Pan-demonio escrita por GreeneMoon


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Mais um pra vocês. ♡

Logo vou estar postando aqui um projeto novo e espero que vocês acompanhem também, mas acima de tudo, me digam o que acharam. Vou começar a postar quando tiver capitulos o suficiente pra não deixar ninguém na mão. Prometo.



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— Deleve 

Ele estava olhando pra mulher dormindo em sua cama já tinha algum tempo. Seu peito estava pesado e dolorido pela saudade que sentia daquele corpo e de como ela era capaz de olhá-lo com todo o amor do mundo, mesmo que ele fosse general de seu pai. Era como se algo estivesse faltando o tempo inteiro e ele não pudesse fazer nada em relação aquilo.

Ele tinha falhado com ela. Falhado tão miseravelmente que até hoje não sabia onde tinha errado pra tudo ir pro buraco daquele jeito. 

Tinham pensado em tudo, feito todas as coisas da maneira que planejaram e mesmo assim o resultado foi completamente o oposto do que calcularam. Wendy estava aqui, mas estava sendo tão esmagada quanto um inseto poderia ser, sua liberdade usurpada e seus sentimentos completamente ignorados. Boss Tiger... Ele não gostava nem de pensar em como tinha falhado com o homem. 

O pai da mulher que ele amava tão desesperadamente. 

Morto. Sua cabeça decepada na frente de sua filha. A mesma que havia o procurado por tantos anos. A mesma pra quem Deleve jurara que não fazia ideia de onde o pai estava. 

Como ele era burro. Era um estúpido de merda. 

Boss Tiger sempre esteve de baixo de seu nariz, nas mesmas masmorras que o resto do seu povo, que sua mãe. Não sabia nem por quanto tempo ele esteve trabalhando, martelando aqueles blocos idiotas de pedra. Ele não sabia de nada e seu pai se recusava a tocar no assunto. E mesmo com todo o seu esforço, Lily ainda o culpava por ter implorado pela vida dela quando ele não fazia ideia de que aquilo seria pago com a vida de outro. 

A mente sombria e inteligente de Peter Pan era capaz de enganar qualquer um que tentasse ir contra ele. Pro rei tudo aquilo era uma brincadeira de gato e rato. O gato sempre saia se barriga cheia

Fechou os olhos, tentando parar de pensar pelo menos por um segundo. Wendy lhe dissera que remoer seus erros não o levaria a lugar nenhum além de um buraco fundo, era o que se fazia pra consertar as coisas que realmente importava. Bom, aí estava uma verdade... Ele não fazia a minima ideia de como fazer pra recuperar o que tinha quebrado entre ele e Lily. 

— Deleve? — a voz dela era tão doce. Mesmo que tivesse acabado de acordar, continuava doce como o inferno. 

— Não queria incomodar, só precisava de um lugar pra estar por algumas horas. — foi tudo que respondeu. Sabia que tentar conversar, tocar no assunto, era uma perda de tempo. Foi-se o dia que eles concordavam com alguma coisa. 

Escutou quando ela se moveu em sua cama e abriu os olhos pra encarar a visão da mulher ajoelhada, com seus olhos fixados nele com toda aquela intensidade que só ela tinha. Os olhos de uma guerreira, sem dúvidas. Lily inclinou a cabeça e suspirou. Ele deveria sair agora, deixá-la em paz, mas não conseguia ser o primeiro a quebrar aquele contato que suas almas sempre faziam quando se olhavam daquela maneira. 

— O quarto é seu, afinal. — a princesa deu de ombros, mas continuava o avaliando daquela maneira contemplativa. Sabia que ela tentava ser casual, como se não se importasse, mas se importava. Ela sempre estava se preocupando com o mundo inteiro, com aquela alma altruísta pela qual ele era perdidamente apaixonado. 

— É seu agora. — não tinha muito o que dizer. Não havia nada que ele pudesse dizer pra que ela o perdoasse por tudo. Suspirou, baixando a cabeça em suas mãos. Não queria ser o primeiro a quebrar o contato, mas não conseguia mais encará-la e não ter respostas pra nada. — Só estava cansado. 

O silêncio recaiu sobre eles e Deleve não se incomodou mais em tentar puxar um assunto. O dia já tinha sido ruim demais pra fazer de uma briga com Lily a cereja daquele bolo de bosta que se tornou sua vida. Ouviu quando ela levantou da cama e foi pra casa de banho, abrindo as torneiras da banheira. Bom, quando ela estivesse por lá ele seria capaz de levantar, arrancar a farda e deitar só por um minuto. Talvez nem tirasse a farda pra não ter o trabalho de colocá-la de novo quando tivesse que sair pra resolver mais problemas dos quarteis, dos pelotões, os batedores, rebeldes... Sua mente quase podia dar um nó com tudo aquilo. Se já não estivesse assim e ele nem se deu conta. 

Mãos calejadas acariciaram seu rosto e ele abriu os olhos, encontrando Lily o encarando com um ar preocupado. Deleve ergueu as sobrancelhas em sua direção. 

— Você me parece sujo. 

Uma risada cansada escapou de sua garganta e ele acenou, sem acreditar. Depois de todo aquele tempo as primeiras palavras que não era hostis que ela lhe dirigia eram sobre sua limpeza. Tudo bem, ele podia aguentar. 

— Obrigada? — ironizou o suficiente pra ela bufar. Adorava aquele som. 

— Vem, enchi a banheira pra você tomar um banho. — Lily começou a abrir os botões da sua farda, um por um. — Comigo, de preferência. 

— Você não precisa fazer isso, Lily. — ele a encarou firmemente. Não queria que ela fizesse nada só porque ele parecia um cachorro chutado pelo dono. — Eu respeito o fato de que você precisa de espaço...

Um dedo em seus lábios o silenciou no meio de sua frase. Ele quase gemeu com a pele dela encontrando a sua daquela maneira, depois de tanto tempo sem contato. Queria passar a lingua por aquele dedo e mordê-lo até que ela montasse em seu colo e eles pudessem esquecer por algum tempo todo aquele abismo que os separavam. Mas ele a respeitava. Respeitava aquela distância que ela havia imposto entre eles. 

— Eu quero isso. — a princesa sussurrou e Deleve quase desmaiou com a corrente elétrica que passou pelo seu corpo. — Sinto saudade. 

Um som de puro sofrimento saiu dos lábios do general sem que ele pudesse registrar. Sim, ele também sentia saudade dela. Tanta saudade que estava enlouquecendo durante aquelas semanas sem poder encostar nela, amá-la como ela merecia, confortá-la, beijar suas feridas internas até que elas parassem de sangrar. Ele podia facilmente sufocar de dentro pra fora de tanta falta que sentia da sua Tigrinha. 

— Eu morro de saudade. — confessou com todo seu coração. Levou as duas mãos pro rosto dela quando viu seus olhos brilharem com lágrimas. — Eu sinto muito, Lily. Eu sou um estúpido. 

Ela balançou a cabeça negativamente, deixando as lágrimas rolarem por suas bochechas e pingarem de seu queixo. Juntou o vestido azul celeste que usava naquela tarde pelas coxas e subiu em seu colo, envolvendo seu pescoço com seus braços. A testa da princesa encostou na do general antes de sussurrar:

— Eu é quem sou uma estúpida, Deleve. Eu não deveria ter te culpado pela morte do meu pai. Você não podia ter feito nada pra mudar o destino dele. — ela puxou uma respiração difícil antes de continuar: — Tinha que acontecer. 

Não tinha palavras pra aquilo, apenas passou suas mãos sobre suas coxas e deslizou para suas costas, acariciando sua pele com carinho. Observou seu rosto moreno tão livre de imperfeições que causava inveja em todas as mulheres do reino que precisavam de tantas besteiras pra conservar suas belezas. Lily Tiger era a mulher mais bonita que ele já tinha posto os olhos nessa vida e céus... Ele a admirava não só por sua aparência, mas por quem ela era. A sabedoria que aquela mente continha era quase de outro mundo. Como se ela tivesse uma ligação direta com algum ser maior que regia todo o universo. A princesa sempre sabia o que dizer nas horas certas. 

— Não importa. Eu vou passar a minha vida inteira te pedindo perdão por isso. — e ele iria mesmo. Era o minimo que podia fazer depois de ter falhado tanto. 

— Tudo bem, você pode começar a me pedir perdão naquela banheira. — a princesa sorriu em meio as lágrimas que ainda escorriam. — Eu amo você. 

— Eu amo você. — ele beijou a trilha de suas lágrimaa em cada lado de seu rosto. — E eu consegui que meu pai conversasse com minha mãe. 

Lily voltou toda a sua atenção pra aquela última informação e seu corpo ficou tenso. Sabia que depois de tudo que havia acontecido, tudo que tinha mudado na vida dela, a segurança e o bem estar de Wendy era quase uma obsessão pra Tigrinha. Ela havia travado várias batalhas com Peter durante aquelas semanas e Deleve fora arrastado pra cada uma delas de bom grado. Já tinha cometido muitos erros com as mulheres que amava. Bastava pra ele. 

— E então? 

— E então não sei. Ele foi pro quarto e não tive mais notícias. Esperei por duas horas até que ele voltasse, mas os guardas encarregados do corredor real disseram que ele entrou e não saiu, então vim pra cá. — Deleve levantou da cadeira com Lily no colo e caminhou a passos suaves pra casa de banho. O vapor da água quente o atingiu como um bálsamo pra todo o seu cansaço. Se perder no corpo de sua mulher seria o suficiente pra curar qualquer mal que estivesse alojado em seu peito, por hora. 

— Acha que eles estão se resolvendo? — ela perguntou enquanto continuava o seu trabalho de desabotoar sua farda. Ele a colocou no chão, puxando seu vestido de seda pra cima, tirando-o sobre sua cabeça. Perdeu completamente o foco quando seus olhos alcançaram o conjunto de peças intimas que ela usava. Céus... A mulher mais bonita do mundo, com certeza. — Deleve, preste atenção. 

O general ergueu seus olhos do corpo dela e a encontrou sorrindo zombeteira. Deslizou suas mãos pela cintura nua dela e apertou com força o suficiente pra faze-la morder os lábios em ansiedade. Ele deixou que seu próprio sorriso estampasse seu rosto antes de baixá-lo pro pescoço de Tigrinha e lamber a pele suave até a união de seus seios sustentados pela armação do sutiã. Ele murmurou em resposta:

— Não sei o que meus pais estão fazendo, mas sei o que eu vou fazer com você, Lily Tiger. 

O gemido que ela soltou foi o suficiente pra ele colocar seus planos em prática e esquecer completamente o mundo lá fora. 

 

 

A noite tinha caído quando ele parou de se enfiar pra dentro de Lily. Estavam ofegantes o suficiente pra achar que todo o ar do mundo era pouco pra preencher seus pulmões. Ele tinha perdido pelo menos cinco reuniões naquela tarde e Deus sabia o quanto ele ia escutar de seu pai por aquilo. Não importava, no final das contas. Ele estava fazendo as pazes com sua mulher e o resto que se explodisse. Ela era a única coisa que importava. 

Deitou seu corpo nos travesseiros e a puxou pro seu peito. Lily ainda puxava o ar quando apoiou o queixo nas mãos e o encarou. 

— Devemos começar a nos arrumar, sabe que Peter odeia atrasos. 

Deleve resmungou alguma coisa que nem ele sabia o que era e deslizou os dedos pelas costas dela em circúlos lentos. Se havia qualquer lugar no mundo que ele queria estar era ali, em mais nenhum. Principalmente quando a outra opção era uma mesa cheia dos seus irmãos impossíveis e a realeza não-me-toque. 

— Podemos jantar no quarto.  uma tarde e uma noite de folga não derrubaria o reino e nem seus exércitos. Ele podia se dar ao luxo de ter um momento em paz. 

— Não podemos. — Lily recusou prontamente e o general abriu os olhos sem entender. — Eu tenho que descobrir como fazer pra que Wendy comece a ganhar campo com o povo e o que melhor ajudaria do que ser entrevistada pelas revistas que mais circulam pelo reino? 

— Você é uma criatura muito inteligente, Lily Tiger. — Deleve sorriu com a astúcia dela. Será que um dia ele pararia de se impressionar com aquela genialidade? 

— Sim, eu sou. — ela depositou um selinho rápido em sua boca e saiu da cama mais rápido ainda só pra que ele não tivesse a chance de lhe alcançar. O general suspirou antes de tomar seu caminho até sua farda e começar a se arrumar pro jantar. 

 

Eles estavam prontos em meia hora e descendo a escadaria principal para seguir para a sala de jantar reservada para a família e o ciclo intimo do rei. Todos estavam em seus devidos lugares, sem atrasos, sempre adiantados para o agrado de Vossa Majestade. 

O céu sabia o quanto Deleve achava patético a busca pela aprovação de seu pai quando estava claro pra todos que era uma trajetória infrutífera quando seu pai aprovava apenas a si mesmo e mais ninguém. O homem era feito de pedra quando se tratava de demonstrar qualquer tipo de sentimento além do desagrado constante. 

Não que ele achasse ruim. Na verdade, era divertido como o inferno ver os lordes se engalfiarem por uma migalha da atenção do rei. Por mais que Peter os fizesse sentir priorizados juntamente com sua família, aquilo não parecia ser o suficiente para eles. Todos estavam sempre querendo evoluir sua relação para um patamar mais amigável e isso era algo com qual Deleve se divertia. 

Cumprimentando todos da mesa, ele sentou-se ao lado direito do rei, com Lily ao seu lado. Era de se esperar que sua mãe e seu pai já estivessem a caminho, no entanto, nenhum sinal de passos se aproximando. Deleve começou a sentir uma pontada forte no peito ao pensar em como as coisas podiam estar difíceis pra Wendy depois que ele pressionou seu pai o suficiente pra que ele saisse bufando da sala de reunião. A ansiedade já fazia sua mão querer tremer e suas pernas criarem vida própria até o quarto real.

Um pigarro tirou a atenção de Deleve dos seus próprios pensamentos. 

— O rei manda avisar que Vossas Majestades não comparecerão ao jantar de hoje. 

Deleve ergueu uma das sobrancelhas em dúvida, mas foi Lily quem perguntou:

— Wendy está doente? 

Um rubor apareceu nas bochechas de Jinkis e foi resposta o suficiente pra Deleve sorrir como um gato. Ah, aquilo tinha saído muito melhor do que ele havia planejado. E bem na hora que Sininho apareceu no salão, caminhando como se fosse a soberana indiscutível daquele lugar. Usando sua maior face de inocente, ele perguntou. 

— E então Jinkis? 

— Não acho que Vossa Majestade esteja doente, meu senhor. — pigarreando de novo Jinkis se esforçou pra continuar, ignorando seu desconforto. — O rei mandou dizer aos seus filhos que ele está... Está... — o elfo precisou fazer uma pausa pra respirar fundo antes de finalizar: — Está fabricando um novo filho com sua esposa porque ele cansou de seus filhos adultos e resmungões. 

Os gemêos foram quem explodiram em risadas altas com aquilo. Deleve apenas sorriu maliciosamente para Sininho, encarando-a como um vencedor em um jogo muito antigo. Podia jurar que a fada tinha ficado pálida por alguns instantes antes de fuzilá-lo com seus olhos de serpente. Aquilo foi o suficiente para o general querer uivar de felicidade por seus pais. Quase podia sentir a alegria de Lily saltitando pelo salão em uma dancinha maluca. Ele estava pronto para soltar alguma gracinha quando um dos seus soldados entrou correndo pela porta. 

— General! — a gárgula podia estar colocando tudo pra fora naquele momento de tão ofegante que parecia. — A cidade está sendo saqueada pelos rebeldes, eles entraram, estão por toda parte. 

Deleve sentiu seu coração parar junto com o resto dos outros sentados a mesa. Hector foi quem deu a ordem. 

— Jinkis, vá dizer ao rei o que está acontecendo. 

Tão rápido como ele chegou, o elfo desapareceu pela porta. Deleve se pôs de pé em um segundo antes de olhar pra uma Lily em choque. Não podia perder tempo tentando consola-la agora, a única coisa que podia fazer era sair e resolver o que diabos estava acontecendo no reino. Virou para seus irmãos e pediu que cuidassem da princesa e saiu porta a fora trovejando ordens por todos os lados. 

Acima, no último andar do castelo, trovões começaram a estalar pelos céus e o chão tremeu sob seus pés. Aquilo foi confirmação o suficiente de que o rei sabia que sua cidade foi invadida e estava furioso. 


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Notas finais do capítulo

Um chêro. ♡



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