Mesmos erros? escrita por Sophia Snape


Capítulo 4
De volta


Notas iniciais do capítulo

FINALMENTE!!! Tão feliz de estar de volta! 2016 foi um ano e tanto, e eu simplesmente detestava qualquer capítulo que tentasse escrever. Mas agora estou aqui e volto a repetir: abandonada as minhas fics não ficam haha. Agradeço a todas as mensagens de apoio - acreditem, elas fazem toda a diferença - e espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/652970/chapter/4

 

8 meses depois

— Não, Harry, eu já disse. Tenho que entregar esses relatórios até o final da semana. – Harry observava o ritmo frenético da amiga entre divertido e preocupado. Divertido porque adorava ver Hermione na correria, indicando que ela estava totalmente comprometida com o trabalho como sempre esteve.  Preocupado porque ele sabia que por trás de toda a sua entrega seu coração estava quebrado.

Harry conhecia a amiga e sabia que algo tinha acontecido. Ele havia estranhado a amizade intensa que ela e Snape tinham desenvolvido, mas nunca tinha visto a amiga tão feliz e tão ela mesma, confiante. E tudo ia bem até onde Harry sabia. E então Hermione viajou para o continente Americano e voltou dois meses além do previsto com um sorriso forçado de que tudo estava bem. Só que além de Hermione mentir muito mal, eles tinham compartilhado uma cabana por um ano inteiro na procura das horcruxes, além de, claro, serem amigos desde os onze anos de idade. Ele insistiu por semanas e sempre ouvia “Não é nada, Harry. Estou ótima”. E quando perguntava por Snape, era sempre o mesmo sorriso triste seguido de “Eu estraguei tudo, Harry, e não ouse ir atrás dele para saber mais a respeito”.

É claro que Harry pensou inúmeras vezes em se intrometer e procurar Snape. Mas sabia que se Hermione descobrisse ficaria furiosa, e ele não queria vê-la mais triste. Ele só queria que a amiga voltasse a falar como antes, empolgada sobre sua pesquisa e trabalho, que ela saísse daquele escritório e se divertisse, exatamente como estava tentando fazer agora.

— e você tem dezenas de pergaminhos para assinar, e preparar sua palestra para o próximo simpósio, etc. Eu sei que você é ocupada, mas não quero desculpas dessa vez. É o baile anual do Ministério para comemorarmos o dia da vitória, Hermione. Tem amigos que você não vê há meses e que sempre perguntam de você – Harry quase se bateu por ter tocado num ponto tão sensível, mas sabia que para convencê-la teria que ser um pouco dramático.

— Harry.

— Luna perguntou de você semana passada. Molly reclamou que desde que viajou não  aparece n’Toca, e o Rony não tem mais desculpas para dar a ela em seu nome.

— Eu sempre vejo você e o Rony! – ela bateu o pé.

— Sim, mas porque fomos ver você quando estava nos Estados Unidos. E existem dezenas de outras pessoas com saudades de você. A diretora McGonalgal ainda não entende a sua saída repentina de Hogwarts, e nem eu...

— Harry. – seu tom era de aviso, embora um pouco cansada – Não quero falar sobre isso.

— Hermione, sou seu amigo há anos. Você e o Snape trabalharam juntos por quase um ano, se tornaram amigos, depois você viaja para a América por quase oito meses! Sendo que não precisava ter ficado nem metade disso. E depois volta pra Inglaterra e continua enfurnada aqui no Ministério, fingindo que está tudo bem quando sei que não está.

— Harry eu...

— Ele fez alguma coisa para você?

— O que? Não! Harry, ele não fez nada de errado.

— Ele disse alguma coisa horrível, sarcástica...

— Não.

— Ele... ele te machucou, Hermione?

— HARRY POTTER! Severo Snape não fez nada de errado, eu é que confundi tudo. Eu... – ela não conseguiu parar as lágrimas, o choro engasgado há meses.

— Mione? – ele tentou se aproximar, preocupado.

— Harry, eu não... – as mãos de Hermione estavam tremendo quando ela tentou enxugar os olhos.

— Seja o que for, Hermione, não vou torcer o nariz ou brigar com você, ok? Só... desabafa. – disse sinceramente.

— Você não vai gostar. – ela avisou.

— Eu não ligo, Hermione. Só não posso mais ver minha melhor amiga assim. Eu e Rony estamos muito preocupados. Você sempre nos tirou de todas as encrencas, das situações mais difíceis. Deixa a gente fazer isso agora.

— Quando você se tornou tão sensível, Harry Potter? – ela brincou, enxugando as lágrimas e deixando um sorriso brincar nos lábios. – Tudo bem – ela suspirou – Só não conta para o Rony, ok?

— Não vou contar. Prometo. – ele jurou, colocando chá para os dois enquanto esperava pacientemente a amiga ter coragem para falar.

Ele a viu andar de um lado para o outro, tensa, como se falasse para si mesma para ter calma. Ela pegou a xícara de chá mas largou em seguida; tentou sentar-se, mas não conseguiu; até que por fim parou em frente a grande janela que dava vista para a Londres trouxe e disparou num só fôlego:

— Eu me apaixonei por Severo Snape, Harry.  

— O que? - ele engasgou com o chá.

— Eu me apaix-

— Não, eu entendi. Mas... o que?! – Hermione finalmente andou até ficar de frente para o amigo.

— Harry! Você disse que não julgaria e-

— Eu sei, eu sei! Desculpa. É só que... – suspirou – Olha, eu nem estou tão surpreso assim. Essa possibilidade passou pela minha cabeça. – na expressão suspeita de Hermione ele completou – Ok, talvez Gina possa ter insinuado alguma coisa.

— Vou matar a sua esposa!

— Eu não acreditei, claro, mas depois fiquei pensando e cheguei a conclusão de que vocês dois meio que são parecidos. – na expressão de choque de Hermione ele continuou – E é claro que se você me pedir pra repetir isso eu não vou. – Harry ficou aliviado quando um pequeno sorriso brotou dos lábios dela.

— De qualquer maneira, não importa. – o sorriso se esvaiu tão rápido quanto apareceu, dando lugar a uma sombra de tristeza – Estraguei tudo, Harry. Nos tornamos tão próximos! Era como se... eu estivesse em casa, sabe. Você construiu sua família, Rony feliz no trabalho, e eu me senti perdida. E com ele me senti em casa. É claro que o início foi difícil, mas pude ser eu mesma com ele sem medo de parecer irritante ou arrogante. E ele... bem, ele é brilhante. Foi muito fácil me apaixonar por ele.

— E o que aconteceu? Você disse tudo isso a ele?

— Fiz pior... Eu o beijei. No dia do baile.

— E o Snape, o que fez? – Harry tentou não imaginar a cena de sua melhor amiga, quase irmã, beijando seu ex professor.

— Ele me beijou de volta, mas quando eu... bem, quando aprofundamos o beijo, ele se afastou e me pediu desculpas. Num segundo e eu estava sozinha no corredor, sem ele.

Harry estava em choque. Ele até tentou ficar com a expressão neutra, mas era muita informação para digerir em 10 minutos. Hermione estava apaixonada por Severo. Eles se beijaram. Ele a deixou. Ela estava sofrendo.

— Uow. – foi o único som que ele conseguiu soltar. – Nossa. Quer dizer... Nossa.

— Sempre eloquente, Harry. – as palavras atrapalhadas de Harry fizeram um sorriso trêmulo aparecer no rosto de Hermione, mas a vontade de chorar ainda estava lá embolada no peito.

— Olha, você não vai poder evitá-lo para sempre, Mione.

— Na verdade, eu acho que posso sim. Ele raramente sai de Hogwarts, e eu quase nunca vou lá. Quer dizer... qual a chance?

— Hermione, você passou quase um ano em Hogwarts fazendo essa pesquisa. E antes disso, voltou para fazer o sétimo ano mesmo sem precisar. E antes disso ficou em Hogwarts por meses para ajudar na reconstrução. Você não ficaria longe da escola mesmo se quisesse.

E Harry tinha mesmo razão. Ela não ficaria. E ainda tinha Minerva, que sempre adorava conversar. Hermione ficou perdida nos próprios pensamentos por quase um minuto, calculando quais seriam as chances de não esbarrar com Severo Snape em uma de suas visitas.

— Talvez se eu pedisse permissão para a professora McGonagall, sairia diretamente na sala dela. – pensou alto, como se estivesse fazendo cálculos matemáticos.

— Hermione.

— Claro que eu não poderia passear pela escola como sempre fiz, mas pensando bem...

— Mione...

— Mas se eu fosse durante o horário de aula não teria como encontrar com ele pelos corredores.

— Hermione!

— Você tem razão, estou sendo ridícula. – ela passou a mão na testa, chocada com a própria reação covarde. Isso não era ela.

— A Hermione que eu conheço enfrenta qualquer situação que aparece. – Harry lhe deu um sorriso simpático, aproximando para pegar a mão dela.

— Essa é muito mais difícil.

— Mais difícil que derrotar um bruxo das trevas? – brincou.

— Bem, eu estava tentando conquistar um ex bruxo das trevas. É mais difícil ainda. – brincou de volta, suspirando.

— Você não tem que fugir, Hermione. E o Snape pode ser um bruxo poderoso e inteligente, mas ele não é nada sociável. Pode ter sido difícil para ele lidar com a situação depois de tanto tempo sozinho.

— Mas ele podia ter conversado comigo, Harry! Se ele não me via dessa forma teríamos encontrado um jeito de seguir em frente.

— Ou ele gosta de você mais do que imagina e ficou com medo.

— O que você quer dizer? – ela perguntou, curiosa.

— Olha – suspirou – essa não é a minha história para contar. Mas... - ele hesitou – lembra o que eu disse a Voldemort? Sobre Snape amar a minha mãe?

— Sim... – o coração dela se apertou com a lembrança, sentindo-se tola e irracional. – Nós nunca chegamos a realmente conversar sobre isso.

— Ele a amava Hermione. Mais que como amigo. Eu pude ver nas lembranças que ele deixou para mim. Eu quase pude sentir. Nunca contei isso porque não é minha história para contar, mas você tem que saber...

— Você acha que... que ele ainda pode amá-la?

— Céus! Não – ele sorriu um pouco – bom, eu nunca contei isso porque ele me pediu, bem, na verdade me ameaçou, que se eu contasse sobre isso a alguém ele não se lembraria de quem eu era filho. – Harry sorriu com a lembrança, jamais acreditando na ameaça. – Mas você se importa muito com ele e tem o direito de saber.

— Não sei se quero ouvir, Harry, parece errado. Ele é muito discreto. – Harry assentiu, concordando.

— De qualquer maneira, Hermione, saiba que para ele é difícil se abrir para alguém, e ele te deu mais liberdade em poucos meses do que jamais daria a alguém uma vida inteira. Severo Snape se importa, sim, com você, ele só não soube lidar com isso. Se posso arriscar um palpite, ele tem medo de magoar você.

— Foi isso que aconteceu com ele e sua mãe? Eles se apaixonaram?

— Não exatamente... Eles tiveram um desentendimento feio e isso ajudou a separá-los. E a minha mãe não era tão paciente como você, pelo que parece. Severo a amava mais que como amigo, e ela não retribuía esse sentimento.

— E ele e seu pai não se davam muito bem, não é?

— Mais complicado que isso. Meu pai... bem, ele e os outros marotos eram bem cruéis com o Snape. Mais especificamente o meu pai e o Sirius.

— Quão cruéis? – perguntou, já imaginando a resposta.

— Hermione... – Harry olhou para o chão, desconfortável.

— Harry Potter! Você não pode contar uma coisa pela metade!

— Você quem disse que não queria ouvir!

— Argh! Tem razão... Mas talvez se você só insinuasse e eu deduzisse, bem, não ia ser como contar, certo?

— Isso é bem sonserino, Hermione – ele sorriu.

— Bem, eu convivi com um por tempo demais. Vamos, conta.

— Bom, eram cruéis a ponto de talvez tê-lo deixado de ponta a cabeça com... – ele pigarreou, desconfortável e triste pelo comportamento idiota do pai – bem, com as roupas íntimas aparecendo.

— O que? – ela estava chocada. – E quem mais estava vendo isso? – Harry a olhou, revelando a verdade pelo olhar – A escola inteira? Ai, Merlin. E... droga, a Lílian estava também não é?

— Ela tentou defendê-lo e...

— Ele estava muito embaraçado e acabou ofendendo-a. – ela deduziu.

— Sim. – respondeu depois de um longo suspiro.

— Nossa. – Hermione estava momentaneamente perdida com as novas informações e imagens que se formavam em sua cabeça.

— Pois é... nossa. E o resto é história. Ela morreu porque Pettigrew a denunciou para o Voldemort.

— E Severo se culpou todo esse tempo.

— Sim. Tem mais coisas na história, parece que a infância dele foi difícil também. Mas é só o que posso dizer. E é só o que você precisa para entendê-lo.

— Acho que já entendia mesmo antes de saber tudo isso. Eu só tinha medo da rejeição, de ele não sentir o mesmo.

— Você tem que saber para seguir em frente. E acho que ele tem que saber o que você sente também.

— Tem razão. – Só de imaginar que em algum momento teria que falar com Severo Hermione sentiu o estômago gelar, mas ela sabia que não podia fugir disso para sempre. – O que eu faço agora? - mordeu o lábio, pensativa.

— Acho que você deveria pensar mais no que dizer – Harry deu de ombros – e então enviar uma coruja dizendo que precisam conversar.

Hermione apenas assentiu, sentindo o coração bater mais rápido só com o pensamento de falar com ele. Fazia tanto tempo desde que ela ouvira aquela voz pela última vez... Não tinha ideia de como ia reagir estando perto do homem que habitava seus sonhos por meses. Seus dedos passaram pelo pescoço sem que ela percebesse, onde Severo havia beijado na noite do baile. Tinha sido tão bom, tão... único.

— Mione? – Harry interrompeu.

— Hum? – murmurou, distraída.

— Como eu ia dizendo antes de você me ignorar para sonhar acordada – brincou, malicioso – tenho que ir. Gina vai ficar furiosa se eu me atrasar para o jantar. Ela disse que tem uma surpresa. – sorriu, encabulado, lembrando muito o menino tímido dos primeiros anos em Hogwarts – Você faz alguma ideia do que seja?

— Não, e mesmo se soubesse não te contaria. – sorriu.

— Não é justo!

— É, sim. E anda! – ela o empurrou de leve em direção a porta – Não quero que se atrase. Gina odeia.

— Estou indo, mas pensa no que disse. – Hermione encostou no batente da porta, acenando afirmativamente para o amigo.

— Sobre o baile ou sobre Severo?

— Sobre tudo. Vou te buscar se não te ver no baile semana que vem.

— Tchau, Harry! – gritou, fechando a porta.

— E vou trazer a Gina e a Molly para arrastarem você comigo! – gritou de volta, suspirando divertido para a porta já fechada. – Vou pensar em uma maneira de ajudá-la, Mione. – murmurou para si mesmo – E eu já até sei o que fazer. – sorriu, antes de ser puxado pela sombra escura da aparatação.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aah! E também gostaria de agradecer a todas as pessoas maravilhosas do grupo Severo Snape Fanfictions que me indicaram músicas que lembram nosso bruxo escuro. Foi muito útil! Também gostaria de agradecer a Julia Fernandes que até playlist criou!