Friendzone escrita por moonrian


Capítulo 1
Como um Raio de Sol


Notas iniciais do capítulo

Yoo, pessoas o/
Deixa eu começar explicando que essa é a minha primeira vez escrevendo ao invés de lendo yaoi, então já vou pedindo desculpas por qualquer eventual problema ou sei lá :v
Espero mesmo que vocês gostem, mesmo não tendo nenhuma ação como CDZ tem do começo ao fim... E sendo um romance entre Milo delícia e Camus sedução gelada hehehe
Bem... boa leitura



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“– Eu vou esperar por você...”.

Camus desperta de seu sono inquieto, colocando-se sentado na cama em um solavanco; os olhos castanhos avermelhados estavam esbugalhados e a respiração ofegante. Seu coração retumbava em um ritmo acelerado e dolorido, e aquele vazio que habitava dentro dele tinha um resquício de preenchimento que agora desvanecia ao retornar a realidade fria de sua vida.

Ele desliza a mão pelo rosto em frustração, sentindo a pele bronzeada úmida com o suor, esperando que seu corpo se acalmasse e todas aquelas sensações morressem.

Camus por diversas noites é assombrado por aquele sonho que o deixa tão agitado, sempre retornando para sua mente quando sua solidão está ganhando níveis alarmantes, mas não é somente isso que o desencadeia. Aquela noite, por exemplo, o aquariano não tivera sequer um momento sentindo aquele grande vazio que despontava em seu coração tragar sua calma, ou uma tristeza infindável por sempre se sentir deslocado no mundo; e mesmo assim aquele maldito sonho decidira estragar seu humor – não que Camus seja um exemplo de exultação.

“Não irá servir de nada ficar pensando nessas coisas...”, pensou ele com um suspiro de resignação.

Talvez devesse se conformar que esse sonho o atormentaria pelo resto de sua vida, aquela maldita pessoa o assombraria durante toda a sua existência como uma promessa de um “mais” que ele sabia que não cabia em sua vida. Ele é Camus de Lenfent e não devia se incomodar com tamanha tolice, então por que sua mente não o permite esquece-lo de uma vez por todas?

O alarme do seu despertador toca, anunciando que é hora de afastar aqueles pensamentos de sua mente e se arrumar para ir ao colégio.

Camus se levanta calmamente, tudo que veste é uma bermuda preta um pouco folgada que está um pouco abaixo da linha do quadril e exibindo o começo da cueca Box cinza que usava; seu longo cabelo escorrendo pelas costas como uma grande cascata de sangue.

Ele toma um banho rápido, pois tem consciência de que é nesse lugar que os pensamentos sobre coisas que considera desnecessárias para sua existência são conjuradas, na esperança de que ele as analise. Faz sua higiene matinal, veste uma calça jeans de lavagem escura, uma camisa cinza com a estampa de uma guitarra alada e calça seu All Star preto; e então caminha para a cozinha de sua casa a procura de algo para comer.

O ruivo mora em uma casa que consiste apenas em um quarto com banheiro, uma sala e uma cozinha. Não é lá muito espaçosa, mas para que um homem solitário necessitaria de muito espaço? Além do mais, todo aquele lugar dava um ar de aconchego que sempre lhe faltou quando morava com seu falecido pai na França. Tem uma decoração simples, nenhuma foto para exibição em porta-retratos, pois não gosta de tirar fotos e não há ninguém memorável em sua vida que deseje colocar sua imagem para enfeitar o seu pequeno lar.

Abre a geladeira e vasculha o que há dentro para um café-da-manhã, e então faz uma nota mental para fazer compras, pois a coisa está quase vazia. Não é porque falta dinheiro para Camus se sustentar, mas sim porque o aquariano não é um grande apreciador dessa tarefa tão entediante que é ir ao supermercado e fazer compras – o garoto sequer gosta de ir ao shopping comprar roupas, mas por obrigação se força a ir regularmente.

Dirige-se ao quarto para pegar sua mochila, decidindo fazer o desjejum em alguma lanchonete próxima afinal não há mais tempo para ir comprar e depois preparar algo.

Camus caminha calmamente pelas ruas, a expressão estoica de sempre a dominar o seu rosto de traços bonitos e elegantes, e juntando com um cabelo de cor tão exótica e intensa, é impossível o aquariano não atrair olhares apreciativos tanto femininos quanto masculinos; mas o rapaz não parece perceber, e a verdade é que ele não se importa.

Entra em um estabelecimento simples, fazendo o sininho no batente da porta soar, e se senta em uma mesa próxima a vitrine que lhe dá uma boa visão do mundo ao lado de fora ao qual ele observa com atenção, pensativo, antes que sua garçonete apareça para anotar seu pedido.

A garota cora enquanto fala com ele, dando aquelas risadinhas nervosas entre uma frase ou outra, mas o ruivo finge não perceber, pois a garota não é sequer atraente em sua opinião.

A garçonete deixa uma xícara de café quente e caminha para mandar preparar o pedido de Camus, e a bebida tem gosto de lama – os americanos definitivamente não sabem preparar um café decente.

O ruivo engole a primeira bebericada de prova com apenas um vinco entre suas sobrancelhas mostrando sua insatisfação, então empurra a xícara para o meio da mesa, desistindo dela.

Camus volta seus olhos para a vitrine, desfrutando daqueles momentos de silêncio para observar a rua... Até que uma luz começa a lhe cegar os olhos de segundo em segundo, como se alguém estivesse refletindo os raios solares através de um objeto metálico e direcionando em seus olhos de propósito.

Ele busca no recinto a maldita pessoa que o está incomodando, pensando que só pode ser uma daquelas crianças levadas que seus pais já não se importam mais com seu mau-comportamento. O que encontra na verdade é um rapaz que deve ter a sua idade girando uma faca distraidamente com o dedo indicador, o objeto com sua ponta apoiada na mesa de madeira escura – provavelmente deixaria uma marca.

Ele tem um longo cabelo loiro cacheado e olhos de um azul bonito, com um brilho rebelde e sarcástico.

Algo na aparência daquele rapaz fez o coração de Camus vibrar cheio de vida e bater descompassado, mas não por todo aquele clichê de “amor à primeira vista”, o aquariano é muito sensato para acreditar nesse tipo de tolice, é muito mais provável que o esteja observando tão descaradamente por causa da aparência que ele tem.

O loiro sorri de maneira arrogante para os garotos a sua frente, e o ruivo não pôde negar que o rapaz é bonito demais para não atrair tanto a sua atenção.

De repente, os olhos azuis se erguem, flagrando-o a observa-lo atentamente. Camus levou seu olhar para a vitrine rapidamente, apoiando o cotovelo na mesa e a bochecha na mão para esconder o rubor que aflorava em suas bochechas claras – e não deixou de ficar surpreso com sua reação, afinal ele nunca corava; embora também nunca encarasse tão descaradamente as pessoas.

Ouve um murmúrio, o som de passos no assoalho e logo depois o ruído de alguém se sentando no banco acolchoado a sua frente e ao direcionar sua atenção para o local, descobre com surpresa que era o loiro da outra mesa que agora lhe sorria com pretensão.

– Eu já te vi em algum lugar? – Inquere o loiro para ele.

Camus encara o rapaz um pouco atônito, embora seu semblante permaneça com sua expressão séria de sempre. Aquele loiro tinha um ar superinteressante que intrigou Camus, talvez fosse pela sua forma despojada de se sentar, ou quem sabe fosse aquela aparência de anjo iníquo; o aquariano não tinha certeza.

Seja como for, como é que o ruivo poderia saber se ele já o viu? Não era vidente.

– Isso é uma espécie de cantada ruim? – Responde com outra pergunta, a voz impassível.

Os olhos do loiro se abrem um pouco mais com a surpresa, antes daquele sorriso retornar aos seus lábios.

– Oh, não, eu não estou tentando flertar com você. – Retrucou, parecendo um pouco zangado. – Só tive a impressão de que já te conhecia.

Camus dá de ombros, afinal não sabia o que dizer diante de uma situação tão estranha. Ele se dedica a observar o lado de fora, esperando que o rapaz entenda que essa é uma deixa para que retorne a sua mesa, mas sente os olhos azuis do outro o observando atentamente, o que estava começando a deixa-lo incomodado. Não gostava de ser observado da forma como aquele garoto o fazia, como se penetrasse cada camada de si e visse do que sua alma era feita.

Logo a garçonete insossa retorna com o seu pedido, colocando-o a frente do ruivo e desejando que tivesse um bom apetite. Camus pega o garfo e a faca, ignorando displicentemente o garoto loiro, mas o rapaz não parece notar que ele deseja ficar sozinho.

Corta um bom pedaço da omelete, seus orbes castanhos avermelhados atentos à comida.

– Como você se chama? – Pergunta-lhe o loiro mais uma vez.

O aquariano segura sua vontade de suspirar de frustração e levanta seus incríveis olhos do seu café-da-manhã para o rosto do rapaz, percebendo que este ainda o analisa com uma extrema atenção, antes daqueles orbes de um azul límpido cravar em seus olhos, paralisando-o. Os belos olhos do rapaz eram bem claros, mas mesmo que Camus adentrasse quilômetros não tinha qualquer pista do que ele está pensando. Eram emoldurados por uma franja de cílios que mais parecem fios de ouro, e embora azul fosse considerado uma cor fria, ardiam como chamas e eram tão penetrantes que Camus quase teve certeza que ele viu a escuridão dentro de si.

– Camus de Lenfent. – murmura de maneira apática – E acredito que tenha me confundido com alguém.

O loiro murmura o nome dele como se tentasse buscar algum reconhecimento ou lembrança.

– Você deve ter razão. – Disse por fim, após alguns instantes, e então estendeu a mão para o ruivo. – A propósito, eu sou Milo Karedes.

Camus olha para a mão estendida do garoto e então para os ardentes olhos azuis, perguntando-se porque ainda não enxotou aquele garoto de sua mesa. Por fim decide apertar a mão estendida a sua frente, notando a firmeza do aperto de Milo.

Um canto da boca de Milo se entorta para cima em um meio sorriso, e a curva de seus lábios parece pura e perfeita.

O ruivo solta a mão do escorpiano, e olha as horas em seu celular, descobrindo que tem apenas vinte minutos para chegar à escola. Ele dá a última garfada em sua omelete, um bocado aliviado por ter que se despedir da presença incômoda de Milo Karedes.

– Eu tenho que ir. – Anunciou Camus, colocando-se de pé e pegando sua mochila preta.

O loiro abre aquele sorriso arrogante que viu há uns minutos atrás, fazendo Camus paralisar por um mísero instante, uma reação completamente estranha para ele – e o aquariano decide que por esse motivo odiava aquele sorriso.

– Até algum dia, Camus.

Camus perde um segundo a mais observando o rapaz, tentando se decidir se aquilo era apenas uma gentileza automática ou uma promessa... Será que Milo estava realmente contando com que um dia viesse a vê-lo?

O aquariano decide que está fazendo muito caso por nada, afinal aquela é uma cidade gigante e a chance de se reencontrarem são mínimas. Ele então dá um aceno pequeno e vago com a mão como despedida, saindo dali a passos largos.

Milo Karedes observa o belo garoto de longos cabelos vermelhos caminhar para fora do estabelecimento em um andar rápido, tranquilo e “autossuficiente”, como se não se importasse com o mundo a sua volta.

Aquele rapaz, Camus de Lenfent, não era um tipo muito comum. A sua pele bronzeada somada a cor vívida e tão exótica de cabelo fazia Milo desconfiar de que não estava enganado, afinal não existiam muitas pessoas com as características dele rodando por aí – e isso é um dos motivos pelo qual o escorpiano não consegue compreender o porquê não se lembra de onde o viu ou porque sentia que era algo tão importante descobrir.

Milo se levanta da mesa com um pequeno sorriso apreciativo nos lábios ao constatar que a maneira que Camus de Lenfent agia era fascinante, tornava-o um mistério ainda maior do que apenas aquela dúvida de onde poderiam ter se conhecido.

Senta-se novamente a frente de seu amigo, Ikki, e seu irmão mais velho, Shaka, que mexe em seu celular com uma mão e a outra leva um pouco de comida vegana a sua boca – desde que voltou da sua viagem de férias a Índia, Shaka vinha agindo como se fosse nativo daquele país.

O leonino tem cabelos escuros e olhos de um azul escuro como o principio da noite, e é tão maluco quanto Milo; deixando seu irmão não muito animado em levar seu namorado para o mesmo ambiente que ele.

Shaka provavelmente é o mais sensato do trio, embora não viesse a ser considerado um exemplo de vida com sua falta de paciência e seu perfeccionismo. Aliás, não é tão difícil ser mais sensato que Milo e Ikki.

O virginiano ergue seus olhos azuis do aparelho celular para Milo e o encara como se esperasse informações, mas como o escorpiano gosta de fazer suspense opta por comer o sua querida torta de maçã com um sorriso matreiro.

– Pare de enrolar, Milo. – Fala Shaka, que não tem tanta paciência para as manias do irmão mais novo. – Quem era aquele garoto?

Milo revira os olhos para a falta de paciência do irmão. Se Shaka já não tivesse um relacionamento com Ikki, poderia dizer que sua falta de senso-de-humor se devia a falta de sexo na vida dele, mas está claro para ele que seu irmão é um rabugento patológico.

– O nome dele é Camus de Lenfent. – Responde Milo com um dar de ombros – Ele acha que o confundi, mas tenho certeza que não.

Ikki, que não tinha se interessado em virar para ver o garoto que Milo ficou curioso para descobrir de onde o conhecia, reconheceu o nome.

– Camus de Lenfent estuda em nossa escola, Milo. – Conta ele com aquela voz rouca que fazia Milo entender porque seu irmão era tão apaixonado pelo leonino, mesmo que o virginiano orgulhoso não admitisse. – Ele é um cara bastante fechado, sério e muito inteligente, pelo que soube. Aliás, é impossível não saber algo sobre ele, porque as meninas do colégio estão sempre falando dele, seguindo-o e dando aquelas risadinhas irritantes.

Então o leonino de olhos azuis incomuns sacode a cabeça lentamente em desaprovação, lembrando-se do grupo de meninas atrás de Camus, não conseguindo entender como elas podem ter tão pouco orgulho próprio para se prestarem a um papel tão ridículo.

Mas o escorpiano não parece notar as reações de seu amigo ou a parte que as meninas ficam atrás do ruivo, prestando atenção em apenas um detalhe.

– Então ele estuda no Colégio Santuário? Interessante...

Shaka semicerra seus olhos para o irmão, desconfiado, então lhe aponta uma colher.

– Não acha que está interessado demais naquele fósforo ambulante? – Ikki dá uma breve risada nasal com o apelido. – Você ainda tem um namorado, Milo.

O loiro revira seus olhos azuis para o virginiano.

– Eu não estou interessado no Camus, idiota! Apenas estou curioso. E eu sou apaixonado pelo Kanon, então não há necessidade de preocupação. – Balança a mão com descaso.

Sequer Milo entende porque está tão curioso para descobrir quando e onde viu Camus, mas ele tinha aquela sensação, e intuição de escorpiano nunca se engana… pelo menos na maioria das vezes.

Ikki olha seu relógio de pulso, aparentando não estar nem interessado e nem preocupado com a possibilidade de Milo estar querendo atividades pecaminosas com o aquariano, em parte porque ele acha muito difícil quando o loiro aparenta ser tão apaixonado pelo Kanon e em parte porque ele não se importa.

– É melhor nós irmos para o colégio de uma vez, – avisa Ikki, pondo-se de pé – senão chegaremos tarde.

Milo faz uma expressão assombrada.

– Mas eu ainda não terminei minha torta de maçã. – Choraminga, enquanto Shaka também se põe de pé e ambos jogam algumas notas sobre a mesa.

– Você come essa porcaria outra hora, Milo. – Shaka agarra a jaqueta de couro envelhecido marrom do loiro, forçando-o a se levantar. – Não vai querer chegar atrasado em seu primeiro dia, certo?


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Notas finais do capítulo

Bemm, é isso :3
Espero que você, que conseguiu chegar até aqui, tenha gostado e seja bonzinho o bastante para deixar uma autora alegre com um review *-* Vai, pfv, seus dedinhos não vão cair *-*
Ok... parei hehe
Bem, acho que isso é tudo, pessoal o/



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