Mesmos erros? escrita por Sophia Snape


Capítulo 7
Amor


Notas iniciais do capítulo

AAAAAAAAAAA chegamos no fim, amad@s! Foi uma experiência incrível escrever "Mesmos Erros?", acho que desenvolvi muito a minha escrita por causa dela. No princípio seria uma one shot, e aqui estamos... sétimo capítulo. E que capítulo! haha Longuíssimo, mas vocês merecem. Até pensei em dividir, mas eu e Daniela Teixeira (maravilhosa) achamos melhor manter assim. Ah, e voltem para o epílogo.
No mais, espero que gostem.
Com muito, muito amor!



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Severo ouviu a voz irritante gritar um “Eu atendo!” antes da porta se abrir, e como ele previu, foi um choque.

— Professor Snape?

— Não mais, graças a Merlin. – Severo suspirou, impaciente.

— Professor Snape? – fora a vez de Gina exclamar.

— Merlin. – praguejou, pensando que tinha sido uma péssima ideia pedir ajuda a Potter.

— Por favor, entre! – Gina convidou, cutucando Harry para dizer alguma coisa.

— Er... claro, entra. – Harry e Gina trocaram olhares quando Severo aceitou o convite e entrou, parecendo deslocado.

— Posso oferecer um chá? Café? - Gina perguntou educadamente, curiosa e apreensiva pela presença do seu ex professor.

Severo acenou negativamente, incerto de como começar.

— É sobre Hermione. – ele finalmente disse.

— Aconteceu alguma coisa com ela? Ela está bem? – Harry perguntou, alarmado.

— Não, não. Não é isso. Ela está bem. Eu é que... bem – e de repente o colarinho ficou muito mais apertado, e a sala menor do que realmente era. Como ele iria dizer isso?

— Sim... – Gina incentivou – Senhor, está nos deixando preocupados. O que aconteceu?

— Encontrei com Hermione ontem à tarde e nossa conversa terminou de uma maneira... – Severo fez uma careta.

— Quão ruim? – Harry suspirou.

— Muito. – Severo coçou a nunca, andando nervosamente pela sala. – Fui até a casa dela mas não consegui encontrá-la. Melhor, ela não quis me receber. Enviei corujas e também não obtive respostas, mas preciso muito conversar com ela. Só gostaria de saber se... Bem, você poderia dar um recado a ela? – Severo finalmente perguntou, fazendo Harry e Gina se olharem em choque antes de assentir freneticamente.

— Claro, claro! Nós... passamos o recado, claro. Não é, Harry? – a expressão de Gina não dava escolha.

— Sim... sim, claro. Qual o recado, senhor?

Harry e Gina olharam em expectativa para o homem todo de preto parado na sala do Grimmauld Place. Ele parecia totalmente vulnerável e desesperado, e Harry sabia que se ele estava fazendo aquilo era porque Hermione tinha mais do que lugar na sua vida. Tinha no seu coração também.

— Diga que não posso ser amigo dela porque eu... – ele engoliu em seco antes de continuar – porque eu me apaixonei por ela. E que sinto muito por isso. Não pretendo incomodá-la novamente.

Gina ficou animada e perplexa com a confissão, resistindo a vontade de bater palmas e dar pulinhos pela sala. Harry estava chocado de mais para expressar qualquer emoção, olhando fixamente para Severo como se tivesse lhe crescido duas cabeças. Finalmente eles olharam um para o outro antes de Harry se manifestar.

— Acho que podemos fazer melhor. – ele finalmente disse, um plano nada perfeito se formando na sua cabeça.

— Como? – Severo deu um passo involuntário para frente.

— Você deve dizer isso a ela pessoalmente. – Harry disse.

— Sim, Potter, eu sei. – ele revirou os olhos, impaciente – Acontece que ela não fala comigo.

— Mas se vocês tivessem que ficar frente a frente ela não teria escolha. – Gina sorriu maliciosamente, captando a ideia de Harry.

— E como fariam isso sem ela desconfiar?

— Não se preocupa, daremos um jeito. – Harry tranquilizou – Mas você vai precisar ir ao baile.

Severo estava relutante em fazer parte de um plano elaborado por ninguém menos que Harry Potter, mas o que ele poderia fazer? Hermione não falaria com ele, e ele estava se lixando para o seu orgulho a essa altura.  

— Tudo bem. – concordou – Eu vou ao maldito baile. Minerva estava me perturbando para ir, de qualquer maneira.

— Ótimo! – Gina não conseguiu se conter.

— Não acredito que estou fazendo isso – resmungou Severo, massageando a têmpora. – Mas escute bem, Potter, só quero a oportunidade de conversar com ela, e não um show público disso.

— Jamais faria isso com Hermione, Snape. E nem com você.

— Senhor, vai dar tudo certo. – tranquilizou Gina – Confie.

E sem dizer uma palavra, apenas acenando com a cabeça, ele desaparatou.

...

Hogwarts estava a todo vapor para o baile anual da Vitória. Encantos voando de um lado a outro enfeitavam o Grande Salão. Vários professores, alunos e ex alunos ajudavam nas tarefas, trazendo um clima familiar e de contentamento puro para as paredes frias do castelo. Mas o humor de Severo Snape não era nada senão terrível, e não melhorou quando Harry Potter e Gina Weasley apareceram para dar-lhe pessoalmente o recado de que haviam conseguido convencer Hermione a aparecer na festa. E isso depois de terem ficado quase uma hora trancafiados com Minerva na sala da direção. Eles certamente planejaram algo juntos, como havia sido combinado, mas Severo não tinha muita certeza se realmente queria saber de todos os detalhes.

E embora ele nunca mencionasse, ficara genuinamente surpreso com os trejeitos sonserinos da menina Weasley, e ele se perguntara, curioso, como diabos ela havia convencido Hermione a aparecer.

— O chapéu seletor cogitou me colocar na sonserina, sabe – Foi o que ela respondera, sorrindo orgulhosa de seu próprio feito ao deixar um Harry Potter totalmente boquiaberto para trás.

— Não me diga que nunca desconfiou, senhor Potter. – estalou Minerva, pouco antes de desviar sua atenção – Não, não, não, Sr. Flitwick, eu disse a você na reunião de ontem que não usaríamos essa parede. – sua voz firme ficou distante enquanto apenas Potter e Snape ficaram para trás.

— Devo me preocupar com o que vocês três planejaram? – Severo quebrou o silêncio.

— Não – Harry sorriu – Não precisa. Somos pessoas sensatas, sabe. – provocou, fazendo Snape bufar. – E além do mais, já fizemos a parte mais difícil, que era convencer Hermione.

— Touché. – Severo disse simplesmente, antes de sair do Grande Salão com suas vestes ondulando.

—  Do que está rindo? – perguntou Gina, curiosa.

— Sabe que conversar com o Snape é até divertido? – Gina gargalhou, daquele jeito que sempre deixava Harry completamente alucinado. – Você está bem, Harry Potter? – ela levou a mão até a testa dele, brincando.

— Quero que os dois sejam felizes. – Harry deu de ombros.

— Eu sei, amor. – Gina sorriu para ele, roubando um selinho. – Já falei com o Hagrid sobre liberar a Torre Oeste.

— Tudo certo, então?

— Esperamos que sim. – ela sorriu, entrelaçando sua mão na dele. – Apenas duas coisas podem acontecer: eles não se entenderem e Hermione...

— Nos matar.

— Ou... – ela continuou – dar muito certo e eles nos agradecerem para sempre.

...

— Hermione! – Arthur cumprimentou, abraçando-a, seguido por Molly.

— Querida, você sumiu! Não desapareça assim, sentimos sua falta. – repreendeu suavemente – E olha como está magrinha! Não está, Arthur? Não está estudando muito, não é? Ronald disse que você só sabe trabalhar.

— Mãe, deixa a Hermione respirar. – Rony disse, abraçando a amiga.

— Tudo bem, Ron. – tranquilizou ela – Vou continuar minha pesquisa em Oxford agora, Molly, então prometo visitá-los mais vezes. – Hermione sorriu, feliz por reencontrar todos os seus amigos. Ela realmente sentira ter ficado tanto tempo fora.

Várias pessoas cumprimentaram Hermione, e ela sequer teve chance de respirar. Luna, Minerva, Hagrid, Kingsley, Neville, Padma, Remo, Tonks... Todos que ela amava estavam ali. Exceto Severo. Gina havia dito que ele não estaria, mas internamente Hermione desejava vê-lo novamente. 

— Hey... Está tudo bem?

— Oi, Harry. – ela sorriu – Está sim. Ron não está com você?

— Parou para comer. – Hermione revirou os olhos. 

— Claro que ele parou. – ambos riram, olhando para os rostos sorridentes ao longo do salão.

— Hey, que tal andar pelo castelo. – Harry sugeriu depois de um tempo.

— Como nos velhos tempos? – Hermione se empolgou.

— Como nos velhos tempos. Até a Torre Oeste?

— Que tal a Torre da Astronomia? – Hermione sugeriu.

— Provavelmente tem algum casal adolescente aproveitando que os professores estão distraídos.

— Hum. Tem razão. Mas a Torre Oeste é gelada, Harry. – reclamou, mas Harry fingiu não ouvir.

— Vou procurar Rony e encontramos você lá. – gritou, sumindo entre os grupos de pessoas.

— Ah, Hermione, por que foi concordar com isso? – mas antes que ela pudesse desistir, viu pelo canto do olho que Minerva caminhava veloz na direção dela, provavelmente para fazer mais um milhão de perguntas sobre Severo, e ela simplesmente não podia encarar essa. Não naquele momento. E assim que ela escorregou pelas sombras para fugir da diretora, Minerva parou e sorriu.

O plano tinha dado certo.

...

Hermione passou pelos corredores do castelo tentando não pensar nos meses que passara trabalhando com Severo. Era muito doloroso. Ela só havia concordado em ir ao baile porque Gina fizera chantagem emocional contando sobre todos que estaria lá e desejavam vê-la. E porque havia garantido que Severo não estaria.

Ele tinha tentado entrar em contato com ela incansavelmente nos últimos dois dias, e por mais que estivesse se sentindo tola e imatura, não conseguia olhar para Severo. Simplesmente não podia vê-lo. Não depois do que acontecera. Do “não” impassível dele. Como podia ter se enganado tanto? Ela não esperava por isso. Achava que Severo valorizava a amizade deles, mas pelo visto não era o caso. Então porque ele a beijara naquela noite meses atrás? Não fazia sentido. A conclusão que chegara era que certamente fora um impulso da parte dele, e essa conclusão doera mais que ser deixada no corredor. Mas ela estava disposta a deixar para lá, e esconder seus sentimentos bem fundo em seu peito, se isso significasse ter a chance de voltar a falar com ele. Mas ele negou isso, e ela não sabia como poderia encará-lo novamente. Doeria demais e...

— Merlin, Hermione! – Ela praguejou para si mesma quando percebeu que já estava na Torre Oeste – Você realmente precisa para de pensar nisso e seguir em frente.

Um vento gelado entrou por uma das janelas e ela instantaneamente se abraçou em busca de calor. Era início da primavera, mas o ar frio do inverno ainda brigava por lugar na noite.

— Onde estão Harry e Rony? – reclamou, murmurando um feitiço de aquecimento. – Melhor.

A vista da Torre Oeste era tão deslumbrante quanto todas as outras do castelo, mas era bem menos frequentada por ser mais fria que outras partes do castelo, e por ter acesso apenas pelo corredor do quarto andar.  Exceto pelo som de algumas corujas, era muito calmo e silencioso, relaxante. Era bom. Hermione inspirou o ar frio da noite, olhando para o pátio, e então seu coração parou.

O vento bateu e ela imediatamente sentiu. Aquele cheiro, aquela mistura. Era Severo.

— O que você está fazendo aqui? – Hermione perguntou, não ousando se virar para ele. Severo não respondeu por um momento, incerto sobre como começar.

— Precisava falar com você. – ele respondeu simplesmente.

— Harry e Ron vão chegar a qualquer momento e... – ela parou por um momento, finalmente olhando para Snape. – Vocês planejaram isso?

— Você não me atendia. Não tive escolha.

— E o que exatamente você quer falar comigo, Severo Snape? – a voz dela era cama, mas sem vida –  Você não deixou bem claro que nossa amizade acabou?

— Eu não quis...

— Sim, você quis! Você disse claramente no café. Então é isso? Vamos nos cumprimentar como estranhos e pular a parte onde nos tornamos amigos por meses? Não vou mencionar a parte do beijo, porque aí sim é capaz de você fugir para o mundo trouxa e não voltar mais.

— Hermione. – ele tentou se aproximar dela.

— Não – ela o fez parar onde estava – Agora eu vou falar. Foram meses de tortura, tentando entender o que tinha dado tão errado para pararmos de conversar de um dia para o outro. E agora que está aqui não volto atrás. – ela respirou, sentindo as lágrimas caírem – Eu sinto a sua falta. Sinto falta de conversar com você, dos seus comentários irônicos. Sinto falta do nosso chá no meio da tarde. Droga, Severo, sinto a sua falta.

Com os olhos fechados Hermione só pode sentir que ele se aproximou dela, até sentir os dedos ásperos limpando suas lágrimas.

— Hermione – sua voz estava trêmula, seu coração disparado. O olhar castanho estava aberto em espanto e expectativa agora, os lábios entreabertos como se quisesse perguntar alguma coisa, mas não conseguisse. – Eu...

— Sim – ela encorajou, aproximando seu corpo do dele sem se dar conta.

Eles estavam tão perto agora... quase tão perto como naquela noite meses atrás. E estar tão perto colocava tudo numa outra perspectiva. Uma em que nada importava se eles estivessem jutos, que tudo fazia sentido, como se somente agora o mundo deles estivesse entrando nos eixos. A noção de complemento era tão palpável entre eles que nada tinha importância. Havia uma música distante vinda do salão, e eles tinham uma vaga noção da melodia.

— Você acha que não me importo com você? Que eu não sofri durante o tempo que ficamos separados?  – seu olhar era tão intenso e sua expressão tão impassível que Hermione quase deu um passo para trás, a força da sua magia e da dele tremulando no espaço entre eles como que desejando se fundir. – Quando Minerva e os outros professores falam sobre você meu coração se parte. Cada vez que eu ouvia seu nome meu coração dava um salto, e eu tinha que fingir que não me importava, que era indiferente, porque achava que uma mulher como você nunca poderia me amar de volta, e que ter a sua amizade já era muito, e que se eu desejasse mais poderia estragar o que tínhamos e... – fora ele quem se afastara dessa vez, escondendo seu rosto atrás da cortina lisa de cabelos negros – eu não poderia suportar isso. Eu não...

— Severo – sua voz estava trêmula de emoção, lágrimas escorriam pelo rosto dela sem que precisasse esconder.

— Eu não posso mais esconder, Hermione – sua voz era baixa agora, quebrada. O cabelo negro escondia parcialmente o rubor em seu rosto, e o coração de Hermione apertou com a visão. “Esse homem realmente existe?” Ela se perguntou vagamente.

— Você não precis...

— Preciso, sim – ele a interrompeu, encontrando seu olhar. – Você precisa saber a mulher incrível que é, Hermione, e como qualquer homem da Terra teria sorte em tê-la. Sinto muito se estraguei nossa amizade, mas eu prometo que não tocarei mais nesse assunto. Nunca mais. E...

— Você pode, por favor, calar a boca? Só um instante? – Hermione disse, sorrindo. Ela amava aquele homem!

— Desculpe. – disse, um pouco confuso e envergonhado, abaixando o rosto para não encarar a rejeição que estava certo que viria.

— Severo – sua voz era quase um sussurro, embargada pela emoção do momento. Seus dedos delicados tocaram o rosto dele e o fizeram olhar para ela. Hermione sorriu e chorou, fechando os olhos para tentar acalmar seu coração. Quando abriu, os olhos escuros dele a fitavam num misto de medo, insegurança, curiosidade e amor, muito amor. – Você entendeu tudo errado. Foi tudo um grande mal entendido. Eu fui embora porque... porque achei que você nunca seria capaz de olhar para mim como eu queria. De ver além da aluna, além da irritante sabe tudo. Fui embora porque eu me apaixonei por você, e não suportava tê-lo tão perto e não poder tocar em você, beijar você... fazer amor com você.

A expressão de Severo era de puro choque, e ele não se importou em mostrar isso. Então Hermione Granger estava dizendo que retribuía o sentimento? Ele devia ter entendido errado. Era muito para assimilar.

— Hermione... você não está dizendo... você gosta de mim?

— Não, Severo. Eu amo você. Amo tanto... tem essa força aqui dentro – ela apertou o coração – que me leva até você, que acelera quando você fala comigo. Eu fui embora porque não sabia lidar com tanto sentimento, com medo que eu pudesse revelar tudo e arruinasse a nossa amizade.

— Eu não... não entendo. – Hermione nunca achou que veria o dia em que Severo Snape perderia completamente as palavras. Ela quis rir disso, mas descobriu que não conseguia. Tudo que conseguia era olhar para o rosto em choque daquele homem impossível e teimoso e maravilhoso na frente dela. E então ela foi tomada pela vontade súbita de beijá-lo, como acontecia todas as vezes em que se estava perto dele, mas a diferença é que agora ela podia. Ela finalmente podia! E então ela fez.

Hermione beijou Severo, e poucos segundos depois ele estava beijando-a de volta, trazendo-a para si, abraçando-a, segurando nela como se o momento fosse passar. Como se a vida dele dependesse disso. E na verdade, dependia. Dependia porque os meses que ele passara sem ela tinham sido terríveis, uma mistura insossa de rotinas vazias. O mundo sem ela era como voltar a viver nas masmorras nos dias solitários de espião duplo. Não, ele simplesmente não podia voltar a viver assim depois de ter estado com a presença cheia de vida que era Hermione Granger, sempre falante e brilhante, inteligente e sentimental, intensa. Tudo nela era profundo e ele se viu cada vez mais atraído pelo sentimento de pertencimento que se apoderava dele quando estavam juntos. E beijá-la... Era simplesmente o paraíso!

Eles tiveram que se separar para respirar, as testas coladas, as lágrimas se misturando, a sensação de completude preenchendo-os e a alegria de estar apaixonado aquecendo seus corações. Hermione não sabia se ria ou se chorava, e Severo ainda estava visivelmente tonto pelo choque, e um tanto tímido por ter se desnudado tanto para ela.

— Eu amo você, Hermione. – era a única coisa que sentia ser capaz de falar naquele momento.

— E eu amo você, Severo. Tanto... – ela podia ouvir o coração dele batendo forte, e tudo que queria fazer era se enroscar ainda mais nele e não sair nas próximas semanas.

— Nós fizemos uma confusão de tudo, não é? – ele sussurrou depois de um tempo, seu queixo descansando na cabeça dela, sentindo o perfume de seus cachos.

— Sim – Hermione riu – nós fizemos. Estou apavorada só em pensar que poderíamos nunca ter tido essa conversa.

— Não pense nisso – ele a abraçou ainda mais forte, mau suportando o pensamento ele mesmo – Estou bastante feliz que Minerva e Potter se intrometeram, admito.

— E a Gina. Tenho certeza que ela também está metida nisso. Mas estou com vontade de abraçá-los agora, e dizer muito obrigada por terem interferido.

— Eu fui um idiota... – Severo suspirou, e Hermione rapidamente saiu do abraço dele para olhá-lo firmemente nos olhos.

— Não diga isso. – pediu – Não tinha como você saber o que eu sentia. Eu mesma fiz uma confusão disso tudo... mandei todos os sinais errados e...

— Não. Eu que sou completamente inábil para qualquer tipo de relação e agi feito um idiota por tê-la deixado naquela noite.

— Isso não importa agora – ela sussurrou, alcançando os lábios dele com a ponta dos dedos.

— Hermione... – a voz dele estava trêmula, e apesar dos inúmeros sentimentos e sensações que que o acometeram naquela noite, este ele sabia identificar. Era desejo. Severo não precisava mais fingir, não precisava mais esconder. Ela estava ali agora, completamente entregue a ele. E ele a ela.

— Severo... – Hermione sussurrou de volta, se entregando ao carinho da mão dele acariciando seu rosto, tocando seus lábios. Ela o queria. Ela precisava que ele a segurasse e a levasse consigo para onde quer que fosse, para tirar todas aquelas peças irritantes de roupas e sentisse, finalmente, como sua pela reagia a dele, como seria ter todo o seu corpo entregue às mãos habilidosas dele. E então... – Faça amor comigo, Severo.

Ela abriu os olhos e encontrou os dele, e sua resposta estava ali. Ele faria amor com ela. Ele a levaria dali, de onde as gotas de chuva começavam a cair, e tiraria cada peça de roupa, a desnudaria para ele, tocaria seu corpo, e amaria. Ele a amaria. Para sempre.

— Sempre. – disse, ao mesmo tempo em que a trazia para o seu colo, ouvindo o grito de surpresa dela e sua risada sonora, felicidade eletrizando cada parte do seu corpo.

E sua boca estava na dela novamente, e ele não deu a mínima se seria visto ou não. Tudo que ele se importava naquele momento era chegar no quarto e fazer amor com aquela mulher incrível nos seus braços, se certificando que não a deixaria escapar por entre os dedos. Se certificando que a faria feliz, e se entregando sem medo, com a certeza de que seu coração estaria seguro com ela.

As lembranças de como eles chegaram nas masmorras seriam sempre confusas e nubladas para ambos, porque eles não podiam se importar menos com o que estava ao redor, se concentrando apenas em olhar um ao outro, tocar um no outro, rir estupidamente como dois adolescentes apaixonados se esgueirando pelas sombras do castelo.

— Shiu – Hermione pediu, tentando abafar os risinhos de empolgação.

— Todos estão no baile, e ninguém se atreveria a vaguear por esta parte do castelo a noite. Pelo menos não nas masmorras. – Sorrira presunçoso para ela, ainda sem soltá-la.

— Você vai me levar todo o caminho no colo? – perguntou, as bochechas coradas de puro contentamento.

— Não tenho a menor intenção de soltá-la nos próximos dias, Hermione. – respondeu, sorrindo. Mas temendo que tivesse ido longe demais tentou consertar – Isto é, se você quiser é claro.

— Só dias? Tinha pensado mais em torno de semanas. – Severo finalmente parou e a soltou, rindo abertamente.

— Bruxa, você vai ser a minha morte. – ele espalmou uma das mãos na parede de pedra atrás de Hermione, e a outra na cintura dela, encurralando-a.

— Eu só pretendo deixá-lo muito, muito satisfeito, para você nunca querer sair. - ela sorriu, roubando um selinho dele.

— Hermione - ele olhou bem fundo dos olhos castanhos dela – você já me arruinou para todas as outras. Você fez isso quando aquela tarde no laboratório, quando cuidou da minha ferida. E fez isso quando persistiu na nossa amizade, e quando reapareceu no meu laboratório, e todos os dias depois disso. E agora... você vai ter que me expulsar se quiser que eu saia, porque não estou indo por vontade própria. – e a beijou. E quando ela abriu os olhos já estava nos aposentos dele.

— Mas... como? – sua mente acadêmica perguntou, ao que Severo riu suavemente, beijando-a.  E tudo que ela fez foi não pensar em mais nada. Porque quando encontrou o olhar de Severo sentiu-se nua. Porque aquele homem era capaz de enxergá-la, de ver através das roupas, da pele, da inteligência. Ele era capaz de enxergar a mulher sensível e emocional que Hermione era, enquanto a maioria das pessoas só enxergava a racionalidade e a inteligência. E ela se sentiu amada. Amada por ser quem era, sem precisar ser menos do que era. Hermione podia ser Hermione Granger e não ser criticada ou subjugada por isso. E ela sabia naquele momento que era exatamente o que Severo estava dizendo com o olhar. Que ele a amava não apesar de, mas por tudo o que ela era.

— Obrigada – Hermione sussurrou, seus lábios a centímetros dos dele.

— Não. – ele a parou suavemente, seus dedos tocando a boca dela. – Não me agradeça por isso, Hermione. Você não precisa da aprovação de ninguém, muito menos a minha. Você é a mulher mais incrível que já conheci, e não deve nunca pensar em si mesma menos que isso. – completou, seus olhos escuros vidrados nela.

— E você é sem dúvida o homem mais especial do mundo, Severo Snape. Quero fazê-lo muito, muito feliz. – disse, beijando-o.

Ela sentiu as mãos dele apertando sua cintura, e foi surpreendida pela força do seu desejo por Severo. Hermione queria as mãos dele em outro lugar que não a cintura, onde repousavam recatadamente. Não, o que Hermione queria era a mão em todos os lugares, se possível ao mesmo tempo. E desejando obter essa reação dele, encorajá-lo, ela aprofundou o beijo, fazendo um carinho leve e provocante na nuca dele. Severo estremeceu com o toque, e Hermione sorriu internamente para as reações que estava conseguindo provocar.

— Hermione – sussurrou, sem fôlego, encostando sua testa na dela.

— Sim? – perguntou distraidamente, sem parar de beijá-lo.

— Tenho que dizer que... bem, faz um tempo desde que eu... – pigarreou, constrangido.

— E? – Hermione perguntou, timidez dele enviando ondas de calor ao seu coração. – Severo, sinceramente? Não me importa nada disso, porque só de beijá-lo senti coisas que nunca senti antes.

— Nunca sentiu antes? – Severo finalmente sorriu, malicioso, aproximando sua boca do ouvido dela. – E o que você sentiu? – sussurrou, sentindo Hermione estremecer.

— Senti – sua voz tremeu de desejo e nervosismo, incapaz de articular alguma frase com sentido.

— Diga. – a mão direita dele escorregou para as costas de Hermione, enquanto a esquerda deslizava da nuca até os ombros, puxando calmamente o casaco que protegia os ombros finos dela.

— Eu senti – começou, sentindo a boca seca – meu coração disparar. E... – ela fechou os olhos quando sentiu que Severo tirara completamente seu casaco – minha pele ficou arrepiada. E eu fiquei com muita vontade de sentir suas mãos...

— Minhas mãos? – perguntou, mordiscando levemente a orelha dela.

— Sim. – Hermione assentiu, seus joelhos fracos enquanto os dedos dele brincavam perigosamente na lateral do seio.

— E o que elas estavam fazendo?

— Elas me tocavam... – Hermione ofegou.

— Onde? – provocou.

— Em todos os lugares. – despejou ela, incapaz se controlar.

— Ah os grifinórios – Severo se afastou, a pele de Hermione queimando de desejo nos lugares que ele a tocara – Tão impacientes.

— Por favor, Severo. – pediu, tremendo de desejo.

— Por favor o que? – a voz de barítono dele provocou.

— Me toque. Faça amor comigo.

Por breves segundos eles olharam um para o outro, tentando absorver tudo que podiam do momento antes que seus corpos dançassem entrelaçados, sentindo a pele de um no outro, os cheiros se misturando, os lábios se tocando... antes de se tornarem um só.

De alguma maneira Hermione sabia que teria que tomar a iniciativa, e por mais que seu coração estivesse batendo forte no peito, e seu corpo tremendo de desejo, antecipação e ansiedade, ela se afastou dele, tentando controlar seus nervos, sem afastar seu olhar nem por um milésimo de segundo.

Hermione viu nos olhos dele o desejo, e se sentiu encorajada a prosseguir. Com uma das mãos ela deslizou a alça do ombro oposto, e em seguida, fez o mesmo com a outra. O vestido, de seda verde escuro, escorregou pelo seu corpo até parar no quadril. Sorrindo para o efeito que estava causando nele, Hermione se afastou mais e ficou de costas, olhando para Severo por sobre o ombro. Os olhos escuros dele brilhavam no quarto banhado pela luz da noite, mas ainda sem deixar de olhar para o rosto dela.

Ousada, ela queria que Severo olhasse para o seu corpo, e assim ela fez o vestido passar pelo quadril deslizando até o chão, formando um amontoado em volta de seus pés ainda calçados com a sandália de tiras pretas. Agora só restava a fina lingerie em seu corpo, mas Severo persistia em não descer o olhar, provavelmente inseguro em fazer o próximo movimento.

— Não vai olhar? – Hermione provocou, virando novamente de frente para ele. Ela viu ele engolir em seco antes dos olhos negros percorrerem lentamente o seu corpo, se demorando um pouco mais nos seios, onde os mamilos se destacavam sob o tecido, e então descerem para as pernas descobertas.

Severo não conseguia respirar. Hermione estava finalmente ali, na frente dele, em seu quarto. Sozinhos. Seminua. Ele queria desesperadamente tocá-la, mas sabia que suas mãos estavam tremendo. Ele conseguiria tocá-la sem queimar? Provavelmente não.

— Não vai tocar? – Hermione sussurrou, a voz trêmula de desejo.

E então Severo deu um passo, e mais um, e logo ele estava a tocando novamente, sentindo o calor do corpo dela por baixo do tecido fino. E lentamente ele imitou o movimento anterior dela, deslizando as alças dos ombros delicados e a desnudando para ele.

Em poucos segundos e não restava nada além dos saltos, que ele se abaixou lentamente para tirar. Quando a segunda sandália foi tirada, Severo começou a se levantar dando pequenos beijos ao longo das pernas dela, alternando entra uma e outra, até chegar na parte mais interna da coxa, fazendo Hermione ofegar. Ela teve que apoiar uma das mãos nos ombros dele quando sentiu a ponta da língua brincar perigosamente nos grandes lábios, evitando propositalmente a área que mais pulsava de desejo.

— Severo... – Hermione gemeu, deixando a cabeça cair para trás quando ele soprou os pequenos lábios. Ele seguiu beijando a virilha, depois o abdômen, passando pelos seios, pescoço, queixo e, finalmente, a boca. Hermione o puxou suavemente pela nuca, devolvendo o beijo lentamente, deliciosamente erótico, enquanto suas mãos começavam a desabotoar a longa capa preta. – Muitos e muitos botões, Senhor Snape. – ela sorriu, mordiscando a pele do queixo dele.

— Posso facilitar o proce-

— Não! – ela interrompeu, assustando-o ligeiramente – Não, eu gosto assim. Sempre gostei. Sempre me imaginei – ela abriu um botão – soltando cada um deles – e outro – devagar... – provocou, soltando o terceiro, o quarto, o quinto... até abrir completamente a peça e fazê-la escorregar pelos ombros largos e... – Severo! – ela gritou, rindo sonoramente quando ele a pegou de surpresa e a colocou na cama.

— O que mais você imaginou? – perguntou, seu corpo ainda vestido tocando o dela completamente desnudo.

— A sua boca – ela suspirou, incapaz de formular uma resposta – hum... Nos meus seios! – finalmente conseguiu falar, fazendo-o rir. O som daquela voz arrepiando todo o seu corpo.

Ele beijou e sugou um dos mamilos, acariciando o outro com os dedos, puxando-o levemente e soltando. Hermione fechou os olhos, absorvendo todas as sensações deliciosas que Severo estava proporcionando. As horas que ela havia passado imaginando o quão habilidosas as mãos dele podiam ser não serviam para nada agora, porque a realidade era infinitas vezes melhor.

— Você é linda – Severo disse, envolvendo suavemente o rosto dela com uma das mãos – Tão, tão linda – prosseguiu, beijando.

— Por favor, Severo, eu quero sentir você. – ela implorou, tocando cegamente os botões da camisa branca de linho dele.

— Impaciente? – ele provocou, se afastando dela. Quando ela abriu os olhos para reclamar a perda do contato, viu Severo desfazendo os botões, já com todo o peito a mostra, e ela não pode fazer nada se não assistir aquele show particular.

Quando ele tirou a camisa, Hermione não aguentou apenas esperar e o ajudou a tirar a calça, toda a lentidão dos movimentos anteriores esquecidos agora que ele e pele se tocara, ansiosos.

Eles se atrapalharam um pouco com a calça e riram de sua própria impaciência, mas ambos estavam nervosos.

Ia acontecer.

Severo não precisava mais pedir a confirmação dela, mas ainda assim olhou para o seu rosto para captar suas reações.

Não havia um mínimo lampejo de dúvida, só amor. Ele assentiu levemente para ela, para si mesmo, para o universo. Para o presente que era aquele momento. E então ele deitou por cima dela, sentindo os seios de Hermione no seu peito, seu membro duro tocando o centro molhado e quente dela, os gemidos suaves de puro prazer. Era demais. Ele não duraria muito e sabia isso.

— Quero você dentro de mim. – Ela sussurrou no ouvido dele enquanto seus dedos tocavam o membro rígido de Severo, fechando em torno dele e guiando-o para a entrada.

Ambos ofegaram com o contato, estremecendo. Hermione estava tão molhada que o pênis de Severo deslizou facilmente pelas dobras dela, indo e voltando no começo para lubrificar mais. Severo estava tentando ao máximo durar para garantir todo o prazer de Hermione, mas ela tinha outros planos quando levantou o quadril e prendeu a cintura dele com as pernas, claramente pedindo por mais.

— Hermione... – ele ofegou, tentando dizer alguma coisa.

— Só fique comigo, Severo. Quero sentir tudo. Por favor... – ela implorou, sentindo Severo aumentar o ritmo dos movimentos. – Isso! Mais forte, mais fundo! Ah!

— Merlim – Severo buscou a boca de Hermione enquanto a penetrava mais fundo, sentindo o calor dela em torno do seu membro duro.

As unhas de Hermione cravaram nas costas dele quando sentiu seu orgasmo chegando, seus olhos nunca deixando os dele, sem preocupar de abafar seus gemidos.

Tão certo.

Ele acariciou o clitóris dela enquanto saía e entrava, alternando o ritmo, ora olhando para a boca dela, ora olhando para os seios balançando. As mãos de Hermione tentavam pegar tudo nele, tocar em tudo, cada pedacinho de pele, todo ele.

Ela queria tudo. Eles tinham tudo um do outro.

E como uma explosão, o universo de ambos colidiu e explodiu em uma mistura de sensações, cores e música... a música das respirações, da pele pegajosa se movimentando lentamente, o coração batendo forte no peito.

Tão bom.

Severo caiu ao lado de Hermione, ainda sem sair de dentro dela, tentando controlar sua respiração. Ele sentiu os dedos finos dela acariciar o seu cabelo, e ele sorriu para isso, beijando-a.

Hermione o abraçou ainda mais forte, e Severo enterrou o rosto nos cachos castanhos, permitindo-se ser embalado no colo dela, apenas para descobrir que não tinha melhor sensação no mundo. Estar nos braços dela, da mulher que ele amava, sendo abraçado... Amado.

— Eu amo você – Severo a ouviu sussurrar, sorrindo. Lentamente, ele saiu de dentro dela e deitou de costas, puxando-a para o peito dele.

— Eu amo você – ele respondeu, abraçando-a forte, até que juntos e satisfeitos, dormiram.

Amor.

...


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Notas finais do capítulo

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