Passaram-se mais algumas semanas desde que Hiyori sofreu o ataque. Ela não vê Yato faz dois meses, mas ainda lembra dele. Ela prometeu que não iria esquecê-lo. Mas, mesmo assim, ela estava triste. Uma tristeza que invadia o corpo e todas as noites pareciam mais escuras do que antes. Yato passava toda a madrugada ao lado da casa de Hiyori, vigiando ayakashis. Às vezes ele levava Yukine também, mas nenhum dos dois se falavam. Depois do que Daikoku disse, Yukine está evitando pensar demais e acabar picando Yato (de novo). Quanto mais tempo Yato se afastava de Hiyori, ele também ficava mais afastado dos outros. Ele chegou a não falar com ninguém por semanas.

[...]

– Aquele idiota está se torturando indo ver a Hiyori todos os dias e não falar com ela nunca. – Disse Mayu para sua irmãs shinkis, aborrecida – Tenjin-sama deveria falar com ele de novo sobre cortar os laços.

– Você tem toda razão... – Suas irmãs concordando sem hesitar.

Mayu conversou com Tenjin sobre o caso e ele aceitou dar um fim nisso, que se prolongou já num enorme problema. Yato foi chamado à casa de Tenjin, assim como Hiyori também, mas eles não sabiam disso.

– Hiyori-san! Seja bem vinda! – Disseram todas as irmãs.

– Obrigada por ter me chamado, Mayu-san. – Sorriu – Mas por que vocês não podem me falar do que se trata? Mais alguém vem?

– Sim, minha jovem. – Tenjin apareceu – Eu convidei Yato também.

Os olhos de Hiyori brilharam e ela se sentiu feliz como não se sentia há um tempo.

– Verdade? Ele vem? – Agitada.

–... Sim! Ele vem! – Mayu, sorrindo de modo falso, apesar de estar chateada com o que irá acontecer.

*puff*

– Hiyoriiiiiiiiin! – Kofuku pulou em Hiyori, exalando alegria – Que saudade de vocêêêêê!

– Oi, Kofuku! – Hiyori acabou se animando bastante ao encontrá-la, junto com Daikoku.

Yato e Yukine apareceram, finalmente.

Quando Yato viu Hiyori, logo foi possível perceber que estava incomodado. E, ao notar isso, Hiyori perdeu seu sorriso rapidamente. Tenjin, ao mexer com a cabeça, fez com que suas sacerdotisas abrissem barreiras em volta deles, como um losango, para impedir a saída ou entrada de qualquer um.

– O QUE É ISSO?! – Gritaram Hiyori e Yato ao mesmo tempo. – O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO?!

Yukine começou a chorar. Ele sabia o que iria acontecer.

Yato seria forçado a cortar seus laços com Hiyori.

– Yatogami. – Tenjin se aproximou dele, que tinha uma expressão de horror no rosto – Todas as assombrações que Hiyori está passando... É por sua causa.

Choque.

– É você quem está causando os ayakashis para ela. Evitá-la está matando-a.

Hiyori estava paralisada por causa de Tenjin, mas Yato podia se mover livremente pelo losango. Mas, não podia tocar em Hiyori, apenas chegar perto dela.

– Você deve matar Iki Hiyori agora, ou cortar seus laços com ela. Senão, eu mesmo farei isso. Aqui. Agora.

– Não sou eu... Eu estou protegendo ela! – Yato, arfando – Eu estou matando todos os Ayakashis que aparecem para perturbá-la!

– VOCÊ é a causa da aparição deles. Ela é humana e você já a envolveu demais no nosso mundo. Te darei outra chance para cortar seus laços com ela, ou eu mesmo o farei.

– NÃO! – Dessa vez, gritou Hiyori – POR FAVOR, EU NÃO QUERO...! EU NÃO QUERO ME ESQUECER!

– Eu, Tenjin-sama, Deus da Sabedoria. Utilizo meu nome de soberania para cortar os laços entre a humana Iki Hiyori... -

– PARE!

–... E o deus Yatogami... -

– POR FAVOR, NÃO! – Hiyori, chorando alto – NÃO ME TIRE DELE...!

–... Dilacerar!

.

–... Hiyori! – Gritou Yukine, chorando, ao ver o desmaio da amiga.

Yato permaneceu imóvel, olhando o corpo de Hiyori cair.

– Mayu, leve esta jovem humana para casa. Ela vai acordar e não lembrar de nada sobre nós.

– Sim, Tenjin-sama. – Disse a shinki, levantando Hiyori junto com mais outra irmã.

Yato não se mexeu.

(Eles... Arrancaram de mim...);

(Tiraram alguém de mim... À força...);

(... De novo.);

[...]

– Cadê esse Yato, hein? Yukine está sozinho vai fazer uma semana, como sempre. – Daikoku, reclamando, fazendo o almoço.

– Ele só está sem fome... – Kofuku parecia deprimida.

– Minha deusa... Você não precisa ficar dessa forma por causa dos laços. A Hiyori está mais saudável agora, ela não ficará mais infeliz.

– Você já parou pra imaginar... – Kofuku virou-se para ele, com os olhos cheios de lágrimas -... Que o Yato era quem fazia a Hiyori feliz?!

– Quê?! Você viu como ela estava! Estava doente e indo pra margem de lá a cada passo!

– Não! Antes disso! Antes de ela conhecer o Yato! Ela não parecia feliz quando veio nos conhecer, né? – Kofuku começou a chorar – Mas quando ela passou a vir aqui sempre, com ele, ela parecia tão contente! Ela gostava tanto da gente! Yato se odeia!

[...]

– Hiyori! Não corra depois de almoçar, você vai passar mal!

– Desculpa, mãe! Até depois da escola! – e disse sorridente, indo para o colégio.

Yato estava a seguindo, apesar de tudo. Ele ficou evitando que ela o visse, espiando de longe. Realmente, todos os fantasmas sumiram. Mas Yato estava perturbado. Sentia uma dor estranha no peito. E não era tristeza, parecia mais profunda que isso.

Até que, num impulso, Yato pulou na frente de Hiyori e ela tomou um susto.

– D-De onde você saiu?! – Gritou ela, recuando.

– Você se lembra de mim? – Disse sério.

– H-Ham? Como assim se eu lembro de você...? – Parecia assustada – Eu nunca te vi na vida...!

– Você prometeu!

Hiyori ficou imóvel.

– Desculpa, mas eu realmente nunca te vi... Não tá me confundindo com ninguém? Tem muita menina que se parece comigo na minha escola e...

– Não... – respondeu amargurado – Eu não te confundi...

– O-O que supostamente era pra eu lembrar de você...? – Gaguejou novamente.

Yato se aproximou dela, quase encostando seus rostos.

–... Você realmente... Me esqueceu? – Olhando-a nos olhos, que pareciam maravilhados ao entrarem em contato com os seus.

– N-Não! – Corou – Eu juro, eu nunca vi você! Com licença! – Correu para a escola, deixando ele lá.

(Esse rapaz... Ele tem um cheiro tão familiar...);

(Eu nunca senti esse cheiro antes...);

(Mas... Não parece ser um perfume...);

(O cheiro dele... Me conforta.);