Pedestal escrita por Bruna Gama


Capítulo 3
2. Diamantes azuis.


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou eu, sinto pela demora mas é que realmente essa semana foi corrida. Fiquei doente e nem na escola fui por dois dias.
E ontem a dona Rosiane não aliviou para mim (sexta dia de limpeza, odeio!) rsrsrs.
Quero dizer que fiquei muito triste pelo número de comentários, apenas dois?! Temos oito pessoas acompanhando, e uma favoritou...isso realmente me deixa chateada... Mas vamos lá.



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Dois dias se passaram desde que a noticia sobre o retorno do filho de Richard foi lançada oficialmente a mídia, os canais se encontravam eufóricos anunciando a todo o momento algo relacionado a Damon, jornalistas faziam plantão nas extremidades e no portão principal a espera de sua chegada que seria apenas no dia seguinte. Já dentro da Casa Branca parecia que havia caído uma bomba, pessoas transitavam o dia inteiro todas em alguma espécie de reunião exclusiva com o presidente que até o presente momento não havia se pronunciado, eu ao menos o virá depois do jantar que houve com seus apoiadores, é como se ele houvesse desaparecido, sinceramente? Isso é ótimo para mim. Não requisitou minha presença, e nem em meu quarto ousou aparecer, se apenas a revelação que o filho dele voltaria já o deixava assim, eu apenas ansiava ainda mais pela presença de Damon, aqui.

As palavras de Richard ainda ressoavam em minha mente, tumultuava meus pensamentos... Eu sabia que não poderia esperar mais dele mediante a tudo que ele me fez, porém eu ainda continuava interrogando-me até onde a maldade daquele homem chegaria.

A minha frente se encontrava uma penteadeira branca com extensas “pernas”, as duas gavetas que se estendia até suas extremidades possuía puxadores que foram esculpidos em gesso, eram pequenas camélias brancas. A moldura que rodeava o espelho era em um bronze límpido seu brilho irradiava meus olhos assim como a claridade que adentrava em meu quarto nessa manhã. Pinceis se encontravam espalhados sob a bancada enquanto eu assistia com meu pensamento longe Caroline realizar seu trabalho, havia mais ou menos 30 minutos que estava nessa mesma posição na qual deixou meus cabelos em um coque impecável alguns fios pendiam para frente de meu rosto trazendo um ar despojado, entretanto mantendo a posição seria e cautelosa de uma primeira- dama.
– Terminamos Senhora – Caroline Forbes me dirige a palavra assim que finaliza a maquiagem.
– A cada dia eu tenho a impressão que você está ainda melhor Car, incrível o que você faz com seus pinceis – a elogio dando um breve sorriso enquanto me levanto da poltrona.
– Não estou melhor, a pele da senhora que é ótima, possui traços marcantes e uma pele de pêssego, eu tenho até inveja – confessa a loira retribuindo a mim um sorriso brincalhão.
– Obrigada Caroline, mas você não precisa ter inveja. Basta apenas olhar para esse seu corpo e vai ver que inveja é o que você nunca deve sentir de mim, meus 1,66 de altura não se compara a seus quase um e oitenta de altura.
– Na verdade são 1,75... – a mulher com fartas curvas expostas pelo belo vestido azul marinho colado a seu corpo, afirmava. Por poucos minutos no qual eu conversava com Caroline eu já me um pouco aliviada, era um dos únicos momentos no qual eu me permitia sentir o mínimo de descontração. Meus olhos seguiram para o fino relógio de prata com elegantes pedrinhas de diamante expostas nas extremidades dos ponteiros um olhar cansado se sobressalta em minha face, 8h15.
– Algum problema senhora? Parece triste – questiona Caroline assim que foca seus olhos em mim.
– Estou bem – afirmo seriamente – é apenas o cansaço, ontem encerramos os compromissos relacionados à New York, foram tantas entrevistas, jantares e reuniões que me deixaram exausta. Nem as crianças eu fui visitar – afirmo respirando pesadamente como se entoasse um mantra, rogando pelo que haveria de vir.
– É incrível o carinho que a senhora tem por essas crianças, ainda me lembro da luta que entrou com o governo e com a embaixada americana para conseguir refúgios a eles em nosso país.
– Seria um egoísmo de nossa parte não os ajudar, eu sei que ainda não foi o suficiente, contudo estou esperançosa sabendo que ainda há chance de fazermos mais por eles... – ouço batidas anunciantes na porta sendo seguida pela voz de Esther em um tom forte ‘‘ O Senhor presidente à espera para partirem, senhora ‘’ Elevo meus olhos a loira a cumprimentando com um breve aceno de cabeça seguido de um sorriso educado. Ela se retira dando antes permissão para quê a senhora que se encontrava ali adentrasse ao quarto. Deslizo o sapato preto de salto em meu pé esquerdo, um lacinho discreto com pedraria ao estilo borboleta se encontra pousado sobre o mesmo.
– Elena... Elena... – resmunga Esther em tom de alerta – você sabe que ele odeia atrasos.
– Eu apenas estou cansada Esther às vezes eu tenho a impressão que eu estou prestes a explodir. A cada dia que passo eu estou morrendo, eu não consigo mais suportar isso, eu juro que eu tento. Tento ao menos ter esperanças... Mas – balanço a cabeça negativamente com os olhos suplicantes fixados nela, os olhos brilham evidentemente marejados, acolhidos pelo sofrimento que se instalou neles como nuvens cinza que carregam em si a névoa – eu não consigo...
– Posso saber o que minha esposa não consegue? Claro além de não cumprir os compromissos – a voz grossa acompanhada pelo sarcasmo atinge os meus ouvidos, meus olhos sobem até, hesitantes – vamos, Elena. Diga-me o que você não consegue? – sua imagem chega até meus olhos revelando um homem bem vestido, trajando um terno preto em Oxford, a gravata de cetim no mesmo tom.
– Não... - engulo tentando conter a ânsia que se instala em minha garganta – não é nada...
– O que ainda está fazendo aqui, velha? – pronuncia Richard ao encarar Esther – por acaso vou ter que pedir ‘’ com licença ‘’ á uma empregada? – debocha o presidente enquanto Esther dirige seus olhos acuados ao chão de granito.
– Esther, por favor, nos deixe a sós - peço com o semblante suavizado tentando conter a aflição que se apodera de meu corpo.

Esther apenas assente e se retira logo em seguida.
– Então querida? Não vai me contar? Não vai contar a seu amado esposo o que você não consegue? – ele se aproxima a passos lentos e devidamente calculados, sua mão ressecada e áspera toca meu queixo erguendo meu olhar a ele em um movimento ríspido – diga sua vadia! O que não consegue? Fugir? Jamais! Saiba que eu serei sua sobra Elena, você é minha! – seu polegar se aperta contra meu maxilar com força – talvez você esteja querendo que ele receba uma nova visita minha, não? Aposto que ele deve estar morrendo de saudades – seu sorriso... Deus, flashbacks me atingiam, torturando-me, meu corpo era dominado pelo modo protetivo, eu havia perdido qualquer senso de razão que por anos lutei para manter, as ameaças... Tudo me fazia querer o matar naquele mesmo instante, fazer com que tudo que ele causou em minha vida fosse dissipado em sua morte.
– Realmente quer saber? – questiono levantando minha cabeça em sua direção o encarando firmemente – eu não aguento mais a...

No mesmo instante a voz de inconfundível de Carl dominada o ambiente – Senhor presidente... – ele coça a garganta analisando a situação, suas mãos são erguidas até a sua gravata na qual ele afrouxa – sinto pela interrupção, mas creio que estamos atrasados, o carro presidencial está à espera de vocês – o que me destruía por dentro era saber que mesmo diante de uma situação como essa, mesmo sabendo o que se passa aqui, Carl não se importava! Por que a sociedade é assim, se uma mulher precisa de ajuda o mais adequado a fazer é não ajuda-la.
– Já vamos descer Carl, estava apenas dando um lembrete a minha esposa, não é amor? – um sorriso cínico se resplandece em seus lábios enquanto seus olhos verdes escuros me fitam – não se atrase mais – não era um pedido, era uma advertência e eu sabia o que aquilo significava. Ele puxou meu rosto selando nossos lábios, sua boca se movimentava contra a minha que se continha, sem responder, porém eu sabia que não poderia o impedir. Sua língua adentrou em minha boca sem pedir permissão, ela se movimentava debatendo- se contra as paredes de minha boca já que nenhum movimento eu realizava, eu apenas queria sair dali, queria me trancar em qualquer lugar e apenas chorar, a ansia que me domava queria expusa-lo de qualquer maneira, queria fugir. O que me impedia era o fato de eu ter retomado a sanidade, a sanidade que pesava consequências em que eu amava.

Richard apenas se deu ao trabalho de empurrar meu corpo brutamente contra a poltrona e marchou acompanhado de Carl para fora do quarto.

Alguns minutos depois eu me encontrava dentro do carro presidencial, Richard lia e relia papeis no qual eu não possuía nenhum interesse em saber do que se tratava eu apenas me prendia no silêncio maravilhoso que para meus ouvidos era como uma serena e doce melodia vindo de um piano, meu instrumento favorito. Enquanto as construções modernas vislumbravam meus olhos minha mente era cercada por lembranças, por lembranças de um tempo que jamais voltaria...


– Oh, Elena... – um resmungo de admiração atravessou os lábios de minha mãe – está lindo, ainda me lembro do quanto você insistiu para ir às aulas... eu pensava que era apenas um capricho seu já que havia abandonado as aulas de ballet e canto você tinha apenas nove anos e olha agora... já é uma mulher e só de pensar que alguns dias irá casar...eu me sinto realizada – eu me encontrava a frente do piano ensaiando canções natalinas em plena véspera, como de costume, meus pais sentados em poltronas ao lado da lareira e o olhar doce e orgulhoso de minha mãe se encontrava sobre mim, quando meus dedos deslizaram pelas teclas de madeira do piano branco – no qual era uma verdadeira relíquia levando em conta que poucos pianos como aqueles ainda existiam – trazendo consigo a finalização da música em dedilhados que se compactuavam com a emoção de entrega à serena melodia.
– Eu sempre disse a sua mãe que você apenas iria acertar na escolha do que gostasse quando descobrisse o que não gostava e isso se estende ao amor...— afirmou meu pai em troca de olhares apaixonado com minha mãe.
— E parece que deu certo, não? Se bem que opinião de mãe e duvidosa... — um doce e brincalhão sorriso se hospedou em meus lábios.
— Como assim parece? Por acaso está em dúvidas senhorita Gilbert? — a voz doce e macia atingiu meus ouvidos e quando elevei meus olhos a porta lá estava ele, com as braços cruzados a frente de seu corpo encostado na soleira da porta, ele se aproximou de mim apoiando sua mão na banqueta na qual estava sentada e se prostrou ajoelhados a minha frente — O que será desse pobre homem sem o seu amor? — sobre seu coração ele colocou sua mão olhando em meus olhos em uma falsa dramatização como se encenasse Romeu e Julieta.

Eu sorria. Era um sorriso verdadeiro, único. Que apenas ele conseguia arrancar de mim...— Jamais teria dúvidas do meu amor por você, eu poderia duvidar do mundo, mas, a única coisa na qual eu teria plena certeza é que eu te amo.


— Elena... — um sorriso emocionado manchava seu lábios, a luz vinda desse sorriso iluminava tudo deixando plenamente desfocado, porém, sua imagem se afastava, seu sorriso irradiava e sua voz ficava distante — Elena! — a voz... já não era mais ele, a voz não era mais calma e muito menos serena — acorda vadia! — meu corpo estava sendo chacoalhado com rispidez e quando meus olhos se abriram eu não me encontrava em meu piano, não me encontrava com meus pais... e muito menos com ele. Me encontrava a frente do carrasco no qual teria de aguentar.
— Eu estou acordada — afirmei na esperança de que ele tirasse suas mãos se ombros, apenas na esperança. Esperança que logo se esvaiu quando seus braço direito foi em direção a minha cintura me puxando para fora do carro.

Obrigatoriamente eu caminhava ao lado de Richard, ele apenas sorria desfilando em meio aos fotógrafos — Sorria Elena, aproveite que possui dentes, ainda - sussurrou o presidente fazendo com meu corpo inteiro entrasse em estado de pânico mediante a sua ameaça, ameaça na qual eu não duvidava, seria pelos hematomas declarados em meu corpo?

E mais uma vez submissa à suas ordens, eu me encontrava sorrindo, confrontando os jornalistas com o melhor sorriso que eu poderia dar. Diante de nós estava o heliporto desfilamos entre os fotógrafos dando a elas a vista de um perfeito casal.

Por fim embarcamos no helicóptero assumindo os compromissos de presidente e primeira- dama.

Quando a noite caiu eu e Richard nos encontrávamos no veículo presidencialista em Washington. O carro transitava em meio a Avenida Pensilvânia se direcionando a casa de número 1600, a famosa Casa Branca.

A arquitetura era invejável, em algum momento de minha vida eu posso ter apreciado aquele lugar, mas hoje não. Sua estrutura magnífica não me corrompia, sua riqueza em detalhes não me atraía. Tudo por que ali era a minha prisão, aonde meus pesadelos se tornam reais, por quê ali é a toca do demônio.

A porta do carro é aberta por um guarda, imediatamente eu saio do carro seguida por Richard. Caminhamos por uma entrada lateral em direção a residência, a entrada nada mais é do que atalho mediante a enorme construção. As pessoas acham a Casa Branca grande porém não conseguem idealizar perfeitamente sua imensidão pelo simples fato de parte dela ocupar o subsolo. Estar na porta de casa era preocupante, eu não sabia o que me esperava. Esse era o meu destino, ser controlada.

Dentro de casa vozes, passos e ruídos se espalhavam, eu me aproximava do salão principal e os barulhos ficavam mais altos denunciando que ali era o ápice daquela desordem. Richard se encontrava logo atrás de mim, observavamos a cena. Era como se estivessem em uma roda de corvos e eles estivessem e dissipar um pedaço de carne. Ali se encontrava empregados, de alta e baixa patente, desde cozinheiros à pessoas que trabalhavam no gabinete principal.— Mais que diabos está acontecendo aqui? — interrogou Richard com sua voz maquiavélica e tudo parou.

Os barulhos cessaram.

As vozes se calaram.

A corrida afobada pelo ambiente ficou estática.

Agora todos se encontravam eretos olhando para o presidente, seus olhares denunciavam o medo que seus corpos tentavam esconder, mas, apenas uma pessoa ainda não olhava para o presidente. O mesmo ainda se encontrava de costas, ele era alto, devia ter um e oitenta aproximadamente. A parte alta de seu corpo se encontrava cercada por uma camisa social branca, ela acentuava a musculatura do homem o deixando robusto.

Quando ele se virou assim como todos naquele ambiente... Eu congelei. Estava estática, apenas o motivo não era igual ao dos de mais.

Alguns fios negros e sedosos caiam sobre sua testa em um ar totalmente despojado entrando em contraste com sua pele branca com traços marcantes, tão marcantes que eu poderia afirmar que qualquer pessoa que o avistasse jamais o esqueceria. Seus lábios finos naturalmente rosados se compactuavam com sua face rígida se encontrando em linha reta levemente pressionados um contra o outro, ele poderia ser considerado a personificação da perfeição apenas por esses requisitos, mas, não era o suficiente.

Ele ía além.

Seus olhos com toda certeza são os mais belos que eu tive o prazer de ver em toda minha vida, são límpidos. O brilho que o assombrava poderia compara-los facilmente com os mais belos e raros diamantes azuis. A tonalidade era contrastada com o claridade que nem o céu mais limpo conseguia possuir. A sensação de olha-lo é arrebatadora e ao mesmo tempo amedrontadora. Filetes de luz pareciam pairar sobre o ar como se ligasse meus olhos aos dele de alguma forma e por breves instantes eu me esqueci como se respirava. Eu ao menos sabia se seus olhos de fato estavam direcionados aos meus, a única certeza é que eu por algum motivo não queria perder aquele contato.

Após alguns minutos que mais pareceram segundos ele se pronunciou em breves e enfáticas palavras: — Sentiu saudades? Papai...


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Notas finais do capítulo

não me matem por parar ai kkk.
Só um aviso: retorno apenas quando tiver cinco comentários. Sim, é o minimo que eu peço...
Quem quiser recomendar eu agradeço u.u.
Ah, só peço desculpa mesmo em relação a capa...ela estava linda! Perfeita mas o que aconteceu? As dimensões! O nyah não aceitou... Se alguem puder fazer fico eternamente agradecida.
Beijos..