You escrita por PepitaPocket


Capítulo 12
Atestado Médico




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/655860/chapter/12

— Gomensai... – Ichigo murmurara envergonhado, por ter se deixado levar pelo impulso.

Já Orihime, ficou grata por ele ainda segurá-la pelos ombros, caso contrário, ela teria caído no chão, que nem água derretida.

— Arigatou... – Ela dissera em um tom baixo e melódico, antes de lhe sorrir com ternura.

— Eu gosto muito de você, Kurosaki-kun. – Ela disse com sinceridade, e o beijou na bochecha, o deixando intrigado com suas atitudes.

— Também gosto de você, hime. – Ele falara coçando a cabeça e lhe sorrindo com franqueza.

Orihime, sempre se aquecia por dentro quando ele a chamava de “princesa”. Um diminutivo de seu nome, que nunca ninguém usara, e ela sentia-se lisonjeada, por Ichigo ser o primeiro.

— Deveria sorrir mais, seu sorriso é bonito. – Ela falou com naturalidade, acarinhando o rosto do rapaz, que fechou os olhos deliciando-se com aquele toque.

Sem resistir ele puxou sua mão, e beijou-lhe a pele macia e formosa.

— Queria saber porque um anjo como você desceu do céu, e veio para minha volta... – Ele falou se deixando levar pelo momento, e ela sorriu até com os olhos.

— Você também pode ser meu anjo... É só querer. – Ela disse de um jeito que ele não conseguiu resistir, e tornou a beijar-lhe os lábios, macios.  

Ficaram um tempo que para eles foi curto, se beijando no meio da calçada, parando apenas quando alguns transeuntes, insatisfeitos com a cena começaram a encará-los com expressões contrariadas.

Mas, ao invés de se abalar com isto, o casal de pombinho apenas sorriu um para o outro, mantendo suas testas unidas, de mãos dadas, aproveitando a respiração um do outro, no mesmo ritmo.

Mas, seus corações estavam descompassados, porque tudo era muito novo, especialmente para Orihime, que nunca esteve com nenhum rapaz desse jeito. Tão pouco, algum a fez se sentir dessa forma, seria essa uma coisa boa?

A resposta ela não sabia, mas quando Ichigo segurara sua mão, ela sentiu com todo seu coração que valeria a pena correr esse risco.

...

Caminharam de mãos dadas até a estação de metrô, e seguiram conversando sobre coisas do dia-a-dia. Ichigo ficava ainda mais encantado, pelo brilho no olhar e o entusiasmo que a garota demonstrava pelas mínimas coisas.

— A Unohana-sama, é tão gentil, mas parece tão assustadora que o pessoal tem medo de chegar na sala dela, e pede sempre que eu vá... – Orihime disse sorrindo com os olhos, e enquanto comprava os bilhetes ele não conseguiu deixar de correr pela expressão que ela fazia.

— Isso demonstra que eles são um bando de covardes e folgados. – Ichigo disse fazendo cara feia, ao imaginar sua doce princesa enfrentando alguém que um bando de gente tinha medo.

— Lie... – Ino balançou as mãos em frente ao seu corpo exageradamente, enquanto dava um sorriso amarelo para Ichigo. – Eu fico feliz que as pessoas confiem em mim, e o fato de eu não ter medo de Unohana-sama, mostra que eu sou corajosa, não?

Ichigo acabou dando uma risada contida, quando Orihime ergue os dois braços no alto como se fosse uma espécie de halterofilista, e faz uma expressão tão engraçada, e ao mesmo tempo tão doce.

— Você é uma graça sabia? – Ele diz com sinceridade.

Mas, aquilo não caiu bem aos ouvidos da garota que se encolheu um pouco receosa.

— Quer dizer que eu sou boba? – Ela perguntou com as bochechas rubras, e Ichigo não depositou, depositou um beijo estalado sob sua pele avermelhada, antes de puxá-la em direção a saída da estação no centro.

Orihime sentia como se borboletas dançassem em seu estômago, a medida que eles caminhavam em meio a multidão de transeuntes, apressada e impaciente.

Mas, ali de mãos dadas era como se eles estivessem em uma bolha.

...

A rotina de Ishida começava por volta das seis horas da manhã, horário que ele saia para uma corrida matinal, na companhia de seus fones de ouvido, já que ele não encontrava maneira de tirar Karin cedo da cama.

Ele até ficava chateado com isto, mas quando lembrara do que eles fizeram na noite anterior, Uryuu dava um sorriso sacana, ao mesmo tempo que se sentia um homem sortudo, por ter uma namorada tão adorável.

Sim, ele achava Karin linda. E, gostava realmente dela. Mas, ainda assim era apenas um gostar, junto a um forte sentimento de proteção por ela ser um pouco mais jovem, e a irmãzinha fofa de seu pior amigo.

Mas, paixão que o fizesse ficar sem fôlego e o tirasse do ar, ele nunca havia sentido. E, as vezes se perguntava qual a sensação. Fizera uma pausa no meio do caminho, sentindo-se cansado da própria inquietude.

Ele sempre foi um homem pragmático. Afinal, havia sido criado por dois médicos, materialistas e céticos por natureza. Ryuuken vivia apenas pelo sucesso e pelo status que apenas o dinheiro podia comprar, e Unohana quando queria conseguia ser mais humana, mas foram raras, as vezes que ele vira essa faceta em sua progenitora.

Que nos últimos anos vivia mais para sua escola, do que para sua família. Nanao havia herdado o mesmo esnobismo de seus pais, e isso os manteve afastados tempo demais, para que eles conseguissem estabelecer uma relação de irmandade, no sentido mais bonito da palavra.

As vezes, ele invejava Karin e Ichigo, que brigavam mais do que cão e gato, mas em cada palavra por mais grosseira, ou gesto por mais brusco, não deixavam de se preocupar um com o outro. Na verdade, por muito tempo a família Kurosaki foi mais sua família, do que aqueles com quem ele compartilhava o mesmo sangue.

Frustrado com toda essa inquietude que não lhe era habitual, ele considerou a ideia de reduzir pela metade seu tempo de exercício e ir para casa tomar um banho frio e rumar direto para o laboratório, onde ele tinha muito o que fazer.

Mas, sua intenção foi interrompida, por uma garota baixa, de cabelos curtos estilosos e olhos muito grandes e expressivos que entrara em seu campo de visão, e tentara em vão, passar despercebida pelo bioquímico.

— Arisawa-san? – O homem não resistiu e chamou pela mulher, sentindo o nome dela enroscar-se em sua língua de um jeito que acamou momentaneamente a própria inquietude.

Tatsuki por sua vez, amaldiçoou sua falta de sorte, de encontra-lo ali. Havia algo naquele magricelo, de olhos perspicazes que fazia com que seu coração descompasse, e ela se sentisse toda errática. E, ela odiava quando isso acontecia.

E, depois de muito pensar ela resolvera ficar o mais longe possível, daquele quatro olhos que naquele momento não estava usando óculos e parecia ainda mais gato, aos olhos de Tatsuki que sem perceber fazia caras e bocas, para Uryuu que ficou na dúvida se era se ela estava com dor de barriga ou com algum tipo de espasmo no rosto.

— Bom dia... – Tatsuki disse, suscinta apenas porque sua mãe a educou muito bem.

— Passar bem. – Mas, antes que Uryuu conseguisse engrenar uma conversa, ela acelerou o passo, e se afastou as pressas, deixando o rapaz ainda mais no vácuo.

“O que foi que eu fiz, para ela não gostar de mim?” – Essa era a única coisa que ficou em sua mente, enquanto ele observava-a se afastar, sentindo-se um canalha por não conseguir tirar os olhos da silhueta delgada, e sentir-se desejoso por causa disto.

— Argh! Melhor eu ir para casa tomar um banho... – Dito isto ele seguiu o próximo passo de sua rotina, achando que as coisas continuariam do mesmo jeito em sua vida, mas uma mudança estava por vir, trazida por uma tempestade dolorosa.

...

— Sabe como é a piada do pintinho caipira? – Orihime perguntou fazendo uma expressão misteriosa, que Ichigo descobrira que adorava.

— Todos pintinhos não são caipiras? – Ichigo perguntou arqueando a sobrancelha, fazendo com que a ruivinha lhe brindasse com um sorriso ainda mais bonito.

— Supondo que existam...- Ela ainda não tinha se dado por vencida, e Ichigo resolveu jogar a toalha e parar de enrolar.

— PIR! – Ela falou a resposta com um entusiasmo tão único que até Ichigo ficou pego desprevenido e arregalou os olhos.

— Pode rir... – Ela falou com expectativa, e o rapaz até tentou forçar uma risada, mas se engasgou com a própria saliva.

O que chamou ainda mais a atenção dos transeuntes que passavam por aquela praça, e os encaravam oras com curiosidade, oras com aborrecimento.

— É horrível não é? – Orihime perguntou rindo ainda mais, elevando o humor de Ichigo para algo não tão sombrio quanto de costume.

Eles, começaram compartilhar piadas ruins, e tentar forçar o outro a rir com isto, mas eles acabavam rindo um da cara do outro, enquanto desfrutavam da sensação de encantamento que só os recém-apaixonados tem.

— Nem tanto. – Ichigo disse não querendo dar o braço a torcer que o repertório de piadas ruins de Orihime, era maior do que o seu.

— E você? – Ela perguntou aproximando um pouco mais do que o necessário, e Ichigo não se arrependeu.

— Eu o que? – Ele perguntou distraindo-se com uma mecha de seu cabelo que caíra em frente ao seu rosto, balançando ao ritmo da brisa suave que tocava naquele momento.

— Ah... – Voltou a si quando sentiu aqueles olhos castanhos sobre seu rosto, encarando-o com expectativa.

Ele tentou lembrar-se de mais uma piada, ruim ou boa que fosse, mas não conseguiu.

— Acho que você ganhou de lavada. – Ichigo disse coçando a cabeça, um pouco sem graça.

Ela tinha contado dezenove piadas “ruins” e ele tinha contado seis, o que  a fez ganhar de lavada.

— Se sua carreira não der certo, você pode ser apresentadora de stand-up. – Ichigo sugeriu tentando engatar conversa, coisa que não era difícil com Orihime que teve seu rosto iluminado por essa ideia.

Sua imaginação fértil deveria estar fazendo imaginar, a mais mirabolante das situações que certamente não seria comportada pela realidade. Mas, aquela expressão dela, era sempre fascinante.

— Pensando bem, você seria uma boa escritora. Tem imaginação fértil. – A intenção de Ichigo era falar apenas para si, mas acabou falando mais alto do que deveria.

E, Orihime de novo teve seu rosto iluminado, e antes que ela pegasse uma passagem somente para o mundo dos sonhos, Ichigo a trouxe para realidade pegando sua mão, e a beijando.

Foi um beijo cálido e suave, ele não queria bancar o abusado, e ficar tocando-a a todo instante. Mas, ela naquele momento lhe parecia simplesmente irresistível.

 Ela fechou os olhos apreciando a sensação, dos lábios dele roçando em sua pele. Como se houvesse um imã, seus rostos foram se atraindo, e não faltava muito para que eles trocassem mais um beijo e então... FON!

Uma buzina alto e estridente, quase furou o tímpano de Ichigo que saltou meio metro.

— Os pombinhos aceitam um sorvete? É apenas 70 ienes. – O sorveteiro ofereceu esperançoso, e Ichigo que estava com intenções nada amigáveis, acabou acalmando-se por causa de Orihime que pediu dois sorvetes.

— Eu quero de morango, e você Orihime? – Ichigo perguntou educadamente, enquanto revirava seus bolsos atrás de algum trocado. Isso o deixava ainda mais decidido a retomar sua vida, não poderia continuar passando vergonha perto de Orihime, agindo como se fosse um zé ninguém.

Orihime concordou com um sorvete, mas acabou envolvida em um sonho em que ela e Ichigo compartilhavam uma casquinha de sorvete gigante que esqueceu de escolher o sabor, e por causa disto acabou com um sorvete de morango em mãos.

Mas, havia um problema: ela era alérgica a morangos.

No entanto não quis fazer desfeita para Ichigo, e começou a tomar o sorvete mesmo assim.

— Você gosta de morango Orihime? – Ichigo perguntou ao ver a garota fazer uma careta, enquanto degustava seu doce.

— Sim. – Ela disse tentando disfarçar o medo de ter uma reação alérgica, a última que ela teve a fez parar no  hospital. E, estragar o seu momento com Ichigo.

Ela sabia que estava sendo inconsequente, mas foi algo que ela não conseguiu evitar.

Quando Ichigo, a deixou em casa, Orihime estava se coçando, e insistiu que havia sido um mosquito que havia a picado.

Invés de ir direto para o médico, Orihime achou que bastava tomar um banho e tudo ficaria bem. Mas, aquilo só piorou e Tatsuki (que tinha ganho uma cópia da chave de Orihime) estranhou sua quietude e a encontrou se debatendo no banheiro, por conta do fechamento de sua glote por causa do inchaço provocado pela reação alérgica.

E, foi assim que o dia perfeito de folga de Orihime tornou-se um desastre, ao converter-se em dois dias de internação hospitalar e mais quinze dias de atestado médico.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.