Meu doce Rogers escrita por Aquarius


Capítulo 49
Fé (Parte 3)




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Pov Helena Ocean

Minha filha não está bem, eu posso sentir isso. Talvez seja intuição de mãe, ou alguma percepção que tenho por causa dos meus poderes, mas a certeza que tenho é Sarah precisa de mim. Eu nunca havia ficado tanto tempo longe dela. Pelo menos, para minha sorte, Maya Hansen ainda não havia começado os testes, ela apenas coletava algumas amostras de sangue e fazia exames para acompanhar minha gravidez.

Se pelo menos eu pudesse me comunicar com alguém. Se pelo menos houvesse o mínimo que fosse de DNA das bruxas do ar, mas eu descendia de uma linhagem direta de bruxas da água, ou seja, eu só poderia ter poderes de auto cura, visões do passado, presente ou futuro e manipulação da água, o que no meu caso, só tinha praticamente  um deles ativo.

—Sarah, aguente firme minha pequena. Sussurro.

—Espero que ela aguente firme mesmo. Maya me surpreende.

—O que você quer insinuar com isso? 

—Ah, nada sério. Ela fala tranquilamente. -Só que, se você ou seu bebê não forem compatíveis com essa Extremis nova que criei, terei que dar um jeito de pegar a pequena Sarah para ficar no lugar de vocês.

Começo a rir. –Não pode estar falando sério. Limpo minha garganta com um pigarro rápido. -Não ouse ficar nem a um metro da minha filha, ou tocar nesta que irá nascer, você não sabe do que posso ser capaz se fizer algo com elas.

Maya coloca a mão na minha barriga que já tem algum volume.- Querida Helena, mortos não podem fazer nada. Tenha uma boa noite.

Pov Steve Rogers

Demorei algum tempo para acalmar Sarah, mas agora ela dormia tranquilamente no banco traseiro do carro. Ela caiu no sono quase meia hora depois que deixamos a cidade.

Peter estava calado desde que fomos embora da casa de John, o que não era algo normal de acontecer, provavelmente ele estava abalado com o que havia ouvido lá. Eu mesmo ainda estava.

Sarah é uma garotinha doce e carinhosa, nunca altera sua voz para nada e hoje ela parecia ser outra. Além daquele dia no shopping, eu nunca tinha visto ela assim, sem controle e dominada pela raiva. Espero que possamos ajudar ela, porque sei o quanto é difícil para ela aceitar tudo isso. Tão nova e já perdeu a pessoa mais importante da vida dela.

—Steve, chegamos. Peter fala quase rouco.

—Desculpe, nem havia percebido. Estava um pouco distraído.

—Sem problema. Você vai precisar de alguma ajuda?

—Não, obrigado.

—Se precisar de qualquer coisa, é só ligar. Devo buscar Sarah depois de amanhã. Eles devem enviar alguém para ver como está a menina essa semana mesmo. Se acharem que ela está bem...

—Você e Alice conseguem a guarda.

—Isso. John perdeu pontos a favor depois deles verem como Sarah estava, mesmo não sendo seus parentes de sangue, com o testamento expressando o último desejo de Helena, temos chances reais. Peter consegui dar um sorriso.

Nos despedimos e em pouco tempo eu já estava no apartamento em que vivia com Helena. Foi ideia do Peter, já que aquele lugar significava muito para Sarah e isto poderia ser de alguma ajuda.

Ela não havia acordado desde que chegamos e achei melhor coloca-la direto em sua cama. Me perco no tempo e fico observando ela dormir. As lembranças começam a invadir minha mente e eu fico relembrando a primeira vez em que vi Helena.

Flashback

Era uma segunda feira. Eu tinha acabado de chegar de uma missão que havia me deixado para baixo, porque mesmo com êxito, não tinha conseguido salvar alguns civis. Foi quando meu coração começou a bater diferente, na primeira vez em que eu a vi, Helena.

Ela estava terminando de pegar a última caixa na porta de seu apartamento. Parecia feliz por ser a última, seu sorriso de satisfação corria de ponta a ponta de seu rosto. Eu tinha acabado de sair do elevador, e antes que eu tomasse qualquer atitude, Helena entrou e fechou a porta.

Não tive coragem de tentar falar com ela, sempre fui uma pessoa tímida e provavelmente não saberia o que disser na hora. Resolvi que seria melhor deixar aquilo de lado e fui para meu apartamento. Tomei banho, comi um sanduiche de frango com orégano, fechei as cortinas para o ambiente ficar escuro e fui dormir. Acordei quase três horas depois com o barulho do meu telefone, faltavam dez para as onze.

—Oi, Sam. Falo com uma voz um pouco alterada pelo sono.

—Oi, Steve. Estou atrapalhando alguma coisa?

—Não. Eu estava dormindo um pouco, mas já ia acordar mesmo. Aconteceu alguma coisa?

—Não. Só liguei para saber se você está bem. Sinto que nossa última missão te abalou um pouco.

— Nosso trabalho é tentar salvar o máximo de pessoas possível. Às vezes, isso não significa todo mundo, mas você não desiste. Acho que estou lidando bem melhor desta vez Sam, mas espero que isso não fique fácil, não quero sentir que me importa cada vez menos com as pessoas.

—Isso nunca acontecerá Steve. Você não é nenhum egoísta, mas é bom que pense em você mesmo nem que seja de vez em quando. Se cuidar, sair um pouco, conhecer pessoas, viver, sabe?

—Sim. Lembro da mulher que vi mais cedo.

—Falando nisso, como vai a Sharon?

—Só amizade, mas...

—Mas...?

—Eu vi uma mulher nova no prédio. Acho que ela está se mudando hoje.

—Hum. O que disse para ela?

—Nada. Ela entrou no seu apartamento antes que eu pensasse em fazer alguma coisa.

—E o que te impede de ir lá agora mesmo?

—Você sabe que eu não sou bom em lidar com o sexo oposto. O que eu falaria?

—Ela não está se mudando hoje? Vai lá, dá as boas-vindas, aproveita e chama ela para almoçar. Provavelmente ela não deve conhecer a região, você pode dar uma de guia.  

—Não sei se consigo.

—Você lutou contra os invasores em Nova York, Steve. É claro que consegui.

—Tem razão. Obrigado Sam.

Tomo outro banho e me arrumo rapidamente. Logo estou parado como um idiota na porta dela. Fico ali por uns três minutos quando finalmente tomo coragem e toco a campainha. Ela abre no terceiro toque.

 - Olá. Falo timidamente -Sou Steve Rogers, seu vizinho do 505 e vim te dar as boas-vindas. Estendo a mão com um pouco de receio.

—Ah! Oi! Ela ri e faz meu coração acelerar- Helena Ocean, prazer. Pega em minha mão.

—Lindo nome. Comento.

—Obrigada. Meus pais colocaram em homenagem a minha avó.

—Ela deveria ser tão encantadora quanto você. Fala sem perceber.

—E era. Sinto meu rosto aquecer.

—Ah! Já ia esquecendo isso aqui. Falo mostrando um pequeno saquinho, na tentativa de quebrar aquele clima que estranho que se formou -Um conjuntinho de imãs para geladeira. Viro o saquinho, caindo os imãs em forma dos pinguins de Madagascar na minha mão.

—Obrigada. Eu simplesmente amei.

—De nada. Bem, Helena, gostei de te conhecer. Se precisar de ajuda não hesite em me chamar. Digo ainda sentindo vergonha.

— Também gostei de te conhecer e estou disponível caso necessite de algo.

— Então, te vejo por aí. Vou embora, praticamente fugindo e penso em pegar o elevador. Lembro da minha conversa com Sam e giro em meus calcanhares, voltando até ela. Sinto o nervosismo querendo tomar conta de mim. Dou um pequeno sorriso ao pensar que realmente já havia feito coisas bem mais complicadas e que não deveria ser tão difícil assim falar com ela. Respira fundo, balanço a cabeça involuntariamente.  

—É... bem está quase no horário do almoço e... você ainda não deve estar totalmente familiarizada com a região, então... se não tiver planos, gostaria de almoçar comigo? Praticamente prendo minha respiração esperando sua resposta.

— Bem Steve. Posso te chamar de Steve não? Eu confirmo acenando com a cabeça- Infelizmente hoje não posso, ainda não terminei de organizar as coisas da mudança e daqui a pouco tenho que correr com a Sarah para deixa-la na creche e de lá ir para o trabalho.

Fico um pouco desapontado, mas curioso também. - Sarah? Quem é Sarah? Pergunto surpreso.

— Ah, é minha filha. Ela está dormindo agora, mas qualquer dia desses você pode conhece-la.

Muito bem Steve, dando encima de uma mulher casada. Penso me reprimindo. - Eu adoraria. Sorrio. - Bem, acho melhor eu não atrapalhar mais a sua arrumação. O almoço fica para depois, se ainda quiser. Se ainda quiser? Está doido Steve? Continuo me dando sermões.

—Claro.

— Mas...seu marido não vai se importar, não é? Fala meio sem graça, porque é claro que o ele iria se importar. Se controla, Steve. Não faz besteira.

—Marido? Ah, não. Só há eu e a pequena Sarah. Nós duas contra o mundo, se é que você me entende. Fico aliviado no primeiro momento.

—Ah, tudo bem. Então até. E qualquer coisa você sabe onde me encontrar.

Helena era mãe solteira, e na minha época mulheres como ela não eram bem tratadas em nossa antiga sociedade, acho que isso ainda ocorre de algum modo hoje. Mas quer saber? Eu não me importo. Isso não quer disser nada sobre ela, não é maior do que a pessoa que ela possa ser, e eu além disso eu estou em outro tempo, e mesmo que não estivesse não sou obrigado a seguir algo que eu não concorde, eu era neutro naquele período, mas não gostava de como os outros tratavam mulheres como Helena naquela época.

 Volto para meu apartamento e fico ouvindo um disco de vinil que ganhei de Sam. Espero até a hora de ir para Shield e quando pego o elevador, reencontro Helena.

—Pelo que vejo, vou conhecer a Sarah mais cedo do que pensei. Aperto de leve a bochechinha dela que automaticamente solta uma curta gargalhada e cobre o rosto com suas mãozinhas demonstrando vergonha. Fico olhando encantado para aquele pequeno ser.

—Acho que ela gostou de você. Helena fala com uma mão na boca como se estivesse sussurrando um segredo, e Sarah fica olhando para mim e para Helena como se estivesse entendido.

Minha pequena viagem no tempo acaba e eu volto a olhar Sarah dormindo. Eu pego seu coberto que está jogado no chão e a cubro.  Ela se meche um pouco, mas não acorda. Beijo sua testa e vou dormir também.

Acordo em um local estranho, estou deitado em alguma cama, em algum tipo de quarto de hospital. Devo estar sonhando.

—Hora, hora se a bela adormecida não acordou. Como se sente? Vejo uma mulher familiar entrando.

—Eu...parece que tem umas cem toneladas encima do meu corpo. O que aconteceu? Eu sofri algum acidente? Escuto a voz de Helena falando em vez da minha própria voz. É como se eu estivesse dentro dela, vendo tudo através dos seus olhos.

—Ah, não se preocupe, isso deve ser efeito do sonífero. A mulher fala calmamente. –E não, você não sofreu nenhum acidente, eu que te sequestrei na verdade.

—Isso é algum tipo de piada? Pegadinha? Onde estão as câmeras?

—Pobrezinha, ainda está desorientada. Deve estar completamente sem noção. Ela se aproxima e passa a mão pelo meu rosto. –Mas não se preocupe minha preciosa Helena, te explicarei tudo. Lembra de Aldrich Killian?

—Sim. Ele está...preso. Faço uma expressão de surpresa e ela sorri novamente.

—Pois então, foi porque eu armei para ele. Aquele babaca não queria que ninguém tocasse em um fio de cabelo seu e acabou não me autorizando em meu pequeno projeto pessoal.

—Ele nunca quis...

—Te machucar? Claro que não. Ele praticamente me ameaçou de morte quando falei que você seria minha cobaia perfeita.

—Mas haviam fotos e dados meus com ele, quando ele foi preso. Falo com terror na minha voz.

—É claro que tinha, como ele poderia ser incriminado sem tudo isso? Mas enfim, meu plano começou um pouco antes disso.

Consigo acordar daquele sonho. Estou confuso porque aquilo parecia mais do que um sonho, parecia...real. Sinto uma pequena mãozinha na minha bochecha. É Sarah.

—Agora você sabe a verdade pai. Minha mãe não está morta.


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Notas finais do capítulo

Como sempre espero que tenha gostado do capítulo e que não tenham pensando que estou usando substâncias ilegais quando coloquei essa ceninha da Sarah. Ela é uma mutante não só por parte de mãe...e já respondendo também, John não é mutante, mas ele é pai dela mesmo (Isso será explicado depois).
Sobre a atualização da fic, eu não gosto quando demoro para fazer isso, mas nem sempre estou conseguindo encontrar condições para escrever.

Bjs e até o próximo.



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