Imperador Negro escrita por Mrs Fox


Capítulo 19
Capítulo XVIII


Notas iniciais do capítulo

OLHA SÓ QUEM VOLTOU 14 DIAS DEPOIS? EXEMPLO, NÃO?!

Dedico esse capítulo à Milla-Senpai por motivos que hoje deu vontade de abraçar e lamber esse menina.
Sim, pra mim lamber é um termo carinhoso.

PARA MELHOR ENTENDIMENTO DA LEITURA:
hakama: veste tradicional samurai
hiijiji: bisavô

Boa leitura!



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— Foi um dia tranquilo, o tal Kiba me mostrou alguns lugares da sede, acompanhei aquele treino como você viu, até fui convidado para entrar na roda de lutas. Nem todos eram experientes, porém lutam muito bem. Voltei quando a Elite iria fazer um treino especial, Sakura-chan disse que eu não poderia acompanhá-lo.

— Sakura-chan? - Sasuke observou, levantando uma sobrancelha.

— Sim, descobri, conversando com Kiba, que ela é um ano mais nova do que nós, então posso chamá-la de chan. - um sorriso brilhante se espalhou pela face de Naruto, exibindo o velho orgulho que possuía em se relacionar tão fácil com outras pessoas.

— A Haruno já ouviu isso? - o olhar sério do outro foi a certeza para saber que não - Como pensei, alguém como ela não iria gostar de ouvir algo do tipo.

— Ah, Kizashi-sama me pediu para que lhe entregasse isso. - ele tirou das vestes um pequeno pote de madeira. Sasuke o abriu, curioso, vendo uma pasta levemente arroxeada dentro - Nos encontramos no corredor, falou-me que tinha preparado essa mistura pessoalmente para que passasse no seu corte, achei curioso que até ele entende disso.

— Creio que todos desse vilarejo tenham algum tipo de conhecimento, por mais básicos que sejam.

 

Naruto assentiu, parando de encará-lo, desviando sua atenção para o mesmo lugar que Sasuke observava tão concentrado. Naquela noite a lua brilhava fraca, completando mais um ciclo até voltar para sua fase negra, e como sempre, as ruas de terras estavam paradas, era difícil ver algum morador aquela hora.

 

— Consegue ver algum movimento, Naruto?

— O quê? - estranhando a pergunta, dobrou sua atenção, vasculhando a paisagem a frente por um tempo, até ter certeza antes de responder. - Não vejo nada, estou deixando algo passar?

— Não, você não vê nada porque não se é possível ver. - Sasuke levou a mão até a testa, massageando alguns pontos doloridos - Quando Kakashi-sensei estava aqui, observei desse mesmo lugar a troca de turno dos vigilantes, porém nenhum dia depois consegui fazer isso, nenhuma sombra se movendo, nada sendo arrastado, é como se eles simplesmente não existissem.

— Esses Haruno são incríveis, não? - respondeu, notando a irritação mesclada com admiração na voz de Sasuke - Lutam com ou sem armas, usam todo corpo para se defender, um jeito tão diferente de tudo que já vi.

— Sim, é animador e espantoso ver tudo isso num grupo tão pequeno. - levantou-se, desistindo de encontrar qualquer falha. - Estando do nosso lado, esse clã é como um tesouro, mas, se opondo, eles poderiam ser a minha desgraça.

— Eles ainda não tem sua confiança, não é mesmo, Imperador? - Naruto o segue, usando um tom de deboche na pergunta.

— Eles teriam a sua se estivesse do meu lugar? - seus olhos mostram toda falta de humor - Todos têm insistido nesse assunto, mas no final sou eu quem decide quando posso começar e até onde irei até parar.

— Sasuke, só estamos preocupados, isso tudo que tem acontecido já não está sendo fácil para nós, mas você é quem mais tem sofrido. - ele levou a mão até seu ombro, como se daquela forma conseguisse passar um maior conforto para o amigo. - Eu vejo nos seus olhos, na maneira como tem tratado os outros. Haha disse-me que às vezes escuta você acordado durante a madrugada, isso não é saudável.

— Eu estou bem, Naruto. É melhor você voltar para o seu quarto.

 

Ele olhou mais uma vez o amigo desamarrar o cordão que prendia a camada superior do seu hakama, era óbvio que Sasuke não iria dormir, como também não continuaria com aquela conversa. Suspirando, preferiu sair, decidido que iria voltar a aquele assunto numa outra hora.

 

***

 

— Bom dia, Uchiha-sama.

 

Sasuke levantou os olhos do seu chá para o senhor que entrava na sala de refeições, era comum encontrar Kizashi terminando seu desjejum pelas manhãs, um dos poucos momentos que o via parado, já que no resto do tempo ele parecia passear por todos cantos do vilarejo, conversando com os moradores e até supervisionado as plantações.

 

— Bom dia, Haruno-san.

— Vejo que se levantou mais cedo nesta manhã, espero que tenha tido uma noite agradável. - ele sorriu como se assim pudesse passar um pouco de sua calma para o jovem de expressão cansada. - Recebeu a pomada que fiz?

— Naruto entregou-me a pomada, arigatou.

— Ah, que maravilhoso. Com aquela mistura, em três dias seu corte deve ter cicatrizado normalmente e poderá voltar aos seus treinos, que creio eu, para alguém que deve ter uma rotina desde criança deve ser um pouco entediante

— Sim, eles estão fazem um pouco de falta.

 

Num momento como aquele, Sasuke poderia até sentir seu corpo tremendo algumas vezes durante o dia, sentindo a necessidade e a falta de executar movimentos com suas lâminas, extravasando por cada poro do corpo as ansiedades que tomavam sua mente, sempre tinha sido desta forma, descontando cada acontecimento de sua vida nos dojos do palácio.

 

— Sasuke, como poderá proteger esse reino se nem ao menos pode acompanhar o próximo Imperador?

 

Sasuke olhou mais uma vez para Fugaku sentado em um canto do dojo ao lado de Kakashi. Era raro seu pai estar presente nos seus treinamentos, poderia até mesmo enumerar as vezes que aquilo tinha acontecido, em nenhuma delas o nervosismo era diferente, porém naquela ele sentia-se ainda mais pressionado. Estava há meses tentando conseguir largar as espadas de madeira e poder ter seu próprio sabre, só que, de acordo com a tradição dos Uchiha, precisava primeiro da aprovação do pai, e sua situação se agravava quando era lembrado que seria o próximo General.

 

Desviou a visão de novo para seu irmão, Itachi ofegava pouco se fosse comparar a si mesmo, o suor brilhava um pouco na testa, mas nada mais. Ele tinha adquirido seu tachi aos nove anos, um a menos da idade de Sasuke, isso por ter se recusado a aceitar o seu depois a invasão que acabou com a Dinastia Uzumaki. O que tornava ainda mais frustrante quando lembrava que já estava na sua terceira tentativa.

 

— Lembre-se do equilíbrio, Sasuke-san.

 

Kakashi falou como nas outras duas vezes. Seu sensei sempre dizia que seu maior inimigo era o nervosismo e a auto cobrança, que ele não conseguia relaxar e isso quebrava a ordem de seu desenvolvimento de golpes. Ele entendia o sentido das palavras, mas não como aquilo se aplicava no seu corpo, sempre executava os movimentos corretos e nunca parecia o suficiente, nem para ele, nem para o seu pai.

 

— Irá desistir, otouto? - Itachi perguntou, sorrindo de leve.

 

Ele piscou, os olhos vidrados nos dentes levemente desalinhados do irmão. Um arrepio se passou por seu corpo, odiava aquela dúvida que a frase carregava, odiava quando duvidavam de sua capacidade e o fazia se sentir ainda pior, odiava ser uma decepção para o seu pai. Aquela foi a primeira vez que usou seus sentimentos como gás para um duelo, não conseguia lembrar exatamente o que tinha feito, só que no final Itachi lhe olhava de olhos arregalados, desarmado, enquanto Sasuke apontava a madeira em seu pescoço.

 

—  Acabou, Sasuke. - ele despertou com a voz do seu pai, suas pernas tremiam, e apesar da sua vontade de se jogar no tatame para um descanso, manteve-se firme - Algumas pessoas diriam que esse fogo nos seus olhos poderiam ser um perigo, - disse Fugaku entre os filhos, olhando fixamente para Sasuke - entretanto acho que é exatamente isso que essa Nação precisa para continuar crescer. Irei pessoalmente encomendar sua arma.

 

Mesmo depois de anos, Sasuke não tinha esquecido do sorriso que seu pai tinha dado antes de apertar seu ombro e sair do dojo, muito menos da calma que tinha sentido pelo resto do dia.

 

— Bom, pode não ser a ocupação que o Príncipe deseja, mas tenho algo que pode ser de seu interesse. - o rosto confuso de Sasuke foi uma confirmação para Kizashi - Me acompanhe por favor.

 

Estranhando aquele comportamento inusitado, Sasuke o seguiu até chegar a uma sala com uma mesa de madeira, muitos pergaminhos, tintas e penas, além de estante preenchidas por livros, folhas, e alguns versos sobre os deuses e a criação desse mundo.

 

— Nosso clã foi nômade por muito anos, até meu hiijiji, Haruno Butsuma decidir que seria melhor nos estabelecermos, já que as crianças sempre sofriam muito com as andanças. Acabou se tornando costume naquela época arquivar todas anotações que os líderes de nosso clã, algumas conhecimentos sobre plantas medicinais; outras, relatos sobre todas terras que já passamos. - ele foi até uma prateleira, chamando Sasuke com a mão - Aqui temos alguns registros sobre os últimos vinte anos, tudo que vimos em outros clãs quando prestamos ajuda ou passamos rapidamente. Sei que irá entrar em guerra, e que já deve ter sido bem instruído no Palácio sobre todas famílias influentes destas terras, porém acho que um outro ponto de vista possa ser bastante útil.

— Tem informações sobre Madara aqui? - perguntou, deslizando os dedos pela borda da madeira.

— Sim, o Traidor foi muito influente nas decisões do Imperador Minato, até nas do Fugaku-sama antes daquele primeiro ataque, e o povo sofreu diretamente por isso. Tudo que sabemos está escrito aqui, por mim e por meu chichi. Por favor, não tenha receio e pegue o que lhe for útil.

— Agradeço, - Sasuke puxou um pergaminho, seus olhos brilharam passando os olhos pelo conteúdo - serão muito úteis.

 

***

 

Aqueles arquivos estavam sendo de uma grande utilidade para o Príncipe. Eram relatos simples sobre como algumas medidas tomadas pelo Império afetaram a vida do povo; cobranças de impostos, negociação de alimentos fornecidos por diversas plantações. Diferente de estar estudando tudo aquilo de uma sala do Palácio ou ouvindo conversa entre os conselheiros, ali eram o conhecimento mais puro de como as coisas realmente aconteciam por todos lados.

 

Além de uma parte especialmente preciosa que contava o caos que tinha se espalhado no Japão no primeiro ano de reinado de seu pai, um período que ele sabia ter sido turbulento até que todos focos do golpe tivessem sido apagados. Sabia que um dos clãs que mais tinha sido castigado nessa época havia sido o Inuzuka, já que eram a maior força que compunham a tropa de Madara. Kakashi tinha lhe contado que a família principal tinha sido toda morta, os anciões, incluindo os cinco filhos do líder e suas duas esposas, porém ali o relato era ainda mais longo. Todos os membros do alto escalão haviam morrido durante um ataque noturno, os armazéns de grãos queimados, e os novos líderes escolhidos por um ancião de confiança do Imperador por meio de um anúncio. Com pouca comida, eles tinham sido obrigados a se curvar às vontades de seu pai e aceitar os acordos absurdos, mesmo esses incluindo uma vigília das tropas imperiais em suas terras até que a lealdade fosse novamente provada.

 

Aquilo tudo tinha lhe dado uma certeza, os Inuzuka apoiariam Madara nem que por vingança. O problema era saber como Itachi se encaixava naquilo tudo. Seu irmão com certeza não teria dado um golpe para ser o simples braço direito de um homem impulsivo como Madara, mas sendo filho do homem que tinha dado ordens que devastaram aquela família as coisas não seriam tão simples.

 

— Uchiha-sama?

 

Sasuke levantou-se, deixando os papéis espalhados sobre a mesa, para atender o chamado de Tetsuo. O jovem se balançava no corredor, com as mãos cruzadas nas costas, até sorrir fazendo uma reverência. A luz dourada da tarde no seu rosto jovem, combinada com aquela felicidade serena, quase o faziam brilhar, mesmo que as íris verdes se movesse com curiosidade pelo quarto, não conseguia ficar irritado com um garoto que tinha um jeito tão leve e sensato como aquele.

 

— O que deseja?

— Não seria eu, mas minha ane-chan que pediu para que eu viesse lhe convidar para assistir um treino. Parece que ela ficou sabendo do interesse do príncipe-sama quando assistiu o último treino. Podemos?

 

Com um aceno positivo, Sasuke fechou o quarto antes de seguir o rapaz. Para ele, tinha ficado muito claro o incômodo que Sakura tinha sentido na última aula, o descontentamento tinha ficado claro na expressões duras de seu rosto, ainda mais vendo a forma que ela pisava, quase como se pudesse romper a madeira. O que a fez mudar de ideia era um mistério, ainda mais pela personalidade decidida que a Haruno tinha, suspeitava que houvesse alguma interferência de Tobirama, apesar daquilo pouco importar, já que não negaria aquela oportunidade.

 

— Uchiha-sama, será que seria muita ousadia de minha parte lhe pedir um favor? - Tetsuo falou enquanto atravessavam a ponte de madeira.

— Que tipo de favor? - ele ergueu uma sobrancelha, encarando o jovem mais baixo ao seu  lado.

— Atrasar minha ane-chan na saída para a ronda noturna. Por favor, não veja isso de má forma, mas Sakura não tem dormido corretamente desde de sua chegada, hoje nem ao menos deitou-se para um descanso pela manhã.

— E provocar uma falha na segurança? - a voz em poucos segundo ganhou um tom de autoridade.

— Não terá falha, eu irei no seu lugar como em tantas vezes. Ela só não tem me dado autorização para ir desde o ataque ao Palácio por achar que eu não estou preparado para isso. Como se não tivesse sido ela que me treinou.

 

Após dias, Sasuke se permitiu sorrir, simples e contido como sempre. Por dentro ele não se sentia no direito, porém vendo o bico que se formou no rosto do rapaz não pôde se segurar. Uma admiração misturou-se com o amargor de ver o que era uma verdadeira relação de irmãos.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo!



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