de Kíli entre as suas, encarou os olhos pretos do rapaz e disse, emocionada:

— Que Yavanna e Aulë ambos possam abençoá-lo, Kíli.

O jovem anão sorriu para ela e replicou afetuosamente:

— Faço com prazer... querida futura tia.

Mas Bilbo não podia se conformar. — Isso é um absurdo, Lobélia! Olhe o que está fazendo! Está trazendo sofrimento a essas pessoas! Tenho vergonha de ser aparentado a você!...

Repentinamente Kíli virou-se para Lobélia, agora sem nenhum traço de afeição, e indagou impacientemente:

— Bem? Qual é a sua resposta?

Ela olhou para todos, olhos bem espertos, e respondeu:

— Eu aceito... meu noivo. Poderíamos até fazer um casamento duplo dentro da realeza! Isso não seria esplêndido?

Houve um momento de terror mudo ao ouvir isso. Kíli imediatamente indagou:

— Então você libera Thorin de seu compromisso anterior?

— Sim, libero.

— Está disposta a escrever para seu Thain dizendo que está fazendo isso de sua livre e espontânea vontade? Assim ele terá certeza que não houve nenhuma chantagem, coerção ou intimidação de qualquer espécie em sua decisão?

De maneira irônica, Lobelia perguntou:

— Querido futuro marido, não acha que essa pode ser a maneira errada de começar a cortejar sua noiva? Tanta desconfiança...

Kíli nunca foi um homem frio. Mas Bena não viu qualquer sinal de compaixão em seu rosto quando ele retorquiu, com igual ironia:

— E diga, querida prometida, a quem devo eu culpar por isso?

A compleição pálida de Lobélia ficou lívida e ela finalmente concordou:

— Está bem! Está bem, eu escreverei a carta ainda hoje.

— Agora — insistiu Kíli, apontando para a escrivaninha. — Tem papel e tinta aqui. Fará isso agora e a carta seguirá para o Shire ainda hoje.

Lobélia estava muito indignada, mas obedeceu. Quando a carta estava pronta, ela a entregou a ele, reforçando:

— Aí está. Conforme pedido, eu liberei seu precioso rei, meu querido. Mas se pensa que eu farei o mesmo por você, está enganado.

Kíli a encarou e disse, de maneira ameaçadora:

— E você também, se pensa o mesmo de mim. Saiba disso: você não tem mais nada a reivindicar de Thorin. Agora nós temos um compromisso e eu não estou disposto a liberá-la dele. Entenda que vai precisar se esforçar muito para me convencer a liberar você. Balin, devemos redigir um contrato com os termos do acordo.

E aquela foi a primeira vez que Lobélia percebeu que poderia ter cometido um erro. Mas Bena tinha certeza de que a prima não conseguia ver que erro.

Até Lobélia descobrir, porém, Bena poderia se deliciar com tranquilidade, podendo expressar livremente seu amor pelo Rei Thorin.


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Notas finais do capítulo

A seguir: Quem planta vento, colhe tempestade



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