Nossa Primeira Série escrita por Matthew McCarty


Capítulo 28
Águas Calmas?


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês ♥



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— Masachin, Masachin! - o pequeno Noa segurava forte a mão de seu amigo, puxando-o para longe de suas famílias, em direção às águas calmas que banhavam a praia onde estavam. O ruivo o seguiu sem protestar, uma vez que estavam bastante seguros ali: aquela era uma propriedade privada, portanto só estavam eles hospedados ali. Logo atrás dos dois meninos, dois outros pequenos corriam, rindo, em direção ao mar.

— Quem chegar primeiro come dois pedaços de sobremesa! - desafiou Hikaru, seus pés se afundando na areia cálida. 

— Você não vai ganhar de mim, Hikaru! - Yoshiki estava animado, correndo lado à lado com seu melhor amigo. Em um passo muito mais calmo, Kouta acompanhava Seitarou, o olhar dourado preocupado. 

— Eu já estou me curando, Kouta. Não precisa ficar me olhando assim - disse o pequeno Midorima, mas ele não julgava seu amigo. Seu corpo ainda tinha algumas marcas e apenas agora estava subindo adequadamente de peso, seus braços e pernas ainda muito finos para seu tamanho. Os demais estavam tentando relevar, ignorar isso e fazê-lo sentir-se normal, mas Kouta era mais apegado à ele, o que dava razão à sua preocupação.

— Tem certeza que quer brincar no mar? Podemos brincar só na areia ou na varanda. Masaki sempre tem um monte de ideias de brincadeiras e... 

— Eu estou bem, Kouta. Vê? Quero brincar na água com todo mundo. 

Kouta suspirou e se convenceu que estava tudo bem, mas continuava mantendo um passo lento para não forçar o corpo de seu amigo à acompanhar.

Na varanda da casa de praia, os adultos se acomodavam nas cadeiras, pufs e no sofá que havia ali. Havia uma única poltrona e, como se tivessem combinado, ninguém se sentou nela até que Midorima descesse e sentasse ali, trazendo seu esposo para seu colo. Desde que reataram, os dois não se desgrudavam. Midorima tinha pego férias antecipadas para cuidar do esposo e filho, e o casal estava nas nuvens naquelas últimas semanas.

— Trouxemos suco e sanduíches - anunciou Furihata, com um sorriso tímido e acompanhado por Himuro. Ambos traziam jarras e copos em bandejas e foram servindo seus amigos. O caminho até ali havia sido tranquilo e todos pareciam bem relaxados. Até mesmo Murasakibara sorria enquanto observava seu pequeno Noa brincando no mar com seus amigos, a poucos metros de distância. Ao se sentar ao lado de Akashi no sofá, o castanho se acomodou contra o corpo do maior, sorrindo. Todos estavam bem, agora.

Aomine e Sakurai estavam perto um do outro, conversando e era notável que não ia demorar para que ambos voltassem ao relacionamento amoroso que tinham antes. Já Kise teria um caminho um pouco mais longo, mas só de Kasamatsu permitir sua volta em casa e ambos conversarem um pouco durante a viagem já era prova de que logo as coisas melhorariam para eles também. De Kuroko e Kagami ele nem precisava falar, aqueles dois estavam sempre em uma eterna lua de mel, sempre flutuando no amor e cumplicidade que compartilhavam.

Quando seu olhar passou para Himuro, seu melhor amigo, Furihata se ergueu de imediato, chamando a atenção de todos. 

— E-Eu... Hmmm, eu vou cortar algumas frutas para os pequenos. Aposto que daqui a pouco eles vem aqui, procurando algo para repor as energias. 

— Vou com você, Kou-chan - ofereceu Tatsuya, o que fez Murasakibara desviar o olhar da praia por um momento. Quando os dois menores entraram na casa, Akashi se levantou também. Por puro instinto, o arroxeado fez o mesmo e os dois caminharam em silêncio para a praia, se afastando de seus meninos.

Masaki não viu aquilo vindo. Quando Seitarou gritou seu nome, ele virou o rosto, preparado para encarar uma catástrofe, mas não pensou que tal tragédia seria a bola inflável batendo diretamente em seu nariz e fazendo-o provar da água salgada do mar. Silêncio total caiu sobre os demais, menos Kouta, que ria descontroladamente, apontando para o autor daquele infortúnio. Noa estava com as palmas da mão na frente do corpo, negando com a cabeça. 

— F-Foi sem querer, Masachin, desculpa - dizia ele, dando passinhos para trás, assustado. Masaki pegou a bola e lançou-a no ar... E Kouta caiu de bunda depois de ser atingido na testa. 

— O que eu fiz agora?! 

— Isso é por rir de Noa. E você - olhou para o mais alto da turma. - Tome cuidado quando estiver brincando.

— HAI - gritou o garoto, indo pegar a bola para continuar brincando com Yoshiki e Hikaru. Seitarou se aproximou de Kouta e o ajudou a se levantar. 

— Você realmente não aprende - reclamou o de olhos verdes. 

— Masaki, você mima demais o Noa! - o ruivo se aproximou do Kise também, se certificando que este não tivesse se machucado. 

— Ele pediu sinceras desculpas, Kouta, deveria aprender com ele em vez de me chamar de monstro entre sussurros depois de me acertar com um bolinho - argumentou o menino, rindo ao ver a expressão falsa de ofendido de seu colega.

— Você quebrou meu coração, Masaki - o drama fez Seitarou rir e, no fundo, ele sabia que Kouta o fazia justamente por causa disso. Céus, tinha os melhores amigos do mundo. 

— Yoshiki! Hikaru! Noa! - a voz alta de Sakurai chamou a atenção dos pequenos. - Cuidado pra não irem muito fundo!

— Hai! - responderam os três e o castanho pode voltar a se sentar ao lado de Aomine. 

— Se preocupa demais, eles são mais responsáveis do que imagina - argumentou o moreno, fazendo seu esposo suspirar. 

— Eles são crianças ainda. E não quero que eles tenham memórias desagradáveis nesta viagem - Ryo ergueu o olhar para Kasamatsu, quem sorriu para ele, concordando com a cabeça. 

— Definitivamente, eles já passaram por coisas dema... 

Um arrepio percorreu a espinha de todos e de imediato olharam para a praia. Murasakibara estava vindo em direção à casa e estava irritado. Muito irritado e aquilo era assustador em um corpo daquele tamanho. Por sorte, as crianças estavam longe e não perceberam nada, mas todos na varanda ficaram alarmados e atentos, sem saber para onde toda aquela fúria era dirigida. O mais alto passou reto e entrou à passos pesados na casa. Somente após isso, foram perceber que Akashi se aproximava também.

— O que houve, Akashi-kun? - questionou Kuroko, enquanto o ruivo sentava-se no sofá outra vez. 

— Algumas verdades precisam ser ditas de maneiras não muito agradáveis, Tetsuya. E você sabe como Atsushi reage quando o enfrentam. 

— É sobre meu irmão? - questionou Kagami. 

— Não exatamente, mas creio que possa afetar essa situação também...

— Sei-chan, o Ats... - Furihata parou na porta, e sua expressão preocupada se transformou em desconfiança. - O que você fez?

Enquanto o casal trocava um olhar intenso, os demais se focaram em outras coisas. Afinal, não era boa ideia entrar no meio daquele tipo de embate, muito menos quando Akashi e Furihata se encaravam daquela maneira. Apenas Kuroko continuou à observá-los, sorrindo. O silêncio não era quebrado, mas sabia que os dois estavam no meio de algo tão profundo que suas vozes quebrariam o momento. Depois de alguns segundos, o castanho suspirou, relaxando o corpo e colocando a bandeja com frutas cortadas na mesinha de centro. Mal tinha se sentado, os seis pequenos apareceram na varanda, molhados e famintos. 

— Noa? - chamou Yoshiki, colocando a mão em seu ombro. O mais alto olhou para este e apenas ergueu os ombros, diminuindo importância àquilo. Mas estava inquieto, sim. Onde estavam seus pais? 

==♥️==

— Atsushi, me ponha no chão - disse Himuro, finalmente. Tinha ficado calado até o momento, para não piorar os sentimentos do maior, mas já haviam se afastado bastante da casa de praia. Sabia que seu bebê estava em boas mãos, seus amigos nunca permitiriam que ele se machucasse, mas não queria ficar longe dele. Noa era sensivel à sua ausência, e não gostava de passar muito tempo longe. Quando seus pés tocaram o chão e ele ergueu o olhar, seu peito apertou.

— Murochin, há algo sobre o que passou sem mim na América que você não me contou?

Atsushi estava bravo, mas era uma raiva alimentada aos poucos, como se fosse uma fogueira pronta para iniciar um incêndio. O de cabelos pretos negou com a cabeça. 

— Não. Eu já contei o que tinha para contar. Não estou escondendo nada.

— E sobre mim, Murochin? Você acha que tem algo que eu escondi de você? - o tom de voz acusatório do mais novo deixou Himuro confuso, mas o seu olhar queimava. Ele parecia determinado ali, muito mais determinado do que já o vira antes.

— Eu... S-Sim... - não conseguia mentir e algo lhe dizia que seria inútil fazê-lo. Os fios escuros tamparam o rosto do rapaz quando ele olhou para baixo, chamando a atenção de Murasakibara. Já vira aquela expressão antes.

— Você acha que eu tive um relacionamento com Akachin. 

— Não faz sentido se não for assim - argumentou Himuro. - Furihata sumiu alguns meses antes que eu e o tempo que você dedicava à Akashi foi aumentando à um nível que me assustava. E, então, uma viagem? Mais de uma semana numa viagem à negócios com Akashi? Eu... Eu não consigo acreditar que foi só isso...

— Mas não é isso que te fez me rejeitar - a conclusão de Atsushi fez o mais velho tremer um pouco. Não, não queria falar daquele dia... - Não é pelo meu passado com Akachin, essa parte só justifica sua ausência. Você me rejeita pelo seu passado na América.

— Eu já te contei tudo o que tinha pra contar sobre isso... 

— Não estou falando do que aconteceu, Murochin, estou falando do fato de que eu sei sobre isso - Himuro não conseguiu responder. - Você acha que eu vou deixar você no futuro por causa do que aconteceu. Que eu vou te abandonar de novo, que vou quebrar seu coração e rejeitar seus sentimentos outra vez... O que eu tenho que fazer, Murochin?

— Do que você está falando? - dedos longos seguraram o queixo de Tatsuya, o obrigando à olhar para cima. O rosto de Murasakibara estava perto, muito perto dele, tanto que só precisaria se aproximar alguns centimetros para beijá-lo... Lembranças da última vez que ficaram sozinhos passavam por sua mente, fazendo seu rosto esquentar.

— O que eu devo fazer pra você parar de se sabotar e fazer o que deseja fazer? - o olhar violeta era intenso. - Você deseja, mais do que tudo, estar comigo. Senti isso em seu corpo naquele dia, Murochin, nós...

— Aquilo foi um erro, eu não deveria... Eu me deixei levar tão fácil, acabei usando você para acalmar a mim mesmo depois de quase perder Noa, aquela noite não deveria ter acontecido. 

— Não, eu já ouvi isso antes. Esse é seu passado falando, sussurrando no seu ouvido que não tem volta. Eu conheço essa voz, Murochin, mas eu decidi calar a boca dela. Não vou deixar os meus erros do passado roubarem meu futuro com você. Mas e você? Você vai continuar dando esse poder ao passado?

Os segundos se arrastaram como as lágrimas no rosto de Himuro, sem que este respondesse a pergunta feita. Mas sua reação era o suficiente para o maior, que soltou seu queixo e se afastou. 

— Então essa é sua decisão... Bom, eu vou voltar agora, quero brincar com Noachin e as crianças no mar um pouco - o moreno olhou para as costas de seu antigo colega de time, enquanto ele caminhava para longe.

Ah. Esse era o ponto final. Murasakibara continuaria seu caminho, agora, livre de qualquer amarra que pudesse prendê-lo ao passado. Ele era forte e um ótimo homem, não demoraria para encontrar alguém que o fizesse feliz, aceitando-o com todos seus mimos e passando o resto de seus dias ao seu lado. Alguém que aceitasse Noa com carinho e, quem sabe, trouxesse irmãos menores para seu bebê. O pai de seu filho merecia uma vida feliz, com alguém que fizesse bem à ele e que lhe mostrasse as mais belas cores do mundo.

Sim, isso era o certo. 

Esperava com toda sua alma que Atsushi fosse feliz con alguém mais. Realmente desejava que ele encontrasse uma pessoa boa para ele. Era nisso que acreditava, então o que estava fazendo? Por quê seus pés o levavam em direção ao maior? Por quê seus braços se abriam, o peito pesado pela dor e os lábios chamando seu nome? 

Aquilo era injusto. Murasakibara merecia alguém melhor do que um prostituto com problemas emocionais. Ele merecia muito mais, mas não conseguia deixá-lo ir.

— Eu te amo - sussurrou, sendo rodeado pelos braços do maior. - Eu te amo, Atsushi, eu... 

— Murochin - não houveram palavras para descrever o que sentia, então o arroxeado apenas colou seus lábios aos de Himuro. 

Durante aquele beijo que misturava lágrimas e juras de amor, os dois esperavam que aquilo que sentiam durasse até o fim de seus dias. Porque, a partir daquele beijo, eles não seriam capazes de encontrar a felicidade separados. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



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