War Angel - Renascença escrita por Dálian Miller


Capítulo 5
Capítulo 4 - Um “Don” de mãe


Notas iniciais do capítulo

Para quem leu a versão anterior já sabe o que o título quer dizer, para os novos leitores, no próximo capítulo entenderão :D
Boa leitura!!!



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~ Capítulo 4 - Um "Don" de uma mãe ~

 

O Sol brilhava forte como na maioria dos dias, e mais uma vez ela estava lá, cuidando de suas plantas. Rose, mãe de Witc e Lina, uma mulher de cabelos longos, negros e de pontas da cor verde oliva que se perdiam entre as folhas, vestia uma blusa verde bebê de botão, com um nó sobre o umbigo, o que deixava sua barriga a mostra, e com mangas longas, que foram dobradas acima do cotovelo, combinada a uma calça azul e com os pés a tocar na terra. Ela amava estar em contato com a natureza. Sentir o oxigênio entrar e sair de seus pulmões e fazer parte de um todo.

A residência era a última da rua e separada das demais, permitindo que eles pudessem viver em um espaço maior, delimitado por uma cerca de madeira, e que desfrutassem de um ambiente mais tranquilo.

— Ainda bem que tenho vocês para me ouvirem. Vou colocar um pouco de água em suas vizinhas, volto já... – Murmurou para as roseiras. Subitamente, o cachorro de estimação da família salta frenético próximo dela. – Oh, pare de pular Joy! – O cachorro respondeu latindo enquanto ela soltava um belo sorriso.

Acompanhado por sua irmã mais velha, Ayurik se aproximou do jardim pelo lado de fora da cerca e interrompendo a senhora Ryser, cumprimentou-a. – Olá Senhorita Rose! Falando com as flores?

Ela acenou com uma das mãos. – Olá! Não é para tanto, meu filho. Não sou mais tão nova assim para ser chamada de senhorita, mas obrigada. E sim, estava ouvindo elas. – Sorriu.

— Ah, já ia me esquecendo. Essa é minha irmã, Mylla. – Apontou para seu lado esquerdo e a garota deu um passo à frente. Assim como Ayurik, seus cabelos de cor dourada e aqueles belos olhos verdes transformavam-se em um grande carisma. Usava uma sapatilha cinza, meias 3/4, um short curto preto e uma blusa branca larga. – Aquela é a mãe de Witc, a senhorita Rose Fahir ou mais cordialmente Dona Ryser.

— Olá senhorita Rose! É uma honra conhece-la. Meu irmão fala muito bem das suas comidas. – Balbuciou tímida.

— Igualmente. Venha almoçar aqui qualquer dia.

— Claro que ela virá. – Ayurik respondeu. – A propósito, onde está o Witc?

— Ele deve está jogando videogame com Lina. – Presente que a garota ganhou em seu aniversário de treze anos, após o excelente resultado em um teste de inteligência. Sua idade não limitou o nível da conquista, e com uma nota de 153, ela obteve o maior resultado da cidade.

— Mas já? – Ayurik pareceu surpreso, pois ainda era pouco mais de oito horas da manhã.

— E tem hora para um vício? – Murmurou Mylla.

— Pois é minha filha. Passam o dia no quarto. Quando não estão ocupados com suas guerras virtuais, estão pedindo comida. – Comentou Rose de forma a brincar com eles. – Agora, se não se incomodam, eu também tenho que ir regar aquelas margaridas.

— Tudo bem, nós já estávamos indo mesmo. Vamos Mylla. – Ele se despediu e brincou com sua irmã. – Se despede, menina. Que garota mal educada. Minha mãe não criou você assim. – Riram juntos.

— Calado. Até mais senhorita Rose.

— Até querida.

Seguiram ao lado da cerca lateral até o portão de entrada em frente à casa. Por alguma razão, Mylla permanecia um pouco envergonhada e bastante curiosa sobre como Witc estava. Afinal, eles não se viam há oito anos. – Quando Ayurik se encontrou com Witc pela primeira vez, sua irmã a fazia companhia.

— Ayurik, como ele está?

— Quem? Witc? – Mylla respondeu balançando a cabeça. – Mais Bonitão do que nunca. – Os dois deram risadas.

— Seu bobo. – Ela sorriu e ficou com as bochechas rosadas logo em seguida. – Ele pergunta por mim? – Indagou como quem não quer nada, com os braços para trás e saltando sobre linhas e rachaduras da calçada.

— Por que você está tão curiosa sobre ele? – Ayurik tenta brincar com sua irmã um pouco mais. – Acho que alguém está apaixonada...

— Não é isso. – Disse Mylla enquanto desviou o olhar. – Sei lá... Só estava um pouco curiosa mesmo.

— Sei. – Pararam em frente ao Portão. – Vai entrar comigo ou quer que eu vá chama-lo?

— Não precisa. Irei com você.

***

Sentados sobre a cama de solteiro coberta por um lençol branco e posicionada no centro do quarto, Witc e Lina disputavam em mais uma de suas batalhas matinais.

O cômodo era bem iluminado. Suas paredes eram cobertas por uma tinta de cor rosa clara, do lado esquerdo da cama havia o closet de Lina e um criado mudo, e a direita, uma janela de onde se podia ver a rua e uma casa em frente.

— Por que você fez isso? Para de matar meus guerreiros. Para de matar meus guerreiros, garota. – Mordendo a língua, – Espere um pouco, vou usar um ultra também... Há! – Gritou. – Droga. Morri.

— Uhul! – Berrou Lina comemorando sua vigésima vitória e dando uma risada logo em seguida. - Acho que alguém não consegue mais vencer de mim.

— Convencida. Desta vez eu ganho. Vou com o War Dragon. Escolhe o seu. – Witc era persistente.

— Consigo derrotar você só usando a fada Lily. – Ela sabia de sua genialidade e abusava disso. A fada Lily era o lacaio mais simples do jogo.

— É o que vamos ver. Mas não vale apelar, certo?

***

— Olá Margaridas. Estão lindas hoje. – E assim, Rose seguiu durante alguns minutos. Ela adorava conversar com suas plantas, cantar e dançar entre elas. Como se cada arbusto ali fosse uma bailarina só esperando para aprender um novo passo. – Pronto, acho que terminei... – O pequeno Joy, um beagle, passou correndo entre suas pernas e foi até o local onde estavam os quadros da Dona Ryser e uma roseira plantada por Lina aos três anos de idade no final do jardim. Ele parecia bem contente por estar ali. Não parava de pular, rodopiar e latir próximo às flores. – Bem lembrado Joy. Ainda falta essa roseira aí. Como eu queria que tivesse alguém aqui para me ajudar. – Ele late novamente. – Eu sei que tenho você. – Riu. – Mas não seria ruim se tivéssemos uma pessoa para nos ajudar. Vamos lá.

O local era diferente do restante do jardim, pois Rose costumava pintar seus quadros lá. Ele tinha base hexagonal limitada por uma circunferência com um metro e meio de raio, que se elevava em 30 cm acima do solo e possuía área de aproximadamente 7m2. Cada lado do hexágono era formado por arbustos que cresciam de forma a gerar uma espécie de parede, onde o ápice da parede era no lado contrário a entrada e as partes mais baixas nas laterais adjacentes da passagem. No centro, um grande vaso com uma roseira azul e próxima dali, uma árvore que fazia sombra sobre essa parte do jardim durante a tarde.

— Você cresceu bastante nesses dez anos. – Disse Rose enquanto tocava aquelas pétalas de cor azul real que refletiam uma fração da luz do Sol.

***

Dez anos atrás e dois anos antes da mudança para D.G.

— Mamãe, olha o que eu fiz. – Disse Lina em volta do vaso branco, toda suja de terra, e com um sorriso de satisfação.

— Que planta é essa filha? – Indagou Rose.

— É uma rose, mamãe. Igual à senhora.

Sua mãe riu. – Está bem, cuidarei dela também.

***

— Agora sim, terminei. Acho que irei aproveitar esse tempinho para fazer o desenho que o Witc me pediu. Ainda bem que eu já havia trazido o material para cá. – Ela sentou-se sobre um banquinho que havia deixado embaixo da árvore e solicitou que Joy levasse até ela uma pequena mala marrom que se encontrava mais próxima aos arbustos. O cachorro agarrou a alça da maleta com uma mordida e a puxou, no entanto, acabou derrubando duas outras malas que estavam sobre a solicitada. Uma delas se abriu e Rose percebeu que ela tinha um fundo falso onde se mantinha escondido um pincel com o símbolo da Lua minguante com uma estrela dentro cravada em seu cabo.

— O que é isso? – Ela se agachou e pegou o pincel. – Por que esse pincel foi escondido aqui? Acho que vou testá-lo, parece ser bom. – Ela o molhou no pratinho de tinta que estava dentro da mala trazida por Joy. Como em uma dança, Rose coreografava cada pincelada dada e aos poucos o desenho foi ganhando forma e cor. – Hum! Gostei disso. – Sorriu.

***

Gargalhando, Witc comemorava antecipadamente sua primeira vitória do dia. – Eu sabia que ia ganhar essa. Mais um ataque e... – Com todos os olhares direcionados à tela da televisão fixada na parede, eles não notaram a presença de Ayurik e Mylla que se aproximavam sorrateiramente e foram surpreendidos.

— Witc, cheguei, e olha quem veio comigo. – Mostrou Mylla parada um pouco mais atrás tentando distrair seus olhos com o tapete no chão do quarto.

O tempo pareceu correr mais lentamente naquele momento. As poucas lembranças que ele tinha sobre ela vieram a sua mente. Enquanto um sorriso começava a surgir em seu rosto pálido, a surpresa por vê-la novamente não dava espaço para nenhum outro movimento. Foi como se um anjo surgisse diante de seus olhos, espalhando luz por todo o ambiente.

Do outro lado, um sorriso tímido não negava o contentamento em também vê-lo. Aquela garota de cabelos longos e dourados e pele tão clara como a neve possuía um dos sorrisos mais belos que ele já viu.

— O... Oi Mylla. – Disse Witc enquanto largava o controle do videogame e partia em direção à porta onde eles estavam.

— Olá Witc. Quanto tempo. – Sorriu. – Continua do mesmo jeito. Talvez um pouco mais alto e o cabelo maior... Está fofo.

Um pouco mais aliviado, ele entra na onda do comentário e brinca consigo mesmo. – Agora eles tentam cobrir meus olhos vez ou outra – fala enquanto toca seus cabelos negros. – E a propósito, você também está linda com essa tiara de flores.

— Acho que ganhei de novo. – Comentou Lina tentando recuperar a atenção de Witc. – Tudo bem. – Voltou a observar a tela do jogo, enquanto Mylla se aproximou.

— Acho que alguém aqui cresceu bastante. Está linda. Na última vez que te vi, você tinha apenas cinco anos e agora já é uma mocinha de treze. Nossa! Realmente faz muito tempo que não venho a essa cidade. Estava com saudade. – Disse voltando o olhar para Witc.

— Acho que sobrei. – Brincou Ayurik. – Saindo...

— Nada disso, vamos jogar uma partida como nos velhos tempos? – Disse Mylla pegando os controles do videogame. – Você também Lina.

— Claro. – Falaram todos em sintonia.

— Vou acabar com você, Ayurik. – Bradou Witc.

***

Após terminar a pintura, Rose observou sua obra por alguns instantes em um momento de auto avaliação. – Creio que ele vai gostar. O que você acha, Joy? – O pequeno Beagle concordou pulando e rodopiando logo em seguida.

— Irei deixar secando aqui embaixo da árvore e mais tarde falo para ele vir buscar.

Rose deixou o local na companhia de seu fiel ajudante, que não saía de perto dela.

***

Os quatro Jovens tiveram um grande dia. Após os vários duelos virtuais traçados ali, veio o momento de recordar as aventuras vividas e descobrir o que aconteceu a cada um durante os oito anos. Seguiram para a sala, e toda uma tarde de conversas pareceu ser pouco tempo para tantos assuntos.

Sentada no sofá próximo a estante de livros e ao lado de seu irmão, Mylla comentou: – Nem vi a hora passar.

— Pois é. Já está na hora de irmos. Logo estará escuro e nossa mãe disse para voltarmos cedo. – Complementou Ayurik.

— Vocês já estão indo? – Perguntou Rose entrando de avental na sala e limpando as mãos com um pano que ela pôs no ombro em seguida. – Volte mais vezes, moça.

— Voltarei sim. – Respondeu.

— Eu vou deixar vocês até a rua. – Comentou Witc.

— Ah, Witc, pintei seu quadro hoje pela manhã. Já deve está seco. Quando voltar, vá busca-lo.

— Certo. Onde está?

— Próximo à roseira de sua irmã.

— Tudo bem. Venha comigo também, Joy. – Ele respondeu com um latido.

Então eles seguiram até o portão de saída e se despediram.

— Falei que já seria noite.

— Não me importo Ayurik. Hoje foi um dia nostálgico. E, além do mais, tenho 18 anos. Eu que sou responsável por você, mocinho. – Brincou. – Até mais Witc.

Ele despediu-se sem tirar o sorriso do rosto. – Até mais Mylla.

Só se despede da minha irmã. Nem agradeceu por eu ter trazido ela até aqui. “Ayurik, você é o melhor amigo do mundo, te amo muito.” Ingrato. Pensou, mas não disse. – Tchau para você também, Witc. – Redarguiu Ayurik se sentindo excluído.

Enquanto retornavam para casa, Witc lembrou-se que devia ir buscar seu quadro. Ele seguiu pela lateral esquerda da casa, onde as árvores faziam sombra e tornava o ambiente mais escuro durante a noite.

— Vamos lá, amiguinho. Nossa, eu não consigo ver nada. – Após alguns passos chegaram ao jardim e de repente um arbusto balançou de seu lado direito. Enquanto isso, o cão parecia não querer seguir em frente. – O que você tem? Vamos. – Ele resistiu. – Não quer ir? Pois volte. Não tenho medo. Já sou um homem. – O cachorro não hesitou e voltou o mais depressa possível.

Novamente um arbusto balançou, todavia, desta vez do lado esquerdo. – Quem está aí? – Witc logo se recordou do episódio vivido oito anos atrás com a tumba, quando um esqueleto agarrou sua perna e profetizou um futuro de destruição para os bruxos. Ele não entendia o que tinha a ver com ele, porém, aquilo o assustou. – O que você quer? Apareça logo. – Witc deu mais alguns passos em direção à roseira azul, que balançou logo em seguida. Cinco segundos de silêncio foi o que ele pôde ouvir até que algo surge em sua frente. – Meu Deus. O que é isso? – Disse assustado ao ouvir um rosnar bizarro e ver dois olhos vermelhos parados como se estivessem a observar uma presa.

Mylla versão mangá


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Observado pelas Sombras

Até breve!!!