Kikyou estava gostando de sua estadia em Nova York. A mãe de Kagome era muito amável.  Seu primeiro mês de aula também tinha sido adorável. Exceto por um garoto com um olhar meio assustador, que a encarava, silencioso em um  canto. Era assim todos os dias.

Havia se enturmado com umas garotas. As amigas de Kagome. Se sentia meio deslocada com elas, mas era melhor do que ficar sozinha. Estava se sentindo só. Queria que InuYasha estivesse ali. Mas ele era um dos motivos pelo qual ela escolhera fazer o intercâmbio. Ela o amava, mas não queria se casar. Pelo menos não agora. E era isso que ele queria. Pelo menos o que ele dizia querer. Kikyou sabia que ele estava sendo precipitado, que um dia se arrependeria, então resolveu se afastar, para que ele pudesse pensar melhor. Não queria que ele cometesse um erro desses, e depois ficasse com raiva dela. Depois, pelo que vira nos retratos da familia, Kagome era muito bonita. Quem sabe InuYasha não se apaixonaria por ela?

-É o melhor para nós dois, meu amor.- Kikyou segurava uma foto de InuYasha. As lágrimas rolavam livremente pelo seu rosto. Felizmente Kagome tinha uma almofada muito fofa. Ótima para abraçar. 

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InuYasha estava muito irritado. Durante todo o mês, Kagome nem olhou na cara dele, mas andava com Kouga pra todo lado. 

As pessoas começavam a cochichar, fazendo comentarios maldosos sobre ele. InuYasha estava acostumado com todas as garotas aos seus pés, e o fato de Kagome parecer nem notar a sua existencia o incomodava. Como ela ousava ignora-lo? No primeiro dia de aula até pensara que ela sentiu uma atração por ele, mas percebeu que se enganara completamente quando a viu nos braços de Kouga. Nao podia acreditar que ela preferia aquele garoto idiota à ele. 

Kouga percebia a aflição de InuYasha e sempre que podia tirava sarro dele por isso. 

InuYasha sempre esteve convicto de seu amor infinito por Kikyou mas, ultimamente nem pensava tanto nela. Kagome dominava seus pensamentos. Mas não de um jeito "bom", na verdade, ficava pensando no que havia feito de tão terrível para que ela o odiasse. O que havia acontecido no primeiro dia dela na escola, a discussão entre eles, para InuYasha era só uma brincadeira. Ele estava sim com raiva por Kikyou ter ido embora. Mas ele a desejava. No momento em que colocou seus olhos em Kagome, sentiu que precisava tê-la. Não a amava, mas a queria. Queria o seu corpo e queria o prestigio de ter conseguido ficar com a aluna nova e linda, que deixara todos os garotos hipnotizados. Mas seu joguinho havia dado totalmente errado. 

-Senhor Taishou, poderia nos explicar como resolver este problema?-perguntou a profª de calculos, despertando InuYasha de seus pensamentos.

-Não. Eu não prestei atenção.-ele respondeu com uma simplicidade que soou mais como sarcasmo. Várias pessoas da turma começaram a rir.

-Então, sugiro que vá dormir na sala da diretora. Uhn...Senhorita Higurashi, se importaria em levar nosso companheiro até a senhora Kaede?

-Bom, na verdade...

-Ok, mas não demore. Diga à ela que InuYasha estava com o pensamento longe, como sempre.- disse a professora, sem nem sequer ouvir Kagome. 

InuYasha nunca ficou tão feliz por ser mandado para diretoria, mesmo que Kaede fosse legal. Ela já estava tão acostumada com ele ali que nem se importava mais. Alias, ele tinha até um cantinho especial na sala dela. Mas o caminho até a diretoria que o animara. Era agora. Kagome não poderia fugir. 

 Kagome ia na frente. Já estavam na metade do caminho. O corredor estava vazio. Era a chance que InuYasha precisava. Com agilidade, ele segurou Kagome pelos braços e a prensou na parede. Usava  força suficiente para que ela não conseguisse se soltar. Estavam tão perto...

Kagome estava assustada. Aquela atitude a lembrou de algo que queria esquecer. Conhecia InuYasha o suficiente para saber que ele faria qualquer coisa para ter o que desejava. Estava se sentindo impotente, de novo. Sentia algumas lágrimas imcomodas tentando escapar.

-Porque você age como se eu não existisse? Não vai me dizer que não sente nada por mim.

Kagome não conseguia responder. Balançou a cabeça negativamente. A voz de InuYasha a fez ficar ainda mais insegura. Não conseguiu mais conter as lágrimas. Mas InuYasha pareceu não ver.

-Não? E se eu te beijar agora? O que vai fazer?

Kagome mal teve tempo de pensar. Sentiu a língua de InuYasha invadir sua boca. Ela ficou parada. Ao perceber que não seria correspondido, InuYasha a soltou.

Kagome aproveitou o momento de confusão em que InuYasha se encontrava e chutou seu ponto fraco. Quando o viu cair no chão, por causa da dor, saiu correndo. Não podia voltar para sala de aula. Não naquele estado. Como ele podia ser assim? Estava muito mal. O rosto de Naraku não queria sair de sua cabeça.

InuYasha se levantou. Ficou atônito olhando o lugar para onde Kagome havia corrido. Não conseguia entender o que havia dado errado. Só sentia que havia feito uma grande idiotice. Pela primeira vez na vida, se sentia arrependido. Queria ir atrás de Kagome, mas alguma coisa o dizia que isso só pioraria tudo. Por hora era melhor ir para diretoria e esperar. Ele podia ir até a casa de Kikyou depois da escola. Para falar com Kagome.