I'm Here Again escrita por TahRodriguess


Capítulo 34
12. I kissed a friend just to try it, I hope my boyfriend don't mind it.


Notas iniciais do capítulo

Q



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— Fala sério, seus burros!

— Ah ok! Caso não saiba, eu não sei nada de mitologia, ok?

— E se você ajudasse, amorzinho, seria melhor. – ri.

— Senti sua ironia em “amorzinho" ok, Bieber? E não teria graça eu ajudar vocês, é tudo tão fácil – eles me olharam torto. – Para mim, para mim é fácil.

— Então me diz como é que essa mulher nasce e ajuda o irmão a nascer ainda?

— É isso que está te deixando tão descabelado, Kyle? – ri muito mais. – Não é a toa! Não tenta entender, só aprenda, ou grave, como são! Se não você fica louco mesmo, e seu cabelo é lindo demais para quase arrancar fora tentando entender algo que não tem como entender. Ah! E não é mulher, é deusa – acho que ele já queria voar em cima de mim.

— Você ainda não me respondeu.

— Ora, eu não crio os mitos, como vou saber? Estamos falando de séculos a.c.

 Kyle virou para frente emburrado e Justin também estava com um mau humor daqueles! Além do sono esse trabalho detonava os seus neurônios acordados. Mitologia Grega não é fácil.

 Fechei meu “A Maldição do Titã”, o terceiro livro da saga “Percy Jackson e os Olimpianos”. Já li umas três vezes, essa seria a quarta no caso, mas eu só estava lendo mesmo por ser o livro com informações sobre a Deusa Ártemis e dei uma pesquisada no Google mais cedo.

— É o seguinte...

Me inclinei para frente quase caindo do sofá que eu estava deitada na maior folga, e me aproximei dos meninos, que sentavam no chão próximo a mesa de centro onde estava o note do Bieber, papeis e canetas espalhadas por todo canto, e expliquei o que eu sabia. Praticamente banquei a “contadora de histórias” falando sobre toda aquelas lendas.

 Até que Kyle se irritou e levantou depressa.

— Chega!

Chegava a ser engraçado ver os dois quebrando a cabeça por um trabalho como aqueles, Kyle ficou muito irritado no final de tudo, mas enfim. Arrumamos toda a bagunça e deixamos a sala do jeito que estava quando chegamos, e enquanto Justin terminava de acertar as coisas por lá, levei Kyle até a porta.

— Então se você quiser me manda por e-mail, ou sei lá.

— Posso te entregar na escola também, qualquer coisa.

— É, pode ser. Aí quando a sua parte e a do Justin tiverem comigo eu monto para apresentar, mas vê se entrega logo porque tenho um péssimo hábito de enrolar para fazer trabalho – ele riu.

— Ta bom, ta bom. Até mais, Lua.

— Até, Kyle.

Fechei a porta e voltei para sala, Justin estava sentado no sofá, fazendo nada só me esperando voltar, com uma cara fofa, sorrisinho de lado, cabelo recém-arrumado de qualquer jeito, a calça que ele voltou da escola quase batendo no joelho de tão baixa – exagerei, é, mas isso não tira o fato de que ele estava com a cueca toda aparecendo, todo mundo da escola sabia que a cueca dele é branca da Calvin Klein.

— Você sabe o quanto sou indignada com essa sua calça lá no joelho.

— Eu sei, mas não entendo porque. É estilo.

— Desde quando é estilo mostrar a cueca toda? – ele sorriu.

— Ta com ciúmes da minha bunda agora?

— É, to – é ironia, por favor.

— Que fofa! – eu mandando a ver na ironia e ele tirando uma com a minha cara como sempre, só para não perder o costume.

— Não é ciúme, sabe disso, mas não tem necessidade de usar uma calça tão baixa.

— Mentira, você está com ciúmes da minha bunda sim!

— Não to mesmo.

— Ta sim!

— Cara, não to afim de discutir com você.

— Você sempre é teimosa e insiste até convencer ou desistirem, você parar é a prova de que eu to certo.

— Você é convencido demais!

— E você me ama mesmo assim.

 Ele me olhava com seu típico sorriso convencido, o que o identificava bem. “Convencido” é a maior característica de Justin Drew Bieber. Só que eu era tão louca por ele, pelos olhos brilhando de confiança e pelos lábios deliciosos levemente levantados de canto naquele maldito sorriso que, o que mais me irrita nas outras pessoas, no Justin era um defeito que eu simplesmente adorava.

— Eu te odeio!

Ele riu, claro que o que eu disse foi da boca para fora e isso era tão notável que, qualquer um que não soubesse da minha história com Justin saberia que eu estava de brincadeira ao dizer isso. Também, sorrindo feito idiota como eu estava e com a certeza inexistente que eu falei, era impossível não notar.

— Ok então, se for assim também te odeio, agora vem cá, amorzinho – ele me puxou pela mão até que eu sentasse ao lado dele no sofá.

— Ah, por favor! Você não se cansa disso de “amorzinho”?

 Desde que eu chamei Justin de “amor” há uns dias atrás, essa coisa meio que voltou a pegar, mas tudo bem, chamar de “amor” é normal, mas esse “amorzinho” é sacanagem dele, muita ainda por cima só para ter o gostinho de tirar uma com a minha cara.

 Mas para explicar melhor eu tenho que contar uma coisa: Eu morro de medo de filme de terror, e quando eu falo “morro de medo” é realmente do tipo traumatizante e de precisar de um psicólogo e tudo, sem zoeira. É que quando eu tinha uns seis anos, meus pais foram ver um filme de terror depois que me puseram para dormir, mas o fato deles terem me deixado na cama não quer dizer que realmente peguei no sono e acabei fazendo a maior besteira: fui até eles e acabei vendo um pedaço do filme, o que foi suficiente para me trazer cinco meses de pesadelos intensos, quatro anos de medo do escuro e dois anos e meio de visitas semanais ao psicólogo. Ta explicado por que eu odeio filme de terror?

 Meus pais estavam assistindo no quarto eu acho, e aquela cena horrenda me fez gritar histericamente e correr de volta para o meu quarto e me enfiar debaixo da coberta, meus pais foram me ver e tentaram a todo custo me acalmar, meu pai ficou lá comigo até que eu pegasse no sono, mas nem duas horas depois ele teve voltar porque eu acordei berrando de medo e foi assim durante um bom tempo, até que meu pai teve que dormir várias vezes comigo, mas ele dizia que eu me debatia muito então acabava ficando mais acordado do que realmente dormindo, por isso resolveu pagar um psicólogo. Eu estava aterrorizada demais ainda depois de alguns meses.

 As consultas me ajudaram muito em relação aos pesadelos e com o medo do escuro também, mas essa era mais uma questão de confiança, então, por mais que a Sra. Miller me ajudasse, ela mesmo disse que eu teria que perder sozinha.

 Sem medo do escuro, sem berros noturnos, mas eu continuava me debatendo muito na cama e provavelmente eu sempre me mexeria muito dormindo – por causa do meu subconsciente e um bla, bla, bla que eu já não me lembro – não importando se a luz estava acesa ou apagada, se eu estivesse no mesmo quarto que alguém ou sozinha, alguém podia até estar na mesma cama que eu que não adiantaria, com exceção de uma única pessoa: Justin Bieber.

 Até aquela manhã ele não sabia disso, sendo sincera, nem eu tinha notado.

 Meu pai, meu querido e amado pai que começou com isso.

 Na manhã do dia seguinte, Justin e eu descemos assim que acordamos, fui na frente sendo seguida, enquanto ele ainda mal tinha despertado. Quando cheguei lá embaixo, meus pais já estavam sentados à mesa tomando café.

— Mãe, pai, oi! – fui até eles. – Cara, to com fome! Voc... – me virei para trás procurando Justin, mas para a minha surpresa ele não estava lá, então voltei até a escada e ele estava escorado na parede com os olhos arregalados. – Algum problema, posso saber?

— Seus pais estão aí, seu pai está aí – ele sussurrou assustado. Ri.

— Para de besteira e vem logo! – o puxei pela mão. – Vem Justin, de um jeito ou de outro eles já sabem que você está aí, vem logo!

 O puxei de novo e ele veio. Quando voltei a olhar para os meus pais, ambos nos olhavam sem reação, o mais engraçado era que a minha mãe ainda passava requeijão na torrada e meu pai estava com o jornal aberto na página de esportes encarando nós dois como se fosse a coisa mais normal do mundo.

— Er... bom dia – Justin disse mais sem graça impossível!

— Bom dia – minha mãe respondeu, quebrando o momento “estatua” dos dois.

— Ele dormiu com você? – meu pai perguntou enquanto passava o olho numa reportagem sobre a boa atuação do Messi no Barcelona.

— Uhum – respondi catando uma das torradas com requeijão da minha mãe.

 E então meu pai olha para Justin realmente surpreso.

— E como você conseguiu isso, rapaz?

— E... – a voz do Justin falhou, eu juro que se não tivesse de boca cheia tinha soltado uma risada daquelas. Ele pigarreou para que a voz voltasse ao normal – e por que eu não deveria conseguir? 

— Por quê? – meu pai parecia ainda mais surpreso dele nem saber. – Essa garota se espanca na cama, desde pequena se debate muito, eu nunca consegui quando ela tinha pesadelos por causa do filme de terror que não era para ter assistido – sempre que o assunto voltava, ele me olhava como se eu tivesse cometido o maior erro da minha vida não ter ido dormir aquela noite, de certa forma foi, mas eu tinha seis anos! Como ia saber? – É incrível que você consiga.

— Nenhuma vez ela se debateu – meu pai me olhou, como se tivesse me perguntando o porque, eu simplesmente dei de ombros e me sentei à mesa –, mas por que?

— Senta, Jus. Eu te conto.

 Contei tudo e meus pais me ajudavam nos mínimos detalhes para que eu não esquecesse de nada – principalmente das partes mais constrangedoras – e no final de tudo, o vagabundo riu da minha cara! Que vontade de matar o infeliz! Eu queria esgoelar ele com as minhas mãos e ia abrir a cova no quintal! Mas depois teria 20 milhões de pessoas correndo atrás de mim e desisti da ideia.

— Tadinha do meu amorzinho.

 E pronto, tenho certeza que ele não vai parar de me chamar de “amorzinho” tão cedo.

Agora, melhor voltar para o momento atual.

— Não vou cansar nunca de te chamar de amorzinho, porque você é meu amorzinho! – ele sorriu feito criança.

— Eu não mereço essa vida.

— Claro que merece, você me merece sim – quando eu disse que ele era convencido, eu realmente não estava brincado.

 Justin tinha seus defeitos, coisas realmente irritantes, mas quais defeitos não são? Ele é bem infantil às vezes, metido, se acha “o tal” principalmente agora que ficou famoso, além disso é esnobe em muitos casos, falando assim ele até parece aquele tipo de pessoa “nojo”, mas não, ele é carinhoso, fofo, gentil e prestativo. As qualidades e defeitos formam uma combinação perfeita.

— Você está brava comigo ainda por que eu ri sobre aquela parada sua de filme terror?

— Não! Apesar de que fiquei com vontade de te matar aquela hora, eu não consigo guardar raiva de alguém por tanto tempo assim.

— Sério?

— Sério!

— Mas é sério mesmo?

— Não enche não, já disse que é verdade! – ele riu.

— Então vem cá – ele me puxou para que eu sentasse no colo dele, e fui.

— Mas bem que você não poderia ter rido, né? – ele soltou uma risada nasalada.

— Desculpa, mas na hora não deu. Vou te confessar uma coisa: eu me arrependi depois de ter rido, só de imaginar você na sua época fofa acordando assustada a noite me deu dó, mas vou confessar também que fiquei feliz ao saber que você só se aquieta a noite quando está comigo – sussurrou a última parte no meu pé do ouvido.

— Não se gabe muito por isso, ok? Nem eu tinha notado.

— Mas agora sabe que só comigo consegue essa façanha.

— Eu não dormi junto com todas as pessoas do planeta para saber disso, Jus – ele me olhou desagradado.

— Você sempre estraga a minha felicidade, né?

— Só quando você começa a se gabar tanto, é um gosto meu – sorri de lado.

Ele acabou rindo e me abraçou de lado, depois me deu um beijo.

— Eu te amo.

— Eu sei, Jus, eu sei.

 Ele me aninhava nos braços como se eu fosse uma boneca de porcelana e que se soltasse eu quebraria. Me abraçava cuidadoso enquanto meu peito ameaçava explodir de sentimentos irracionais, coisa que eu não deixaria acontecer. Eu com razão Justin já me tem demais nas mãos, eu sem ela, prefiro não pensar em que níveis isso chegaria.

 Ele pegou uma caneta que estava sobre os papeis ao lado dele no sofá e pressionou a ponta contra a minha perna descendo um pouco e dando um pequeno rabisco. Arqueei a sobrancelha automaticamente e então ele parou.

— Posso?

— Começou agora termina, né – ele sorriu e terminou de riscar a maior parte da minha coxa descoberta pelo short jeans.

Em letras grandes e legíveis Justin escreveu: “Você é meu anjo perigoso. By: JB”.

— Você ainda se lembra disso!?

— Sinceramente, acho que nunca mais vou consegui olhar para o rosto da Caitlin sem lembrar daquele olho roxo – rimos.

— Ok, então. Agora me dá a caneta, é a minha vez! – ele estava de calça jeans, de qualquer jeito eu não estava nem um pouco a fim de escrever na perna dele, de calça ou não, eu escreveria no braço.

 Para falar a verdade eu não fazia a mínima ideia do que escrever, mas ele escreveu em mim, então eu ia dar o troco, então deixei a caneta desenhar quase que sozinha pelo braço dele, rezando que as palavras fizessem sentido no final de tudo, deixando que o meu subconsciente mandasse.

 Quando fiz o último traço fui parar para notar o que tinha escrito: “Você sabe o que eu sinto por você. By: Você sabe quem”.

— Será que sei mesmo?

— Eu sei que sabe. Agora espera aí que eu preciso ir ao banheiro.

 Me levantei correndo, já estava apertada há um tempo, mas enfim, a casa do Justin tem o mesmo problema que a minha: os banheiros no andar de cima. De qualquer jeito, fui e voltei o mais rápido que deu.

 Quando cheguei à sala, Justin não estava mais sentado no sofá e sim no chão com o controle na mão assistindo algum programa musical, do tipo com aqueles apresentadores fingidos de animados, que pronunciam os nomes errados com uma voz tão enjoada que dá vontade de trocar de canal durante um clipe e outro só para não ouvir falar. Mas tinha uma explicação para ele estar vendo aquilo, estavam falando dele.

— Desistiu do sofá? – ele levou um leve susto e me olhou estranho.

— Fui pegar o controle que estava no chão e resolvi ficar por aqui. Vem cá, senta – ele me segurou pela mão como fez quando estava no sofá, mas dessa vez eu não sentei ao seu lado e sim no seu colo.

 Minhas pernas ficaram entre seu quadril, com o joelho apoiados no carpete. Segurei seu rosto e dei um beijo tranquilo. A voz dele me preocupou um pouco, tinha quase certeza que algo o incomodava e o beijo foi mais para mostrar que eu estava com ele. Mas, assim como ele não insistia comigo, eu jamais iria insistir com ele em algo que não quisesse dizer.

Pousei minha cabeça perto da curvatura do pescoço e fechei os olhos curtindo o perfume dele que era tão bom – e agora caro – sobre a camiseta verde, e ele encostou o queixo na minha cabeça, ainda encarando a televisão prestando atenção no finalzinho do clipe estrelado e cantado por ele mesmo, e acariciava meu braço. Nossa respiração estava lenta e no mesmo compasso, eu viajava curtindo apenas o silêncio entre nós só quebrado pela TV, quando ele resolve falar.

— Eu estou cansado.

— De, exatamente, o que?

— Dessa falsa liberdade, a fama é uma prisão.

— Explica, sei que tem coisas nessa fama que você gosta.

— É, tem. Amo as minhas fãs, no palco me sinto eu mesmo, é uma sensação especial que não trocaria por nada nesse mundo.

— Então...

— Essa perseguição, o medo de agir, das consequências, to cansando de ter que esconder, fingir, da pressão... sinto que alguma hora vou cair – sua voz soava séria.

— Tem muita gente que não vai deixar você cair.

— Você é uma dessas pessoas?

— É obvio que sim – me aconcheguei melhor e tirei minhas mãos de seu peito, descendo para a cintura.

 Ele me deu um beijo na cabeça e com a mão que não acariciava meu braço, começou a mexer no meu cabelo, me embriagando de sono já.

— Eu quero te pedir uma coisa.

— Fique à vontade.

— Tenho mais uma música pronta e gostaria que fosse comigo gravar.

— Onde dessa vez?

— Onde o que?

— Onde vai gravar oras.

— Em Atlanta.

— Geórgia?

— Uhum – devo confessar que a ideia não deveria ter me agradado, sei que Atlanta é o “meio produtivo” do Justin, com a gravadora e essas coisas, então é mais do que compreensível, mas, eu ir? É perigoso, seria mais uma vez que eu estaria dando minha cabeça em uma bandeja, como se eu não tivesse aprendido o quanto foi arriscado das outras vezes.

— Tudo bem, vou sim – e eu não aprendi, depois que todo o risco passa dá uma sensação boa de ter “quebrado as regras” e anestesiada do jeito que eu estava agora, acho que se Justin me pedisse para me jogar da ponte eu diria que sim.

— Não vai desistir de última hora, né?

— Por que acha que eu faria isso?

— Eu não sei, foi fácil demais te convencer.

— Vou me arrepender depois, mas deixa isso para depois.

— Mas não vai desistir, né?

— Não, te prometo que não.

— Vou cobrar, ok?

— Eu vou Justin, relaxa, já disse que vou.

— Tem certeza?

— Que merda! Eu vou! – ameacei levantar para o encarar, mas ele não deixou.

— Ok, ok, desculpa.

 Ele continuou a acariciar meu cabelo e isso me acalmou aos poucos, antes que Pattie nos interrompesse, cheguei a bocejar calma, lerda e com sono – de praxe.

— Vocês são tão fofos juntos, não gosto de ter que interromper.

— Então não interrompa – Justin resmungou baixo e eu bati sem jeito nele onde deu e me afastei, mesmo sem querer, para olhar a Pattie.

— Que foi, Pattie? – perguntei.

— Justin, apareceu uma emergência, você tem uma entrevista de rádio ainda hoje em Winnipeg.

— Mãe, emergência é se a casa tiver pegando fogo, se alguém bateu o carro, se alguém ta morrendo, e não uma entrevista de rádio – ele quase bufou, mas não precisava disso para eu saber que estava aborrecido.

— Deixa de ser chato Justin, então, “apareceu um imprevisto” ta bom para você? – oh, clima legal em.

— Winnipeg aqui em Monitoba, né? – cortei, para ajudar, antes que Justin ficasse pior.

— É sim, querida – Pattie respondeu doce como sempre.

— É aqui do lado quase, ta que em outra província, mas, é a daqui do lado, isso quer dizer que estarão de volta logo, né?

— Se Deus quiser sim – Pattie de novo.

— Que ótimo! A gente vai ser ver logo então! – olhei empolgada para Justin, tentando ver pontos positivos apesar dessa não ser bem a minha natureza, mas dois pessimistas em um lugar só é desagradável demais.

— Isso mesmo, agora arrume algumas coisas filho, temos que sair em uma hora – e então ela saiu da sala.

— Emergência é eu poder ficar com você pelo menos uma tarde inteira.

— Calma Justin, Winnipeg nem é assim tão longe, se for parar para pensar, a gente vai se ver logo.

— Mas amanhã eu já vou viajar, de novo!

— Mas antes disso a gente vai ser ver, calma – ele abaixou a cabeça.

— Você entende o que eu quero dizer com cansado? – pus cada palma da minha mão de um lado do seu rosto e encostei minha testa à dele.

— E eu to aqui para te ajudar, como disse que estaria – o beijei e então me afastei. – Agora vem – me levantei sem jeito e o estendi a mão para o puxar, ele me deu e eu tentei o levantar quase caindo no chão, mas consegui não fazer isso.

— Você não pode ir comigo, né?

— Não, assim tão de repente não. Acho que vou aproveitar para falar com o Chris, faz tempo que a gente não se vê fora da escola e tal.

— Ta bom então, fazer o que!?

— Deixa de ser resmungão, Bieber! – o empurrei de leve e sorri, arrancando um sorriso dele também. – Agora vai logo, você tem pouco tempo e, por favor, tira isso do braço em! – ele riu.

— Obvio!

— Agora beijo – ele me aproximou e me deu um beijo.

— Beijo – respondeu sorrindo.

 Tá para nascer uma pessoa tão fofa, safada e convencida quanto Justin Bieber.

 Peguei as minhas coisas o mais rápido que deu e fui em direção a porta, Justin veio atrás de mim, me acompanhando, abriu a porta porque eu estava meio ocupada com as mãos e por educação também.

— Obrigada – agradeci. – Até depois.

— Em, você vai me ouvir na rádio?

— Claro, se eu achar a rádio, né – ele riu. – Me avisa que horas vai ser a entrevista, que eu vou tentar escutar, ok?

— Ta bom – ele me deu outro beijo. – Até.

— Tchau – me virei e ouvi a porta se bater atrás de mim.

 Eu queria ir para casa logo e ligar para o Chris, fazia tempo que eu não conversava direito com o meu tigrão, era sempre na escola, e quando Justin estava em casa, aí que não o via mesmo, ficava enfiada na minha casa eu na dele, ou se não no penhasco, juntos o tempo que dava. Quando Justin não estava eu simplesmente morria dentro de casa e ninguém nem ouvia a minha voz, dormia, via filme ou/e mexia no computador até enjoar – se for possível enjoar dessas coisas. Eu estava sentindo falta de abraçar Chris e dizer bobeiras o dia inteiro, zoar um da cara do outro e fazer bagunça de quase derrubar a casa, sinto falta de ter meu melhor amigo realmente por perto.

 E Luka? Ele era meu melhor amigo! E sempre que penso nisso me dá uma tristeza estranha, ele anda afastado, assim como Karol, e Halle só vem para mim quando da algo de errado e a trouxa aqui tem que passar a mão e dizer que vai ficar tudo bem. Ok, confesso que gosto disso, gosto de aconselhar e ser útil aos meus amigos, mas, qual o problema para eles ficaram longe o tempo todo? Ou eu que estou me afastando demais?

 Enfim.

Fui para casa correndo, o que sinceramente nem precisava, e abri a porta sem jeito deixando cair algumas folhas no chão, mas depois peguei e entrei fechando a porta com as costas. Subi as escadas correndo e joguei as coisas em cima da cama, liguei para Chris, que, para o meu, ódio não atendeu.

— Mas o que esse veado está fazendo que não me atende? – bufei e larguei o celular de lado e fiquei parada pensando no que fazer quando ele toca e eu quase caio na hora de ir atender. Lindo.

 Na tela estava: “Tigrinho”, Chris que nunca veja isso.

Atendi.

— Por que não me atendeu?

— Estava no banho, desculpa.

— Ah sim. Em, vem aqui para casa.

— Fazer o que?

— Nada.

— Mas se é para fazer nada na sua casa melhor eu ficar fazendo nada na minha, não gasto energia pelo menos.

— Mas você vem fazer nada aqui comigo e a gente acaba deixando de fazer nada e faz alguma coisa.

— Espera, me confundi – Ri. – Ah ta, entendi. Beleza, posso ir agora?

— Mas é para vir agora!

— Mas você não ia ficar com Justin?

— Ia se ele não tivesse que ir para Winnipeg.

— Fazer o que lá?

— Entrevista de rádio de última hora.

— Odeio quando isso acontece.

— Imagina eu! Mas então, você vem ou não?

— To indo! Só vou colocar uma roupa.

— Espera aí, você está pelado?

— To de toalha, acabei de sair do banho!

— Obrigado por me tratar com tanta urgência assim! — eu ria.

— Ta, ta, de nada, agora deixa eu desligar, não to gostando muito de ter as coisas tão livres assim.

— Oh meu Deus! – gargalhei alto. – Ta bom delícia, não demora!

— Ta gatinha, não demoro. Tchau.

— Tchau, tigrão.

 Deixando claro desde já que esse “gatinha” dele foi por causa do que aconteceu na praia Santa Mônica, na Califórnia, ele pega no meu pé por isso até hoje. É o troco de “tigrão”, também.

 Eu tinha tempo até Chris chegar então fui fazer o que? Comer, claro. Só que não ia ficar comendo até que chagasse, ele ia demorar, claro que ia, sempre demora! Era uma moça para se arrumar e uma lesma para vir. Quem não conhece que o compre.

 Depois de detonar qualquer coisa comestível que vi pela frente, fui para frente da TV e troquei até meu dedo começar a ficar dolorido, não estava passando nada que preste, até que parei na MTV e estava passando algum daqueles programas de comédia ao vivo, mas mal deu tempo de assistir e logo bateram na porta.

 Fui atender e mesmo sabendo quem era olhei pelo olho mágico. Confirmando que era Chris eu fiquei enrolando e o olhando. Ele bateu de novo e eu segurei o riso, até que ele fez cara de aborrecido.

— Cara! Abre logo! Eu sei que está aí! Para de palhaçada! To começando a sentir frio! – abri a porta rindo. – Aleluia! Achei que tinha me chamado para me deixar do lado de fora – ele bufou.

— Então entra logo Chris.

— Você é um pé no saco, sabia? – ele entrou e fechei a porta.

— Você também é um amor Christian – sorri.

Derrubamos a casa, se não isso, quase. Chris e eu nunca conseguimos ficar quietos, sentados e comportados como gente na nossa idade, juntos tínhamos cinco anos ou menos.

 Subimos para meu quarto e ficamos enrolando a toa, se jogando na cama e fazendo entre outras idiotices. Depois dele quase ter derrubado meu notebook no chão e eu ter o deixando cheio de hematomas por causa desse “quase”, descemos e assistimos 10 minutos alternados de filme, porque enquanto passava a gente ficava conversando, asfixiando um ao outro com as almofadas ou simplesmente se batendo com elas, metade da pipoca foi parar no chão – e o fiz limpar, ninguém mandou tentar puxar a parada de pipoca da minha mão – e quando subiu os créditos finais, cantamos a musiquinha de fundo feito retardados desafinados – eu disse, cinco ou menos.

 Mas uma hora as coisas iam ficar sérias, um papo descente sempre rolava quando cansávamos de palhaçada. Dessa vez, depois dele ter limpado a sala, me encostei no braço do sofá e pus meus pés encima, abraçando o joelho e ele ficou sentando normal, como gente, de frente para a Tv enquanto as risadas iam diminuindo e a conversa ficava mais séria.

— E a irmã do Taylor?

— Make? O que tem?

— Não precisa ficar branco assim Chris! – ri.

— Não fiquei branco... é só que... que eu não sei porque você me perguntou dela.

— Hum, gaguejando... isso é bom?

— Se você está insinuando que eu gosto dela...

— E não gosta? – o interrompi.

— Eu não sei!

— Como não sabe?

— Não sabendo!

— Ótima explicação! – reclamei. – O que foi?

— Garotas dando em cima de mim é o que mais tem, muitas odeiam você não só pelo Justin, mas sim por minha causa também.

— Uma a mais, uma a menos, qual a diferença mesmo? – ele sorriu, mas continuou olhando a TV com uma aparência não muito legal.

— Eu não sei se elas gostam de mim, ou se chegam perto por causa do Justin, acabo não gostando de ninguém e não acreditando em nenhuma.

— Mas Makena não é assim, pode ter certeza.

— Eu sei, acho que Makena é a única garota que eu posso dizer que é minha amiga naquele lugar, fora você, claro.

— Então eu não entendi isso tudo – ele respirou fundo.

— Hayley pediu para ficar comigo.

— O que? – gritei involuntariamente, mas por que diabos ela fez isso?

— Isso depois de ter rodando para cima de mim faz tempo.

— Eu não acredito nisso! E você Christian?

— Hey, calma! Não precisa falar meu nome inteiro – ele me olhou e levantou as mãos se rendendo. – Eu disse “não”, relaxa, afinal ela namora com o Luka certo? A última coisa que eu quero é confusão com ele. Aquele mané já me adora. Ta vendo!? To passando tempo demais com você, eu não era irônico assim. – ele bufou e eu ri.

— Halle não pode fazer isso, ela não... – grunhi de raiva.

— Não sei porque ela está fazendo isso, afinal ela namora!

— Namorando ou não ela não pode dar em cima de você, eu já pedi trilhões de vezes!

— E por que não, Lua? – o olhei de volta e ele me encarava de um jeito estranho.

 Eu sempre me preocupei com o fato da Hayley não se aproximar do Chris, mas talvez eu não tenha feito isso suficientemente bem, porque ela se aproximou. Eu queria proteger ele e Halle dela mesma em alguns pontos, não queria ver o meu Chris ser magoado do jeito que eu sei que ela pode magoar. Eu o amo, muito, já sou protetora com os meus amigos, mas sinto que ia até o inferno para o proteger de qualquer coisa que fizesse mal, mas fiquei tão desligada com os meus problemas, com Justin que não me preocupei em avisar a ele, em prevenir. Como velha amiga da Heyley, sei que eu dizendo “sim” ou “não”, não faz diferença se ela quiser e isso sempre acabou com que eu dissesse vários “eu te avisei” durante esses anos todos, depois que ela fazia e quebrava a cara.

 Se ela magoar o Chris, não tem mais “eu te avisei”, tudo cansa um dia e isso já cansou, eu simplesmente a parto em duas sem dó nem piedade.

 Enquanto eu encarava aqueles olhos castanhos que me questionavam sobre eu sempre me preocupar em manter os dois longe, uma ideia bizarra e assustadora passou pela minha cabeça:

— Espera aí. Chris, você gosta da Hayley?

— Eu não sei! – ele praticamente gritou. – Minha cabeça está um nó – disse mais baixo.

— Halle não, é a única coisa que te peço.

— Por que não? Você ainda não me respondeu.

— Conheço a Halle a mais tempo do que até eu mesma lembre, a conheço melhor do que imagina.

— Você ainda não me respondeu.

— Ela é uma quebra coração, daquelas que nunca muda. Luka é o quinto namorado dela, eu achei que por serem amigos faz tempo, ele ia conseguir segurar as rédeas, mas agora ele só está fazendo com que ela experimente o próprio veneno. Não reconheço mais o Luka.

— Mas o que isso tem a ver? Se ela está sofrendo é lógico que procure outra pessoa, não?

— Sim e não. Hayley está apaixonada pelo Luka, pela primeira vez ela realmente está apaixonada por alguém e ele está fazendo essa zoeira. O pior é que ela só atrai cara legal para perto! Antes do Luka, Halle namorou com um menino, o nome dele era Matthew, um amor de cara! A tratava com respeito e educação, era um garoto perfeito!

— E daí?

— E daí que dois meses depois ela começou a sair com outro cara, um motoqueiro vagabundo, o namorado descobriu, eles terminaram, e ela nem com o motoqueiro ficou. Chris, Halle não vai perdoar essa bagunça, e a primeira oportunidade que tiver vai usar o primeiro que ver pela frente para provar ao Luka que a fila pode andar, e quem melhor do que o garoto que ele mais odeia? Mais uma vez vai quebrar o coração de alguém, e eu não quero que esse alguém seja você, entendeu? – ele não respondeu. – Entendeu Christian?

— Sim! Mas que merda! – ele gritou irritou.

— Chris, o que está acontecendo em? Você está estranho.

— Eu não sei o que está acontecendo e eu acho que é isso que está me deixando louco! Não sei se gosto de alguém, ou se só me atraio, sei lá, to confuso demais! Eu queria ter algo como Justin e você, é mais certo – ri em desdém, o que fez ele me olhar sem entender.

— Certa é a última coisa que é. Definitivamente Chris, não queira ter nada parecido com Justin e eu.

— Por que não?

— Ta doido! É doloroso demais! Só Deus sabe o quanto já fiquei em pedaços por esse relacionamento, que agora é bem indefinido, confuso e complicado. Não quero que você sofra um terço do que já sofri. Você merece só ser feliz e eu quero que você só seja feliz! Qualquer garota que ousar te deixar triste um tiquinho assim, vai se ver comigo! – ele riu.

— Ok então gatinha! Quero ver você sair na porrada com alguma garota – ele deu socos no ar como se lutasse boxe.

Ri.

— Saio mesmo se for preciso! Tudo para proteger o meu tigrão.

— Rawn! – ri mais. – Então começa a treinar porque vai ter que brigar com muita garota viu? Ninguém resiste ao meu charme!

— Ui! Senhor sexy – ele gargalhou alto.

— Por que eu não consigo encontrar uma garota como você em?

— Você mal me aguenta, duas ia ficar louco! – ele continuou rindo.

— É, tem razão, mas parecida já servia – e a conversa voltava a ficar séria.

— Como assim?

— As garotas que se interessam por mim são sempre histéricas, ciumentas, chatas... você é tão diferente que acho que nasceu com o sexo errado – ri.

— Olha, às vezes até eu acho! Mas enfim né – ele riu.

— É, enfim. Eu queria pelo menos beijar uma garota como você – ele me olhou e foi nesse exato momento que eu fiz a coisa mais impulsiva de toda a minha vida.

 Inclinei meu copo para frente, ficando apoiada nos joelhos e nas mãos sobre o sofá, e sem pensar, simplesmente beijei o meu melhor amigo. O mais estranho é que, por mais simples que foi, eu gostei, Chris beija bem.

 Me afastei.

— Agora você pode parar de procurar uma garota como eu e procurar uma garota perfeita para você.

— Justin não pode saber disso né? – ele perguntou perplexo.

— Jamais.

— É, imaginei – me afastei.

— Você beija bem.

— É, você também não é mal.

— Se Justin descobrir ele me mata.

— Não, ele nos mata.

— Também.

 O clima ficou pesado, como se o ar estivesse mais denso do que o normal, a sem-gracice tomou conta entre a gente, mas o oxigênio parecia voltar aos poucos e quando nos encaramos de novo, começamos a rir.

— Que tal ficar aqui essa noite, tigrinho?

— Só se você prometer não me beijar de novo, gatinha.

— Eca! – uma cara de nojo de minha parte e altas gargalhadas de ambos, de novo.

 

(...)

 Enquanto Chris passava na casa dele para pegar umas coisas e dormir aqui, aproveitei para tomar um banho e usar descentemente o computador. Vesti qualquer roupa confortável e me sentei de qualquer jeito na frente do twitter enquanto tagarelava coisas sem sentido para ninguém a não ser para mim – e nenhuma palavra sobre o beijo – também usei algumas outras redes sociais, falei com algumas pessoas, mas fiquei a maior parte do tempo rolando atimeline.

 Durante umas olhadas em tweets inúteis e nada sem fazer, resolvi abrir um desses sites de fofocas para ver uma pequena reportagem sobre o tipo de garota do Chris Evans, o texto tinha apenas três parágrafos com três ou quatro linhas cada. Depois de ler, ao invés de fechar a aba como de costume, fui para a página inicial do site e passei o olho nos títulos da reportagem.

— Lua? Cadê você?

— To aqui no quarto Chris!

— To subindo então.

 Depois de ter visto a página dei uma olhada dos destaques e Justin estava lá, então abri.

— Idiota – garanto que ao ler o titulo e olhar a imagem, “idiota” não foi o único xingamento que passou pela minha cabeça, e alguns foram bem mais pesados.

— Bu! – mesmo sabendo que Chris subia, levei um susto e ele riu.

— Isso, me mata, to quase lá mesmo.

— Ih, começou! Por que em?

— Olha isso. Seu amigo é um idiota.

— Isso eu sei – ele se inclinou para a tela e começou a ler.

 A foto era do Justin andando na rua, normal, parecia ser o centro, tinha muito comércio em volta, mas enfim, as lojas não eram o foco. O braço dele estava rabiscado, pior, visivelmente rabiscado. Titulo: “Um novo amor e secreto”, contexto: “O astro teen, Justin Bieber, apareceu essa tarde numa rua de Winnipeg no Canadá, com um recado secreto rabiscado no braço. Bieber tentou esconder, mas não conseguiu fugir dos paparazzi que flagraram o recado fofo no braço. Mas seja lá quem escreveu esse recado a caneta, tomou cuidado para nos deixar bem curiosas...” mais ou menos isso. Site teen, sabe como é.

— Eu vou matar esse seu amigo! Eu mandei ele tirar isso antes de ir!

— Tem a ver com que estava escrito na sua perna quando cheguei?

— Tem, eu escrevi isso porque justamente ele tinha escrito na minha coxa.

— Ih, relaxa, são apenas especulações e não cita nomes nem nada. Ninguém vai saber que é você e ele já deu a entrevista na rádio certo?

— Já, ele me mandou uma mensagem dizendo que já.

— Então, isso vai dar um tempo para ele pensar numa desculpa. Relaxa aí gatinha – respirei fundo depois sorri.

— O que eu seria sem você em Chris?

— Nada, absolutamente nada!

Pov's Bieber

— Eu disse para você tirar aquilo antes de sair de casa!

— Eu sei, eu sei! E também não estava louco de deixar, mas não deu tempo!

— Ta, enfim.

— Desculpa ok?

— Não, tranquilo, não precisa pedir desculpa.

— Tudo bem?

— Tudo sim. Agora eu tenho que desligar, to com sono.

— Ta tudo bem mesmo? Não quer desligar para fugir de mim, né? – ela riu.

— Não Bieber, eu to com sono mesmo. A gente se vê amanhã?

— Não, semana que vem.

— Vai para onde dessa vez?

— Inglaterra.

— Outcha, ok então. Beijos.

— Beijos, te ligo.

— Ok, tchau.

— Tchau.

 Como se não bastasse meu braço rabiscado estar em todas as fontes de fofocas dos famosos no mesmo dia em que as fotos foram tiradas, eu tinha que atrasar na viagem de volta e agora só vou sossegar semana que vem.

 Se alguém aí pretende ser um “astro teen”, por favor, espere terminar a escola pelo menos, se não é esforço em dobro. Outra dica: não se amarre em ninguém e caso já esteja gostando de alguém se certifique que esse alguém possa te acompanhar em todos os lugares, ou na maioria deles, porque isso é um sério problema para mim. Além de ter que me virar em dobro e ficar duas vezes mais morto de tantas viagens, shows e entrevistas além da escola, a garota por qual sou completamente apaixonado não pode me acompanhar – talvez de vez em quando, mas eu gostaria que pudesse mais.  Claro que Lua poderia faltar um dia ou outro para me acompanhar uma vezinha, é, poderia se ela não tivesse que se virar lá além de por si mesma, também por mim. Enquanto eu passo a maior parte do tempo fora, é a Lua que me segura nas matérias, provas e trabalhos.

 Falando em trabalho, esqueci completamente de falar para ela que já tinha feito a minha parte sobre Mitologia – o que muitas horas de espera não fazem com a pessoa –, droga! Eu podia até ligar de volta, mas está tarde e se ela disse que estava com sono, já dormiu faz tempo. Posso passar lá também, mas agora quem está cansado sou eu, então melhor deixar isso para amanhã, antes de viajar deixo o trabalho na casa dela e está tudo resolvido.

 Por agora só preciso muito dormir.

 Acordei no outro dia bem cedo com Scooter me gritando, arrumei minhas coisas e deixei uma roupa separada, desci com as malas e subi para tomar um banho ainda bem sonolento. Saí do banheiro, me arrumei, estava prestes a descer quando me lembrei do pendrive na escrivaninha, então o peguei e, enfim, saí do quarto.

 As malas não estavam mais enfrente a porta como eu tinha deixando, as encontrei do lado de fora, Scott guardava no carro.

— Aonde você vai?

— Entregar o trabalho a Lua.

— Cara, não dá, a gente vai sair logo.

— Dá sim, ela está dormindo mesmo.

  Ao atravessar a rua eu nem olhava mais de um lado para outro, nunca fiz isso na verdade, aqui era tão parado e calmo que eu me sentia inalcançável, mas para quem não é constantemente perseguido por paparazzi, vamos dizer que se quiser morrer essa rua não é a mais recomendada, é capaz de você morrer de frio esperando um carro, do que ser propriamente atropelado.

 Bati na porta, esperando que alguém estivesse acordado, mas acho que sim, de completamente preguiçoso nessa casa só tem Lua mesmo. Abriram.

— Justin! Oi, entra.

— Obrigado Sra. Houston.

— Anna menino.

— Ok, Anna menino – ela riu.

 Ela entrou e eu segui, deixando a porta aberta atrás de mim, não pretendia demorar.

— Lua está dormindo.

— É, eu sei disso, mas precisava entregar a minha parte do trabalho a ela, vou viajar e não volto tão cedo. Não quero que ela se comprometa por minha causa.

— Você é um fofo.

— Er... obrigado – tentei não ficar corado, mas acho que não funcionou bem.

— Quer que acorde ela?

— Não, obrigado. Também não é muito seguro fazer isso! Sei como ela fica com um gênio estressante quando é acordada, principalmente tão cedo!

— Pelo jeito preza a vida garoto – olhei por cima do ombro da Anna e vi Sr. Philip Houston, ou apenas Phil, ou simplesmente o pai da Lua, sentado na cozinha com o jornal nas mãos.

— Você não faz ideia o quanto, senhor.

— Sem formalidades garoto, Phil, por favor, “senhor” faz com que eu me sinta um velho! – ri, não exatamente pelo o que ele falou, mas sim como falou. – Que foi?

— Nada não, mas, seu jeito de falar me lembra muito a Lua, ou melhor Lua me lembra muito o senhor, não, acho melhor o contrário – ele acabou rindo. – Enfim, acho que você me entendeu.

— Você a conhece bem, né?

— Acho que mais do que é saudável – silêncio. – Bom, se vocês não se importarem, eu poderia subir e deixar o pendrive no quarto dela? Scooter já deve estar ficando louco!

— Não, claro! Pode subir sim – Anna me respondeu, passou por mim e fechou a porta enquanto eu ia para escada.

— Hey! – antes de subir olhei para Phill. – Lembre-se, silêncio. Não quero ver suas fças malharem minha filha na cadeia, ok? – sorri.

— Pode deixar.

 Subi as escadas pulando alguns degraus tomando cuidado em não fazer barulho, o quarto da Lua era o primeiro do corredor. Abri a porta devagar e entrei no quarto fazendo mais silêncio do que jamais fiz.

 Ela estava deitada de barriga para cima, jogada e com o lençol todo errado, eu simplesmente tinha pensando em entrar, deixar o pendrive lá e sair, mas ela estava virada para cima sendo que nunca fica assim, Lua pode dormir de qualquer jeito, mas simplesmente detesta ficar de barriga para cima, ou seja, isso queria dizer que logo ela ia virar e que estava num sono bem profundo.

 Então me aproximei, controlei a minha respiração para que fosse a mais leve o possível e a beijei rápido, só para dar um gostinho. Ela se remexeu e gemeu baixo e eu me afastei devagar com um sorrisinho incontrolável até ela resmungar:

— Joe.


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