De repente pai escrita por Thaynara Dinucci


Capítulo 8
Capítulo 7




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Julia

"Você vai ser mamãe. Dois pauzinhos significa positivo." Acordo meio desorientada, olho ao redor e vejo Nath falando com alguém no telefone. Levanto da cama e minha cabeça dói. Nossa, que sonho louco eu tive. Sonhava que eu ia ser mãe e o pai seria Alex. Dou uma gargalhada quando lembro disso e vejo Nath vindo em minha direção.

"Graças a Deus você acordou. Já estava quase chamando o Sr. Robert pra vir aqui." Ela diz enquanto vem pro meu lado.

Ignoro o que ela diz e começo a rir quando lembro do sonho que tive. Nath está me olhando como se tivesse nascido um rabo no meu traseiro.

"Nath..." eu digo enquanto seguro a risada "você não tem noção do sonho, digo, pesadelo que eu tive."

"Que sonho, Julia?" Ela pergunta enquanto pega na minha mão e me leva pra cama onde sentamos.

"Eu fazia um teste de gravidez e ele dava positivo" começo a rir novamente e continuo "eu e Alex sendo pais." Sinto meu riso se transformar em lágrimas. E eu choro.

Nath se aproxima e começa alisar carinhosamente meus cabelos e diz "Oh amiga. Não foi um sonho. Você realmente está grávida. Você e Alex vão ser pais." Ela passa aos mãos no meu rosto e meu sangue gela quando vejo Alex parado na porta do quarto com os olhos arregalados.

Alex

Saio do trabalho e sigo pra casa de Julia. Tento ligar pro seu celular mas só cai na caixa postal. Estanho isso. Snow Patrol canta Chasing Cars enquanto eu faço meu caminho até a sua casa. Não vejo a hora de beijar e abraçar Julia. Não vejo a hora de me enterrar naquele corpinho maravilhoso. Eu sinto falta do nosso contato.

Chego em sua rua e me sinto em casa. É bom estar aqui. Parece tão certo. Estaciono meu carro e vou em direção a sua casa. Ta tudo muito escuro. Estranho. Toco a campainha e ninguém responde e logo começo a ficar preocupado. Mexo na maçaneta e vejo que a porta está aberta, lentamente vou entrando e vejo uma luz vindo do quarto de Julia. Ouco vozes baixas e não consigo identificar quem seja.

Respiro fundo e conto até dez e tento reprimir a onda de ciúmes que começa a crescer dentro de mim. Não. Ela só está falando com alguém no telefone. É isso. Continuo indo em direção ao quarto de Julia e paro na porta quando vejo Nathalie sentada alisando os cabelos de Julia, quando eu ouço ela dizendo que Julia está grávida e que seremos pais.

Acho que entrei num universo paralelo. Aliás, tenho certeza. Já consigo ver unicórnios e ursinhos coloridos em minha volta com plaquinhas dizendo "VOCÊ SERÁ PAPAI", "VOCÊ TERÁ UM BEBÊ."

Sinto meu sangue sendo drenado das minhas veias. Que porra de brincadeira é essa? Eu devo estar com os olhos maiores do que se é possível imaginar. Só consigo enxergar vermelho. Julia nota minha presença e fica pálida, parece que vai vomitar. Quero me aproximar dela, mas meus pés estão colados no chão.

"Alex, há quanto tempo você está aí?" Ela sai da cama e vem em minha direção. Automaticamente dou um passo pra trás e ergo a mão pra que ela não se aproxime.

"Tempo suficiente Julia. Que porra é essa de gravidez?" Eu pergunto. Minha voz parece estacas de gelo.

"Querido não é nada disso que você está pensando" ela diz e olha pra Nath como se ela tivesse resposta pro problema. "Eu... eu... eu...não sei como aconteceu, mas eu estou grávida. Seremos papais. Sei que nunca falamos sobre..." ela diz e eu corto.

"Pais? Você sabe se eu quero ser a porra de um pai? Sabe que eu quero formar o caralho de uma família, Julia?" Eu grito. A raiva tomando conta do meu ser. Vejo ela se encolhendo enquanto falo. "Nós estamos saindo há um mês e você me aparece gravida, porra?"

PORRA DE NOVO!

Isso não pode estar acontecendo comigo. Santo inferno.

Julia

Nunca vi Alex desse jeito. Ele está frio e distante. Seu rosto está vermelho. Se pudesse estaria soltando fumaça pelas orelhas. Seria cômico se a situação não fosse tragica.

"Eu vou deixar vocês a sós" Nath diz enquanto pega sua bolsa, levanta a mão até a orelha num sinal universal de "me liga".

Ela sai do quarto e para na porta, olha pra Alex e diz "parabéns papai". Vejo Alex olhar pra ela e vejo raiva em seu olhar. Se ele pudesse arrancar sua cabeça, ele teria feito. Olho pra Nath repreendendo-a e ela vai embora. Me deixando sozinha com o Sr. Iceberg.

"Alex será que podemos conversar?" Eu peço calmamente enquanto vejo seu olhar se voltar pra mim.

"Conversar Julia? Você é uma maldita aproveitadora." Ele diz. Sua voz saindo como punhais e acertando diretamente em meu coração.

Como ele pode pensar uma coisa dessa de mim? Eu nunca quis seu maldito dinheiro. Nunca quis nada dele. Quem começou com tudo isso foi ele. Uma onda de raiva cresce dentro de mim.

"Sai da minha casa" eu digo. "AGORA."

Alex

Ela está com raiva de mim. Foda-se! Eu também estou com raiva dela. Minha vontade era arrancar a cabeça daquela melhor amiga dela. Maldita bastarda.

Ela está me mandando embora. Ah querida! Você não tem direito nenhum aqui. A única que fez merda aqui foi você. Onde já se viu engravidar pra tirar vantagens de mim? Eu sabia que não deveria ter deixado chegar onde chegou. Ela não era diferente.

"Eu vou embora depois que você ouvir o que eu tenho pra dizer" eu digo e ela me olha com sangue nos olhos. Foda-se!

Passo as mãos pelos cabelos e os puxo com força. Eu me apaixonei por ela e ela só queria tirar vantagens. Como eu pude ser tão estúpido?

"VOCÊ." Eu aponto pra ela "é só mais uma aproveitadora" rio com ironia e continuo "e eu achando que você era diferente. O meu erro foi ter pensando que você me queria. Deixei isso ir longe demais." Ela ameaça falar mas eu a corto. "CALA A BOCA" eu grito.

"Seu maldito filho da puta." Ela diz.

"Julia, eu quero você fora da minha vida e da minha empresa. Você e essa criança." Eu digo e sinto minha voz falhar. "Eu quero esquecer que você existe." Eu digo e viro as costas e sigo pra fora de sua casa. Sinto meus olhos queimarem e grossas lágrimas caem. Entro em meu carro e vou em direção ao segundo lugar em que eu me sinto em paz.

Julia

Alex definitivamente morreu pra mim. Eu sabia que ele era frio e sem coração, mas me ofender como me ofendeu e ainda por cima ofender o nosso bebê. Aquilo foi a gota d'água. Instintivamente levo minhas mãos a minha barriga e sorrio ao pensar que uma nova vida está se formando dentro de mim. Meu bebê nem nasceu e já foi renegado pelo pai. Vou em direção a cama e deito. Começo a chorar e sussurro pro meu bebê enquanto acaricio minha barriga plana "somos só eu e você contra o mundo brotinho."


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem!!



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