Viajantes - O Príncipe de Âmbar [HIATUS] escrita por Kath Gray


Capítulo 22
Capítulo XXI


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, quero deixar claro que esse é só um esboço. Eu quero saber a opinião de vocês a respeito de se esse capítulo deve entrar para o livro ou se devo refazê-lo (não estou muito certa quanto a isso).
Não fiz o banner por a) estar me concentrando em fazer os próximos capítulos (já tenho até o XXIII, mais ou menos; só não postei por incerteza) e b) apenas duas pessoas me disseram que gostaram. Quero saber a opinião dos outros.
Bom, fiquem aí com mais algumas explicações de como funciona esse meu mundo doido ♥



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— Dean, pelo que gostaria de começar?

Era cedo, mas não tão cedo quanto eles haviam acordado nos últimos dez dias. Estava naquela parte da manhã em que o sol parecia ainda mais claro do que viria a ser mais tarde, quase mais branco. Ele jogava sobre o gramado próximo às ruas de pedra uma brilhante luz branco-amarelada que dava vontade de sair para tomar sol.

Katherine estava sentada ao pé da estante, em cima apenas de uma almofada de cor vermelho-alaranjada já meio desbotada e desgastada pelo uso, mas de aspecto ainda macio e confortável. Ao seu lado, uma pilha de livros meio torta e bagunçada, cada qual maior e mais misterioso que o outro. Um dos livros já estava aberto sobre seu colo; era um volume surpreendentemente grande e de aparência pesada de capa vermelho-escura, meio puxada para o vinho.

Dean ajeitou-se ao seu lado, sentando no chão nu. Mesmo a almofada sendo relativamente grande, Dean ainda ficava um pouco mais alto do que a garota se sentado ao lado dela.

— Ahn... não sei - respondeu ele. - O que você sugere?

A garota pensou um pouco.

— Bom, é difícil escolher. Há várias coisas interessantes neste mundo.

— Ei, por que você não começa pelas energias primárias? - sugeriu Elliot, sentado com as pernas cruzadas em cima de uma mesa encostada na estante do outro lado do corredor de livros, a poucos metros de distância.

— Boa ideia! - concordou Kath. Então, virou-se para Dean. - O que acha?

— Parece interessante - concordou ele, curioso. - O que é isso?

— Certo. Primeiro, você já deve saber que... ahn? O que foi?

Dean não conseguia deixar de olhar para o livro nas mãos de Kath. Mesmo não sabendo nada de arte, os símbolos elegantes e graciosos prendiam sua atenção, mas sua alienação quanto ao que as escrituras diziam trazia a seu rosto uma expressão um pouco confusa ou transtornada.

Katherine demorou só um instante para entender o que estava acontecendo.

— Você... não consegue ler?

— Ahn... eu deveria?

— E por que não?

Dean não entendeu a resposta.

— Você... sabe que eu nunca vi isso na minha vida, né? - disse ele, cuidadoso. - De onde eu venho, as pessoas levam anos para aprender línguas. Não é como se eu pudesse pegar um livro em uma língua estranha do nada e de repente aprender a lê-lo... - então, deu-se conta do que tinha dito. - Quer dizer, não que seja estranha... é uma escrita muito bonita e...

— Dean - interrompeu ela. - Na escola, você tinha facilidade para aprender outras línguas, certo?

Dean tentou se lembrar das aulas de inglês. Fazia menos de um mês, mas parecia que um tempão havia se passado desde sua última aula.

— Ahn... acho que sim. - respondeu ele, hesitante. - Por quê?

— É porque é natural para você - respondeu a garota. - Quando chegou aqui, você não precisou de um instante para conseguir conversar com todo mundo, não é?

— Acho que sim, mas... - ele não entendia onde ela queria chegar.

— Deaniel, você realmente acha que todos nós falamos a mesma língua que você?

Foi como um choque de realidade.

Aquela era uma dimensão paralela milhares - milhões - de anos mais velha que a dele. E, a despeito disso, ele realmente pensara que a língua que eles falavam e a que ele falava eram a mesma? Como ele nunca estranhara conseguir se comunicar tão bem com pessoas de uma realidade tão diferente da sua?

Quando falou, sua voz saiu rouca.

— Como isso é possível? - perguntou.

— Os Viajantes são pessoas capazes de Viajar através dos Domos com a ajuda da Imperatriz. - explicou Kath. - Isso acontece porque temos uma conexão mental subconsciente com ela desde o nascimento. Os nossos Protetores são a personificação dessa conexão na forma de energia. Por estarmos todos conectados a ela, consequentemente também estamos conectados, mesmo que indiretamente. Todo o conhecimento que acumulamos durante a vida passa, em parte, para a Imperatriz, que, por sua vez, se responsabiliza por retransmiti-lo quando necessário. A nossa facilidade para aprender novas línguas naturalmente é fruto do cruzamento dessas informações somado ao hiperdesenvolvimento e estímulo específicos na parte do cérebro relacionada à compreensão de linguagens e comunicação que são naturais a um Viajante.

Dean sentia que a explicação devia ser demasiado complicada para que pudesse compreender, mas, por algum motivo, tudo o que ela dizia parecia estranhamente lógico.

Katherine continuou.

— Por causa dessa habilidade nata, a maioria dos Viajantes compreende as novas formas de linguagem com que se depara praticamente sem perceber. Mas, na maioria das vezes, eles também compreendem a escrita com naturalidade. É raro ver alguém que consegue uma coisa, mas não outra... - por um momento, ela olhou-o com algo semelhante a curiosidade, deixando-o desconfortável. Achando graça da reação, ela retornou à explicação. - Bom, primeiro temos que descobrir o porquê de você não estar conseguindo ler. Qual é a primeira coisa que vem à sua cabeça quando vê isso?

Ela indicou a página com a mão, em um gesto vago.

— Eu... ãh... - Dean tentou falar, mas as palavras não saíam. Era como quando a pessoa pergunta para você qual é o seu nome ou por que dois mais dois é quatro; a pergunta era tão simples que chegava a ser complicada. -... ãhn... complicado?

— Certo. E por quê? - perguntou a garota. Seu tom inquisitivo, mas incentivador, lembrava vagamente os professores com que já estudara quando tentavam ensinar um aluno com dificuldades e queriam dizer que ele estava no caminho certo.

— Porque... parece difícil de fazer - respondeu ele. Depois de falar, ele se sentiu meio bobo pela resposta.

A garota torceu a boca.

— Hm... isso não quer dizer nada. Letras também podem ser complicadas nesse sentido... - ela falou consigo mesma, como que pensando em voz alta. Então, tornou a olhar para Dean. - Bom, e o que mais?

— Ahn... bonito...? - Dessa vez, a afirmação saiu em tom de pergunta.

É ISSO!

A exclamação foi tão inesperada que chegou a assustá-lo.

— Você disse que isso é bonito, não é? - disse ela, enérgica. - É por isso que não consegue ler. Você não enxerga isso como uma linguagem: enxerga como uma arte!

— Certo. E... como eu resolvo isso? - perguntou Dean, meio incerto. Na verdade, estava um pouco perdido na explicação.

— Você tem que parar de enxergar esses traços e espirais como desenhos - respondeu a garota. Agora que sentia que finalmente conseguia ensinar alguma coisa ao novato, ela parecia extremamente entusiasmada. - Quando faz isso, ainda mais quando no seu mundo nem sempre a arte é uma forma de expressão, a parte do cérebro que se relaciona com a compreensão de linguagens não se ativa. Você tem que deixar de enxergá-los como desenhos e passar a enxergá-los como letras!

Lentamente, o que ela dizia começou a fazer sentido para Deaniel, como um quebra-cabeça lentamente tomando forma.

— E como eu faço isso? - perguntou ele.

O sorriso que ela lhe lançou não o deixou muito animado quanto à resposta.

Muuuita prática!


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Notas finais do capítulo

Curiosidades:
— De longe, o olho de Katherine parece negro, e é por isso que eu o descrevo assim. Mas na verdade ele é castanho escuro; o principal motivo dessa aparência é o contraste da cor já naturalmente escura com o brilho que está sempre presente em seu olhar.
— A cidade natal de Dean, Saint Laurel, aparece em outra história minha. Eu já tinha falado que os mundos semelhantes são, muitas vezes, distantes, e essa é uma dessas situações. Na história que pretendo escrever, um livro de terror de nome Saint Laurel - A Cidade Fantasma (talvez sem a segunda parte do nome), o Domo dos personagens participa de um fenômeno em que diferentes Domos se cruzam. Isso bagunça o Tempo, que é uma das energias mais frágeis e inconstantes da natureza, e faz com que os espíritos dos seres vivos que lá morrem fiquem presos pela eternidade, até enlouquecerem e desaparecerem. Enquanto tentam fugir, um grupo de jovens que se envolveu em um acidente em um ônibus escolar e acabaram parando lá é atacado por inúmeros espíritos de aspecto sinistro e aterrorizante, mas também por coisas como espíritos de árvores mortas e dinossauros, todos atormentados pela imortalidade da alma e a eternidade.
— Esse fenômeno do 'cruzamento de Domos' vai ser muito importante do segundo arco da saga Viajantes, de nome As Crônicas de Ágatha, onde a protagonista, sem poder para evitar os próprios fenômenos, vai ter que impedir a destruição de Domos inteiros pelo choque de culturas. A primeira saga, das Crônicas de Katherine, terá nove livros, e a segunda, cinco.
— Como brinde pela demora, eu vou responder uma pergunta de cada um nos comentários, desde que não ache muito 'spóiler'. Nesse caso, vou inventar algo para falar XD
Divirtam-se!



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