Pós Breaking Dawn Edward Bella escrita por Lolo Cristina


Capítulo 21
21 - Lua de Mel




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21 – lua de mel

Edward

 

Enquanto dirigia a caminho do aeroporto Sea-Tac tudo ao meu redor parecia encoberto por uma neblina, visualmente desfocado. Tudo menos a mulher ao meu lado.

Nossas mãos estavam entrelaçadas sobre seu joelho e meus olhos vagavam para seu rosto constantemente. Observá-la através de minha visão periférica não era o suficiente. Então a estrada ficou em segundo plano.

Bella estava sorrindo. E quando sentia meu olhar em seu rosto, esse sorriso se ampliava.

Linda.

Linda e minha.

- Você comprou uma casa em Aspen também? – perguntou Bella de repente.

- Não. – ela queria uma casa em Aspen? – Mas posso fazer isso se é o que deseja.

- Oh. Não. Só perguntei por perguntar. Nós nunca ficamos em um hotel...

Sorri para ela.

- Não vamos ficar em um hotel. Não teríamos privacidade.

A melhor opção para nós seria um lugar recluso e ao mesmo tempo próximo da civilização.

Pensei bem antes de escolher a cidade de Aspen. Além de diversas casas isoladas, havia também o fato de que estávamos em pleno verão – havia neve, mas pouca -  ou seja, zero turistas, considerando que a atração principal da cidade eram as estações de esqui.

Chegamos ao aeroporto um pouco depois das nove. Teríamos tempo o suficiente até a decolagem.

Deixei meu Vanquish estacionado em uma vaga privativa.

- Alice? – perguntou Bella, olhando para o carro, enquanto eu pegava nossas bagagens.

- Ela o levará de volta. – confirmei. Nunca deixaria meu carro aqui por uma semana.

Com nossas três malas a postos em minha mão esquerda, acomodei Bella a minha forma com a direita.

Seguimos na velocidade humana até o saguão do aeroporto.

- Ela não me deixou fazer as malas novamente. – ela reclamou suspirando.

- Eu também não fiz as minhas. Acho que nunca fiz isso desde que Alice se tornou parte da família... Acho que você nunca mais irá ter esse trabalho novamente.

Ela sorriu. Bella não estava tendo problemas em se adaptar, pelo contrário, agora, ela parecia feliz em fazer isso.

Antes mesmo de nos aproximarmos do balcão de Check In – exclusivo da primeira classe – os pensamentos da atendente encheram minha cabeça.

... Santo Deus! Olha só para esse.

Ela só tinha olhos para mim. Bella havia virado o rosto em direção para uma pequena discussão que estava acontecendo próximo a esteira de bagagens.

- Boa Noite. Posso ver suas passagens? – perguntou ela mais educadamente possível. Seus olhos ainda ligeiramente arregalados.

Entreguei-lhe as passagens.

Assim que ela as abriu, seu rosto desmoronou visivelmente. Porém ela sorriu.

... Sr. E Sra Cullen. Mais é claro que ele é casado...

Ao ler o nome de Bella na passagem, ela voltou sua atenção a ela – com curiosidade e sorrindo.

... mais é claro ela é linda também. Olhe só aquele rosto. Eu mataria para ter um cabelo tão lindo.

Típico pensamento feminino.

Senti uma pontada de orgulho. Novamente.

Sabia que ninguém – além de mim – conheceria sua verdadeira beleza, a beleza de seu coração. Me sentia vitorioso apenas em tê-la ao meu lado.

- Tenham um bom voo, Sr. e Sra. Cullen. – desejou a atendente.

- Obrigado.

Conduzi Bella até a sala de espera, havia apenas quatro pessoas no local. Um casal de idosos e dois empresários.

Seus pensamentos não foram exatamente benevolentes como os da atendente.

Como em um movimento automático, passei Bella para o lado oposto de seus “admiradores”.

Os pensamentos humanos não me surpreendiam, mas conseguiam me ofender.

Sentamos nas cadeiras ao fundo da sala, o mais distante de todos.

- Você está bem? – perguntou Bella. Percebi que meu rosto estava carregado com uma expressão de desgosto.

Soltei o ar que ficou ligeiramente preso em meus pulmões e sorri para ela.

- Sim, estou perfeitamente bem.

Não deveria deixar ser afetado agora. Especialmente agora.

Seus braços passaram contra minha cintura.

- Tente ignorá-los. – disse ela.

Claro que ela sabia o que estava acontecendo. Ela sempre sabia.

Concordei com um aceno de cabeça.

Era mais fácil falar do que fazer, mas ia tentar não deixar pensamentos sujos atrapalharem nosso momento.

- Então... me conte alguns de seus planos para nós... em Aspen.

Tive que rir de sua fraca tentativa em descobrir o que eu havia planejado.

- Não. Já disse, é surpresa.

Sua reação era sempre a mesma. Era como se pudesse ler sua mente.

Sorri.

- Odeio surpresas. – reclamou ela fazendo bico.

A visão de seus lábios me distraiu por um momento. Lutei para encontrar em seus olhos e me manter no presente... em uma sala “publica” com diversos expectadores. Expectadores que sem nenhum incentivo, já haviam passado dos limites com seus pensamentos.

Focalizei-me nos olhos de Bella antes de continuar, ignorando o restante do mundo...

- Tudo que tenho te dado ultimamente fizeram parte de algum tipo de surpresa. Você os recebeu tão bem. Não reclamou nenhuma vez.

Meu tom fez parecer que sua falta de RECLAMAÇÃO soasse como um grande acontecimento.

Meus presentes ainda eram poucos - ao meu ver -  Bella aceitou de bom grado os meus mimos. Inclusive se emocionou com eles.

Sorri para mim mesmo.

Essa era mais uma das milhões de vantagens em ser casado.

Ela fez uma careta atraente.

- É diferente.

- Diferente como? – questionei.

- Só é diferente.

Ri da sua falta de lógica.

- Pode até ser diferente... mas você só vai descobrir amanhã.

E seus lábios se curvaram de forma atraente de novo.

Decidi provocá-la um pouco mais. Era extremamente divertido pega-la desprevenida.

- Acha que é a única com cartas na manga? – perguntei.

- Cartas na manga? – rebateu ela sem entender.

- Sim, as coisas que você comprou no outro dia... lembra? Você se negou a mostrar. Então como está me fazendo esperar para ver... o mesmo vale para você.

Ela riu deliciosamente.

O som de sua gargalhada aumentou a intensidade dos pensamentos de nossos “amigos”.

... olhe só para aquilo. Fico louco só de imaginar uma mulher como essa gritando meu nome...

Minha cabeça foi invadida com imagens explícitas. Imagens do estranho e Bella.

Eu poderia simplesmente matá-lo agora.

As imagens continuaram a me agredir até que chegou o momento do embarque.

Aliviado – e muito irritado – segui com Bella para o avião.

O voo faria uma conexão em Salt Lake City, onde esperava poder ficar livre de tais pensamentos. Porém, até a próxima cidade... Seriam cinqüenta minutos de tortura.

Acomodamos-nos na segunda fileira de poltronas.

Era difícil manter a expressão leve à medida que os dois homens passavam por nós.

... ah... essas pernas. 

Dessa vez fiz questão de olhá-lo. Ele tinha que perceber...

Quase que instintivamente, meus lábios se contraíram, mostrando meus dentes.

O primeiro homem abaixou a cabeça e seguiu para o seu lugar.

... cara mais estranho. Ele parece perigoso.

O segundo, dono dos pensamentos nocivos, se assustou e se chocou com a comissária de bordo que vinha no sentido oposto.

Teria achado graça se não estivesse tão furioso.

- Edward! – sussurrou Bella me reprimindo. - Tente se comportar. – sussurrou ela em meu ouvido.

- Ele pediu por isso.

Ela revirou os olhos.

Após alguns minutos, as “vozes” pareceram focalizar em outra coisa. Bella estava longe do alcance de visão de todos. As poltronas ao nosso lado estavam vazias.

Eu estava confortável, relaxado. Meus braços mantinham Bella contra meu corpo. Meus dedos brincavam em seus cabelos.

Ela suspirou e fechou os olhos, mantendo um sorriso satisfeito nos lábios. Sua mão encontrou abrigo em meu joelho.

Eu não conseguia tirar meus olhos de seu rosto.

Se eu não soubesse... poderia jurar que ela estava dormindo e tendo sonhos maravilhosos.

Minha mente começou a girar.

A última vez em que ficamos realmente sozinhos foi em nossa primeira lua de mel no Brasil.

Não contive o largo sorriso que tomou meu rosto quando voltei a pensar nas ramificações de nossa viajem. O que me esperava.

Em um ano como um homem casado, pude conhecer um lado diferente de Bella, um lado que me agrava muito. Nunca em meus mais loucos sonhos, imaginei que minha doce Bella pudesse se tornar uma mulher tão absurdamente sedutora.

Claro... para mim ela sempre foi muito atraente. Naturalmente. Ela não tentava. Ela não precisava tentar.

As poucas vezes em que avançou propositalmente – como humana – quase despedaçou meu autocontrole.

Mas agora... agora ela faz porque quer. Porque PODE.

Até mesmo agora, com os olhos fechados e um simples sorriso marcando seus lábios... ela me deixava sem fôlego.

- Champagne?  - perguntou a comissária de bordo. Eu estava tão perdido em pensamentos, que não escutei a se aproximar. Bella abriu os olhos, mas não se moveu.

... que casal lindo. Olhe só quantidade de diamentes naquele anel, sem contar as outras jóias. Eles devem ser extremamente ricos.

Esse tipo de pensamento me divertia.

- Champagne, amor? – perguntei. O olhar incrédulo que Bella lançou foi hilário...

- Ah... não, obrigada.

A comissária sorriu e se afastou educadamente.

- Muito engraçado. – disse Bella.

Ficamos sozinhos na primeira classe, após a conexão com Salt Lake City. O que foi bom para manter minha sanidade mental.

Foi mais fácil apreciar aquele tempo com Bella, sem ter minha mente agredida por estranhos.

Chegamos a Aspen um pouco após as dez da noite.

- Mais uma cidade que posso riscar da minha lista. – comentou Bella ao descermos do avião.

- Você tem uma “Lista”?

- Eu tenho. Bom... eu não vou exatamente riscar o nome da cidade, mas adicionar como umas das que conheço.

- Oh... essa lista em pouco tempo ficará enorme.

Um carro alugado nos aguardava a frente da entrada principal.  Um Koleos. Não era minha primeira escolha, mas seria útil para a ocasião.

Mesmo sendo verão, o ar estava frio e uma fina camada de neve cobria o chão. Típico da cidade.

A casa que estava reservada para nós, ficava localizada ao topo da cidade montanha, completamente isolada de qualquer contato imediato com a civilização.

Estava com dificuldades em me concentrar em algo além de Bella.

Seu silêncio ainda era enlouquecedor, mas respeitei a privacidade de seus pensamentos. Com muita dificuldade, contive minha eterna curiosidade.

 O ambiente estava pesado de expectativa. Cada pequeno movimento que ela fazia, enviava uma onda carregada de eletricidade contra meu corpo.

Uma vez disse que o cheiro de seu sangue era como uma droga para mim, mas hoje sei que não é nada comparado ao perfume de sua pele.

Doce e arrebatador. Poderoso.

Era como se essa fosse nossa primeira Lua de Mel.

O que estava longe de ser verdade.

Seus olhos vagavam entre mim e a paisagem. Podia sentir que ela também estava ansiosa.

Sorri para mim mesmo. Sabia que isso nunca iria mudar. Para nenhum de nós dois.

Ao nos aproximarmos da casa, os olhos de Bella se arregalaram. Foram vários minutos de subida continua. Estávamos bem no topo.

Parei o carro em frente à entrada principal. Apressei-me para abrir a sua porta.

Seu queixo estava ligeiramente caído.

Ela estava gostando do que estava vendo.

Ótimo. Essa era a intenção.

Estávamos sozinhos em nosso recanto.

Não iria resistir por muito tempo. Eu teria que tocá-la.

- Gostou? – perguntei a abraçando pelas costas.

Ela apenas concordou com um aceno de cabeça se virando para ficar de frente a mim.

Respirei fundo.

Bella me puxou pela camisa para mais perto, deixando uma de suas mãos em meu peito e passando o outro braço por meu pescoço.

Muito sedutora.

Como um viciado que não consegue ou quer mais resistir... passei minha mão por sua cintura a trazendo-a de encontro ao meu corpo.

Seus lábios eram tão macios contra os meus, me fazendo querer sempre mais e mais.

Ainda estávamos na entrada eu tinha que me controlar para poder criar o ambiente ideal para minha Bella.

Com muito sacrifício, me afastei de seus lábios. Era muito fácil ser sugado para o paraíso de sensações chamado Isabella Cullen.

Ela riu delicadamente.

Seus olhos estavam tão cheios de excitação quanto os meus.

- Você quer me apresentar a casa, não quer? – perguntou ela sem fôlego.

Respirei fundo.

- Sim, faz parte do meu trabalho. – disse a pegando no colo.

Ela fez bico, mas não protestou em voz alta. Não queria apressar nada. Tudo teria que ser perfeito.

A casa era de um modelo rústico e possuía dois andares, não era grande, era ideal.

Suas mãos estavam em meu pescoço e seus lábios em minha orelha, fazendo o simples ato de andar, quase impossível.

- Pode tentar se comportar somente por uns segundos? – pedi querendo mais ouvir um NÃO como resposta.

Bella riu contra meu ouvido. O som e o perfume de seu hálito, quase me fizeram perder a compostura.

- Eu estou me comportando. – respondeu ela.

Aquela afirmação fez com que meus passos se acelerassem um pouco mais.

Eu adorava o lado “menos” comportado de minha Bella.

Ao passarmos pela porta principal, seus olhos – inicialmente - focalizaram-se no grande piano de calda que preenchia o ambiente.

Ela sorriu.

- Você vai tocar para mim. – demandou Bella.

- Eu vou. Se você quiser. – diminui a velocidade dos passos para que ela pudesse admirar o local.

- Eu sempre quero que toque para mim, sabe disso. Só que não agora.

Eu sabia disso.

E gostava muito de fazê-lo.

Mais tarde.

Conectar minhas duas paixões.

Os olhos de Bella percorreram a sala. Suas mãos não deixaram meu pescoço.

Passamos pelo piano, que ficava próximo a lareira e seguimos lentamente até a parte da sala que ficava atrás da escada. O ambiente estava iluminado a luz de velas, dando um ar de mágica as pinturas que estavam estrategicamente colocadas nas paredes.

Bella suspirou enquanto seus olhos absorviam o que estava a sua frente.

Ela se moveu em meu colo. Deixei que seus pés tocassem o chão. Seus olhos varreram o ambiente.

Ela suspirou alto.

- Quando você fez isso? – perguntou ela encantada. Seu sorriso imenso.

- Pensei em fazer algum tempo atrás, para nossa casa em New Hampshire. Depois decidi que não queria esperar tanto.

Seus olhos estavam presos as pinturas. Pinturas baseadas em fotografias, nossas fotografias, nossos momentos.

- Você gostou? – perguntei por costume. Seus olhos diziam tudo.

- Se gostei? Edward...

Ela se moveu inconscientemente em direção a um dos quadros, das dezenas de fotos que estavam penduradas na parede principal.

As fotos não retratavam toda nossa história, mas retratavam momentos importantes. Momentos felizes.

Haviam varias fotos de nosso primeiro casamento. Fotos de minha Bella ainda humana. Renesmee... fotos de família.

- Obrigada. Eu simplesmente amei...

- Foi só uma forma de trazer nosso lar conosco. Nada demais.

Para mim, aquilo era importante, eram os retratos de nossas vidas. Demorei demais para poder fazê-los.

Ela se aproximou segurando meu olhar com o seu.

- Você continua fazendo tanto por mim. – sua mão acariciou meu pescoço, enviando outra corrente de eletricidade por todo meu corpo. – Sinto que eu deixo a desejar... como esposa.

Como ela pode pensar assim?!

- Não seja absurda...

Ela me interrompeu.

- Por isso, eu vou tentar fazer algo por você... – ela riu, dançando com seus dedos em minha clavícula. Sua mão parou em meu pescoço. – Mas tenho que te pedir para... se comportar e ficar bem quieto... só por um momento, tudo bem?

Concordei.

Sabia do que ela estava falando... também sabia que não conseguiria me controlar por muito tempo.  Já estava sendo difícil o suficiente não toma-la em meus braços naquele exato momento.

Estava paralisado. Esperando.

O rosto de Bella assumiu uma expressão maliciosa e concentrada.

Mais alguns segundos se passaram... e NADA.

O que ela estava fazendo?!

Ela sabia o poder que exercia sobre mim. Estava a ponto de enlouquecer quando finalmente! Ouvi sua “voz”.

Seu rosto estava mais leve, como se ela não precisasse se concentrar tanto para deslocar o escudo que protegia seus pensamentos.

Ela começou lentamente – como sempre - relembrando da noite passada, antes da cerimônia – mais uma vez, me torturando com detalhes.

Ela realmente esperava que eu simplesmente assistisse tudo aquilo sem me mover?

Eu teria que desenterrar todo o autocontrole que um dia tive que usar em sua presença, para impedir que minhas mãos tocassem sua pele.

Era uma das melhores coisas que já experimentei em toda a minha existência.

Com ou sem autocontrole – mais SEM do que com – não poderia parar o que aconteceria a seguir.

Minhas mãos se encaixaram em seu rosto, trazendo-o até o meu.

A beijei com urgência. E para minha surpresa – e completa loucura – as imagens não cessaram.

Como ela estava fazendo isso?

Naquele momento, sua mente se concentrou no presente. Em nós.

Senti uma onda de prazer e orgulho em saber o que ela realmente estava sentindo.

Aquilo era indescritível. A melhor sensação do mundo.

Meus lábios perderam completamente o controle, descendo e subindo por seu pescoço. Minhas mãos tinham vontade própria.

A ergui e suas pernas se fecharam em minha cintura.

Como na primeira noite de nossa nova vida, não conseguimos chegar ao quarto.

Minha resolução de apresentar-lhe a casa se perdeu... eu nem sequer lembrava onde.

Com um movimento rápido, mas ainda delicado, a pressionei contra a parede.

As imagens começaram a falhar... ela estava perdendo o controle.

Quando minhas mãos - que agiam por conta própria – desceram por sua cintura e acariciaram a pele de seu quadril... as imagens desapareceram.

 

- Oh... Deus! Me desculpe. – disse ela sem fôlego encostando a cabeça em meu ombro.

Consegui rir mesmo com os lábios em sua pele.

- Você tem a menor idéia do que está fazendo comigo?

- Fico feliz que esteja gostado... só queria poder segurar o escudo por mais tempo.

- Não se preocupe com isso agora.

 

Estávamos deitados no chão da sala. O sol havia se levantado a horas. Era muito fácil perder a noção do tempo...

O silêncio que prevalecia entre nós era confortável. Sempre precisei de um momento para estar “sozinho” com meus pensamentos. E com Bella eu podia ter isso...

Seus dedos traçavam linhas em meu peito.

Poderia facilmente ficar ali pelo resto de minha vida. Me sentia leve, como se não houvesse nada mais a se considerar e como se nada pudesse me afetar. Como se os Volturi não existissem, como se Abadir fosse um completo ninguém. Nada – naquele momento – poderia mudar como estava me sentindo.

Mas leve do que nunca estive...

- Como você conseguiu? – o silêncio era comodo, mas sua voz também.

- O escudo?

- Aham... como o manteve afastado mesmo estando... distraída.

Ela se aproximou mais, moldando-se a mim.

- Eu estive treinando. Queria fazer nossa segunda lua de mel ainda mais especial... para você.

- Você nunca terá que se preocupar em fazer nada mais especial para mim... mas tenho que admitir, foi... incrível.

Ela pareceu satisfeita com minha confissão.

- E você quase não destruiu minhas roupas dessa vez. – falou ela rindo.

- Quase. – suspirei pegando um pedaço da renda branca que estava no chão. – A culpa não é toda minha. – olhei significativamente para ela. A memória do delicado tecido de renda branca aderido a sua pele me fez perder o curso de meu raciocínio.

Concentre-se.

- E por falar em roupas... – continuei - vou levá-la a um lugar especial hoje a noite.

Por pouco não esqueço de meus planos. Seria a primeira vez.

- Tenho alguns planos para nós.

Ela se virou para ficar de frente a mim, apoiando-se em seus cotovelos.

- Vamos sair? – perguntou Bella surpresa.

- Sim, vamos sair. Mas ainda temos tempo. O sol ainda está alto, vamos ter que ficar por aqui por mais algumas horas...

- Que sacrifício. – ela murmurou e seus lábios encontraram os meus.

E com um piscar de olhos, o sol se pôs.

Bella se moveu, procurando por algo entre nossas roupas que estavam espalhadas no chão.

- Celular? – perguntei

- Uhum.

Levantei-me para pegar o celular que estava ao lado do pé do piano. Do outro lado da sala.

Bella ligou para Rosalie. Emmett quem atendeu.

- Ela está com Jacob agora. – disse ele, rindo. – Acho que Rose vai matá-lo a qualquer momento.

- Oh... talvez devêssemos voltar... – murmurou Bella.

- Voltar? Por que? Já cansou de ficar sozinha com meu irmão? Sei que ele consegue ser um pouco travado as vezes, mas dê tempo ao tempo.

E ele riu novamente. Bella suspirou.

- Sério, não se preocupe – Emmett continuou – estou de olho nas coisas. Podem ficar por aí quanto tempo for necessário.

Tudo estava correndo bem. Jacob respeitava o “toque de recolher” e Renesmee permanecia entretida.

Emmett que estava tendo um pouco mais de trabalho com Rosalie, mas ele sabia dar conta.

Uma fina camada de neve caia do céu, deixando a noite perfeita.

Da sacada de nosso quarto, era fácil ver as mais altas colinas de Aspen. Estávamos sentados ali – aconchegados um no outro – a algum tempo.

Meus olhos se voltavam ao relógio como uma obrigação. Não podia perder a hora.

Teríamos que sair em alguns minutos se quiséssemos chegar a tempo.

- Não vai me dizer mesmo onde vamos?

- Não. Você vai descobrir em uns minutos...

Ela estava usando uma de minhas camisas – o que a fez ficar ainda mais atraente, não podia imaginar como isso era possível.  – apesar dos protestos de Bella e dos meus próprios – mentais – era mais seguro. Ficava completamente desconectado do mundo quando estava com ela nesse nível de intimidade e privacidade e não a queria exposta caso algum turista passasse pelo local.

- O que devo usar? – ela perguntou.

Nada. Queria poder dizer.

- Algo em que se sinta confortável.

- Então vou do jeito que estou. – ela informou com um sorriso.

Segui adiante com a brincadeira.

- Se está se sentindo a vontade assim... por que não?

Ela acertou seu cotovelo em minha costela levantando-se de meu colo.

- Se não posso ficar aqui nua, imagine na rua... – ela seguiu para o banheiro a acompanhei com os olhos.

- Não vem...?

PoV Bella

 

Ele continuou a fazer segredo. A ansiedade que sentia ao era ruim. Não queria sair, até pensei em sugerir que ficássemos ali,  mas ele parecia animado com o que tinha planejado...

Eu queria ficar aqui, com ele.

Sozinha.

Em cima da grande cama, estavam nossas malas. A revirei e encontrei dezenas de vestidos, mas apenas um estava marcado – na embalagem externa – com a caligrafia de Alice.

“Ocasião Especial” era o que dizia. Então o peguei.

Abri o zíper do plástico que protegia o longo vestido azul escuro, quase preto, em um tecido ligeiramente metálico, sem alças e com um corte na altura da coxa. 

- Ótimo. – resmunguei.

Os sapatos também haviam sido selecionados por Alice.

Com um suspiro resignado, peguei o vestido e todos os acessórios –uma lingerie que combinava – de minha escolha – essa parte era divertida. Tive cuidado para não deixá-lo ver, não agora. – e parti para o banheiro.

Edward não disse nada. Ele também estava se vestindo.

- Esse lugar, para onde vamos... envolve algum tipo de dança? – perguntei curiosa do banheiro enquanto colocava minha roupa.

- Não se preocupe. Sem dança...

Olhei-me no espelho, mas uma vez satisfeita com o que via.

O vestido era um pouco demais para o meu gosto – deixava exposta parte de minha perna. – mas ainda assim era bonito e aderia a minha pele até o quadril, descendo um pouquinho mais solto até os pés.

Ele tinha uma marcação alta, um pouco abaixo do colo, que dava um aspecto mais elegante.

Coloquei o broche que ele e Renesmee me deram predendo a echarpe em meus ombros com ele.

Não tinha nada haver com minha personalidade... mas caiu bem.

Edward como sempre, estava de tirar o fôlego em um smoking preto, com um colete cinza por cima de uma camisa branca.

Nunca vou me acostumar com aquele rosto.

Seus olhos me analisaram dos pés a cabeça.

- Mmmm... simplesmente perfeita. – disse ele com sua voz macia.

Então Edward se aproximou... e delicadamente, para não desarrumar o vestido, passou suas mãos em minha cintura e colocou os lábios em orelha.

- Tão elegante... – seus lábios agora, contornavam minha mandíbula. – Tão perfeita.

Meus olhos giraram.

Aquilo era bom demais.

Estava mesmo aqui? Ou estava sonhando?

Como se não fosse o suficiente, suas mãos subiram e desceram em minha cintura, muito delicadamente.

Ele não parecia querer ir a lugar nenhum.

Eu estava toda arrepiada, quando ele se afastou.

- Nós temos que ir ou vamos nos atrasar.

Fiz careta. Ele riu.

- Não vamos ficar a noite toda fora, vamos? – perguntei passando o braço pelo seu quando ele – como um verdadeiro cavalheiro – o ofereceu.

- Não.

Aspen a noite era impressionante. Toda a cidade tinha um aspecto elegante.

Com menos de vinte minutos, Edward estava estacionando o carro em frente ao grande e luxuoso Benedict Music Tent.

Porém, não havia movimentação, não havia ninguém entrando ou mesmo no hall principal, havia apenas um vallet ao qual Edward entregou a chave do carro.

- Por aqui. – disse ele – com um sorriso enorme - me conduzindo pela porta principal.

Meus olhos se arregalaram, quando minha ficha começou a cair.

- Edward... onde está todo mundo?

- Todos estão aqui.

Ele me conduziu por outra porta e nós entramos no salão de música.

Minha mente fez a conta rapidamente. Eram mais de dois mil lugares... completamente vazios.

No palco, a Orquestra se organizava. No centro, um grande e belíssimo piano de calda.

- Você não fez isso. – estava em choque.

Uma orquestra inteira tocando somente para nós?

- Hum... eu acho que fiz. – respondeu ele ainda me conduzindo para os acentos do centro.

- Você ficou maluco? – sussurrei.

- Quantas vezes conversamos sobre assistir um concerto? ... imaginei que seria ótimo poder fazer isso com você, sem audiência e sem pensamentos humanos me distraindo.

Assim que nos sentamos – bem de frente a grande orquestra – o Maestro olhou para Edward, que acenou positivamente com a cabeça.

- Só relaxe e aproveite. – pediu ele.

Estava toda arrepiada. Aquilo tudo – o gesto – para mim, não tinha precedentes.

Recostei-me - ainda não acreditando no que estava vendo – em seus braços. Meus olhos ainda presos aos seus.

Ele me analisava cheio de expectativa quando a música começou.

O familiar som de minha canção de ninar encheu meus ouvidos. Era um som mais complexo, mais encorpado. Tocado por dezenas de instrumentos.

Era um som de uma orquestra inteira tocando a peça que havia sido exclusivamente composta para mim. Por meu Edward.

Não poderia descrever o que senti... fechei meus olhos e recostei minha cabeça em seu ombro.

- Eu te amo. – sussurrei absorvendo as notas.

Seus lábios tocaram meus cabelos.

Outras composições de Edward foram adaptadas pela orquestra, inclusive a música que ele fez para Esme. Claire De Lune também marcou presença, juntamente com outras que aprendi a amar.

Aquela era uma nova sensação para mim. Era uma forma diferente de apreciar sua companhia.

Seus olhos não deixaram meu rosto em momento algum.

 

Ele levantou meu queixo para tocar meus lábios calorosamente e me fazer esquecer de onde estávamos. Me deixei levar. Seu beijo foi se intensificando e senti meu corpo ficar quente.

Quando ele se afastou, não havia mais som. A música havia cessado e o palco estava vazio.

- Eles se foram. – disse surpresa quando encontrei minha voz.

Ele riu baixo, puxando meus lábios para os seus novamente.

- Faz parte do acordo... – seu hálito contra a minha pele,enviou ondas violentas de eletricidade pelo meu corpo.

- Eles irão voltar?

- Não. Estamos completamente sozinhos.

Afastei-me de seus beijos. Percebi que estava quase sentada em seu colo.

Foi uma boa idéia reservar o local somente para nós.

A forma que estávamos próximos não seria considerada educada – se tivéssemos audiência.

Olhei para o grande piano no palco. Uma idéia me ocorreu.

- Pode tocar para mim? – pedi passando meus dedos por seu cabelo.

Ele ponderou por um instante. Levantou-se, oferecendo sua mão e me conduziu até o palco.

O piano era muito mais impressionante do que o que Edward tinha. Parecia tão imponente, ali, no centro de tudo.

Seus olhos o contemplaram. Tocar era algo que ele realmente amava.

Edward sentou-se no banco, puxando minha mão para que me juntasse a ele.

- Deseja ouvir algo em particular, Sra. Cullen? – perguntou formalmente.

- Sim... minha música.

Imediatamente suas mãos correram pelas teclas, pressionando-as suavemente.

Ele ficava tão lindo, assim, concentrado. Meus olhos se prenderam aos movimentos de seus dedos. Podia sentir e ver que seus olhos – agora - estavam em meu rosto, mas não o olhei.

Ao término da música, ele se inclinou e beijou meu ombro.

 

- Obrigada... Você vai ter que ensinar a tocar qualquer dia desses.

Ele se virou para mim subitamente.

- Você quer aprender? – perguntou ele claramente excitado com a idéia.

- Uhum, pelo menos um pouquinho.

Edward ainda me olhava, feliz com meu interesse.

- Venha... podemos tentar algo, para começar. – ele me colocou em seu colo em um rápido movimento.

Eu ri. Não estava pensando em aprender agora... mas tudo bem.

- Ok. Vamos tentar.

- Relaxe suas mãos. – ordenou ele. – Siga exatamente o movimento das minhas.

Ele colocou suas mãos sobre as minhas e as posicionou sobre o teclado. Alinhei minha coluna e respirei fundo.

- Pronta?

- Sim.

Suas mãos me guiaram lentamente sobre as teclas. O som era delicado e simples. E de uma forma bem interessante... eu estava tocando.

Soltava pequenas gargalhadas quando ele acelerava os movimentos levemente... era divertido e excitante.

- Viu como é fácil? – sussurrou ele ao meu ouvido.

- Muito fácil. – respondi sarcasticamente, entrelaçando seus dedos aos meus e recostando em seu corpo.

Virei meu rosto para o seu, ele estava perto demais para que pudesse resistir.

Naquele momento, ele pareceu perder o controle. O ambiente parecia deixá-lo ainda mais apaixonado.

Com um movimento conjunto e rápido, estávamos de pé. Suas mãos subiam e desciam por minhas costas, antes de se prenderem ao meu cabelo, trazendo-me mais para perto. Como se fosse possível.

Seus lábios pareciam não querer deixar minha pele.

- Você é um ótimo professor. – sussurrei quase sem fôlego.

- Fácil quando se tem uma aluna aplicada.

Estava começando a gostar um pouquinho demais daquele jogo. E nós não estávamos em um lugar ideal para isso...

- Hummm... temos um piano em casa...

- Sim, nós temos...

Passamos os restantes de nossos dias, presos em nossa casa. Eu estava realmente aproveitando minhas “aulas” particulares.

Parte de minha coleção de lingerie foi completamente destruída. A outra parte guardada a sete chaves para quando nossa lua de mel retornasse para casa.

Só colocamos os pés na neve que cobria a cidade na hora de partir.

Estava louca de saudades de minha pequena Renesmee e sabia que ela também estava com saudades de nós.

Se não fosse por ela... poderíamos viver isolados pelo resto da eternidade.


 

 


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