You escrita por PepitaPocket


Capítulo 15
Uma Garota Fora do Comum




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Cinco dias depois, Orihime se sentia mais do que feliz em voltar para o trabalho.

E, sua alegria foi maior quando vira Ichigo parado na frente de seu prédio para buscá-la.

Naqueles dias que se passaram, ele não havia conseguido ir visitá-la, mas eles trocaram mensagens umas dez vezes por dia.

E ela até se sentiu culpada, já que nesses dias o máximo que ela fez foi assar um bolo de espinafre com abacaxi, e passar aspirador de pó na sala.

Mas, depois de lidar com uma Tatsuki injuriada ela se contentou com o esforço máximo de alternar entre a Netflix e o Youtube, ou virar as páginas do seu livro de cabeceira.

Enquanto Ichigo estava trabalhando o dobro de horas e ainda se desdobrando com seminários e trabalhos extras, para tentar recuperar as poucas disciplinas que ele não havia reprovado por infrequência.

Mesmo assim, ele sempre tinha tempo para responder suas bobagens.

Agora eles se encontravam depois de vários dias, e o sorriso de orelha a orelha foi inevitável.

— Estava com saudade. - Orihime foi a primeira a falar, enquanto puxava sua bolsa em forma de coraçãozinho, para perto de seu corpo.

Aquilo causara um espasmo de riso em Ichigo, já que daquele jeito parecia que ele era um assaltante.

— Também estava. - Ele disse um pouco incerto com as palavras, pois estava enferrujado naquele lance de paquera.

— Mesmo? - Ela perguntou fazendo uma expressão tão adorável... Que Ichigo não conseguiu fazer outra coisa que não fosse ficar olhando-a como um idiota.

Isso o fez demorar demais para responder, e mesmo ele verbalizando um sonoro "sim" tempos depois, Orihime não se sentiu muito convencida.

O trajeto até o trabalho foi silencioso, ambos jovens não sabiam muito o que dizer pessoalmente, contraditoriamente muito diferente das mensagens que trocaram, sobre os mais diferentes assuntos.

— Eu posso vir buscá-la? - Ichigo perguntou assim que parou em frente à escola.

Orihime sentiu que seu coração ia sair por sua boca, quando ouviu aquilo, mas ao mesmo tempo ela não queria dar trabalho, então se esforçou para esconder seu entusiasmo pela oferta, e logo respondera o mais neutro que conseguira:

— Não precisa. - Ela disse com timidez, diante do semblante decepcionado dele.

— Está chateada comigo? - Ele perguntou um pouco mais alto do que pretendia, mas o comportamento errático deles começava estagnar as coisas.

E ele não queria que isso acontecesse.

— Não, o que o faz pensar isso?- Ela perguntou abanando as mãos na frente do corpo, completamente na defensiva.

— Diz que está com saudades, mas não quer que eu a busque... - Ele dissera espichando os lábios de um modo infantil, isto para um homem de 22 anos.

Mas, aquilo serviu apenas para Orihime se derreter toda, antes de lhe dar um sorriso encantador.

— Só não queria incomodar... - Ela se justificou toda sem jeito.

— Como pode incomodar, gatinha? Você é a melhor parte do dia... - Ichigo dissera deslizando seus dedos pela face angelical dela, e aquilo foi demais para Orihime que por um momento aproximou seu rosto do dele, dando-lhe a impressão de que ela iria beijá-lo, mas no fim ela apenas abriu a porta do carro e saiu quase correndo.

Assim que pisou na entrada da escola, a jovem teve dificuldade de chegar até sua sala.

Todos por ali gostavam dela e embora alguns poucos se enciumassem do carinho que ela havia conquistado, em tão pouco tempo, da parte de Unohana.

O ponto é que a sua gentileza, e boa educação tornavam a Orihime uma garota fácil de gostar, mesmo com seu jeito estabanado e propenso a acidentes.

Depois de sobreviver a uma sessão interminável de cumprimentos e respostas repetitivas para as mesmas perguntas "já sarou?", "se sente melhor?", você vai repor as horas que esteve em casa?"

Orihime respirara aliviada, quando chegou a sua mesa, embora seu coração estivesse pesado e ela não entendia porquê...

Isso começou depois da conversa que ela teve sobre "homens" com Tatsuki e ela ficou bem assustada para dizer a verdade.

Na concepção de Tatsuki "homens tinham as mãos naturalmente bobas", embora a experiência com Ichigo tivesse lhe mostrado que não era bem assim.

"Talvez, ele ainda não se interesse tanto em você". - Arisawa disparou uma opinião bem direta que encheu Orihime de inseguranças, mesmo que essa não fosse sua intenção.

Afinal, Ichigo vivia sumindo e sempre colocava a culpa no trabalho.

Mas, ela sempre puxava conversava, mas para Tatsuki isso não era bom:

"Ele vai achar você fácil demais, só vai usar as mãos bobas dele em você, e procurar uma garota direita que não deixe usar as mãos bobas nela".

Orihime achou aquilo sem sentido, afinal se ele queria usar as tais mãos bobas, porque ele ia procurar uma garota que não o deixaria fazer isto?

Orihime pensou amuada com aquela conversa e com as coisas terem ficado esquisitas quando Ichigo gentilmente foi levá-la para o serviço, então ela repensou o que já tinha pensado e ficou envergonhada consigo mesma... Afinal, ficou parecendo que ela queria que o Ichigo usasse as tais mãos bobas nela, e não era isto, ela não queria que ele pensasse que ela era "fácil", mas também não queria que ele achasse que ela não estava interessada.

Nisso ela lembrou da única coisa que Tatsuki falou que pareceu correta:

— Relacionamentos são complicados.

...

Rangiku estava quase chorando sangue na frente daquela tela de computador.

Ela odorava a profissão que escolheu, mas odiava ser a garota do tempo do papel reciclado, Urahara não mentiu quando lhe ofereceu aquele emprego.

"Maldito". – Ela praguejou mentalmente enquanto reunia informações sobre o volume pluviométrico em Karakura para aquele mês.

— Não enche o saco Rangiku, fica na tua mesa que eu fico na minha.

Ichigo já chegou dando um esporro em Rangiku. Em momentos assim ela lembrava, porque Ichigo era o colega menos popular da agência de notícias que eles trabalhavam.

Mas, como ela era uma boa pessoa muito compreensiva (lê-se implicante), ela fez questão de sair de sua mesa e sentar na mesa dele. Só para ver o que ele ia falar, e como esperado Ichigo ficou vesgo, e não era por causa de sua linda coxa propositalmente a mostra, e sim porque ele sempre ficava vesgo quando zangado.

— Porra, Matsumoto... Lei do espaço é algo tão difícil entender? – Ichigo sabia que tinha de perder essa mania, em descontar em todo mundo sua irritação, mas era algo que ele nunca conseguia evitar, por mais que tentasse.

— Certo, Ichiogro, fica ai sozinho mordendo o próprio azedume, pode ser que você se intoxique. - Matsumoto disse batendo os dois pezinhos no chão, deixando o Kurosaki surpreso por sua reação.

Isso porque Matsumoto e Urahara eram duas pessoas estranhas que tinham o dom de ficar zen, não importa quanta patada ele desse neles.

Isso o deixou mal acostumado. Mas, até ele sabia reconhecer quando passava do limite.

— Desculpe, não quis ser tão grosso, mas você sabe ser chata quando quer... – Ele calou-se apenas quando viu Matsumoto arquear a sobrancelha, e fazer um biquinho, como se estivesse zangada... Mas, a verdade é que ela não ligava para o azedume de Ichigo, apenas porque achava curioso alguém ser tão jovem e tão mal-humorado.

— Vejam só, o inferno está descongelando ou os anjos deixaram enfim suas harpas para tocar guitarra... – Matsumoto colocou o braço na mesa, e fitou demoradamente seu amigo, apenas para poder rir da brabeza dele de novo.

— Acho que está mais para um bonito anjinho que se apaixonou por um ogro... – A loira mais uma vez provocou.

Ichigo ficou quieto, mas a bela mulher, podia jurar que saiu até fumaça de sua cabeça.

— Ela é um anjo que não merece um ogro como eu.

Ichigo disse respirando pesadamente, sem acreditar que estava conversando, sobre seus sentimentos controversos, justamente com Matsumoto.

— Sabe, quando conheci Senna, as coisas foram devagar... - Ichigo disse estalando a língua, ainda na dúvida se prosseguia ou não.

— Mas, nosso envolvimento quando aconteceu, foi pior que um abalo sísmico acima da escola Richter. – Ele disse dando o seu melhor para falar de seus sentimentos.

— Já com Orihime, as coisas aconteceram depressa, ela aconteceu como um terremoto dentro de mim... É imensurável, assustador... Mas, ao mesmo tempo as coisas estão calmas agora... E eu não sei como lidar com isso sem extrapolar nenhum limite... – Parou de falar apenas porque não tinha mais, nenhuma palavra desconexa, pairando em sua mente.

— ARGH... DO QUE EU ESTOU FALANDO? - Ichigo estava quase puxando os cabelos, de tanta angustia que sentia.

Mas, Matsumoto não se intimidou com seus maneirismos.

— Elementar, meu Ichiogro... - Matsumoto dissera calmamente, fazendo pose de sábia, e aquilo naturalmente não combinava com a mulher.

— Você antes experimentou a paixão, e agora talvez você esteja sendo apresentado a um novo sentimento: o amor.

Ichigo piscou confuso com aquelas palavras.

— Não fala bobagem Matsumoto: eu amava Senna e estaríamos juntos até agora, se ela não tivesse me trocado por Paris... – Conforme ele ia falando suas palavras iam morrendo, porque ambos sabiam que aquilo não fazia o menor sentido.

— Correção: Senna te chamava, você ia atrás dela como um cachorrinho, vocês trepavam, depois ela te enxotava, e você ia para casa esperar ela te chamar de novo. – Matsumoto dissera fazendo várias pausas de efeito.

— Não precisa colocar as coisas assim. - De novo ele ficará estrábico, apenas porque estava irritado.

— Quando você se comportava muito bem, ela te dava uma recompensa. Vocês faziam um programinha de casais, passeavam de mãos dadas, e ela fingia que aceitava que você tem apenas dois bolsos furados no momento.

— Já disse que não precisa, colocar as coisas assim, PORRA. - Ichigo disse se levantando para olhar para a janela, não queria brigar com sua amiga, nem continuar lhe dando esporro, mesmo ela merecendo.

— Agora, você está sendo apresentado a uma relação de verdade quem sabe? – Matsumoto disse lhe dando uma piscadinha, e aquilo desfez a vontade de ele retrucar alguma resposta atravessada.

Na verdade, ele não queria dizer nada, só pensar até entender porque por mensagem tudo parecia dar certo, mas quando ele voltou a encontrar Orihime, as coisas degringolaram.

Mas, um assobio irritante de Matsumoto, anuviou os pensamentos de Ichigo que lhe dirigiu um olhar entediado.

— Já que você tem muito o que pensar... Pense enquanto completa a tabela mensal do percentual pluviométrico, por favor.

— Já fiz o de domingo, faltam os outros 29 dias. – Rangiku dissera pegando sua bolsa e saindo, nem tão de fininho assim.

"Desgraçada, namorar o chefe deve ter suas vantagens".

Ichigo maldisse sua colega de sala, embora tenha ficado um pouco grato, por ter algo que fazer, para não pensar em seu doce anjo.

Que nada... Dois minutos depois Ichigo puxara o celular do bolso, na esperança de ter alguma mensagem dela, mas nada... E, ao perceber isto, ele ralhou consigo mesmo.

Afinal, Orihime era uma garota já formada, com sua própria profissão, bondosa, inteligente, gentil e muito bonita.

Uma garota fora do comum, para alguém comum demais como ele.

Ele concluiu com certa amargura, a até olhar para baixo, e ver um convite espalhafatoso, para a festa de aniversário de Rangiku que aconteceria no próximo final de semana.

Um sorriso brotou nos lábios de Ichigo, quando ele viu uma nota redigida com a bonita letra de Rangiku.

— Quero conhecer seu amorzinho... - Ichigo pela primeira vez em muito tempo, desmanchou a própria carranca, e sorriu quase de orelha a orelha, porque tinha um bom motivo para mandar uma mensagem para Orihime...

Depois era ela torcer que ela aceitasse, apesar de sua insegurança continuar lhe dizendo que ela era muita areia para seu caminhãozinho quase sem combustível, mas ele não iria desistir por causa disto.

Ou iria?


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