A filha de Gaia escrita por Goth-Lady


Capítulo 36
Reunião de Pais parte 4


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pelo atraso, a vida anda difícil (final de curso é uma beleza), fora o incrível bloqueio que tive. Mas finalmente consegui escrever algo que preste.
Boa leitura.



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As musas chegaram ao acampamento, incomodadas com a cantoria, e foram reclamar. Macha e Rhiannon não gostavam de desaforo, então foi realizada uma competição de música. Pã, Dionísio e Apolo foram chamados pare serem os juízes, mas não esperavam que os outros deuses chamassem seus próprios juízes a pedido das celtas, para haver mais variação no júri.

Bragi foi chamado pelos nórdicos e chegou solando algum metal, arrancando exclamações positivas e negativas a respeito. Hathor fora convocada pelos egípcios e os semideuses tiveram que reprimir comentários que a comparavam com Hera por causa da cabeça de vaca. As celtas convocaram Dagda, o simpático velho barbudo chamou a atenção de todos. Já os hindus chamaram uma mulher absolutamente linda a ponto de causar inveja nas meninas e na própria Afrodite. Ela tinha a pele clara, olhos castanhos, cabelo preto comprido e usava um sari branco com detalhes dourados, uma blusinha lavanda e um colar.

— Parvy, que é ela? – Perguntou Eliot.

— É Sarasvati, a esposa de Brahma. Ela é deusa da sabedoria, das artes e da música.

— Ela é linda. – Comentou Lena.

— Por que não nos contou que tinha uma deusa tão linda assim em sua mitologia? – Perguntou o filho de Ares que era amigo deles. – Podia tê-la posto na lista naquele dia.

— Mas eu pus. Quando me perguntaram, eu respondi que era a Tri Devi.

— Ela é a Tri Devi?

— Não, é...

— Hey, vocês! A gente quer ver o duelo!

O duelo musical começou. Cada musa tinha o seu papel e cada celta faziam tudo sem precisar dividir em atividades específicas, com graça. Várias e várias letras e interpretações foram apresentadas, umas emocionaramo público e outras agitaram. A decisão ficou por conta do júri.

Como eperado, Apolo, Pã e Dionísio votaram nas musas e Dagda nas celtas. Bragi também votou nas celtas, já que a música céltica se assemelhava ao folk e o folk tanto das terras celtas quanto das terras nórdicas se assemelhavam ao metal nórdico. Hathor também votou nas celtas. A decisão final ficou por conta de Sarasvati. A hindu acabou votando em favor das celtas, irritando tanto as musas quanto os gregos.

— Não vale!

— Os juízes decidiram, então, sim, vale. – Disse Macha.

— Foi trapaça!

— Trapaça foi colocar três deuses gregos como juízes quando todos os outros só tiveram um representante por mitologia. Gregos realmente não sabem perder.

O comentário causou alvoroço, mas Macha pouco se importou. Sabia o quanto os deuses odiavam perder, principalmente para mortais, e sabia das discórdias que eles causavam e dos castigos que impunham aos que ganhavam deles, não à toa, Aracne tinha se tornado uma aranha. Mas ela não era uma mortal, não era uma ninfa e muito menos subordinada a eles. Aqueles idiotas podiam não saber, mas ela era uma Morrigan e já estava na hora de alguém colocar juízo em suas cabeças. E também, ver o circo pegar fogo era sempre bom.

— Ora, se os mimados não gostam de perder, batalhem contra mim, mas já vou avisando que se eu vencer irei querer as cordas vocais das suas musas. Topam?

— Macha, você perdeu o juízo?! – Reclamou Epona.

— E ela tem algum? – Retrucou Rhiannon.

— Isso é loucura, Macha, até para você! – Repreendeu Dagda.

— Ora, se ficam de birra por causa de uma derrota em um simples concurso de canto, vamos para o que eles sabem fazer de melhor, batalhar. Isso é, se aceitarem o desafio.

— Nós ace...! – Começou Zeus.

— Não faça isso! – Exclamou Odin. – É justamente o que ela quer!

— Nem eu e nem Odin seríamos loucos de enfrentar Macha. – Disse Rá.

— Nem eu seria. – Comentou Shiva. – Mas admito que adoraria ver a luta.

— Vocês têm medo desta mulher?!

— Agora posso concluir que não sabe quem ela é. – Tornou a dizer Rá.

— E pouco me importa! Nós aceitamos!

— Grande erro. – Comentou Tawhiri.

— Muito bem. – Macha sorriu de forma sinistra. – Como eu disse, se vencer, quero as cordas vocais de suas musas. E não tentem interferir na luta, qualquer tentativa será passível de penalidade.

— Garota estúpida, não sabe no que se meteu! – Ares soltava fogo pelas ventas.

— Querendo revanche por aquele dia?

— Só ganhou porque eu deixei!

— Mesmo? Pensei que fosse por ser mais forte que você.

Em fúria, Ares se tornou Marte, sua contraparte romana. Ele tinha o cabelo preto em corte escovinha, várias cicatrizes no rosto e usava um “uniforme de guerra” romano. Mesmo tendo uma aura pra lá de intimidadora, isso não afetava Macha. Ela sorriu, aquilo seria interessante.

— Vou querer sua língua se eu vencer!

— Quero ver tentar.

— 100 que ela faz ele chorar. – Disse Haumia.

— Dou 200 que ele pede arrego. – Dessa vez foi Vili.

— 300 que ela humilha ele na frente de todo mundo. – Amon cobriu a aposta.

O primeiro ataque partiu dela e por pouco ele conseguiu bloquear. Dessa vez, ele usava a espada, mas só isso não iria salvá-lo. Macha sorriu ao notar isso. As lâminas foram separadas para então se reencontrarem no ar.

— É, ficou melhor.

— Se meteu com o deus errado, mulher.

— Se eu quisesse o deus certo, teria procurado algo melhor. – Olha para baixo, analisando o “conteúdo”. – Muito melhor mesmo.

Marte corou de raiva e o próximo ataque partiu dele. Macha defendeu não apenas esse, mas o próximo também. Se divertia com a cena. Os dois trocavam golpes, alheios ao mundo ao seu redor. Foi ela quem tirou o primeiro sangue.

— Mesmo romano ainda tem sangue dourado?

— Esperava vermelho como o de um mortal?

— Vermelho é uma cor muito quente e atrativa. – Ela levou o dedo ao sangue na lâmina e depois o lambeu. – Até o gosto é broxante.

Ele fez uma careta. Novamente as lâminas colidiram no ar, nenhum deles estava tentado a perder, ele mais ainda que ela. Girou a espada para tentar acertá-la, mas teve o efeito contrário. Macha se aproveitara do ataque para desferir outro golpe cortante. Tinha que admitir, ela era rápida e graciosa também. Macha o conduzia em uma dança mortal com as lâminas cuja sincronia era selvagem e ao mesmo tempo ritimada. Poderiam ficar assim por muito tempo.

Em uma das investidas dele, Macha não defendeu, ao invés disso, preferiu se abaixar e atacar debaixo para cima, perfurando a carne. Não satisfeita, ela elevou ainda mais a lâmina para aumentar o estrago. Sorriu de forma perigosa antes de retirar a lâmina de dentro dele.

— Parece que venci, de novo.

—Sua...!

— Maldita, vadia, vagabunda, puta, desgraçada... Não dá para variar nos apelidos?

— Filha da mãe!

— Queria ver falar isso para ela. Já podem me passar as cordas vocais.

— Nem pensar! Quero revanche!

— Eu poderia ficar aqui o dia todo e te humilhar a cada batalha, mas é mais divertido te negar o que quer e vê-lo puto.

— Ora sua...!

— Vão me dar as cordas vocais ou eu vou ter que ir até aí buscar?

— Você não vai ter nenhuma delas! – Gritou o líder.

— Não?

Um corvo passou voando por eles e quando foram conferir. As gargantas das musas se encontravam perfuradas com sangue gotejando, corvos voavam ao redor e as cordas vocais não estavam mais lá, elas agora se encontravam nas mãos de Macha, que exibia um olhar insano, assim como seu sorriso que mostrava seus dentes perfeitamente brancos enquanto o sangue pingava de um dos dedos diretamente para a boca. Uma visão perturbadora, mas ao mesmo tempo sexy para quem gostava de coisas hediondas.

— Eu te disse para não aceitar. – Disse Odin.

— Mas que merda é...?! – Hades, que tinha acabado de chegar, interrompeu a frase quando viu a autora de tal hediondidade. – Macha?!

— Hades, faz tempo, não?

— O que vocês fizeram?!

— Seu irmão decidiu apostar as cordas vocais das suas musas em uma batalha entre Marte e Macha. – Esclareceu Sedna.

— Perdeu o juízo?! Ela é uma Morrigan! Irmã da Grande Rainha e da Badb!

Nessa mesma hora, todos que não sabiam disso travaram automaticamente. Não podia ser possível, a terceira Morrigan estava bem ali, diante deles.

— Nós te avisamos. – Disse Shiva dando de ombros. – Melhor, tentamos, mas não quis ouvir.

— Por que não me surpreendo?

— Esse é o lugar certo?

— Claro que é! Olhe, tem até lanchinho!

— Tohil, comporte-se.

Todo mundo se virou para ver os recém-chegados e lá estavam Chaac e Tohil. Chaac, com sua pele escamosa como a de uma serpente e seu machado e Tohil com roupa de leopardo e seu macuahuitl, além de outras armas e de um coração na mão, que ele espremeu para beber o sangue.

— Isso significa que a reunião acabou. – Disse Marcos.

— Acabou o caralho. – Retrucou Tohil. – Deixamos o Jaguar e os outros com os astecas e os incas e viemos.

— Eu fui liberado para vir, você não.

— Eu lá tenho cara de quem quer resolver problema?!

— Ele me lembra um pouco Kali. – Comento Sarasvati para Shiva.

— Não, minha cara. Kali é pior.

— Aí, vão ficar com os corações delas? – Perguntou o deus do fogo e da guerra se referindo às musas. – Por que se vão morrer, é melhor que seja com o coração arrancado e dado a mim.

— De qualquer forma, é melhor nos assegurarmos que ele e Kali nunca se encontrem.

Chaac e Tohil não foram os únicos a chegar. Não demorou muito e Freya surgiu juntamente com Maat, Hathor, Sekhmet, Macária, Seshat, Thrud, Brigid, Áine e Arohirohi. Além delas, outras que os semideuses desconheciam tinham aparecido. Todas eram extremamente lindas.

A primeira era uma mulher de pele clara, longos cabelos prateados e olhos também prateados vestindo um vestido azul cobalto com prata, adornos de prata com pedras azuid, um sapato prateado e uma coroa de prata. Esta era Arianrhod, a roda de prata.

A segunda era uma mulher de pele avermelhada, longos cabelos begros como a noite e olhos incrivelmente verdes como a mata. Ela também vestia um vestido azul cobalto com adornos e sapatilhas prateadas. Também tinha uma tatuagem tribal no queixo, o que chegava a ser estranho, mas continuava linda. Aparentava ser nova, talvez uns 16 anos. Esta era Hine-Nui-Te-Po.

A terceira era uma hindu de cabelo ondulado, sari laranja com uma blusinha roxa e adornos de ouro. Já a quarta tinha o cabelo ondulado com a franja cacheada e usava um sari vermelho com uma blusa azul. Ela estava acompanhada por uma mulher com 10 braços, cabelo extremamente comprido, sari azul e blusa salmão e por outra de pele azul com quatro braços, uma saia de braços com um top marrom e um colar de crânios, além de estar com a língua de fora. A de sari laranja era Lakshmi, a de vermelho era a Grande Parvati, a com dez braços era Durga e a azul era Kali.

A quinta tinha pele avermelhada, cabelo negro até o quadril preso em duas tranças, olhos castanhos e usava roupas de esquimó. Esta era Malina.

E a última tinha a pele morena, cabelo castanho um pouco acima dos ombros e olhos castanhos. Ela usava um vestido cinza e possuía algumas jóias de ouro puro, mas também uma expressão triste tomava conta de sua face. Esta era Ixtab.

— Mas que porra...?!

— Afrodite resolveu nos chamar para uma social. – Comentou Freya. – O que é estranho.

— É hoje?! – Exclamou Bastet. – Eu também fui convidada! Espere, a Sek também?!

— Não sei como, mas fui.

— Que roupa é essa, Hine? – Perguntou Tyler. – Você não usa isso.

— Morrigan, Tornarsuk e Hades me deram. Sou obrigada a usar toda vez que tem um encontro entre estrangeiros por acharem meu traje inapropriado demais.

— Kali entende! – Disse a mulher azulada. – Kali tem que usar top para não deixar os peitos à mostra.

— Hades!

— O traje normal dela é sensual demais e ela parece uma adolescente. Parece uma filha minha e não deixaria usar aquilo ao contrário do Tane.

— Hei, ela só passou a usar depois que tomei como esposa e nem ssabia que era minha filha.

— E deu a merda que deu. – Alfinetou Tangaroa.

— Uhl! Sangue! Kali pode ter um pouco? Kali está com fome.

— Não! Querida, por que trouxe a Kali?

— É um dos meus avatares. Caso eu precise, é bom tê-la por perto.

— Kali quer sangue!

— Tohil também!

— Kali quer ficar quieta ou leva pedrada. – Sentenciou Durga.

— E Tohil também. – Disse Chaac.

— Chatos.

— Vou caçar alguma coisa para comer então.

— Kali ajuda!

— NÃO! – Gritaram todos.

Kali e Tohil tiveram que cruzar os braços e sentaram no chão enquanto bufavam. Aqueles dois dariam muito trabalho.

— Como eu pude me esquecer! – Exclamou Afrodite. – Infelizmente quem representa a beleza hindu não está entre nós.

— Claro que está! – Exclamou a Grande Parvati. – Seu convite chegou a nós!

— Mas eu chamei a Tridevi!

— Permita-me explicar. – Disse Lakshmi. – A Tri Devi é composta pelas esposas da Tri Muri.

— A Tri Muri é o nome dos Três Grandes Hindus: Brahma, Vishnu e Shiva. – Continuou Sarasvati, que tinha se juntado às amigas. – Já a Tri Devi sou eu, Lakshmi e Parvati.

— Afrodite, seja lá o que planeja fazer, é bom não dar merda.

— Não vai dar. – Ainda mais vendo que aquele povo não era brincadeira.

— Se isso for uma armadilha, você irá se ver comigo. – Sentenciou Maat de forma assustadora.

— E comigo! – Exclamou Sekhmet.

— Vocês nem deviam estar nessa lista! Nem são belas o suficiente.

— Perdoe. – Disse Hathor ácida.

As egípcias metarmofosearam as cabeças animais em cabeças humanas. Todas tinha cabelo negro como se fossem fios de linho. Bastet tinha olhos castanhos intensos, Hathor tinha olhos azuis e Sekhmet olhos vermelhos como sangue. Apesar das “gêmeas” serem praticamente iguais e mais belas que a própria Afrodite, Hathor exalava graça e Sekhmet poder, tanto que era uma daquelas pessoas que atraía todos os olhares quando adentrava em um local. Não pela beleza exuberante, mas por ser poderosa e perigosa.

— Isso está bom pra você? – Perguntou Bastet fazendo a grega morrer de raiva.

— Meus olhos me enganam ou vejo alguém familiar a mim?

A pergunta partiu de Áine, que estava tão quieta até o presente momento que mal notaram sua presença. Áine era a graça e a beleza personificadas, possuía pose régia e uma beleza sobrenatural. Não era à toa que era a rainha das fadas.

— Áine. – Eros engoliu em seco.

— Hades, quem é essa? – Perguntou Hefesto.

— É a rainha das fadas. Fique longe porque Morrigan também é relacionada às fadas.

— Esperava não vê-lo tão cedo.

— Eros, do que ela está falando? – Perguntou Afrodite.

— É que...

— Foi você quem o fez voltar para casa procurando pela Psique? – Perguntou Himeros, que dessa vez usava uma camisa social lilás, mas a mesma se encontrava toda aberta. – Precisa me dizer o que deu a ele, pois a noite rendeu!

— Himeros!

— Um feitiço básico do amor.

— Pode me mostrar para eu aplicar nele mais vezes? Ele realmente precisa.

— Talvez.

— Isso é um complô?!

— Ora, sua vida sexual está uma merda mesmo. Me admira ter tido um bando de filho sem a Psique saber.

— Ela não sabe?

— Não. Por isso que estou te pedindo, para esse cabeça de vento parar de trabalhar e voltar para o casamento dele.

— Obrigado por dizer na frente de todo mundo, Himeros!

— A gente vai ficar aqui que nem estátuas? – Perguntou a Roda de Prata.

— Oh, bem pensado. Eusó preciso ver uma coisa... Oh, parece que as inuites não estão de acordo.

— Acordo? – Perguntou Malina.

— Fizemos uma lista das deusas mais belas que a Afrodite. – Angus simplesmente jogou a informação na mesa. – Cada um disse as que consideravam as mais bonitas de sua mitologia. Me estranha que Ísis, Frigga e Morrigan não terem vindo.

— Morgue não foi convidada. Disse Macha. Ela vai adorar ouvir isso. – A deusa graga do amor travou na mesma hora.

— Então foi por isso que recebi aquela escrotice. – Disse Sedna. – Sabe o que eu ganhei com a beleza?

— Sienna nos contou, mas continua linda.

— O que nós duas ganhamos. – Pronunciou-se Malina.

— Mas vocês não parecem ser tão belas quanto Afrodite. – Disse Hera.

No mesmo instante, Sedna fechou a cara e retornou à sua antiga aparência, aparência esta que não usava há milênios. Sua pele, antes cinzenta e doscolorida estava avermelhada, seu cabelo azul se tornara preto, a única coisa que ficou foram seus olhos violeta. Era uma mulher diferente cuja beleza deixou a todos de boca aberta, com exceção das outras mitologias indígenas.

Já Malina não mudou nada além das roupas. Ao invés de roupas de esquimó largas demais para ela que não a valorizavam em nada, ela passou a trajar um vestido laranja em degradê para o vermelho e uma espécie de bata amarela com mangas compridas que iam até o chão, além de um colar de ouro com pedras vermelhas e laranjas, além de usar botas vermelhas. Seu cabelo estava solto e ela parecia brilhar ao sol.

As inuites eram as mais belas já vistas, mas não estavam contentes, pelo contrário, tinham um olhar de ódio e desprezo.

— Pensam que a beleza é tudo, basta ser bonito para cair na graça dos deuses, tanto é que você jogou seu filho do alto o Olimpo por não ter nascido bonito. – O mar só não se agitou, pois Tangaroa impediu, caso contrário, todos ali estariam dançando com os peixes. – A beleza não serve de nada e no entanto, vocês a cultuam como se fosse uma bênção e não a maldião que ela é. Deuses e homensfizeram atrocidades em nome da beleza, seja por ciúme ou por desejo. Seus deuses não podem ver mulheres bonitas, principalmente as de berço nobre que já querem possuir a ponto de estuprar ou engravidá-la em forma de algum animal ou chuva de ouro. No final, as pobres e feias foram as mais felizes.

Sedna retornou à sua aparência atual. Rancorosa, fazia praticamente todos engolhirem em seco. Seu cabelo enorme flutuava como se fosse estrangular alguém.

— O preço que se paga é muito alto. – Ela ergueu sua mão direita na altura do rosto, todos os dedos cortados de forma hedionda.

— Mais do que imaginam. – Dessa vez foi Malina quem cuspiu as palavras com ódio, levantando a bata e mostrando os buracos no lugar dos seios que ela mesma cortara, boa parte dos semideuses não suportou a visão. – Não pensem que um título vazio irá mudar algo. E não adianta tentar nos convencer do contrário.

Sabe aquelas horas em que além da boca é preciso fechar um certo orifício ali embaixo? Essa era uma delas. Gregos, egípcios, celtas, nórdicos e hindus não ousavam contestar, nem mesmo Tohil e Kali. Chaac agradevia por Ixchel não ter estado na lista, pois ela teria dado razão às inuites. Já os maoris não se importavam com beleza, mas as mutilações chamavam atenção.

— Que isso, meninas? Não viemos aqui para brigar. – Disse Arohirohi. – Tenho certeza de que podemos nos dar bem e nos divertirmos. E garanto que Afrodite não sabia de sua mitologia, certo?

— Me surpreenderia se algum grego soubesse sobre outra mitologia que não a romana. – Cuspiu Sedna.

— Provavelmente tem alguma atividade planejada para hoje, não?

— Tenho, claro. – A deusa sorria amarelo, pois pretendia arrumar um jeito de se livrar das rivais, mas tinha que mudar os planos.

— Epona e eu também fomos convidadas. – Anunciou Macha. – Nós também iremos. – E mudar com urgência.

— Eu vou ficar bem aqui. – Anunciou Malina cruzando os braços.

— É bom que não esteja tramando algo, pois eu sei usar uma espada tão bem quanto um aesir. – Disse Freya.

— A gente vai porrar alguém? – Perguntou Thrud.

— Por que faríamos isso? – Dessa vez foi Macária.

— Por que eu estou louca para bater em alguém.

— Atualizou! – Exclamou Seshat.

— O que?

— A fanfic que eu estava lendo. – Thrud capotou.

— Porra, de novo com isso?!

— O que foi? Há fanfics que são tão boas ou até melhores que livros. Isso me deu uma nova ideia.

— Puta merda, sai dessa vida, garota!

— Mas é viciante!

— Ela escreve fanfics? – Perguntou Hine-nui-te-po.

— Escreve. – Respondeu Brigid. – Seshat é muito criativa.

— Muito fumada, você quis dizer. – Reclamou a nórdica loira.

— Oh Hades...?

— Aquela dali é uma das filhas do Thoth e da Maat, já a loira é filha do Thor e da Sif. Não se envolva e fique longe delas para não causar problemas. Ah, e a de vestido branco é filha do Dagda. E nem preciso dizer para ficar longe da minha Macária e da Hine.

— Tanga, você viu aquilo? – Perguntou Poseidon em uma conversa privada com o maori.

— O que?

— A Sedna quando ficou daquele jeito.

— E daí? Ela era assim antes de ser afogada.

— Você sabia?!

— Eu imaginava.

— Ela é bonita, não?

— Você ouviu o que ela acabou de dizer?! Por conta da maldita beleza dela, ela teve os dedos cortados e foi afogada! Quer beleza?! Compre a porra de um quadro, pois ela não é objeto de decoração que você carrega por aí!

Tangaroa se afastou para o lado de Sedna. As deusas que decidiram seguir Afrodite se afastaram. Todos esperavam que nada de ruim fosse sair dali, mas foi então que Hades percebeu. Aquela entre elas era Ixtab?


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Notas finais do capítulo

As musas eram nove eram entidades a quem era atribuída a capacidade de inspirar a criação artística ou científica. Elas eram Calíope (bela voz), Clio (a que confere fama), Euterpe (a que dá júbilo),Tália (a festiva), Melpômene (a cantora), Terpsícore (a que adora dançar), Érato (a que desperta desejo), Polímnia (a de muitos hinos) e Urânia (celeste).
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Sarasvati é a esposa de Brahma, deusa da sabedoria, das artes e da música. Ela, juntamente com Parvati e Lakshmi formam a Tri Devi.
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Marte é a forma romana de Ares, mas ao contrário dele, ele é um pouco mais tático.
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Kali, a destruidora, é um dos avatares de Parvati. Ela também é considerada uma deusa da morte e da destruição. Geralmente Kali mata demônios e bebe sangue, sendo representada com serpentes, sua saia de braços e seu colar de crânios, apesar disso ela não é má.
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Hine-Nui-Te-Po é a deusa da morte e da noite da mitologia maori. Todos os filhos de Rangi e Papa eram homens e Tane foi o primeiro a querer uma esposa para companhia, então Papa o ensinou a como fazer uma figura feminina usando barro. Tane criou Hine-ahuone, o que seria sua primeira esposa e com ela ele teve uma filha, Hine-ahuone. Alguns mitos dizem que eles se separaram, outros que nunca mais se encontraram e outros que Tane era cara de pau mesmo. O fato é que Tane tomou Hine-ahuone como sua esposa e quando ela descobriu que ele era pai dela, fugiu de casa e quando Tane foi atrás, ela já estava no submundo e tinha se desligado da vida e se tornou a deusa da morte e mudado seu nome para Hine-nui-te-po.
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Hine-nui-te-po teve outro marido, seu tio Rūaumoko, o deus dos terremotos e vulcões.
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Hine significa donzela em maori, então não se assustem se virem outras Hines por aí.
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Lakshmi é a esposa de Vishnu, sendo a deusa da beleza, da fartura, da riqueza e da generosidade. A suástica indiana é associada com esta deusa. (a indiana, não a de Hitler)
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Parvati é a esposa de Shiva, sendo a segunda esposa deste e reencarnação de Sakti, a primeira esposa. Ela é mãe de Ganesha.
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Durga é um dos avatares de Parvati, é uma mulher com 10 braços podendo usar 10 armas ao mesmo tempo.
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Então é isso, espero que tenham gostado, perdoem a demora o semestre não está fácil para ninguém, quando chegar a vez de vocês, vão entender e até o próximo.



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