Arata na Hajimari escrita por Alexiel Suhn


Capítulo 2
Yume.


Notas iniciais do capítulo

É sempre bom lembrar que os personagens de Inu não são meus *chora*
 
 



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Dedico este fanfic à todos os meus leitores e amigos que estão acompanhando mais uma trama de Sesshoumaru e Rin.

Boa leitura.

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Arata na Hajimari



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Capítulo II: Yume.

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Sinopse: Você já amou tanto a ponto de esquecer tudo o que há em sua volta? Já amou tanto a ponto de querer fugir de sua realidade? Já amou tanto a ponto de criar esperanças em algo inacreditavel?

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Sentada sobre a grama verde e fresca a garota observava Izayou e Hakudoushi tomarem sorvete, como Rin gostava do sorvete que a sogra fazia, adorava o ingrediente secreto que havia na guloseima, embora nunca houvesse conseguido descobrir o que era.

- Está muito bom, vovó. - disse Hakudoushi ainda com os olhinhos inchados de tanto chorar.
- Que bom que gostou. - Izayou olhou o seu próprio pote enquanto ouvia o menino falar - Sua mãe também gostava. - ela parou por alguns instantes sentindo o vento tocar suavemente sua face alva e em algum momento sentiu que alguém os observava.
- Pensei que mamãe iria acordar, vovó. - Hakudoushi falou e logo em seguida engoliu mais uma colherada do sorvete.
- Talvez ela acorde daqui a pouco. - Izayou comentou olhando o nada.

Rin apenas suspirou, não, ela não acordaria e foi pedindo desculpas, das quais ninguém ouviria, que uma leve brisa passou fazendo os sinos presos numa árvore ali próxima tocarem calmamente. O barulho chamou a atenção de Izayou que olhou fixamente os sinos e por alguns momentos jurava ter visto um reflexo de Rin.

- Rin? - perguntou Izayou virando-se para o lado em que a imagem deveria estar - Você está por aqui, querida?
- Como eu queria que soubessem que sim. - foi o que Rin disse dando um novo suspiro e sorrindo tristemente ao olhar o filho rindo e brincando.

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Já de calça moletom preta e regata que mostrava os seus músculos bem definidos ele adentrou o local observando os vários homens e mulheres treinando entre si. Largou as chaves encima da mesa principal e começou a caminhar para os tatames principais. Todos os lutadores simplesmente pararam o que faziam e observaram o homem de cabelos prateados andar calmamente, sabiam quem era.

- Sesshoumaru. O que faz aqui? - perguntaram a ele fazendo o homem voltar-se para quem lhe dirigiu a palavra.
- Descontar a raiva. - ele respondeu dando um meio sorriso.

Caminhou até o centro dos tatames principais e ficou parado deixando seus olhos vagarem por cada lutador.

- Alguém quer tentar? - ele perguntou levantando uma das mãos como se estivesse chamando todos os lutadores para uma briga.

Já conhecido por todos os frequentadores da academia de artes marciais, Sesshoumaru já possuía a fama de um frio lutador. Desde criança frequentava o lugar para treinar até conseguir sua formação como o melhor lutador que por ali passou, na estante de troféus jazia vários símbolos de vitória com seu nome e centralmente uma foto dele com seu mentor, Toutousai, no lado.

Muito embora suas aparições na academia tenham se reduzido, vez ou outra Sesshoumaru aparecia desafiando cada lutador para testar suas próprias habilidades e como sempre nenhum outro conseguia supera-las, nem mesmo os que eram chamados de "o novo talento", claro que não era por este motivo que eles desistiam de tentar e assim uma enorme fila começou a se formar.

O primeiro lutador era um dos melhores, treinava arduamente todos os dias fazia cinco anos e dentro deste tempo nunca, ao menos, conseguira encostar no ex-aluno prodígio, Sesshoumaru.

- Estava esperando por você, Sesshoumaru. - pronúnciou Moryoumaru prostrando-se ereto frente a Sesshoumaru.
- Não vim até aqui para ouvi-lo falar. - foi a única coisa que Sesshoumaru falara mantendo a mesma pose altiva.

Subitamente, Moryoumaru flexionou os joelhos e deixou seus braços dobrados, o homem de cabelos negros, curtos habilmente impulsinou-se para a frente na direção do adversário e no último instante desviou-se para o lado tentando desferir um golpe na nuca de Sesshoumaru, com o punho fechado, golpe do qual o homem de cabelos prateados apenas se manteve parado inclinando seu tronco para o lado e fazendo o golpe passar ao seu lado.

- Lento. - Sesshoumaru provocou virando-se de frente a Moryoumaru.

De tão enfurecido o lutador trincou os dentes, batendo os punhos ele partiu para cima de Sesshoumaru desferindo-lhe diversos golpes. Firmemente ele levantou sua perna, chutando na altura da cabeça de seu adversário, algo que foi bloqueado com um simples levantar do braço do homem de cabelos prateados.

- Tsc... espero que não seja o melhor daqui. - Sesshoumaru disse já indignado, como descontaria a raiva se nem ao menos conseguiam encostar nele?
- Pensei que não queria falar. - Moryoumaru retrucou dando uma sequência de golpes em Sesshoumaru.
- Porque queria lutar com alguém à altura. - Sesshoumaru terminou quando bloqueou o terceiro golpe de Moryoumaru direcionado ao seu rosto.

Num rápido golpe direcionado nas pernas Sesshoumaru faz com que seu adversário se desequilibre, dando-lhe tempo suficiente para lhe espalmar o peito e faze-lo cair no chão sem poder respirar.

- Próximo? - Sesshoumaru perguntou fechando a mão em punho e fazendo as articulações de seus dedos estalarem fortemente, enquanto via alguns lutadores carregarem Moryoumaru.

Estava claro para Sesshoumaru que aquilo não o faria parar e muito menos diminuir sua raiva, mas precisava fazer algo, "esvaziar" a mente por alguns instantes, chegar ao torpor para não pensar mais e do jeito que ele queria, aconteceu. As horas se passaram e da mesma forma que os lutadores chegavam rápidos nos tatames também saíam, sem nem ao menos encostarem no grande talento da academia, mas nem quando o último oponente foi jogado para fora do local de luta seria o suficiente para ele, queria mais.

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- Procurarei Sesshy. - o espírito sussurrou observando a adormercida criança. E foi pensando em seu marido que a atual realidade em sua volta girou, fazendo as imagens tornarem-se simples borrões e começar o processo do teleporte, mas por algum motivo, no meio do caminho que percorria, algo a puxou fortemente num único "supetão" fazendo a mulher abrir os olhos confusa - Aonde estou?

Num exato momento ouviu uma grande explosão, um carro pegando fogo capotou diversas vezes até bater contra a contensão de aço da ponte. A mulher arregalou os olhos, não imaginava que um dia veria algo tão terrível daquela forma, foi só então que notou luzes brilhantes saindo do carro, Rin tentou saber o que significavam, mas ainda não poderia distinguir o que era, até mais uma vez arregalar seus olhos.

Não sabia como as pessoas que havia próximas do acidente não notavam, mas além da luz uma forma estranha de energia ia se aproximando do carro era tão ruim que parecia consumir o calor deixando o que havia envolta frio e desconfortável. Queria gritar e dizer para todos correrem, entretanto ninguém parecia dar qualquer importância que fosse.

- So..socorro. Alguém. Por favor. - ela dizia em vão.

Ouviu um estranho som, parecia haver uma distorção fazendo a lembrar de um rugido, o que fez sua própria energia oscilar diante da cena ao perceber que o barulho vinha daquela estranha massa que tomava forma humanóide, parecia meio cadavérica, contudo ainda lembrava um ser humano. Colocara a mão frente à boca, ainda, quando olhou e viu as luzes saindo do carro tornarem-se humanas.

- Se eu fosse você sairia daqui. - Rin ouviu alguém atrás de si falar.

Quando virou-se para trás, e ver quem havia falado aquilo, notou que uma outra mulher, assim como Rin, mantinha-se na forma de espírito.

- Quem é você? - Rin perguntou curiosa ao saber que existiam outras como ela.
- Sou a mesma coisa que vocês. - a mulher que mais parecia uma pequena menina de cabelos brancos olhava friamente a cena que se passava com a explosão do carro.
- Vocês? - foi só então, que olhando na sua volta, notou vários outros como as duas - Ué? Mas o que houve aqui? - e quando olhou de novo para a outra, esta já não estava mais ali - Que estranho. Porque será que ela segurava um espelho? - perguntou-se, dando de ombros logo em seguida e voltando sua atenção a cena inicial.

A estranha forma de energia aproximou-se do carro acidentado e parou frente a um dos espíritos que havia nele. Tudo ficou em silêncio com exceção dos seres humanos vivos que tentavam ajudar os corpos, já sem vida, do carro. Aquele estranho ser simplesmente abraçara o outro espírito, mas o que Rin não esperava era ouvir um grito agudo em desespero.

Todos os espíritos presentes agitaram-se e começaram a fugir, correr, teleportar, não sabia o porque, mas parecia que não era algo bom. Com toda a bagunça que se desenrolava, os espíritos acabaram chamando a atenção do que parecia ser o predador. A pessoa que ele estava abraçando? Simplesmente sumiu numa nova explosão.

Rin estremeceu, os olhos negros daquela criatura observavam sedentos a alma da mulher e ela sentiu medo, tentou se mexer, mas estava paralisada, pedir ajuda não era possível, pois não havia alguém que pudesse salva-la.

- Sesshy! – ela pensou quando a criatura se aproximou – Sesshy! – estava tão próxima dela que fazia sua energia vibrar em medo – Tasukete!!! – ela gritou por socorro.

Uma flecha passou entre Rin e o outro e como se houvesse criado uma barreira, o ambiente simplesmente esquentou.

- ... – olhando para saber quem a salvou notou a pose altiva de Kikyou, parada segurando seu arco, Rin sorriu – Kikyou-sama.

A mulher possuía um olhar fixo no estranho, posicionou o arco, embora não houvesse flecha linhas luminosas começaram a desenhar o ar na forma da arma desejada. Mirou e soltou o nada, mas uma flecha aparecera cortando ar, uma luz azul celeste cercava a arma até atingir seu alvo diretamente no peito.

A criatura tocou o local atingido e por um momento Rin jurava tê-lo visto sorrir até o instante em que a luz da flecha expandiu e aquela energia enegrecida simplesmente sumir desmanchando-se em vários pontos luminosos azulados.

- Pra’ onde ele foi? – Rin perguntou se aproximando de Kikyou que fazia seu arco desaparecer da mesma forma que a flecha havia surgido.
- No momento isto não diz respeito a você. – a shinigami falou olhando Rin – Ele a tocou?
- Não. Mas... – a mulher piscou querendo abordar a shinigami, mas era difícil quando se deparava com a versão feminina de Sesshoumaru - ... o que era aquilo?
- “Aquilo”... – Kikyou começou ressaltando bem a palavra que Rin utilizou  para definir a criatura - ... nada mais era do que alguém que se negou a ir conosco.
- Então era um...
- Sim. Era a alma de um humano que se negou à morte. – Kikyou olhou o lugar em que deveria estar a outra alma – Quando se negam ficam vagando pela Terra, ninguém os escuta, ninguém os vê, com o tempo se cria a raiva e no fim tornar-se-á isto.

Rin pôs suas mãos pressionando o peito, não queria se tornar aquilo, mas só em pensar em abandoná-los a fazia se sentir tão mal, entretanto não poderia se lamentar, ao menos ganhara uma nova chance.

- Posso voltar para eles? – ela perguntou sorrindo a shinigami, algo que foi confirmado com um balançar da cabeça da outra – Domo arigatou por me salvar, Kikyou-sama.

Mas nada fora respondido pela ceifadora até o momento em que Rin sumira.

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Uma gota de suor se formou em sua testa, escorreu rapidamente deixando uma trilha salgada por sua bochecha alva até ficar “presa” em seu queixo e soltar-se caindo no tatame. E mais uma vez chutou o saco de areia, depois lhe deu um soco e mais outro, mais outro e mais outro.

- Sesshoumaru. – ouvira chamarem seu nome, mas simplesmente ignorara, aquelas horas que estavam ali socando ainda não eram suficientes – Chega!!! – Toutousai ordenou segurando o pulso do homem de olhos dourados.
- Largue-me, Toutousai ou eu irei...
- Irá o que, Sesshoumaru? Pensa que está falando com quem seu moleque? – Toutousai estreitou seus olhos, ato que Sesshoumaru imitou, só que de certa forma mais apavorante – Olhe para isto, Sesshoumaru. – o mais velho levantou o pulso de Sesshoumaru para que o mesmo pudesse ver as juntas de seus dedos sangrarem de tanto bater no saco de areia.

Apenas o silêncio.

- Está na hora de começar a se recuperar, meu filho. – Toutousai suavizou a expressão largando o pulso de seu pupilo.
- Não sei mais o que fazer. – Sesshoumaru falou olhando algum ponto acima da cabeça de Toutousai.
- Você a ama? – perguntou o velho.
- ... – apenas confirmou com um balançar de cabeça.
- Então a ame da forma que sempre a amou. – Toutousai terminou virando suas costas e voltando aos tatames principais para ensinar aos mais jovens.


O homem permanecia parado no mesmo local lembrando e relembrando as palavras daquele maldito velho que se atrevia a desafia-lo, foi só então que sentiu uma calmaria passar por seu corpo, parecia relaxar completamente, era daquilo que estava precisando, era daquele torpor que estava em busca e, por fim, suspirou fechando os olhos e os abrindo.

- Sesshy! – ela o viu, mas sua atenção foi chamada para as mãos machucadas – Meu Deus, Sesshy. – foi quando ela o viu relaxar, se acalmar, suspirando tranquilamente e fechando os olhos, nisto ela ficou a observa-lo, era tão lindo... tão divino.

Com a pose de alguém da família real, ele virou-se e caminhou, pegando suas chaves no alto da mesa e saindo da academia sem se importar com os vários olhares que havia sobre si, sendo seguido por Rin que queria estar acompanhando-o. Ele pôs as mãos feridas dentro dos bolsos da calça de moletom e continuou a caminhar, havia estacionado o carro longe.

Era engraçado a forma que ela o observava. Detinha-se tanto em suas feições, seu nariz que ela vivia mordendo, para a indignação dele, o olho direito que se atrevia a beijar quando o pegava desatento, o que era algo difícil, a bochecha alva que gostava de morder até o marido segurar a ela e poder retrucar da mesma forma.

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- Sesshy. – ela pulou na cama ao lado dele se encolhendo no peito definido do marido.
- Sim? – ele perguntou aninhando-a junto de si e a envolvendo no edredom devido ao frio que a mulher sentia naquela época.
- Estou feliz. – ela disse sorrindo para o teto.
- Também estou. – ele falou dando um meio sorriso, enquanto a observava.
- Que tal colocarmos um painel de estrelas no teto? – ela comentou apontando para o teto do quarto.
- Hmm... – ele olhou para o teto e depois voltou a olha-la – Tenho “coisas” mais importantes para apreciar. – ele concluiu a puxando para cima de si.

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Foi lembrando disso que ela sorriu ainda o observando, mas foi olhando para o lado que vira várias mulheres olharem, não, melhor, secarem seu marido, o que a fez inflar o peito e fazer bico.

- Limpem a baba suas “atoas”. – Rin disse como se elas pudessem ouvi-la.
- Sesshoumaru? – alguém o chamou fazendo Rin virar o rosto para o outro lado e se deparar com alguém que, simplesmente a deixava insegura.
- Kagura, a quanto tempo. – Sesshoumaru falou normalmente.
- Como tem estado? – perguntou a mulher lhe sorrindo.
- Estou bem. – monólogos eram as únicas respostas que conseguia dar a qualquer um nos últimos meses.
- Soube que está sozinho. – ela o abordou.
- Oras... – Rin começou a fechar as mãos em punho, hábito adquirido de seu marido, ao tentar conter a raiva.
- Soube errado então. – Sesshoumaru a cortou e simplesmente começou a andar.
- Oh! Desculpe-me, Sesshoumaru. Não era minha intenção. Eu realmente só pensava que...
- Então não sabe que Rin está em coma? – perguntou o homem virando-se a ela como se estivesse prestes a ‘estourar’ de novo.

Kagura estagnou, sua pele arrepiou-se ao ouvir o que Sesshoumaru havia dito.

- E..eu não sabia. – e o que ela havia falado foi tão sincero que até o fez suavizar a expressão.
- Tsc... deixe pra lá. – ele deu de ombros.
- Lembro-me a forma que ambos se olhavam. Achava muito lindo o romance de vocês. – Kagura falou tentando se redimir.
- É o que dizem.
- Bem... Tenho que ir, Sesshoumaru. – a mulher de olhos avermelhados sorriu mais uma vez – Se precisar de algum amigo para conversar, estarei disponível. – ela piscou dando ao homem de olhos âmbares um cartão com seu telefone – Até mais. – elegantemente Kagura se virou e saiu caminhando de forma rebolante.

Estava claro que Rin estava ciumenta, mais do que isso, encontrava-se cheia de raiva, mas... já estava em coma e iria morrer, era seu dever deixar seu marido e filho continuarem suas vidas, por isso apenas continuaria a participar da rotina deles até quando lhe chamassem para aonde quer que fosse.

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- Sesshoumaru. Que bom que voltou. – Izayou cumprimentou-lhe cordialmente como sempre fazia – Parece que foi até Toutousai. Algum sucesso dos pobres jovens que tentam encostar em você?
- O que acha? – perguntou Sesshoumaru com um meio sorriso no rosto. O homem olhou para os lados e sentiu falta de algo, ou melhor, alguém – Hakudoushi?
- Brincamos tanto que ele acabou dormindo. – a mulher comentou – Deixamos sorvete para você. – ela foi agilmente até a cozinha, antes que ele protestasse, e voltou com um pequeno recipiente do doce.

Ele observou o recipiente e seguiu o olhar até o sorriso da mãe de coração, a madrasta simplesmente sabia a forma de agrada-lo, quando pequeno soube que iria ter uma segunda mãe não havia lhe agradado, hoje ele iria brigar com o falecido pai se não houvesse casado com a mulher.

- Se demorar muito vai derreter. – a mulher o avisou tirando o estado de transe em que Sesshoumaru se encontrava.
- Claro. – ele concordou retirando as mãos dos bolsos e pegando a guloseima.
- Sesshoumaru, filho. Suas mãos. – a face da mulher se contorceu como se estivesse sentindo a dor que Sesshoumaru não havia sentido.
- Não se preocupe, Izayou, apenas me entendi com o saco de areia. – Izayou era uma das poucas pessoas que conseguia falar mais que três palavras numa mesma frase. Sentia-se a vontade com ela, realmente era a mãe que nunca teve, embora, era óbvio que não demonstrava.
- Mas veja isso. – ela falou ignorando completamente o que o enteado disse e subiu as escadas resmungando a forma de como os jovens não cuidam de seus corpos.

Crente de que a madrasta havia aceitado o que falou sobre estar bem, Sesshoumaru apenas se sentou no sofá, degustando o doce que há algum tempo não apreciava. Não era chegado em doces, mas conviver com Rin o fez criar certo gosto, afinal, adorava levar a esposa nas sorveterias para vê-la se lambuzar com a calda de chocolate. Quando pensava que tudo estava calmo Izayou descia as escadas carregando uma pequena malinha branca com uma cruz vermelha no centro.

- Nem tente protestar, mocinho. – ela franziu a testa ao notar que Sesshoumaru iria fazer menção de se levantar para ser contra.
- É isso aí, Izayou-sama. – Rin riu ao ver a cara de contra que Sesshoumaru havia feito por alguns segundos até se conformar.

A mulher começara a cuidar dos ferimentos do enteado, enquanto ele ficava em silêncio olhando o teto. Rin havia se sentado sobre a mesinha de centro que estava bem em frente a Sesshoumaru, um ótimo lugar para que pudesse observá-lo.

- Izayou... – Sesshoumaru a chamou ainda concentrado em algum ponto no teto.
- Sim? – ela perguntou surpresa pelo filho ter começado uma conversa.
- Acredita que ela esteja por aqui? – foi a pergunta dele.
- ... – a mulher permaneceu em silêncio por alguns segundos e suspirou, continuando a limpar as feridas – Independentemente do que eu falar mudará o que você pensa?

O silêncio dele fora o suficiente para Izayou saber que nada mudaria, continuaram assim até ela acabar e notar que Sesshoumaru havia fechado os olhos e começar a ressonar.

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Ele estava em um local sem imagens, não existiam formas, nem cores, além das dele. Estava tão solitário que nem ao menos conseguia raciocinar sobre o que estava acontecendo. Claro estava dormindo, contudo estava ciente disso. Onde estavam os prédios? As árvores? Ou qualquer outra imagem que deveria iniciar um sonho?

- Rin... – ele pensou fechando seus olhos, pois a mulher era a única que lhe tomava os pensamentos num momento de silêncio e era como se aquele mundo branco girasse envolta dele diversas vezes numa velocidade incalculável - ... Rin.

Seus pensamentos voltaram-se àquela que tanto esperava, pensou em sua voz, em seu rosto, em seu corpo....

- Sesshy. – ela o viu virar-se subitamente surpreso.
- Rin. – Sesshoumaru deu passos a frente e estagnou balançando a cabeça para os lados num modo de tentar se desiludir – Apenas um sonho.
- Não, Sesshy. – ela foi até o marido tocando-lhe a face – Sou eu. – falou com a voz embargada – Sinto tanto sua falta.
- Rin. – ele iniciou tocando os cabelos da mulher deslizando sua mão até os olhos achocolatados, passando por seu pequeno nariz até chegar a perfeição de seus lábios – É você mesmo?
- Sim. – ela respondeu tocando-lhe os ombros definidos.
- Volte para mim, Rin. – ele disse não se contendo e abraçando-lhe de forma irreconhecível.
- Estou aqui por você. – ela disse fechando os olhos deixando as lágrimas escorrerem, pois eram apenas nos sonhos que lhe permitiam este privilégio, mas a voz suave e melódica foi se perdendo, o branco iluminou-se fazendo com que as cores e formas deles se extinguissem e tudo se resumisse a um grande clarão.

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Abriu seus orbes dourados sendo encarado pelos lilases, notou que havia adormecido no sofá e que, provavelmente, algum tempo depois o filho, já acordado, debruçou-se sobre o joelho do pai fazendo-o sair de seu estranho e enigmático sonho.

- Papai acordou. – Hakudoushi falou sorrindo para o pai.
- Eu disse a você que seu pai não ficaria muito tempo dormindo. – Izayou comentou entrando na sala e observando o olhar de Sesshoumaru fixo no menino – Sesshoumaru?
- Hakudoushi... – Sesshoumaru parou de falar até ter total atenção da criança - ... que tal dormirmos junto de Rin?

Era como se Sesshoumaru houvesse falado as palavras mágicas, os olhos de Hakudoushi brilharam em felicidade e ele rapidamente balançou a cabeça várias vezes para cima e para baixo para apoiar a imprevisível decisão do pai.

Izayou se perguntava o que havia ocorrido ao enteado, estava com um olhar inovador, esperançoso, não iria pergunta-lo agora, mas com certeza iria saber quando a situação fosse apropriada. Ela adiantou-se para a estante cheia de livros e vasculhou os vários nomes que havia ali, retirando um livro com capa enegrecida no final de sua escolha.

- Este... – ela começou observando a capa e passando sua mão sobre o título brilhante - ... Rin iria gostar que contasse a ela.
- ... – Sesshoumaru apenas afirmou com a cabeça, pegando o livro e levantando-se para sair com o filho – Vamos para casa tomar um banho e ir até Rin. – ele virou-se para Izayou quando estava na porta – Agradeço por ter cuidado de Hakudoushi. Boa noite.
- Boa noite meu filho. – ela mais uma vez sorriu e acenou para o neto, ato retribuído de forma agitada até a porta se fechar.

Rin observava cada oscilação de energia, cada palavra, cada sentimento e simplesmente não sabia se sentia-se feliz por Sesshoumaru acreditar nela ou se ficava infeliz por saber que iria partir brevemente, por isso apenas imaginou seu leito no hospital e simplesmente sumiu dali, não deixando de observar que no último segundo Izayou estava olhando na direção em que o espírito estava.

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Hakudoushi entrou correndo no quarto e subiu na cama dando um beijo no rosto da mãe adormecida. Como já estava tarde ele deitou-se ao lado de Rin, abraçando-a de forma que até mesmo a alma da mulher pudesse sentir seu calor.

- Hakudoushi hoje vai dormir com a mamãe. – ele falou no ouvido dela aos sussurros.
- Só tome cuidado para não a machucar, Hakudoushi. – avisou Sesshoumaru entrando no quarto em seguida com uma pequena mala de mão e o livro.
- Ta bom, papai.

Sesshoumaru colocou a mala no lado da poltrona, aproveitando para acender um abajur próximo. Sentou-se no confortável acento, pegando o livro e folheando-o. Ler era uma das paixões de Rin, algo que ele simplesmente admirava e algo que com certeza queria que a mulher não deixasse de fazer, era por isso que leria, para que as palavras não se perdessem no adormecer dela.

Voltou para a capa e disse o título indo para a primeira página. Começou a ler calmamente tentando passar da melhor forma que poderia os sentimentos que aquele romance passava, claro, para Sesshoumaru não era algo fácil, mas naquele momento ele queria acreditar que eram apenas homem e mulher, num momento de lazer.

As horas foram se passando, as páginas se iam e cada vez mais o céu se enegrecia, até apenas sobrar a luz do abajur e um sonolento Sesshoumaru. O homem suspirou marcando a página que havia lido por último, fechando o livro em seguida.

Levantou-se observando mulher e filho, ambos num sono profundo, algo o impulsionou a tocar o cabelo da pequena criança, enquanto beijava a testa da mulher, fato observado por Rin, que se mantinha atenta as palavras no livro que o marido lia para ela.

- Obrigada, Sesshy. – ela agradeceu mesmo sabendo que Sesshoumaru não a ouviria.
- Te amo, pequena. – ele sussurrou no ouvido do corpo inerte da mulher – Quero que acorde logo. – foi seu pedido voltando a poltrona.

Quando fora apagar a luz do abajur ouviu um leve resmungo infantil vindo do filho, ao se mexer na cama junto da mãe. A mão de Sesshoumaru parou a meio caminho do abajur observando a criança.

- Eu também sonho com ela, papai. – a criança disse ainda de olhos fechados colocando os braços envolta do braço da mãe e ficando em silêncio.

O suspiro cansado estendeu-se pelo silencioso quarto, ouvindo-se as sirenes de ambulância lá fora. Então a luz se apagou e ele simplesmente deixou-se abater pelo sono.

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... Continua...


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Notas finais do capítulo

Aeeeeeeeeeeewwww mais um capítulo para todos vocês, espero realmente que aproveitem.

Vocês não tem idéia de quantas vezes olhei para ele e tive vontade de apaga-lo x.x
Mas mesmo assim, estou aqui entregando mais um capítulo.

Estarei aqui esperando muitas de suas reviewns para poder saber o que estão achando e o que preciso melhorar.   Agradeço as reviewns de: Kiss_May_Chan *Simplesmente adorei te conhecer aqui, moça*; Kelen_chama *espero continuar conseguindo a emoção dos leitores n.n*; Manuca Ximenes *adoro suas histórias, moça*.   Beijos minna-san.



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