War Angel - Renascença escrita por Dálian Miller


Capítulo 2
Capítulo 1 - O Despertar


Notas iniciais do capítulo

Antes que iniciem a leitura, vou deixar aqui a pronúncia de alguns nomes, caso tenham dúvidas.

NOME = PRONÚNCIA

Witc = Uítique;
Ayurik = Aiúrique;
Shawn = Shom;
Ryser = Raizer;
Fahir = Farrir.

Boa leitura!



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~ Capítulo 1 – O Despertar ~

 

Doze de julho de x98. 5 mil anos depois.  Em Déviron Garden, uma cidade de aproximadamente 65 mil habitantes, que cresceu pelas planícies da região Oeste do continente de Parlahir e Sul de Lazeterra.

Com uma vista deslumbrante para o nascer do Sol, a partir da varanda da nova residência dos Rysers, eles viam aquela imensa bola de fogo reaparecer todos os dias entre as folhas dos coqueirais como se estivesse ressurgindo da escuridão que havia tomado o seu lugar no dia anterior. Além disso, o terreno continha um espaço de 50 metros de comprimento por 30 de largura, onde antes foi uma parte do campo de gramíneas, e Rose planejava criar seu futuro jardim.

Alguns dias após a mudança, os dois filhos do casal já corriam por entre alguns arbustos nativos e as roseiras recém-plantadas. O mais velho, Witc Ryser, tinha oito anos e possuía uma pele tão clara que contrastava muito bem com seus olhos e cabelos negros. Sempre vestido com shorts de cor azul escuro ou preto, e amante de camisas da cor lilás e de mangas três quartos, o garoto carregava o gosto refinado de seu pai, Shawn Ryser.

Por outro lado, Lina, a mais nova, era um tanto desajeitada e birrenta, tal como a maioria das crianças de cinco anos. Seus olhos verdes herdados da mãe, Rose Fahir ou senhora Ryser, e seus cabelos de cor cinza azulado, quase branco, que balançavam acima de seus ombros sempre chamavam a atenção das pessoas a sua volta. Seu traje composto, em grande parte, por vestidos de cor leve, dava a liberdade que ela precisava para correr durante as brincadeiras.

— Lina, vai contar. Vou me esconder. – Disse Witc ao saltar do pequeno degrau da varanda de sua casa e correr até o jardim a poucos metros dali.

Um pouco mais atrás, Lina parou na porta, pôs as mãos da cintura e resmungou inconformada com a ordem dada.

— Por que eu? Vai você.

— Eu não. Quem vai contar é você, por que só tem cinco anos e eu tenho oito; sou mais velho e os irmãos mais velhos se escondem primeiro. – Arrumou a mecha de cabelo que cobria seu olho e soltou um sorriso como o de quem aprontou alguma coisa.

Não existia a regra citada, mas Lina acreditou fielmente em seu irmão.

Descendo o degrau com cuidado para não sujar sua sapatilha rosa na terra solta, ela retrucou novamente.

— Queria ser mais velha, assim você me obedeceria.

Parado próximo às plantas que lentamente se adaptavam ao novo solo e mostravam seus primeiros botões avermelhados, Witc falou para sua irmã.

— Tá bem. Vá contar agora. Conte até cinquenta.

— Witinho – apelido dado por Lina. – Ainda não sei contar até cinquenta. Só vou contar até vinte, viu Witinho? – Ele não respondeu. Havia corrido tão rápido quanto uma lebre. – Pois vou contar só até dez. – Franziu a testa e resmungou baixinho.

Witc, que correra antes do marcado na tentativa de ganhar tempo, se escondeu atrás da última roseira do jardim.

Saltitando, a pequena saiu à procura.

— Witinho, eu vou achar você... – Alguns arbustos balançaram e Lina foi lá pensando ser o seu irmão, todavia, um gato a surpreendeu e deu um salto sobre ela. Enquanto caia sentada, Lina soltou um grande berro do susto que levou. Então virou-se para observa-lo e notou que era um felino de cor dourada e com longos pelos. – Hum! Que fofinho! Não nos conhecemos já de algum lugar? – A beleza do animal a encantou, e ela logo esqueceu o que aconteceu. – Já sei, vou te levar até minha casa, bichano. Depois volto para procurar o Witinho.

Ela se dirigiu à varanda para deixar o felino e acabou encontrando sua tia a observa-los.

Zoe Fahir era uma senhora de requinte. Sempre bem vestida, adorava mostrar a todos o seu bom gosto, e apesar dos quarenta e poucos anos, sua aparência era de uma mulher bem mais jovem. O aspecto jovial caracterizava os Fahirs.

— Tia Zoe, cuide dele. – Entregou o animal. – E se a mamãe me procurar, diga que estou brincando com o Witinho, tchau. – A menina despediu-se com um beijo no rosto da tia e saiu correndo novamente. – Vou te achar, Witinho. Eu já sei onde tá escondido. – Blefou.

— Ela não vai me achar. Não cairei no plano dela. Vou me esconder mais longe. – Ele virou-se e viu o local que seu pai o proibiu de ir outro dia. Passo a passo, o menino foi saindo em direção a um objeto grande e brilhante, como uma tumba de ouro semienterrada, que reluzia na superfície. – O que é aquilo? Acho que Lina não vai me ver se eu for lá. – Witc deu mais alguns passos, e com receio, preferiu não se distanciar do jardim. – Acho que já está bom aqui, é melhor não chegar muito perto, mas... Ainda não sei o que é aquilo. – Coçou a cabeça, confuso. A mudança ainda era recente, faltava terminar a reforma em algumas partes e construir outras, como a cerca que separaria o jardim em volta da casa do campo e floresta que vigorava ao lado.

De repente uma voz o chamou. Parecia distante e suave.

Venha, venha... ele voltou o olhar para a varanda e notou que sua tia ainda estava lá. O menino ficou intrigado por não saber a origem daquela voz. Não havia mais ninguém ali por perto a não ser ele ou sua irmã, e a voz não era dela.

 Quem está chamando? Isso pode ser mais uma das brincadeiras de Ayurik. Pensou. – Ayurik era o garoto com o qual ele fizera amizade após chegar à Déviron Garden. – A solução encontrada parecia bastante convincente para ele, então, Witc se aproximou rapidamente da tumba sem saber o que o esperava.

— Eu sei que você tá escondido aí. Não vai sair de dentro? Pois eu mesmo te tiro. – Ele empurrou um pouco a tampa da tumba com o pé, pensando que seu amigo estava lá, porém viu apenas os ossos de um esqueleto humano disposto sobre seu interior e alguns objetos estranhos. – Ah! – Gritou assustado. – Meu Deus, o que é isso? – Repentinamente uma das mãos do esqueleto agarrou a perna de Witc. – O que é isso? Socorro, socorro, me solta. Ayurik, cadê você? Me ajude. Lina! Alguém, por favor.

— Garoto, preste bastante atenção, pois não tenho muito tempo. Existe uma maldição sobre esse lugar e a sua espécie pode nos tirar daqui, mas uma coisa terrível está prestes a acontecer. A raça dos bruxos vem sendo ameaçada por demônios e os próprios humanos. Se eles conseguirem a esfera de poder, todos vocês morrerão, toda a humanidade sofrerá e ficarei aqui para sempre. – Witc estava desesperado. O medo lhe sufocava e não o deixava falar. – Assim como você, outras crianças por todo o mundo se tornaram herdeiras, mas seu tempo é curto. Encontre-as! Encontre os Santuários! A esfera vai ser lançada e a única chance dos herdeiros é se consegui-la. – A tampa logo começou a retornar sozinha. – Não, não! Garoto, olhe aqui, a esfera vai ser lançada...

A tumba se fechou antes que o espírito revelasse o local de lançamento da esfera para ele. Witc saiu correndo e chorando com medo. Passou pelo jardim e puxou sua irmã pelo braço na tentativa de sair dali o mais rápido possível. A menina sem entender, perguntou o que tinha acontecido, mas ele permaneceu em silêncio, enquanto uma forte ventania o acompanhava como se brotasse de seus pés.

 


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Notas finais do capítulo

Próximo capitulo: Cores da Aurora

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