Já estava cansado só de passar o dia inteiro trabalhando nos bombeiros. Não que não gostasse do seu emprego, ele amava o que fazia, mas não podia negar que aquele certo tipo de rotina era bem desgastante.

E ficava mais cansado ainda quando pensava que iria chegar em casa e encontrá-la parcialmente bagunçada, com latinhas de cerveja jogada no chão, uma televisão enorme sendo ocupada com filmes violentos num volume alto, e um babaca moreno de cabelos azuis, jogado no sofá que provavelmente estaria dormindo.

É, morar junto com uma pessoa pode ser maravilhosos em alguns momentos. Alguns...

-Ele tinha mesmo que ficar de folga justo hoje? –Resmungava o ruivo ao chegar na porta de sua casa e puxar as chaves para abri-la. Aomine Daiki, seu atual namorado com quem estava junto á anos e decidiram ter uma vida de noivos morando juntos, havia tirado alguns dias de folga da polícia. E acredite, ter aquele cara de folga, era como ter uma criança em casa. E Kagami não gostava muito de crianças.

-Chegu-... Hm?

Foi interrompido ao chegar em sua casa quando percebe que a sala, onde esperava que estivesse um caos, estava razoavelmente ‘normal’. Ok, tinha algumas latinhas no chão, assim como esperava, mas ainda assim, estava organizada!

-Oe, Kagami! –Escuta a voz do moreno vindo da cozinha.

Cozinha.

Cozinha...

Kagami sente um frio na espinha ao imaginar o mesmo na cozinha. A cozinha para Kagami era o seu santuário! O lugar onde se sentia bem em cozinhar. O ruivo gostava de cozinhar.

-O que faz aqui? –Taiga chega na cozinha e o olhar com os olhos estreitos soando frio.

-Oh, oi. Eu to preparando o nosso jantar.

-Por quê está inventando em preparar o nosso jantar? Sou eu que cozinho nessa casa!

-Ok, mas eu to fazendo algo diferente, ué! Qual o problema em cozinhar alguma coisa?

-Mas você não sabe.

-Cozinho melhor que Satsuki. –Retruca o moreno.

-Qualquer um cozinha melhor que a Momoi!

-Me deixa em paz, Kagami. Está tudo sobre controle.

-O que está cozinhando?

-Panquecas.

-Aomine, calma... Largue a panela e se afaste com cuidado do fogão, ok? –Kagami agia como se fosse um policial na frente de um criminoso com refém, dizendo: “Largue a arma e se afaste da vitima com cuidado... Calma...” O que era mais ou menos isso.

-Mas...

-Vai botar fogo na minha cozinha! Eu não confio em você cozinhando, Aomine!

Daiki se sente um pouco ofendido.

-Você não presta pra nada! Só presta pra trabalhar e pra transar. Só. –Disse Kagami um pouco desesperado ao ver Aomine com o fogão ligado e com a frigideira na mão.

Daiki que já estava ofendido, sente um tique, uma veia saltar pela testa.

-Como assim só presto pra transar e trabalhar? Sei jogar basquete também, ok? Melhor que você, aliás!

-Sai logo da porra da cozinha!

-Não!

Como se fosse um desafio, Daiki permanece na cozinha e continua a fazer suas panquecas, que visualmente até que estavam boas, mas não se sabe o gosto. Kagami chega perto segurando os braços do moreno impedindo de ele continuar a fazer a comida, e o mesmo tenta o tirar de perto de si. Uma pequena briguinha se inicia na cozinha. Eram dois idiotas.

Aomine que era um pouco mais alto e mais forte, consegue afastar Kagami brevemente de si, e faz uma coisa que todo chefe de cozinha faz ao preparar uma panqueca, e que inclusive estava morrendo de vontade de fazer já que viu aquilo na TV. Ele pega a frigideira e impulsiona a massa da panqueca pra cima, mas acabou fazendo isso com força de mais e a panqueca bate no teto e não teima em descer.

Aquilo ficou grudado que nem chiclete. Um “plék” se escutou quando a massa bateu no teto.

Kagami e Aomine estavam olhando pra cima com uma cara digna de piada. Desacreditados.

Como era possível?

Aomine puxou Momoi no quesito em cozinhar.

O moreno que já estava com uma gota visível na lateral de sua cabeça, apenas abaixa a cabeça e tira o avental que estava usando e entrega a Kagami, deixando a frigideira no fogão.

-Macarrão. –Disse Aomine.

-Quê?

-Apenas faça macarrão.