The Dollhouse- HIATUS escrita por Zia Jackson


Capítulo 2
Capítulo 1 — Sob a luz da falsa paz


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaaaaaaaaa.
Gente, mal pude acreditar na repercussão da fic. Seis reviews e sete acompanhamentos apenas no primeiro cap *-*. Para alguns não é muita coisa, mas para mim foi DEMAIS!!!
Sério, adoro vocês.
Esse é um cap que serviu mais como uma apresentação para vocês verem como é a família. Foi narrado pela Valentina e tal.
Boa leitura *-*, nos vemos nas notas finais.



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Mesmo com a música tocando no último volume, Valentina conseguia ouvir as discussões de seus pais no andar de baixo. Ainda trajava o vestido rosa bebê que fora selecionada por sua mãe para que se parecesse com uma boneca de porcelana na festa concebida — e terminada— apenas algumas horas atrás.

Os Williams não tinham nenhum vizinho que pudesse contar a imprensa sobre as frequentes brigas do casal, bem como os passeios noturnos que Sr.George, o patriarca, fazia. Moravam em um condomínio luxuoso da cidade de Strateferd, da qual George era prefeito, e quando compraram a casa fizeram questão de comprar também os terrenos vizinhos (a desculpa era de que Melanie, a matriarca, adoraria ter um jardim enorme em que pudesse ter diversas plantas e praticar seu amor por jardinagem, embora a mulher jamais pusesse sequer um dedo na terra). Valentina achava que seu pai tinha inventado uma boa mentira, mas, conforme crescia, percebeu que ele apenas usou seu talento natural para enganar as pessoas (tanto talento que conseguira se fazer de bom moço perante toda uma cidade e ganhara nas eleições com grande vantagem sobre seu oponente). Ouviu graves batidas — ou melhor, socos — na porta de seu quarto. Levantou-se sem pressa e a abriu.

— Desligue essa porcaria de música. — Disse seu irmão, Nathaniel, com sua enorme “simpatia”. Nath era frequentemente definido pelas garotas como sendo “um gato” e Valentina não duvidava disso. Os cabelos castanhos sempre estavam arrumados no melhor estilo cantor pop e os olhos, que eram da mesma cor dos cabelos, analisavam as garotas de uma forma que as faziam sentir especiais. Ele era alto, tanto que se Valentina, que tinha uma estatura considerada mediana, quisesse lhe dar um soco no topo da cabeça, teria que ficar na ponta dos pés.

— Não. — Respondeu a garota, friamente.

— Não foi um pedido. — Disse ele, cerrando os dentes.

— E o meu não é algo mutável. Por que não vai fumar seu baseado e me deixa em paz?

O irmão se apoiou na soleira da porta e encarou a irmã nos olhos.

— Quer que eu chame nossos pais? — Disse, como um desafio.

— Seria um alívio parar de ouvir os xingamentos no andar de baixo. Por favor, vá em frente e os chame.

Revirando os olhos, o garoto se dirigiu ao seu quarto. Como tudo naquela casa, a relação harmoniosa entre os irmãos Valentina e Nathaniel mostrada nas entrevistas e fotos de família eram fruto de uma boa atuação. Viviam a brigar, sempre ganhando hematomas e arranhões. Valentina brigava porque achava que o irmão não passava de um garoto irritante e grosso, e isso só piorava quando ele resolvia dar uma de bad boy e enchia o quarto da garota (e os corredores da casa) com a fumaça causada por ele e seus amigos fumando maconha no quarto do rapaz. Já Nathaniel achava a irmã igualmente irritante, patricinha e mimada (embora ela nunca recebesse atenção alguma dos pais). Para a infelicidade das empregadas da casa, quase todos os dias os irmão arremessavam coisas frágeis e quebradiças um ao outro, deixando no chão a sujeira e triplicando o enorme trabalho que elas tinham a fazer.

De repente, a briga do andar de baixo cessou. Ouviu-se o insistente tilintar dos saltos de Melanie enquanto ela subia as escadas e se dirigia ao seu quarto. Valentina saltou de sua cama e espiou pela janela, esperando pelo carro de seu pai. Apenas alguns segundos depois, ela reviu a familiar cena do veículo preto de luxo saindo da garagem a toda velocidade. Em um longo suspiro, deu a meia volta, pegou sua toalha e se dirigiu até o banheiro, deixando com a água a tarefa de aquietar sua mente. Valentina sabia que, nesse mesmo momento, seu pai deveria estar na companhia de outra mulher e que sua mãe, mesmo que não admitisse, engolia bebidas alcoólicas com a mesma velocidade com que se bebe água em um dia muito quente e demasiadamente ensolarado.

Saiu do banho, trocou de roupa (odiava os vestidos que a faziam parecer com uma boneca fofa) e penteou os cabelos. Como não ouvira nenhum grito, achou seguro abandonar a segurança das portas trancadas de seu quarto e saciar a fome. Saiu, então, na ponta dos pés, tentando não fazer barulho.

— Vai comer de novo, querida? — Ouviu a voz de sua mãe, Melanie, dizer. Ao invés do tom controlado e amigável que apresentara apenas algumas horas atrás na festa, usava um tom de deboche que, juntamente com a bebida sem eu organismo, fazia com que suas palavras ficassem embaralhadas difíceis de serem compreendidas. — Desse jeito ficará gorda e terei que comprar novas roupas.

— Fique quieta. — Sibilou Valentina.

— Você é a cópia de seu pai, sabia? Ardilosa e venenosa como uma cobra cascavel.

Deixando de lado o comentário da mãe, ela desceu as escadas que davam acesso à parte inferior da casa e se dirigiu até a cozinha. A decoração ainda remetia à bela festa concebida pela família, embora os vasos e pratos quebrados não fizessem parte dela anteriormente. Desatenta, Valentina trombou em seu irmão, fazendo-o derrubar no chão os doces que carregava nas mãos.

— Tome cuidado, pirralha. — Ele disse. — Faz ideia do quanto eu batalhei para encontrar esses doces? O vereador Ricardo comeu quase todos durante a festa.

— Não me surpreendo. Ele sempre parece querer acabar com a comida dos locais para onde vai. — Falou a garota, apanhando do chão um doce esquecido pelo irmão. Colocou-o na boca. — Mas, para sua informação, não sou uma pirralha, sou apenas três anos mais nova que você.

— Uma pirralha de dezessete anos. — Murmurou ele. — Vai ficar no meu caminho até quando?

Percebendo que bloqueara a passagem, a garota se virou de lado para que pudesse se livrar da presença do irmão. Não sabia dizer quando pararam de serem amigos e companheiros, mas algo a dizia que fora quando ele zombava dela por chorar durante as brigas dos pais quando tinha sete ou oito anos.

Foi até a cozinha, apanhou algo para comer e, após terminar, se dirigiu ao lavabo. Embora tivesse acabado de se banhar não pode deixar de jogar um pouco d’água no rosto, que estava pálido e apático. Valentina poderia ser considerada uma cópia feminina de seu pai, pelo menos no que diz respeito à aparência. Tinham a mesma pele alva, os mesmo olhos azuis escuros e o mesmo tom de cabelo, um castanho médio (embora os dela fossem levemente mais claros por conta de suas mechas castanhas mais claras). Porém, ela se orgulhava em dizer que diferiam muito na personalidade e na decência, já que, para começar, ela jamais seria capaz de trair seu cônjuge.

Saiu do lavabo e foi até seu quarto. Adormeceu e, quando acordou, não soube dizer quantas horas haviam se passado desde que se deitara. A casa estava extremamente silenciosa, nem mesmo ouvia-se o barulho dos incessantes cliques de Nathaniel no mouse de seu computador. A porta do quarto de seu irmão estava fechada, por isso, ela desconfiou que dormisse também. Já a porta do quarto dos pais estava escancarada, revelado uma mulher em uma roupa elegante adormecida sob lençóis brancos manchados por algum líquido. Quando adentrou no quarto da mãe, Valentina percebeu o que manchara os lençóis: as bebidas.

Tirou da mão de Melanie uma garrafa de vinho e colocou-a no chão, ao lado de uma garrafa de Vodca e de outra pequena de Whisky, ambas vazias. Apanhou no closet uma coberta e jogou-a sobre a mãe, tentando ignorar a péssima sensação de ver a mulher em uma situação tão depreciativa. Quando se afastou para voltar ao seu quarto, deu uma última espiada na mulher adormecida. Os cabelos loiros espalhados pela cama, a expressão de quem dormira preocupada com algo e os sapatos ainda no pé, indicando que não adormecera em sã consciência. Lamentou que os contos de fadas fossem tão mentirosos, já que sabia que príncipe nenhum viria acordar a bêbada adormecida.

Retornou ao seu quarto e voltou a dormir, não sabendo dizer a que horas o pai retornara.


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Notas finais do capítulo

O que acharam ? Qualquer crítica/ sugestão./ elogio podem falar nos comentários *-*.
Bjus da Zia, nos vemos no próximo cap.