A New Story About Bellarke escrita por Honey


Capítulo 11
Her Name Was Lily


Notas iniciais do capítulo

A música desse capítulo é o remix de Grand Piano, da Nicki Minaj ♥

https://www.youtube.com/watch?v=-dayaQCrec0



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 A casa dos Blake era tão grande que levou literalmente três semanas para que Clarke descobrisse um piano, nos fundos da biblioteca. Aquilo era estranho, porque ela não tocava em um daqueles desde a infância, quando seu pai lhe ensinou, e agora ver um de novo a fazia querer tocar imediatamente. 

      Viu que havia uma carta sobre o instrumento negro e polido, não se segurando para abrir. Pegou a folha, mesmo que empoeirada, e começou a ler.

Lembra da vez que eu menti sobre pra onde eu iria, na noite da festa? Eu pensei que você gritaria comigo, mas você não fez isso.

Lembra da vez que eu briguei com a minha mãe e não me senti bem, como você disse que eu não iria? Achei que você diria "eu te avisei", mas você não fez isso.

Lembra da vez que eu fiquei falando sobre aquele garoto pra te fazer ciúmes e você realmente sentiu ciúmes? Eu pensei que você me deixaria, mas você não fez isso.

Lembra da vez que eu surtei e sai da cidade, sem te contar pra onde eu fui e sem dar nenhuma notícia? Pensei que você ia me abandonar, mas você não fez isso.

   É, eu te amo por isso. Aposto que houveram muitas coisas que você queria me dizer nesses momentos  e não disse, confiando que, quando chegasse a hora certa, eu iria ficar lá para ouvir, mas... Eu não fiz isso.

   Clarke soltou a carta, imediatamente sentindo uma carga emocional gigante sobre si. Ela não sabia quem escrevera, para quem estava endereçada, nem qual era realmente o assunto, mas, ainda assim, se sentiu triste com aquelas palavras. Toda a dinâmica daquelas palavras transmitiam certa tristeza e ela não entendia o motivo.

   Decidiu esquecer a carta e se sentou no pequeno banco em frente ao piano, admirando o tamanho do instrumento. Soprou as teclas suavemente, a fim de tirar um pouco da poeira que as cobria. Encarou os próprios dedos apoiados nas teclas por um tempo, tentando lembrar de alguma melodia fácil, que ela conseguiria cantar sem dificuldades.

   Ela batia os dedos nas teclas suavemente, indo de encontro a próxima como se pintasse um quadro, cada nota ia formando a melodia de Grand Piano, da Nicki Minaj. 

Am I just a fool?

Blind and stupid for loving you

Am I just a silly girl?

So young and naive to think you were the one

Who came to take claim of this heart

Cold hearted shame

You'll remain just afraid in the dark


  Ela fechou os olhos, deixando que seus dedos e sua mente guiassem a música, tornando-a puramente sentimental. Antes, quando ouvia essa música, tudo que vinha a sua cabeça era Finn e as lágrimas sempre tornavam a voltar.

And now the people are talking, the people are saying

That you have been playing my heart like a grand piano

  Mas, estranhamente, quando tocou a música novamente, ninguém lhe veio a mente. Nenhum nome, nenhum rosto, nenhum momento ruim, apenas ela e a música, o que a fez sorrir.

— Uau. – ela ouviu a voz de Bellamy e se virou. O mais velho se encontrava encostado à porta, de braços cruzados e os olhos levemente arregalados.

— Ah, o piano é seu? É que eu passei por aqui e vi... – a loira falou, corando.

— Não, sem problemas. – ele falou, levantando os braços, como se estivesse se rendendo. – Pode continuar.

  Ela tentou ignorar a presença dele ali e continuar, como se estivesse sozinha, mas aquilo se tornou impossível quando ele atraía toda sua atenção. Clarke fez o seu melhor, fechando os olhos e voltando a tocar.

 

The people are talking, the people are saying that

You have been playing my heart like a grand piano

So play on, play on, play on. Play on, play on, play on

Play on, play on, play on. Play on, play on

   Quando ela terminou, Bellamy pareceu impressionado. Ele estava meio chocado pelo significado da música, talvez ela estivesse "dedicando" aquilo para Finn, mas sua expressão dizia totalmente o contrário. Ele balançou a cabeça, tentando conter um sorriso:

— Então, você é quase médica, toca piano, cozinha, sabe cuidar de crianças e ainda canta? Tem mais alguma coisa sobre você que eu não sei?

— Bem, eu gosto de desenhar também. – ela deu de ombros, de um jeito tímido. Se envolveu tanto na música que não reparou no moreno ali, a encarando com sorriso bobo. – Finalmente toquei num desses de novo, me fez falta.

— Foi incrível. – ele falou, se aproximando. Ela abriu um espaço no banco e deixou livre para que ele se sentasse. Ele o fez, ainda completamente hipnotizado por ela, pela voz dela, pelo jeito que ela cantava... Que droga. – Você precisa ser um gênio para tocar isso. Não tem como, todas as teclas são brancas!

— Se você estivesse tentando, ao invés de reclamar, seria mais produtivo. – a loira sorriu, olhando para ele. Ao perceber que o sorriso de Bellamy vacilou um pouco, franziu a testa. – O que foi?

— Nada, é só que... Você falou exatamente igual a alguém que eu conhecia. – ele falou, a encarando. Nunca tinha percebido as semelhanças entre Clarke e Lily até alguns dias atrás, mas agora estava evidente. – Enfim, mandou bem, princesa.

— Obrigada. – encarou o piano novamente, antes de pensar em dizer alguma coisa novamente. Ela pegou a carta, que havia deixado sobre o piano, e olhou para ele. – Hã, você sabe de quem é isso? Eu achei aqui.

  A expressão dele mudou totalmente. Seu sorriso murchou e ele encarou o chão, distraído.

— Por que você achou que podia ler isso? 

— Desculpa. – ela falou, se sentindo uma idiota por ter mencionado a carta na conversa. O mais velho se levantou do banco, andando até a sacada do andar, como se quisesse espairecer. Ela fez o mesmo, franzindo o lábio. – Eu não sabia que a carta era sua, nunca teria lido se soubesse...

  Bellamy não olhava para ela e Clarke quis cavar um buraco e se esconder ali para sempre. A última vez que ela se sentiu daquele jeito foi quando chegou na casa, há algumas semanas, quando eles ainda não gostavam muito da presença dele. Mas Clarke se acostumou tanto com a presença protetora do amigo que agora era estranho para ela ter uma visão diferente dele.

— Não, tudo bem. – ele passou as mãos pelo próprio rosto, parecendo retomar as consciência aos poucos. – Foi mal por ter falado desse jeito. É que essa carta me lembra coisas ruins, entende?

— Quer falar comigo sobre isso? – ela perguntou e ele assentiu, parecendo hesitante. – Essa carta... É uma carta de suicídio, não é?

— É, sim. – Bellamy brincou com um fio solto de sua camisa, encarando o jardim da casa, olhando da sacada. – Eu já tive uma namorada. O nome dela era Lily e ela... Ela mudou meu jeito de pensar sobre tudo, era mais que minha namorada, era... Era a garota mais incrível que eu já conheci, antes de você.

     Clarke tentou não demonstrar reação quando ele disse aquele "antes de você". Parecia uma idiotice, mas ele havia acabado de colocar a garota no mesmo, ou mais alto, nível que a ex namorada, a garota que ele amava. Isso era muito novo para ela.

— E o que houve com ela? – Clarke perguntou. – Por que ela faria isso?

— Ela sempre foi assim. Era totalmente despreocupada com qualquer coisa, daquelas que fumava pra morrer... Era um total mistério tanto viva, quanto morta.  – ele encarou um ponto fixo no chão. –Nós passamos a noite em uma festa. Eu me lembro que nós brigamos, uma briga realmente feia, e eu mandei ela sair do carro. Lembro que estava bêbado, ela também e eu a levei até em casa, no maior silêncio. – ele fez uma pausa, sentindo as lembranças daquele dia voltarem para sua mente com tudo. O jeito que o corpo dela jazia no meio da sala, as caixas de remédio sobre a cabeceira e a carta em sua mão.  – No dia seguinte, eu fui até a casa dela, me desculpar e...

— E ela já tinha se matado. – Clarke terminou, com os olhos arregalados. Ela nunca poderia imaginar que ele teria passado pelo mesmo que ela, toda aquela coisa de perder alguém que amava doía demais.  – Eu... Sinto muito, Bellamy.

Bellamy achava que Lily fosse a última. Achava que nenhuma garota que viesse depois dela iria ser metade do que ela já foi. Achava que se envolver com outra pessoa seria a pior idiotice de todas e que deveria ignorar qualquer possibilidade de relacionamento longo com essa pessoa.

Mas, então, ele olhou para Clarke. Olhou para o rosto iluminado da garota, que o encarava cuidadosamente. Ele olhou e memorizou cada detalhe da loira. Ele ainda achava que Lily seria sua última, mas... Talvez agora não tivesse mais tanta certeza assim. 

— Tenho que dizer que estou te devendo uma coisa, já que estamos nesse assunto. Bem... O dia em que você chegou aqui foi exatamente o mesmo dia que eu achei a Lily, na casa dela. E, quando eu soube que você ia ficar aqui, eu pensei "Cara, essa garota vai mudar a minha vida". – ele falou, com um tom suave, fazendo a outra corar levemente. Bellamy nunca esteve tão certo, a loira realmente havia feito aquilo. – Desculpa se eu fui um cuzão com você no começo, eu só não queria passar pela mesma coisa de novo. Se tiver alguma coisa que eu possa fazer, pra compensar isso, é só dizer.

Clarke deu de ombros:

— Bem, eu só quero ir para escola.

— Escola? – Bellamy franziu a testa, segurando um sorriso. A maioria das pessoas pediria dinheiro, roupas, que ele cuidasse do Jake... Mas, óbvio que Clarke era diferente. – Quantos anos você tem?

— Quase dezessete. É meu último ano no ensino médio. – ela falou, dando de ombros. A garota, normalmente, era muito madura para a idade dela e isso confundia algumas pessoas. – Eu tenho que voltar para a escola logo, antes que eu me atrase muito no ano. Quero dizer, quando eu morava com o Finn eu estudava, mas eu parei por... Bem, você sabe.

   Bellamy adorava o jeito que Clarke contava as coisas. Ela se parecia com uma criança falando como foi seu dia e isso só fazia o Blake queria saber mais e mais sobre ela.

— Você é menor de idade e o Finn também era, na época, como a escola nunca perguntou nada sobre isso? – ele questionou.

— Não, eu estudava em casa. – ela respondeu, ajeitando o cabelo atrás da orelha. – Enfim, eu queria passar esse último ano na escola, mas preciso de um adulto responsável pra fazer a matrícula.

— Eu não sou bem o que se pode chamar de adulto responsável, mas... Eu já tenho 23 anos e estou aqui. – ele disse, dando de ombros.

   A garota literalmente pulou nos braços dele, o abraçando:

— Obrigada!

Quando eles saíram do abraço, instintivamente Bellamy segurou em sua cintura. Ela se arrepiou quando ele fez isso, mantendo o toque suave em sua lateral. Sentia a respiração dele próxima a sua e seus rostos ficarem realmente perto um do outro.

— Clarke! – a voz escandalosa de Octavia se fez presente na sacada e os dois se separaram, quase relutantes. Ela arregalou os olhos, quando ambos pareceram envergonhados, mas logo disfarçou. – O Jake tá chorando e não faço ideia do motivo.

— Ah, claro. Deve ser o leite. – Clarke falou, parecendo desconcertada. Se virou para Bellamy novamente, dando um sorriso tímido. – Obrigada de novo, Bell. Nos vemos amanhã de manhã.

  Quando ela se afastou, correndo até as escadas, Octavia fez a típica cara de irmã mais nova, que dizia "eu sei de quem você gosta!". Ela se apoiou na sacada, com um sorriso no rosto:

— Você e a Clarke, huh?

— O que? Eu e a Clarke? Nós? Não tem nada entre nós. – Bellamy falou, se controlando para não bater na própria testa.

— Sei. – a mais nova levantou as sobrancelhas. Ela se afastou da sacada e entrou de novo na casa. – De qualquer jeito, é bom te ver assim.

  Bellamy sentiu um aperto no peito. O que queria dizer quando ele confiava nela, a apoiava, a queria por perto, gostava de fazê-la sorrir, tinha fé nela e, acima de tudo, quando disse que não podia perdê-la?

  Não, isso não podia estar acontecendo.

Bellamy Blake não podia estar se apaixonando por alguém de novo.


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