As Crônicas de Pan Gu escrita por Nanahoshi


Capítulo 2
Prólogo - parte 2 - Três


Notas iniciais do capítulo

BOA NOITE GALERA!!!
Como vocês estão? Deu pra perceber que eu estou bastante animada com a história né?
Bem aqui vai o segundo capítulo pra vocês, o último da narrativa de Pan Gu.
Eu ia postar o significado dos nomes e tal mas tô com preguiça UAHSUAHSUHAHU
Então, bom capítulo pra vocês !!!
P.S: sim, na minha história existirão bárbaras mulheres e feiticeiros homens. Dois beijos pra quem não gostar :D



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Uma nova era começou em Pan Gu.

Não foram deuses, fenômenos, catástrofes e nem sequer a minha determinação que a iniciou.

Os responsáveis foram pequenos seres que eu havia criado antes do dilúvio, os únicos que foram capazes de sobreviver ao meu desgosto.

Vendo que eles eram especiais, chamei-os e os abençoei. Entretanto, eu precisava nomeá-los.

Olhei ao redor e percebi que o caminho trilhado por eles ate chegar a mim havia feito com que a terra se regenerasse e brotasse novamente. Lembrei-me entao que havia criado-os a partir de um pedaço de meu espírito que havia enterrado na terra.

—Vocês serão chamados homem e mulher, e juntos, humanos. Humano é tudo aquilo que é relativo ao homem e à mulher. Será homem porque é o "humus" para o meu mundo perfeito. Fará a terra florescer e dar frutos. Mulher, viverá ao lado do homem como sua companheira. Fará com que os seres se multipliquem e povoem a terra. Cuide deles para mim, porque você vem de "mulgere". O mundo e o espirito irão "ordenhar"-te, porque apenas você será capaz de produzir o espírito perfeito para o meu mundo.

E assim foi feito.

Oh sim! Devo ressaltar que quando os abençoei eles não passava, de filhotes de humanos. Então pedi que o homem nomeasse a mulher e esta o nomeasse. Ele a chamou Xiao-Jin, que significa "amanhecer bom e belo"; e ao homem a mulher chamou de Fai-Teegan, que significa "princípio bom".

Assim começava a Era dos Humanos.

***

Com o passar do tempo, percebi que Xiao-Jin e Fai-Teegan se interessavam muito pelas outras criaturas que criei: os animais. Ao contrário dos humanos, elas não pensavam e eram incapazes de se comunicar com palavras. A mulher até tentara se comunicar com eles, mas quando viu que era inviável, desistiu.

Com isso em mente, decidi então criar seres muito próximos dos animais, mas que ao mesmo tempo pudessem se comunicar com os humanos.

Movido por essa ideia, escolhi entre os que criara alguns em específico. Assim como Xiao e Fai eram dois companheiros, escolhi dois animais: o tigre e a raposa. Toquei-lhes a fronte e os abençoei com a auto-consciência e com o dom da fala.

Foi através desses dois primeiros seres irracionais abençoados que o homem e a mulher intensificaram a sua relação com o mundo que eu havia criado. O tigre ensinou ao homem sobre a proteção e à mulher, sobre o sacrifício. A raposa ensinou ao homem sobre a terra, e à mulher sobre a magia.

E assim, Xiao-Jin e Fai-Teegan viram diante dos seus olhos a transformação gradual de seus amigos animais à medida que aprendiam com eles. Logo, raposa e tigre se equilibravam sobre as patas traseiras e começaram a assumir contornos humanos.

Eis que um dia estava eu a vagar pela minha criação, quando Fai apareceu puxando o tigre humanizado pelo braço. Da boca do menino apenas uma palavra saía:

—Humano, humano, humano.

O homem agora acreditava que o tigre se convertera em humano ao desenvolver-se!

Aproximei-me dos dois e disse:

—Não se precipite, Fai. Ele não é humano por mais que ande sobre dois pés.

—Então o que ele é? - devolveu o filhote de homem.

—Antes de eu abençoá-lo, chamei-o tigre, mas vejo que agora esse nome não cabe mais a ele...

Foi então que percebi que havia criado uma nova raça inteligente para o meu mundo perfeito!

—Homem - chamei Fai - vá até onde está Xiao e a raposa e traga-as aqui.

E assim ele fez.

—Hoje irei dar início a algo novo. Fai e Xiao. Vocês veem que seus amigos aqui não sao mais animais, mas também não sao humanos. Eles são parecidos com vocês, mas ainda assim possuem diferenças. A diferença é algo que não parece com nada do que vocês conhecem. E ela que faz o mundo se tornar interessante. Por isso hoje eu criarei uma nova raça para povoar Pan Gu ao lado de vocês. Vindos dos animais, vocês serão eternamente espíritos livres ligados ao meu corpo que gerou a natureza. E os nomeio Selvagens. - dizendo isso, virou-se para os humanos. - Xiao, nomeie a raposa. Fai, nomeie o tigre.

—Chamará Lien-Lei, que significa ao mesmo tempo, mulher livre e flor frondosa. Para que você nunca se esqueça que somos amigas e que esteja sempre em conexão com a natureza. -nomeou Xiao primeiro,

—Você será Chang Kong, o que é livre e glorioso.

Nomeados, os Selvagens foram saudados pelos humanos, marcando a aliança entre as duas raças.

Tudo em Pan Gu transcorria perfeitamente. Selvagens e Humanos conviviam em paz. Eu esperava que aquilo continuasse para sempre, mas...

***

—Alguns anos depois-

Humanos e Selvagens cresceram e se tornaram fortes e belos seres. Xiao-Jin e Lien-Lei enchiam a criação de beleza, cuidado e carinho. Fai-Teegan e Chang Kong patrulhavam e protegiam as outras criaturas.

Imaginei que logo, logo, ambos os casais começariam a dar início à continuação de sua linhagem.

Realmente, eu estava certo... Mas não da forma como eu esperava...

Um dia, enquanto eu vigiava tudo através do meu olho esquerdo, percebi que uma estranha movimentação acontecia nas fronteiras conhecidas do meu mundo. Personificando a mim mesmo, decidi ir checar pessoalmente.

Ao alcançar os limites, percebi que Fai-Teegan e Xiao-Jin estavam lá, juntamente com seres de luz... Ou melhor, deuses.

—O que fazem em meus domínios? - interpelei os invasores.

—Vimos através do corte que você fez na realidade a sua criação. Como tudo nos pareceu belo e bom, viemos. - respondeu uma deusa. Percebi que ela olhava de soslaio para Fai e massageava o ventre.

—O que fizeram com os meus queridos?

Os deuses se entreolharam.

—Achamos que eles eram criaturas muito belas, e emanavam um estranho poder. Então- escolhemos dois de nós e nos deitamos com eles.

Naquele momento, uma profunda escuridão cobriu a terra. Fiz desaparecer minha personificação e gritei em fúria do céu:

—VOCÊS CORROMPERAM OS PUROS E INOCENTES QUE EU CRIEI! VOLTEM PARA O VAZIO! ESSA REALIDADE NÃO PERTENCE À VOCÊS!

E dizendo isso, expulsei os deuses de volta para o nada. Entretanto, antes que uma das deusas desaparecesse, Fai a segurou impedindo que o vórtice que criei a sugasse.

—Por que salva quem te corrompeu, Fai-Teegan?

—Porque ela carrega um pedaço do meu espírito em seu ventre.

Xiao estava abaixada, e chorava abraçando sua barriga.

Foi neste momento que percebi o que havia acontecido.

—Muito bem - eu disse tentando manter a calma. - Essa deusa ficará aqui até que o seu filho nasça. No momento exato que a criança sair de dentro dela, farei-a desaparecer! E Fai, Você criará esse filho juntamente com o que Xiao espera, porque ela é a mulher que está destinada à você.

Dito isso, silenciei a minha voz do céu e me personifiquei para procurar Lien e Chang. Havia algumas precauções a serem tomadas.

***

Nove luas cheias depois, Xiao deu a luz à uma menina . Alguns dias depois, a deusa também deu a luz, e desapareceu como eu lhe havia ordenado. Dela nasceu um menino.

—Fai-Teegan e Xiao-Jin, nomeiem seus filhos e eu os abençoarei.

Por serem semi-deuses, percebi que um grande poder emanava deles, e por mais que tenham sido fruto de algo corrupto, emanavam uma pureza inimaginável.

—Ela vai se chamar Xie He. - disse Xiao-Jin.

Me surpreendi, pois aparentemente a mulher também sentira a pureza vinda das crianças, pois o nome que escolhera significava "pura e elegante".

—E ele vai se chamar Yi Hie.

Esse nome também referia-se à pureza.

Depois, peguei as duas crianças e as levei para o alto de uma montanha. Ninguém teve permissão para me seguir. Lá, invoquei meu machado e feri meu antebraço direito e derramei meu sangue sobre as costas das crianças. No ponto em que o líquido caiu, pequenos brotos felpudos rasgaram a pele dos bebês.

—Vocês serão a terceira raça do meu mundo. Abençoados com o meu sangue, concedo a vocês a habilidade de voar. Serão mestres da pureza e da sabedoria... Os que chamarei de Alados.

A minha intenção ao abençoá-los era trazê-los para o meu projeto de um mundo perfeito, porque eu sabia que eles carregavam também a essência de deuses que tinham noção de poder.

E o poder trazia diferenças à tona, que geravam desentendimento e vontade de dominar. E impor dominação gerava apenas... Caos.

***

Essa é a história da criação das três raças primordiais de Pan Gu.

É claro que eu contei apenas o prólogo de uma história que se arrasta por milhares de anos. Porém, não serei eu a terminar de contar essas crônicas.

Antes que eu abra espaço nessa narrativa, há um evento que eu devo detalhar a vocês. Aquele que deu início ao mundo caótico e ambíguo que hoje é Pan Gu.

Como eu previ, a noção de diferença entre as raças começou a se tornar cada vez mais evidente entre eles. E isso começou a gerar discórdias.

Percebendo que meu projeto ruía diante dos meus olhos mesmo com a minha interseção, percebi que eu não era mais o deus absoluto daquele mundo. Outros deuses voltaram a invadir e influenciar as ações das criaturas, jogando-as uma contra as outras.

Eu não passava de um deus zelador da criação.

Frente a isso, tomei três decisões que mudariam o mundo completamente.

E a primeira delas eu confiei à primeira criatura que criei no começo dos tempos...

***

Desculpem se demorei a contar sobre ela. Minha memória não é a mesma. E, sinceramente, o tempo sempre foi extremamente confuso para mim. Às vezes confundo memórias com previsões e coisas que estão acontecendo agora.

Mas problemas com memórias à parte, o primeiro ser que criei foi a borboleta.

Foi o nome que dei a esse pequeno ser baseado na luz triangular que me arrancou da inércia solitária daquele vazio.

Eu abençoei essa criaturinha de forma que quem as seguisse, encontraria sempre o caminho para a esperança e para a paz. Ou talvez, o melhor caminho destinado à pessoa que a seguisse.

Então, invocando as borboletas de Pan Gu, escolhi dentre elas uma vermelha, uma marrom com branco e uma verde-azulado.

Levando a borboleta vermelha, reuni-me com Xiao-Jin e Fai-Teegan.

—Meus filhos - chamei - Já é hora de vocês seguirem o caminho destinado à vocês. Veem esta borboleta?

Os dois assentiram.

—Sigam-na e onde ela pousar pela primeira vez, construam ali a vida de vocês. Cresçam e expandam a raça dos humanos semeando a paz.

E assim foi feito.

A mulher e o homem partiram seguindo a borboleta vermelha.

Depois, reuni-me com Lien-Lei e Chang Kong levando a borboleta marrom com marcas brancas.

—Meus filhos - chamei. - Já é hora de vocês seguirem o caminho destinado a vocês. Veem esta borboleta?

Os dois assentiram.

—Sigam-na e onde ela pousar pela segunda vez, construam ali a vida de vocês. Cresçam e expandam a raça dos selvagens semeando a fraternidade.

E assim foi feito.

A mulher-raposa e o homem-tigre partiram seguindo a borboleta marrom com marcas brancas.

Por último, reuni-me com Xie He e Yi Hie levando a borboleta verde-azulada.

—Meus filhos - chamei. - Já é hora de vocês seguirem o caminho destinado a vocês. Veem esta borboleta?

Os dois também assentiram.

—Sigam-na e onde ela pousar pela terceira vez, construam ali a vida de vocês. Cresçam e expandam a raça dos alados semeando a humildade.

E assim foi feito.

A mulher semi-deusa e o homem semi-deus partiram voando seguindo a borboleta verde-azulada.

***

Ao verem meus filhos partirem através dos meus olhos no céu, lancei uma benção sobre eles:

—Filhos de Pan Gu, concedo a vocês o dom do livre arbítrio para que construam um futuro glorioso e pacífico para o meu mundo. Eu não sou mais o deus deste lugar, mas ainda assim, eu o criei. Então espero que, utilizando-se dos dons que concedi, concretizem o meu projeto de um mundo perfeito através de suas escolhas.

Essa foi a segunda decisão que tomei.

***

A terceira e última decisão encerra as minhas ações como o deus deste mundo. A partir do momento que as raças ali viventes adquiriram o dom do livre arbítrio, prometi que nunca mais tornaria a me personificar em terra para interceder no desenrolar dos fatos em Pan Gu.

Assim, desfiz minha última aparição no vento e voltei a observar o mundo através do Sol e da Lua.

***

Os humanos, os selvagens e os alados seguiram as borboletas e cumpriram minhas ordens. Os primeiros a se expandirem magnificamente foram os humanos, sendo eles os donos dos cinco maiores impérios que já existiram sobre o solo de Pan Gu.

Os selvagens criaram uma cidade que nunca foi encontrada por nenhuma das outras raças, e por isso, foi chamada de “Cidade Perdida”.

Os Alados, elfos alados orgulhosos, evoluíram em sabedoria e poder, criando uma cidade próspera nas terras do sul.

Entretanto...

Com o livre arbítrio e a interseção de outras entidades, rivalidades começaram a surgir e se intensificar entre os povos. Não tardou muito para que essa diferença evidente se transformasse em disputas e guerras. Um tentava se impor sobre o outro e conquistar terras de influência. As forças bélicas e os exércitos foram se fortalecendo e recriando a forma de viver. Profissões de guerras surgiram. Os humanos se organizaram entre guerreiros e magos. Os primeiros são mestres do combate corpo-a-corpo e o manuseio de diversos tipos de armas. Os magos são mestres dos elementos e curvam as forças da natureza em favor da destruição.

Os selvagens geraram os bárbaros e os feiticeiros. Bárbaros eram guerreiros e guerreiras extremamente fortes e poderosos que aprendiam a arte da resistência e da destruição em massa. Transformavam-se em animais ferozes utilizavam seus poderes para a guerra. Os feiticeiros, por outro lado, formavam contratos ou domavam seres da natureza para auxiliá-los em combate. Eram especialistas na invocação de enxames de insetos venenosos e manipulação de toxinas.

Já os alados se organizaram segundo o nascimento. Aqueles que nascessem de uma deusa seriam sacerdotes, especializando-se na arte da cura, manipulação do trovão e da magia do metal. Durante a existência dos Alados, apenas alguns raríssimos sacerdotes conseguiam dominar a habilidade de cura completamente, sendo que aqueles que o fizessem poderiam ressuscitar os mortos. Aqueles que nascessem de um deus seriam arqueiros, guerreiros furtivos especializados no uso de arcos, fundas e bestas encantadas com magia e venenos mortais.

Com a ascensão da especialização dos exércitos, as guerras ganharam proporções maiores. Inocentes morreram. Cidades foram destruídas. Conhecimento se perdeu... e os valores que um dia ensinei a eles também.

Existem muitas histórias sobre as guerras travadas entre as três raças, mas não cabe a mim contá-las.

Antes de me retirar, há ainda um detalhe a acrescentar.

Humanos, Selvagens e Alados mergulharam em batalhas árduas e sangrentas e se esqueceram do resto da criação. E foi do solo banhado pelo sangue derramado por ódio e egoísmo que a sombra do passado de Pan Gu se reergueu.

Em meio à guerra, os antigos seres que habitavam o meu mundo retornaram.

Não estavam vivos, mas também não estavam mortos.

Por isso, foram chamados de “Sem-Alma”.

Avançando e ganhando poder devido aos exércitos enfraquecidos, os Sem-Alma começaram a tomar posse de Pan Gu, situando sua base num pântano antigo que existia a sudeste. Hoje, os habitantes dessa terra o chamam de “Pântano Desalmado”.

E antes que pudessem perceber, as três raças mergulharam numa outra guerra muito maior do que as que haviam presenciado. Seus inimigos agora eram mortos-vivos que não morriam, apenas voltavam ao submundo e ressurgiam novamente.

A escuridão e o caos começaram a tomar o espírito dos viventes.

Já não existia mais esperança.

Pan Gu se transformava aos poucos em um mundo imperfeito.

E dentro desse cenário que a história que interessa irá começar.

Não cabe a mim contá-la, por não sou mais um deus.

Eu sou Pan Gu, a entidade zeladora desse mundo.

Apenas observo as ações daqueles que podem escolher e o desenrolar de suas conseqüências.

Entretanto, posso dizer que, mesmo num cenário tão obscuro, existem ainda aqueles que fazem as escolhas certas...

***

Ano 19983, Pan Gu, Cidade Perdida.

O deus que criou esse mundo desejava que tudo existisse de uma forma perfeita.

Infelizmente o que se semeia hoje em Pan Gu é apenas o caos e a guerra.

Em meio à batalhas e sangue e escuridão, acreditava-se que ninguém era capaz de ver um único ponto de luz.

Mas a herança de Pan Gu para os filhos dessa terra provou o contrário.

Mergulhado em desgraça, o mundo imperfeito repleto de coisas imperfeitas gerará seres perfeitos.

Uma geração completamente nova.

A esses seres foi dado um nome...

Heróis.


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Notas finais do capítulo

E o que acharam? Críticas? Sugestões? Gente por favor t.t ajudem-me não sejam leitores fantasmas
Beijos mil e até o próximo cap o/