Recomeço escrita por Supernatural Girl


Capítulo 1
A vida me fez uma fugitiva


Notas iniciais do capítulo

Essa é a minha primeira fanfic, espero que vocês gostem e deixem seu comentário no final com sugestões para melhorar.



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- Você vai pedir alguma coisa?

- Um milk-shake de chocolate, por favor.

Já era a segunda vez que a garçonete passava ali na mesa me perguntando se eu não ia querer algo. Fui obrigada a aceitar antes que ela me colocasse para fora. Sua cara me dizia que não demoraria muito.

Estava andando a algumas horas pensando em algum lugar para ir quando avistei a lanchonete do píer. Não estava com fome, mas ficar andando pelas ruas a noite não é a melhor opção para meninas como eu. Muitos assassinatos estavam acontecendo na região e não quero facilitar a vida do serial killer.

Andava pensando em fugir de casa desde os 15 anos. Não sei como aguentei até agora. Acho que a esperança me prendia naquele lugar. Esperança de que meu pai voltasse para casa e tudo voltasse a ser como era antes.

Há um ano meu pai foi embora. Ele nem se importou em dizer que estava indo comprar leite ou deixar um bilhete na janela. Quando eu e minha mãe acordamos, ele simplesmente havia sumido. Minha mãe tentava ficar otimista. Fazia um delicioso jantar e se arrumava, mas não muito, para que quando ele voltasse, fosse recebido da melhor maneira. Depois de seis meses nesse ritmo ela desistiu de esperar e aceitou que ele nunca iria voltar. Começou a beber e a fumar numa tentativa de se livrar da dor e eu, além de sentir falta do meu pai, comecei a sofrer com a instabilidade emocional dela e o cheiro de bebida e cigarro que dominavam o local.

Precisei assumir as responsabilidades da casa, e depois que minha mãe foi demitida por faltar ao trabalho, arrumar um emprego. Tentei de tudo para fazê-la superar essa perda, mas nada funcionava.

Comecei a pensar em fugir de casa, mas como eu poderia abandonar a minha mãe quando ela mais precisava de mim? Precisava ter esperanças. Precisava acreditar que tudo ia voltar ao normal.

É claro que não voltou e aqui estou eu em uma lanchonete, pensando para onde ir. Ainda dá tempo de voltar para casa. Minha mãe nem vai notar que eu saí. Há essa hora ela está bêbada e provavelmente gritando com algum móvel da casa. Mas eu preciso ser forte. Fiz de tudo para ajuda-la. Deixei dinheiro com a vizinha que é nossa amiga há anos, para o caso da minha mãe precisar de algo, mas não podia fazer mais nada. Não posso deixar ela estragar a minha vida. Ela desistiu de viver, eu não!

- Aqui – diz a garçonete colocando um copo de milk-shake e uma porção de batatas fritas em minha mesa.

- Eu só pedi o milk-shake.

- Ele pediu – diz ela com cara de tédio e apontando em direção a gentil pessoa.

Viro o rosto na direção que ela me apontara pronta para agradecer a gentil pessoa, mas penso melhor assim que o avisto.

O homem deve estar na faixa dos 40 anos. Veste uma blusa preta que ressalta os poucos músculos do braço. Sua pele é muito pálida, o que destaca seus cabelos e olhos negros. Seu braço está apoiado no balcão de atendimento e seu olhar está carregado de sentimentos que não ficam claros para mim.

Aceno com a cabeça torcendo para que tenha sido suficiente e dou atenção ao milk-shake.

Assim que levanto a cabeça após um gole vejo que ele está sentado na cadeira a minha frente. Era como se estivesse sentado ali o tempo todo. Não ouvi a cadeira se mover e nem senti ele se aproximando.

- Olá – diz o homem com uma grave voz e com tom autoritário.

- Olá – respondo sem muita certeza que era isso que eu deveria ter feito.

- Não vai comer a batata? Crianças adoram batata-frita e milk-shake. Na verdade até eu gosto. – comenta pegando uma batata e colocando-a na boca.

- Por que você pagou para mim? – pergunto vendo a surpresa e o divertimento tomando conta de seu rosto.

Ok. Eu não deveria ter falado isso. Ele pode pensar que eu o estou desafiando. Mas o que eu poderia dizer? Não quero comer nada que venha dele. Isso faz com que eu fique em dívida com ele e eu não quero dever nada a um homem desses. Não se sabe o que ele pode pedir.

- Achei que você estivesse com fome. Não poderia deixar uma menina linda como você passar fome.

Tenho certeza que o que motivou ele a me pagar algo foi muito mais que compaixão. Ele não parece ser o tipo de cara que conheça essa palavra. Eu preciso sair dessa mesa logo.

- Obrigada então, mas preciso ir ao bainheiro. Guarde algumas batatas para mim.

Essa foi a pior desculpa que eu poderia ter dado, mas nada melhor passou pela minha cabeça. Pego minha mochila e sigo em direção ao banheiro e vejo que uma garçonete vai deixar o lixo do lado de fora. E um plano passa na minha cabeça: Ia entrar no banheiro e espera-la voltar assim ela não saberia dizer para onde eu fui, caso o homem perguntasse.

Três minutos deve ser o suficiente. Ele ainda não deve ter ficado impaciente e a garçonete já deve ter colocado tudo o que precisa para fora. Decido me arriscar.

Abro a porta com bastante cautela olhando para os dois lados para conferir se não tem ninguém vindo e vou em direção aos fundos da lanchonete.

Ao sair sinto o vento frio e vou em direção ao píer quando escuto um barulho. Foi o som de uma lata de lixo indo ao chão. Talvez não tenha dado tempo para garçonete terminar de jogar o lixo afinal. Quando viro já pensando em alguma desculpa para dar a ela, vejo que estava enganada.

- Eu sabia que você ia tentar fugir.


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Notas finais do capítulo

Não sei quando irá sair o próximo capítulo, mas ficaria muito feliz se você marcasse que está acompanhando a história e deixasse um comentário com sua opinião sobre o capítulo.



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