Perdoe-me escrita por Jhulliaty
Notas iniciais do capítulo
Dos vivos
Algo diferente de poema, mas ainda possui rimas.
Quando me perguntaram qual era meu sonho, e eu o respondi, ele foi negado.
" É impossível"
Eles disseram.
"Então, me leve para longe. "
E como uma criança embalada, eu fui.
De lá, criaram tudo, tudo lindo, belo, maravilhoso, eu estava no céu, talvez.
Mas havia aquele sentimento que me incomodava.
Lá no fundo, o peito que doía, o pulmão que machucava, as mãos arranhadas.
" Hey, olhe, são borboletas"
E eu me hipnotizei.
Todas as cores, formas, eram perfeitas, brilhantes.
Brilhantes
Luzes de natal espalhadas em um dia de nevasca, em meio a casas enfeitadas.
Minha pobre alma pensou:
Quero essa vida.
Vida de felicidade, de carinho, de amor, um jantar apetitoso, uma cama aconchegante, uma noite para iluminar, o pulmão parar de doer.
Era fogo, fogo que fazia coisas belas.
Fogo que fazia flores vermelhas de vidro e fumaça brilhante, que aconchegava as casas, que brindava as crianças com luz.
Fogo que fazia meu coração queimar, em dor.
A pobre alma que me levou, não sabia mais o que fazer.
Afinal, como animar uma alma decaída, perdida?
Aquilo era imperfeito, não havia o que podia ser feito, já estava perdido, ninguém só queria admitir.
Perdido a tanto tempo atrás, que não dava para contar na mão.
E doía como fogo, carregando a alma para a vida, vida não querida, sem desejo ou felicidade.
Vida renegada.
Vida que Deus abandonara, deixara, ignorara, que nem o ser queria.
Vida minha.
Criava de tudo, flores em meu jardim, borboletas em mim, rosas e carmim.
Nada animava a alma acabada.
Alma que se deixava entrar no abismo, desesperada.
Entrou em desespero, alma condenada.
Pobre coitada.
Deixe ela ai para ser atordoada.
Uma hora volta a ser amaldiçoada.
Alma matada.
O ser que a levou ali, a segurava.
A beira do penhasco era demais para todos, menos para a alma, que alegremente se dirigia para o vazio, silêncio e nada.
Nada, além de mim.
Eu, que fora deixada ali, jogada, no canto, reservada, para quando estivessem entediados.
Partir a alma queria.
Bem, bem longe.
Morta por todos.
Bem longe, vazio, escuro, a calma da morte, encolhida em algum canto.
O ser que ali me levara, notara o que havia feito.
Nada, nem mesmo a morte, acalmaria o ser que entrou em desespero.
Pobre alma.
O Caronte embala
Aqueles que acham a morte
E seu ultimo desejo realiza
Forma de acalmar a alma.
Pobre alma com desejo infeliz, podia ter sido evitada, podia ter sido salvada.
Pobre alma abandonada.
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Para o barqueiro
Feliz natal.