Desliguei antes que ele tivesse tempo de falar mais alguma coisa e joguei o celular na minha bolsa voltando a dirigir com as duas mãos no volante. Eu estava atrasada, eu nunca me atrasava, já estava desesperada e tudo parecia não cooperar comigo hoje. Primeiro eu derrubei pasta de dente na minha blusa branca e tive que trocar, depois perdi um pé do meu sapato e agora um transito infernal. Tudo bem que eu sou a dona daquela joça mas se eu que sou a superior me atrasar, até os que trabalham na sala do café vão achar que tem o direito de se atrasar. Ta bom, eu sei que não é assim mas, caralho, eu to de tpm.

Bufei pela milésima vez e buzinei novamente vendo que o transito tinha andado um pouco e o carro na minha frente ainda estava parado porque o motorista estava beijando a mulher ao seu lado. Não sou obrigada a isso, buzinei nervosa.

– ANDA COM ESSA LATA VELHA SEU PEDAÇO DE BOSTA, BEIJA OUTRA HORA CARALHO – gritei colocando o rosto pra fora do carro e ouvindo os carros atrás de mim também reclamando do inconveniente.

O cara do carro pareceu acordar e andou finalmente, acelerei e consegui cortar pra outra pista que estava mais rápida, assim que estacionei na frente da empresa suspirei aliviada e já cansada, joguei minha chave de qualquer jeito pro manobrista e andei até a porta da empresa já bufando. Alguns estavam fora do lugar conversando e brincando. Aproveitando, penso eu, a minha “falta”.

Parei onde estava e cruzei as pernas esperando as pessoas perceberem que eu já estava lá, alguns que estavam trabalhando mesmo perceberam que eu estava lá e arregalaram os olhos. Cansada que quem eu queria não olhava para mim, puxei o ar e gritei assustando todos

– POR QUE MOTIVOS VOCÊS NÃO ESTÃO TRABALHANDO? VOCÊS SÃO PAGOS PARA ISSO – todos viraram para mim, alguns com os olhos arregalados e estáticos, outros correram para sua mesa e começaram a trabalhar – VAMOS, QUERO CADA UM DE VOCÊS NA SUA MESA, DA PRÓXIMA VEZ TA TODO MUNDO NA RUA – gritei e bufei saindo dali pisando duro. Quem esse povo acha que é? Peguei o elevador apertando o botão para o meu andar, no caso o último.

Quando cheguei no ultimo andar Alice me esperava com um café na mão e um sorriso enorme no rosto.

– Bom dia senhorita Swan – ela disse – seu café – ela estendeu o copo pra mim e eu peguei ignorando seu bom dia. Não era um bom dia pra mim – Coloquei alguns papéis na sua mesa pra senhorita assinar e como a senhora chegou atrasada...

– Não se atreva a falar dos meus horários Alice – eu a cortei.

– Desculpe Srta Swan, eu apenas ia dizer que adiei a reunião de 7:30 pra parte da tarde.

Por dois segundos me senti culpada por ter gritado com Alice daquele jeito, mas então me lembrei que eu tinha trabalho a fazer e ela não fez mais que sua obrigação e apenas respondi com um “obrigada”.

Mandei Alice de volta pro seu lugar e me dirigi à minha mesa pra assinar os benditos papéis. Senti uma dor de cabeça começando e então parei por dois minutos, até que meu celular apitou e eu comecei a torcer que, pelo amor de Deus, não fosse o pé no saco do Edward. Peguei o celular e sim, era ele.

9:20 a.m.

“Olá Isabella,

Como você desligou na minha cara, só queria dizer que estou muito feliz pela sua animação pro nosso encontro hoje a noite. Não esqueça de ficar bem bonita pra mim.

Beijos do seu Edward.

P.S.: Não coloque uma roupa muito chique, vamos olhar as estrelas hoje. ”

Animação pro seu encontro? Seu Edward? Ele só podia estar zoando com a minha cara. Eu estava ficando sem paciência e minha cabeça doía de verdade agora. Peguei o celular olhando de novo a mensagem e o taquei na parede. A tela do celular de despedaçou em mil pedacinhos mas eu não ligava, precisava descontar a raiva em alguma coisa.

Na mesma hora que o telefone caiu no chão Alice entrou em disparada pela porta com uma expressão assustada.

– O que aconteceu? – ela perguntou.

– Não te interessa, volta pra sua sala.

– Por favor Srta Swan, eu só quero ajudar – Alice disse com uma voz suave como se fosse de um anjo e começou a pegar os pedaços do meu celular no chão – Você não quer compartilhar suas angústias?

– Compartilhar minhas angustias? Você virou minha psiquiatra agora garota? – eu disse nervosa com a intromissão dela.

– Eu sei que eu acabei de entrar aqui e que não tenho direito de querer saber sobre a sua vida, mas as vezes é bom colocar tudo pra fora.

Eu cogitei à ideia por que, além de eu estar absurdamente cansada e quebrar o meu celular em mil não adiantou muito, a Alice conseguia realmente ser convincente. Mas eu não podia me mostrar fraca, senão todos daquela empresa achariam que poderiam passar por cima de mim porque um dia fiquei emocional demais.

– Escuta Alice, eu não te devo satisfações da minha vida, então é bom a senhorita parar de fazer perguntas ou vai ser demitida hoje mesmo – eu disse, quase gritando, e na mesma hora a expressão de Alice mudou e ela fez o rosto mais magoado que já vi na vida e bem, acho que já magoei muitas pessoas.

Então eu pensei em pedir desculpas porque sentia que a minha secretária ia começar a chorar bem na minha frente e nunca tinha chegado a esse ponto. Mas eu não podia pedir desculpas, não podia passar por cima de quem eu sou, de quem eu me formei nesses anos.

Alice se recompôs e foi até a mesa deixando os pedaços do meu celular que ela tinha pego do chão.

– Me desculpe – ela disse sinceramente.

Aquelas desculpas foi como um soco no meu coração e eu chutei todo o meu orgulho e me levantei indo em direção à ela. Era impossível ceder aos poderes de Alice. Sentei ela na cadeira à minha frente e simplesmente contei tudo. Falei sobre a junção da Swan’s e da Cullen’s Empreendimentos, das minhas saídas à balada e de Edward. Alice escutou como uma boa amiga e não me julgou em nenhum momento.

– Bom Srta Swan... – ela disse quando eu acabei.

– Bella – eu a cortei – me chame de Bella – que mal faria ter uma amiga afinal?

– Bom Bella – Alice continuou com um sorriso – acho que ao há mal nenhum em sair com um cara legal mais de uma vez, vai fundo, o que pode acontecer de errado? – ela parou por um momento e eu pensei a respeito – só tome cuidado porque ele pode estar querendo se aproveitar de você.

– Sim, você tem razão. Eu vou tomar cuidado. Obrigada Alice.

Alice me deu um abraço e foi pra mesa dela. Não era tão mal assim ter alguém pra conversar e te dar conselhos, agora eu via isso. Da conversa com Alice eu peguei duas coisas. Primeira, pela primeira vez na vida eu consegui uma amiga e segunda, eu ia dar uma chance pra Edward Cullen.