War Angel - Renascença escrita por Dálian Miller


Capítulo 17
Capítulo 15 – O Reino de Seiland


Notas iniciais do capítulo

Segundo da sequência :D

Boa Leitura!!!



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~ Capítulo 15 – O Reino de Seiland ~

 

A cada segundo estou mais distante da luz, talvez essa seja a melhor opção. Sempre me disseram para não segui-la, mas eu não poderia ir mesmo que quisesse, já não tenho controle sobre meu corpo, não sinto nada. Será este meu destino, lentamente descer às profundezas e ser alimento para alguma criatura da zona abissal?

Eu gostaria de ter me despedido de meus amigos antes. A última recordação que tenho com meu irmão é a imagem de uma garotinha frágil sangrando entre seus braços. Espero que ele seja feliz...

Será que ela está viva? Não vemos um ser da superfície a décadas. Com certeza foram atacados pelo Demônio do Mar. De quem são essas vozes? Por que minha cabeça dói tanto? Olhem! Ela está acordando. Meus olhos estão pesados, minha boca ainda não se move como eu desejo.

— Olá! – Disse uma jovem ao olhar em meus olhos e sorrir. – Você está bem?

— Minha cabeça... Dói. – Respondi com dificuldade. Olhei para meus pés e tentei movê-los, acho que estava sonhando antes, ainda bem. Quando eu contar isso a meu... Fitei o olhar para todos os lados e não o encontrei. – Onde está meu pai?

— Aquele homem foi levado para outra sala. Seus ferimentos eram graves e precisavam de atenção especial, mas não se preocupe, ele ficará bem.

Relaxei por um momento, no entanto, algo não fazia sentido. Não me lembrava de conseguir observar alguma ilha durante o ataque daquilo. Havia uma pequena possibilidade de um barco estar passando próximo dali, talvez alguém tenha nos avistado e nos ajudado. – Que lugar é este?

Ela sorriu novamente e respondeu-me com grande contentamento. – Seiland, a terra do dragão de água. Seu nome é Seilyn, ela é a guardiã do nosso reino. – Suas expressões me passavam segurança, todavia, não concebi a existência de tal criatura neste mundo.

— Pensei que dragões fossem apenas lendas.

— Claro que não. Na verdade, nunca a vimos, mas acredita-se que ela esteja dormindo no interior daquele santuário. – Apontou para uma construção que pude observar através da janela da sala onde eu estava. A imagem misturava-se ao fundo cinza e não compreendi muito bem suas formas, mas parecia ser algo grande, nas proporções de uma catedral, talvez, ou até maior.

— Pode me levar até lá? – Eu queria ver aquilo com meus próprios olhos e ela poderia me ajudar.

— Você ainda está em repouso, e não podemos entrar naquele santuário. – Ela parecia omitir algumas informações. Acabara por desviar o olhar e mudar de assunto. – Deseja mais alguma coisa? Pedirei para a enfermeira trazer o quanto antes.

— Então estou em um hospital novamente, ao que parece, não deixarei esse ambiente tão cedo, será um sinal? – Brinquei comigo mesma. – Estou bem, não preciso de nada, obrigada.

***

Deitado sobre os escombros, Witc foi encontrado, ainda desmaiado, por sua rival no teste do druida, a pantera, que carregava entre seus dentes o medalhão com a pedra olho de dragão.

Sob influência do amuleto, a fera sentiu algo se aproximar da ilha rapidamente. Tomando o cuidado para que as bordas de terra solta não despencassem, aumentando o diâmetro da cratera e derrubando parte da estrutura da caverna sobre o jovem, ela desceu astutamente em um salto.

Rapidamente iniciou uma série de patadas, leves e contínuas, sobre a face de Witc na tentativa de acorda-lo o quanto antes. Não obtendo resultado, liberou um grande rugido próximo ao seu ouvido, o qual obteve melhores resultados.

— Ah! – Berrou o garoto ao levantar-se subitamente. – O que está fazendo aqui?

O animal bufou e saltou para fora da cratera logo em seguida, dando a ideia de deixar aquele local.

— Tudo bem, já estou indo. – Respondeu o jovem a limpar-se.

A poucos quilômetros dali, Ayurik ainda corria em direção à cabana e, em seu ombro, Don observava tudo a sua volta com sua habilidade de camuflagem em 100%.

— Não fique invisível, amiguinho, isso me deixa mais nervoso. – Ayurik comentou.

Um pouco mais adiantada, Mylla já se encontrava na cabana como havia combinado com Witc e seu irmão. Embora fosse a mais forte entre eles no quesito poder mágico, ela não havia deixado seu lado feminino e frágil de lado. A solidão naquela parte da floresta a fazia ter calafrios.

***

Ainda no mesmo dia

— Boa tarde, Lina! – Disse-me com empolgação.

— Boa tarde... – Era engraçado como já fazia algumas horas que ela cuidava de mim, mas ainda não me dissera seu nome.

— Lídia, meu nome é Lídia. Aqui seu lanche. – Entregou-me a bandeja. – Acho que poderei te mostrar Seiland ainda hoje. Você terá alta. – Sorriu.

— Engraçado. Temos nomes parecidos. – Brinquei.

— Pois é. Não vejo a hora de leva-la até minha casa, às praças, ao parquinho e ao Santuário. – Parecíamos ter a mesma idade também.

— Obrigada. Obrigada mesmo. Não imagino o que poderia ter acontecido a meu pai e a mim se não fosse vocês.

— Que nada. – Sorriu timidamente.

Logo deixamos o hospital e partimos em exploração por aquelas ruas estranhamente marcadas por ladrilhos côncavos e simétricos.

— Então, o que você fazia para se divertir na superfície? – Seus passos apressados entre as pedras do caminho davam-me a ideia que ela tropeçaria e cairia a qualquer momento. – Você parece... Ai! – E eu não estava errada. Ri disfarçadamente.

— Eu brincava com meu irmão, um lagarto falante e outros amigos. – Desviei o olhar para as residências daquela rua. – As casas aqui são um pouco diferentes das que conheço. – Suas formas eram esféricas e aparentemente não possuíam telhado.

— Aprendemos com nossos antepassados. Dizem que as primeiras casas desta cidade eram feitas com conchas gigantes, mas nunca vi uma, não acredito em tudo que contam. – Seus cabelos ruivos entrançados contrastavam com seu vestido branco e o azul das águas a nossa volta.

— Como essa cápsula foi construída? Não corre o risco de se partir? – Todo o território parecia estar coberto por uma parede frágil e transparente que a qualquer momento se romperia, a qual deixava visível as inúmeras espécies da fauna marinha que viviam nas redondezas. – E aquele cristal no centro? Como aqui é tão claro se estamos a milhares de metros abaixo do nível do mar?

— Você tem muitas perguntas. Vamos com calma. – Ela articulava bastante e parecia contente em me contar a história de seu povo. – Essa cápsula gigantesca foi criada por Seilyn cerca de cinco mil anos atrás, quando ela precisou proteger seu santuário e nosso povo da grande batalha. Segundo os registros, ela cobriu um território de aproximadamente doze mil metros quadrados com um escudo e depois o levou para um local no meio do oceano, onde tudo submergiu. É impossível quebra-la, pois a magia de Seylin era tão grande quanto a de qualquer imperador do War Angel. Alguns malucos até afirmam que ela foi uma das quatro imperatrizes de Nefise, mas que se recusou lutar ao seu lado.

Aquilo parecia ser muito fantasioso. Eu não podia acreditar em tudo que ela acabara de falar. – E quanto ao cristal? Quem foram esses imperadores, War Angel e Nefise?

— Você realmente não sabe de nada, Lina? O cristal é o motivo de existir vida aqui. Dizem que também foi colocado por Seilyn. É como se fosse nosso Sol. Brilha durante algumas horas e depois se apaga. No dia seguinte acontece tudo novamente. Vamos, depois responderei quantas perguntas quiser, mas agora quero que apenas me siga, já estamos perto do Santuário.

— Certo. – Andamos um pouco mais rápido até que chegamos numa parte afastada. A luz já não era tão forte e a imagem do local permanecia nublada. – Por que não vamos até lá? – Minha curiosidade estava gritante.

— Como disse antes, não podemos. Ele é protegido por outra barreira e está fora do nosso escudo. Nunca saímos daqui, aquelas águas são perigosas. – A expressão de medo em seu rosto confirmou. – Todos que se aventuraram e saíram em busca do santuário morreram.

— Outro dia, você falou algo sobre um demônio do mar?!

— Sim. Foi ele que atacou vocês. Nem consigo imaginar como sobreviveram. Foi um verdadeiro milagre. Ele é o pior de todos os monstros que abitam essas águas.

Lembrei-me que durante o ataque meu pai nos fez planar. Ele parecia querer enfrentar aquilo, mas não imagino como poderia vencer. Nos segundos que passei submersa não pude ver nada, mas tenho certeza que o ouvi sussurrar algo antes que aquele monstro explodisse próximo a mim. Será ele um feiticeiro?

— Lina, quero te mostrar algo. Promete que guardará segredo? – Suas mãos estavam inquietas. Acho que era nervosismo.

— Claro! Pode confiar. – Nos conhecíamos há poucos dias, mas tive a sensação de estar acompanhada por uma grande amiga.

— Tudo bem. Estou um pouco nervosa. Minha mãe falou para tomar cuidado com isso. As pessoas não podem saber. – Fiquei com medo do que poderia ser.

— Não se preocupe. – Sorri e segurei sua mão para aliviar a tensão. Ela olhou em meus olhos e agradeceu.

— Obrigada. Vamos lá, Lídia – Disse a si mesma. Ela sentou-se sobre um rochedo ao seu lado. Seu corpo logo começou a brilhar. Meus olhos não podiam acreditar no que viam. Pequenas escamas laranja surgiram em seus braços e se estenderam por seu tronco. Suas pernas se uniram e uma imensa calda surgiu no lugar. Minha nova amiga era uma sereia.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Lágrimas da Noite

Até breve!!!