O túmulo da família Ortega era de mármore negro, com elementos do sistema solar feitos em ferro sobre a tampa. Tinha sete gavetas, porém, apenas a última se encontrava preenchida. Flores decoravam o oratório ao lado da placa de identificação. Uma foto de Júpiter sorria para nós, emoldurada por uma linha oval dourada.

— Um mês e meio – Europa aproximou-se, dando indícios de que se colocaria em lágrimas –, mas ainda dói como se tivesse sido ontem.

Io afagou suas costas, como Loren estava fazendo comigo.

Igor esgueirou-se entre o repouso de Júpiter e o túmulo vizinho, colocando mais um ramalhete de flores no oratório. Ganímedes e Calisto fizeram o mesmo.

Você pode ser Almateia. Era a quarta lua no ranking.

— Ainda não colocaram uma frase? – Igor passou os dedos pela placa de pedra com o nome de Júpiter.

— Não conseguimos pensar num epitáfio que combinasse com ele – Io respondeu, beijando o topo da cabeça de Europa.

Algumas quadras à nossa direita, uma procissão levava um caixão para uma cova. Imaginei se o enterro de Júpiter teria sido tão monótono e tristonho.

Encarei os enfeites de metal na tampa do túmulo, observando os pequenos pontinhos de ferrugem que começavam a aparecer.

— Havia um universo inteiro dentro dele.