War Angel - Renascença escrita por Dálian Miller


Capítulo 20
Capitulo 18 – O mago da Cura


Notas iniciais do capítulo

Continuação do arco Herdeiros e, como prometido, novo capítulo :D

Boa Leitura!!!



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~ Capítulo 18 – O Mago da Cura ~

 

 Munidas pelo espírito da liberdade, Lídia e Lina retornaram para um ponto seguro, a residência da jovem metamórfica, onde iniciaram os preparos para o plano de resgate a Shawn, prisioneiro do Rei de Seiland. Apesar da forte adrenalina, não podiam agir por impulso e naquele momento, já iria anoitecer.

No dia seguinte, já prontas, elas puseram suas mochilas e, como borboletas a dançar entre as flores, seguiram sorrateiramente por quase uma hora até que puderam avistar o palácio.

— Você não disse que Seiland possuía apenas Doze mil metros quadrados? – Sussurrou Lina.

— Talvez eu tenha esquecido de ler alguns zeros. – Riu desconsertada. – Ali! Chegamos.

Paradas atrás de um rochedo a algumas dezenas de metros do portão principal, iniciaram o plano.

— Agora irei me transformar em sereia e chamar a atenção deles. Enquanto isso, siga pelo rochedo até o muro e entre. – Disse confiante.

— Mas como você irá fugir deles? – Aquele plano parecia ter muitos furos.

— Não se preocupe. Apenas faça o que eu disse.

— Certo, miga! – Deram as mãos – boa sorte!

Lina possuía passos leves e, seguindo pela areia esbranquiçada atrás do rochedo conseguiu se aproximar do muro enquanto Lídia iniciou sua transformação.

— Olá soldados! – Balançou uma das mãos e sacudiu aqueles longos cabelos ruivos. – Alguém poderia me ajudar?

Eles logo foram a sua direção e a herdeira das chamas azuis encarregou-se de entrar enquanto não a viam. Gesticulou logo em seguida para a sereia com um sinal de OK, apesar de não conseguir imaginar como alguém poderia sair daquela situação. Ela estava cercada.

— Obrigada pela atenção, senhores, mas não receberão nadinha de mim, desculpinha. – Lídia mudou a forma de seus braços para tentáculos de água-viva e rapidamente eletrocutou os quatro homens a sua volta. – Prontinho! – Voltou a sua forma humana em instantes e seguiu para o portão. – Ei Lina, vamos.

— Sim. – Ao virarem-se para dentro da muralha, dezenas de soldados as observavam. – Opa!

***

Enquanto isso, na ilha

 Em grande desvantagem os arvorosos seguiam derramando cada gota de suas seivas para poderem deter os monstruosos elementais de fogo invocados por Tsifer, contudo, possuíam o clima a seu favor, pois a chuva urgia, banhando insistentemente aquele solo como tentasse limpar marcas de sujeira.

Entre progressos e derrotas, o demônio seguia avançando com sua parceira e parte de seus soldados, deixando borrões de cinza como rastro por onde passava. Os Herdeiros e a pantera não poderiam estar muito longe da cabana e logo seriam alcançados.

— Droga! Consegui esse amuleto com uma pedra olho de dragão e não faço a menor ideia de como usá-lo. Onde o senhor Wechar se escondeu? Ele poderia nos ajudar! – Bradava Witc ao se jogar atrás de uma árvore, ofegante e apreensivo.

— Não dormimos nada essa noite e tem dezenas de demônios caçando a gente, você acha que esse é o nosso único problema? – Ayurik rebateu ao sentar-se próximo.

— Calma! Não podemos brigar agora, já temos muitos inimigos para lidar. – Mylla tentou acalma-los. – Será que eles ficarão bem? – Ela está falando dos Homens Árvores. – O senhor arvoroso estava em chamas momentos antes de partimos, e mesmo assim insistiu para que não entrássemos da batalha.

— Acho que eu teria perdido a cabeça com aquelas provocações sobre Li... -  Witc fora interrompido por uma explosão ao seu lado acompanhada de altas gargalhadas.

— Você perderá a cabeça e todo o resto, herdeiro. – Berrou Tsifer ainda um pouco longe.

— Ei amigão, estou com muito medo. – Balbuciou o pequeno réptil ao correr para os braços de seu amigo.

— Don, a pantera o levará para a grande árvore onde me escondi no primeiro dia e peço que fique lá, estará protegido.

— Mas não “quelo” ficar sozinho, amigão.

— Prometo que irei para busca-lo assim que tudo isso terminar. – O pondo sobre as costas do felino, Witc se despediu de Don, que seria levado para o lado oposto, região Sul da ilha, onde era mais seguro.  – Agora é nossa deixa.

Os três se ergueram, limparam a sujeira da roupa e pararam de fugir. Os bastões de prata se eletrizaram nas mãos de Mylla, que astutamente rebateu uma flecha que vinha em direção ao seu rosto.

— Ótimo reflexo! – Akira a provocou. – Mas não quero você, vadias não fazem o meu tipo, prefiro aqueles dois ali. – Atirou novamente, desta vez contra Witc, que também conseguiu rebater o projétil, o desviando com uma barreira de ar a sua frente.

— Assim você me deixa triste, princesinha! – Reclamou seu companheiro. – Nesse ritmo irei escolher aquela princesinha para ser minha escrava e você escolhe um daqueles, feito?

— Te odeio, sabia?! – Sussurrou a garota com capuz.

Boquiaberta com o que acabara de ouvir e sem perceber seu irmão ao lado de Witc, Mylla não conseguia acreditar que outra garota estava interessada nele. A ideia de dividi-lo era absurda. Sem que percebessem, ela seguiu até Akira, parou em sua frente e desferiu um soco sobre seu rosto, jogando-a em direção ao chão.

— Isso é para você aprender que não divido ele com ninguém... E você que é vadia! – Deu mais alguns passos e se aproximou de Tsifer. Assim como a luz, seus movimentos foram rápidos e o derrubou quando os bastões eletrizados acertaram seu peito. – E olhe aqui, não gosto de loiros!

Em um salto, a arqueira levantou-se e começou a ataca-la seriamente. Uma sequência de disparos fora feita contra a garota de longos cabelos loiros, embora a maioria nem a tocava. Os troncos diminuíam consideravelmente seu percentual de sucesso.

Ela é rápida, preciso pensar em algo. Já sei; ela parece gostar bastante daquele garoto de contrastes, então a provocarei tocando em seu ponto fraco. Pensou. – Ei vadia, duvido que possa me vencer em um duelo. Se conseguir, a deixo em paz, senão, ficarei com ele. – Apontou para Witc.

 Caramba! Ele tem muita sorte! Como eu queria ter duas mulheres brigando por mim. Pensou Ayurik.

— Nunca perderei para alguém como você. – Bradou Mylla enquanto arrumava a tiara em sua cabeça e se preparava para atacar.

— Então siga-me! – A bruxa de capuz correu na direção que a levaria a um local que a herdeira conhecia muito bem, afinal, foi lá onde enfrentou Ippy e treinou diversas vezes. A vantagem trazida à Akira pela liberdade e campo de visão privilegiado batia de frente com a formação rochosa daquelas terras, rica em metais que eram exímios condutores elétricos e a localização, principal receptor de raios na ilha, que trabalhava ligeiramente a favor da discípula de feitiçaria.

***

Surpreendidas pela defesa de Neptulon, as duas garotas foram capturavas e levadas ao calabouço do castelo.

— O que iremos fazer, Lina? - Indagou com preocupação. – Como poderei salvar... – foi interrompida por um chamado.

— Lídia? – Indagou um senhor de barba longa, com alguns fios de cabelo grisalhos e vestido com maltrapilhos ao surgir das sombras da cela. – Lídia?

— Sim, quem é o senhor? – Respondeu um pouco assustada.

— Não me reconhece? Sou eu, filha. – Lágrimas escorreram por seu rosto.

— Pa... Pai? – Ela correu em sua direção e saltou entre seus braços. – Ainda bem que te encontrei. – Secou as lágrimas na face do senhor. – Estou tão feliz.

— Quem é aquela mocinha? – Sussurrou.

— Ela é minha amiga, Lina. Também veio para resgatar uma pessoa.

Ele aproximou-se e tocou sua mão em ato de cumprimento, no entanto, seus olhos negros ficaram brancos e em seguida a soltou com grande repulsão.

— Você é uma bruxa! Não se aproxime da minha filha.

— Pai, ela é minha amiga. Não é aliada deles. – Disse ao senhor e depois se virou para Lina. – Então, você também possui uma habilidade. – Sorriu.

— Não sei do que estão falando. – Por que tudo é tão difícil? Só quero encontrar meu pai e ir embora desse lugar. Pensou.

— Não precisa ficar mal, jovem. Desculpe-me por ter gritado. Apenas a confundi... – Suas palavras cessaram.  – Preciso contar algo às duas. Sentem-se. Há alguns anos atrás, eu trabalhava como médico no hospital de Seiland. Todos os anos, várias pessoas adoeciam ou apresentavam sintomas que ninguém podia identificar. Muitos acreditavam que haviam se contaminado por um vírus incurável.

— E não eram? – Lina indagou com curiosidade.

— Claro que não, pequena. Na verdade, assim como você e Lídia, eles também tinham poderes especiais. 80% dos casos ocorriam entre os dez e vinte anos, idade em que seus dons começavam a se manifestar. Eu, o mago da cura ou apenas médico, como queiram chamar, libertava esses jovens e os ajudava a controlar tais habilidades. Entretanto, em um dia de treino, um dos meninos acertou o braço de uma garotinha, que nos observava escondida atrás de uma árvore, com uma pedra pouco maior que sua mão. Ele conseguia moldar o solo a sua volta.

— O que aconteceu com a menina, papai?

— Ela não se machucou tanto. A pedra pegou de raspão, mas o problema não era o que tinha acontecido, mas com quem. A pequena era filha de Neptulon. Após esse incidente, todos os usuários de magia foram caçados e aprisionados nestes calabouços.

— Mas por quê?

— Calma, filha. Nessa época, o Demônio do Mar foi visto nas proximidades de Seiland pela primeira vez e avisou que voltaria para matar a garota. Acreditando que a princesa poderia ser um alvo fácil, sugeri ao rei que ela deveria passar por um treinamento e que eu poderia lhe ensinar magia. E fui aprisionado aqui por tais palavras.

— Agora precisamos sair e encontrar meu pai. – Lina não sabia como, apenas queria.

— Se me permite, eu gostaria de ajudá-la a controlar seus poderes. Como um mago, esse é meu dever.

— Ouvir suas palavras é reconfortante, mas eu não sei se conseguirei. – Muitos questionamentos negativos perpetuavam em sua mente, mas não encontraria as respostas caso não tentasse. – Tudo bem.

— Posso tocar suas mãos mais uma vez?

— Sim. – Ao estirar os membros para frente, ele os uniu entre as suas mãos calejadas e uma forte luz azul brilhou. Seus olhos ficaram brancos novamente; aquilo a assustava.

— Labaredas. As vejo por toda parte como o sangue que percorre cada centímetro de seu corpo. – A soltou em seguida. – Você é a herdeira da Imperatriz das Chamas, talvez isso tenha me assustado agora a pouco, mas ainda é frágil e não poderá desfrutar de sua força total. Porém, conseguirá utilizar o fogo quando quiser. Tentarei prepara-la para usar até o nível três de magia ou talvez o quatro. Se tivéssemos algum pedaço de madeira... – Lídia rapidamente transformou-se em um gato, atravessou entre as barras de aço da cela e abocanhou uma tábua próxima de onde estavam.

— Como você fez isso? Pensei que não pudesse assumir a forma de animais menores. – Seu domínio sobre mudança de forma aumentava cada vez mais, enquanto sua amiga ainda não fazia ideia de como criar fogo.

— E eu não... – Olhou para si mesma. – Eu posso! – Berrou feliz enquanto retornava.

— Obrigado, filha. – Fitou o olhar para a outra. – Agora é sua vez. Imagine aquilo como lenha e que você quer muito acendê-la. Toque-a e tente.

— Mas... – Foi interrompida.

— Tente. – Ele sorriu.

— Vai amiga, acredito em você. – Aquele sorriso não deixava seu semblante, o que passava mais confiança do que nunca.

— Certo! – Lina fixou seu alvo por alguns instantes e surpreendentemente notou seu corpo esquentar, até perceber chamas azuis queimarem o tronco e, igualmente semelhantes, elas também se estendiam por seus braços, mas não causavam dor. – Consegui! – Berrou e, em seguida, desejou que aquelas chamas sumissem e assim aconteceu.

— Você é incrível, miga! – Murmurou Lídia ao abraça-la.

— Tenho um plano para nos tirar daqui. Quando os guardas nos trouxeram, notei que guardaram as chaves na sala de controle seguindo a esquerda de onde estamos.

— Eles costumam deixar o local por volta das 12h40min e retornam cerca de 30min depois, horário do almoço. – Comentou o senhor.

— Então vai ser nesse momento. Lídia se transformará em um gato novamente, irá até a sala e lá, ela vai encontrar o molho de chaves. Trará de volta, saímos e iremos procurar meu pai. O restante estará nas mãos da sorte.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Água e Ar