A filha de Gaia escrita por Goth-Lady


Capítulo 33
Reunião de Pais parte 1


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Já sei o que estão perguntando "Por que demorou duas f*&@ing semanas para postar o capítulo?!". Pois bem, foi uma complicada semana de provas para todos nós, eu e vocês, mas isso acabou, as férias chegaram e posso voltar a escrever e postar normalmente.



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Gritos. Uma discussão se fazia presente, mas ele não entendia uma palavra sequer. Fora até a origem elá estava mamãe e um homem com escamas na pele. Mamãe começou a sentir dor na barriga enorme e o homem a amparou. Foram para o quarto e ele também.

 

Mamãe estava deitada e não entendia o que ela queria. De repente, foi pego no colo. Talvez fosse a tia, mas o que a tia fazia com uma cobra na cabeça? Tentou pegar a cobra, mas não deixou. Ela o pôs no berço, murmurando algo que o acalmou. Era tão familiar...

 

Conseguiu escapar do berço. Quando chegou perto da porta do quarto, mamãe parara de gritar. Adentrara no quarto da mãe curioso. Não via mobília e nem nada, apenas a cama de casal a qual ela estava deitada com o homem escamoso ao lado. A tia com a cobra na cabeça entregava um embrulho à mamãe.

 

Ele se aproximou da cama. Mamãe lhe sorria ternamente e mostrou embrulho a ele. Ela o encorajara a ver. Ele viu um rostinho rosado de bebê, um tanto sonolento.

 

— Irmão.

 

— Cara, você está me ouvindo?

—Desculpe, Jay.

— Você está péssimo! Aconteceu algo?

— É um sonho que venho tendo desde que Festus usou a cura do médico em mim. É sempre o mesmo sonho, mas esses dias...

— Vocês deviam ter visto! – Escutaram um dos filhos de Hermes exclamar alto para os outros campistas. – Tinham muitos deuses com cabeças de animais e tinha um monstro também!

— Devia ter visto era os hindus. Tinham uns azuis e todos tinham quatro braços!

— Acham isso pouco? Eu conheci os astecas e os maias, eles sim eram assustadores.

— Pior que o lugar dos inuits não é. Era frio, gelado, tinha focas em ebulição! E muitos espíritos! Um deles tentou me morder!

— Isso porque vocês não conheceram o Kyogre. Ele ficou puto quando eu o chamei de Kyogre e quase arrancou o meu couro. Ele sim é assustador.

— Vocês falam isso, mas se fossem no meu lugar, teriam mais medo da casa da Helena do que da casa do Hades. E a mãe dela não me deixou dormir à noite.

— Por falar nos nórdicos, como estão os que foram para Asgard? Eles já voltaram?

— Já sim. As valquírias os trouxeram. Eles estão de ressaca devido ao hidromel.

— E você? Teve sorte com os celtas?

— Cara, eu demorei a achar a casa da Epona e quando achei, ela estava fora, correndo. Tive que esperar até a noite até que ela voltasse. E eu vou dizer, quando a puseram na lista das mais belas que Afrodite, achei que fosse piada, mas não era.

— Ela é bonita?

— Linda de se ver! E muito gentil também.

— Parece que eles se divertiram ontem.

— Por falar em ontem, onde você esteve?

— Leo, você está aí.

Marcos tinha se aproximado dos dois. Embora ele e Jason se encarassem mortalmente, Leo deu um de seus melhores sorrisos para recebê-lo.

— Cara, você está péssimo! Espero que os meus tios não tenham te dado pesadelos.

— É preciso mais do que aquilo para dar pesadelos ao gênio aqui.

— Não era o que parecia quando tomou um headshot de estômago.

— Cara, não me lembre disso! Aquilo foi nojento!

— Headshot de estômago?

— Acha isso ruim? Camazotz me jogou uma cabeça de uma criança que ele tinha acabado de decaptar na minha frente.

— Cara!

— Por que ele faria isso?

— Porque ele queria me ensinar a jogar futebol, então arrancou a cabeça do primeiro ser que apareceu em seu caminho e bem na minha frente!

— E você não fez nada?!

— Eu só tinha 4 anos, o que eu poderia fazer contra um morcego gigante que adora decapitar pessoas?

— Cara, você não tem trauma não?!

— Eu já tive muitos traumas, vi coisas que nenhuma criança merecia ver, aprendi coisas das quais nem imagina, vi sangue, peguei em órgãos e larvas, aprendi a lutar e arrancar corações...

— Cara, deve ter sido duro.

— E foi, mas sabe o que é estranho? Isso tudo se tornou normal para mim. Eu não me importo mais, não tenho nenhum trauma guardado, mas ao mesmo tempo, eu tenho medo disso.

— Não me diga que tem medo. – Provocou o filho de Hefesto.

— É normal ver alguém morrer na sua frente da forma mais brutal possível e você simplesmente dar de ombros? Porque para mim é. É isso que eu temo.

— Então, meu irmãozinho é o Dexter e eu não sabia.

— E você seria a Dee Dee?

— Cara, não era esse Dexter.

— Eu sei, mas a imagem de você em um cosplay da Dee Dee foi mais divertida.

— Só que a Dee Dee é alta e não baixinha.

— Você ainda vai crescer.

Os dois riram, mesmo com a conversa mórbida ou que parecesse ofensiva à vista dos outros.

— Como vai a cunhada?

— No Chalé de Hermes, mas quero ver se Hera deixa ela ficar no Chalé dela. E Parvati não está com você?

— Está ajudando a Raven a organizar as coisas com o Senhor D.

— Pensei que a Annabeth que iria ajudar ao Senhor D. – Disse Jason.

— Dessa eu não estava sabendo.

— Por que organizar tudo? É só deixar todo mundo na Casa Grande.

— Os deuses fazem questão de ver seus filhos, então nós estaremos lá também. Ao que tudo indica será ao ar livre.

— MAS QUE PORRA!

Os três se assustaram com o grito e correram para ver do que se tratava. No local onde se reuniriam os deuses, estavam o Senhor D no meio, Raven e Parvati de um lado, Annabeth e Piper do outro e Diana, Nicolas, Clarisse e os filhos de Ares segurando as mesas. Uma delas se encontrava com lascas na madeira, sendo que um dos filhos de Hefesto correu para repará-la.

— Dá para chegaram à porra de um consenso sobre as caralhas das mesas?!

— Dá para se acalmar?!

— Não é você que está carregando essa merda de um lado para o outro! Preciso jogar na sua cabeça para mostrar o quanto é pesada?!

—Você que quis carregar sozinha!

— Só porque eu posso carregar sozinha, não quer dizer que eu vá mudar a posição toda hora!

— Já acabaram?  – Perguntou a egípicia. – A gente tem que montar isso rápido.

— Eu montaria, se não mexesse no meu projeto.

— O seu projeto é inviável.

— Desculpe, mas eu fui nomeada a arquiteta do Olimpo, então eu sei o que estou fazendo.

— Você pode se tornar a rainha da Yggdrazil, mas enquanto eu estiver aqui, seu projeto não vai para frente.

— E quem você pensa que é?

— Eu sou a filha de um dos Três Maiores, o que equivaleria a um filho de um dos Três Grandes da sua mitologia. Conheci cada mitologia estrangeira antes mesmo de você e sei como me portar e o que fazer perante cada deus estrangeiro, inclusive como não ofendê-los. Seu projeto põe seus Três Grandes nas mesas mais elevadas e os outros não. Isso é uma afronta.

Os três se aproximaram de Eliot e Tyler, que estavam na multidão.

— O que está acontecendo?

— Ray e Annabeth estão brigando por conta dos projetos. – Disse o egípcio.

— Nessa briga quem sofre são os nórdicos e os filhos de Ares, pois eles têm que mudar as mesas de lugar toda hora.

— Mas esse acampamento não é grego?

— Parou de ser quando aceitaram romanos.

— Onde estão os outros?

— Frísio está com os cavalos, como sempre, Helena e Sienna raramente saem da Embaixada, Jasmine está se recuperando e Angus, o de sempre.

O Senhor D não dava sinais de que se meteria no meio da briga. De repente surgiram quatro figuras. Duas eram egípcias e outras duas nórdicas, mas isso era possível ver pela fisionomia e pelas roupas.

— E aí cambada!

— Menos, Amon.

— Vocês aqui?!

— Ve, Vili, quanto tempo!

— Rá mandou os dois?

— Que nada. Nós decidimos vir por conta própria.

— Ótimo. Já que decidiram vir por conta própria, podem ajudar. – Disse Raven.

— Ray, minha sobrinha querida! – Amon deu um abraço de urso na sobrinha, seguido de Atum.

— Tios?

— Dia! – Vili pegou a ruiva e a abraçou em um abraço de urso mais forte que o de Amon e de Atum.

— Não está chutando muitas bundas, está? – Perguntou Ve.

— Só quando entro na arena.

— Essa é a minha garota. Quantos já matou?

— É proibido matar, tio.

— Que pena. Vou te levar para caçar em Jotunheim um dia desses.

— Tem hidromel por aqui?

— Que hidromel?! Nem posso beber meu vinho! – Reclamou Dionísio.

— Então as notícias são boas! – Exclamou Atum.

— Pois nós conseguimos com que Zeus liberasse a bebida para a reunião. – Disse Amon. – Afinal, tirar o hidromel dos nórdicos é pedir para morrer.

— E meu avô deve fazer questão de vir. – Disse a hindu. – É preciso dar bebida ao Grande Shiva para que uma tragédia não ocorra.

— É neta do Shiva?!

— Isso é uma reunião de pais e não uma festa. – Reclamou a filha de Atena.

— Isso não é uma escola e a reunião é entre deuses e semideuses. – Disse Vili. – Sempre há bebida nas reuniões entre deuses. É obrigatório.

— Senhor D!

— Concordo com ele.

— Se não houver bebida, esse povo se mata. – Disse Amon. – E você não vai querer ver deuses se matando.

— Já que estão tão ansiosos, poderiam ajudar a arrumar tudo? – Perguntou Raven.

— O carregamento da bebida é nosso! – Exclamou Ve.

— Beleza, todo mundo aqui bebe hidromel, cidra, vinho e cerveja, não bebe?

— A maioria aqui nem bebe!

— Algum diferente?

— Eu sou maia e meu amigo aqui é maori.

— Ok, cacau para os maias e... Tem alguma bebida feita de batata doce?

— Batata doce?!

— Maias têm o cacau e os maoris a batata doce.

— Tem alguns shochus que fazem de batata doce. Não é ruim e meu pai e meus tios adoram. Meu tio Rongo mesmo faz.

— Decidido.

Os dois nórdicos se mandaram atrás das bebidas.

— Por que as mesas não estão prontas? – Perguntou Amon.

— Estou tentando, tio, mas está difícil.

— Era para eu cuidar disso.

— Você vai causar problemas.

— Problemas?!

— Seu layout é inviável.

— Podemos ver os layouts?

Mesmo Annabeth não consentindo, Atum pegou o laptop de Dédalo para dar uma olhada. Ele comparou com o bloco de Raven, que estava em posse de Amon.

— Olha, não vamos usar o seu layout não. – Disse Atum.

— O que?!

— Seu layout é uma grande ofensa. Eu mesmo me senti ofendido.

— Não há nada ofensivo no meu layout.

— Quando se faz uma reunião entre deuses de outras mitologias, você não pode simplesmente destacar seus Três Grandes e por os outros no mesmo nível, pois isso é uma grande ofensa!

— A menos que seja um daqueles conselhos malucos cujas mesas são redondas, você não pode por um dos Três Grandes com os demais deuses. E você pôs Odin e Rá no mesmo patamar que Ganesha e pôs Ganesha no mesmo patamar que um semideus.

— E o que tem?

— Você não coloca os Três Maiores em um patamar baixo. Quando há uma reunião, Rá, Zeus e Odin sempre estão lado a lado, mesmo que seja no Olimpo, Valhalla ou Duat. Um pouco abaixo deles vêm os Três Grandes e abaixo vem os outros deuses e abaixo vem o resto.

— E ainda tem o lugar de honra que é ocupado pela Morrigan. A Morrigan é a única que pode falar sem ser interrompida, nem mesmo os Três Maiores a interrompem e relevam seus conselhos.

— Tem sorte de Ve e Vili não terem visto isso ou eles iriam abrir seu crânio.

— Isso não traria guerra?

— E os nórdicos têm medo de guerra?

— Isso é verdade. – Disse Dionísio. – Tanto que criamos uma logística padrão para as mesas.

— E você não me disse nada, disso?!

— Você é filha de Atena, devia ser esperta e procurar saber sobre esse tipo de coisa e não esperar que eu te diga.

— E iria nos deixar brigar até quando? – Perguntou Piper.

— Até tomarem juízo e deixarem de ser arrogantes. Boa parte desse acampamento já percebeu que estamos lidando com estrangeiros e que Ve e Vili fazem parte dos Três Grandes Nórdicos assim como Amon e Atum fazem parte dos Três Grandes Egípcios. Agora, arrumem isso tudo antes que outros deuses cheguem!

Annabeth saiu dali bufando, seguida por Piper para tentar acalmá-la. Raven tomou conta da organização e em pouco tempo, estava tudo pronto, até porque Amon e Atum os ajudaram.

Frísio tinha levado Jasmine para montar a cavalo. Ela deveria estar em casa repousando, mas o ar fresco e a natureza faziam bem a ambos. Ela foi montada em Fiáin, já ele montou em Gaoithe, pois resolveu correr. Enquanto o unicórnio negro corria voltas e voltas, o branco andava devagar.

— Você quer correr, Fiáin?

É gentil, mas você não tem experiência com corridas para que possamos correr juntos. Eu posso machuca-la sem querer. Espere mestre Frísio terminar de correr com Gaoithe.

Algum tempo depois, o celta e o unicórnio negro tinham voltado. Frísio desmontou dele e montou em Fiáin, deixando Jasmine a sua frente. Nenhum deles usava cela, na verdade não se lembrava de vê-lo usar cela para montar alguma vez desde que se conheceram. Ela se perguntava como Frísio conseguia passar horas cavalgando sem uma cela, mas a resposta era óbvia, ele era filho de Epona.

— Segure-se firme, bem no pescoço dele.

Fiáin começou a correr e Jasmine teve que se segurar. Gaoithe foi bem atrás dele. Ela fechou os olhos e segurou firme, pois o unicórnio estava muito rápido. Consequentemente, o celta acabou engolindo boa parte de seu cabelo, mas mesmo com o cabelo na cara, ele se mantinha firme em Fiáin. De repente, ele parou e o dono pôde tirar o cabelo do rosto.

— Acho que esse cabelo é seu.

— Desculpe. Como conseguiu guiar Fiáin sem enxergar nada?

— Confio minha vida a Fiáin e Gaoithe. Eles podem andar comigo vendado que não terei medo ou algo assim.

E porque sua madrinha te ensinou a andar vendado em qualquer cavalo.— Disse Gaoithe.

— Como sempre, cortando meu barato.

Disponha.

Jasmine desceu do unicórnio e viu onde se encontrava.

— Fríso, este é...

— Você disse que era do Connecticut e adorava o Riverside Park, então decidimos te trazer até aqui.

— Mas como...?!

Não temos esses chifres só para furar cu, não.

— Isso pegou tão mal.

— Obrigada! – Disse dando um grande abraço em cada um. – Como posso agradecer?

— Só se recupere logo. A natureza vai ajuda-la a isso.

— Porque não damos uma volta? Quero apresentar aos meus amigos, digo, às árvores e animais do parque.

Valeu, mas eu vou vegetar aqui mesmo.— Gaoithe se jogou no gramado. – Me acordem se o apocalipse zumbi começar.

— E você, Fiáin?

Acho que ficarei tomando conta do vegetal.

— Boa sorte a vocês dois. – Desejou o dono.

Os dois começaram a andar e Jasmine apontava para cada árvore, flor, arbusto e animal que encontrava. Nunca a vira tão feliz na vida, isso se quase um mês pode ser considerado uma vida.

— Elas gostam de você.

— Gostam?

— Sabe o que é estranho? Antes eu só conseguia ouvir o que as plantas e os animais falavam, mas agora, eu consigo sentir também.

— O que você sente?

— O que cada árvore sente quando é tocada por uma pessoa. Pode parecer estranho, mas é a mesma coisa que sinto com os animais. Seriam elas iguais a nós?

— Eu não falo com árvores, mas acho que Cernunnos pode te ajudar a conseguir essa resposta.

— Ele é seu tio como os outros?

— Não. Eu não tenho tios, na verdade só tenho duas tias, que são amigas da minha mãe e uma delas é minha madrinha, ou assim se intitulou. Os deuses celtas ajudaram na minha educação e me ensinaram.

— Nunca me contou sobre sua infância.

— Não tenho muito que contar. Cresci em uma casa na região de Borgonha na França, tive uma infância relativamente normal, montei meu primeiro pônei aos 3 anos, depois passei para um cavalo, bem normal, tirando o fato que minha cara era sempre frequentada por deuses e eu treinava magia e bruxaria no quintal de casa. E a sua?

— Cresci em um orfanato perto daqui, mas eu não gosto de falar disso. Nunca tive alguém que se importasse comigo, até conhecer Diana, Raven e Helena.

— Hei, estranha. O que faz aqui? – Perguntou um cara mau encarado, que estava com dois amigos.

— Eu...

— A estranha arrumou um namorado. – Comentou um deles.

— Se bem que quem iria querer namorar a estranha?

Os três riram maldosamente. Frísio pegou o Godcel e discou.

— Eu queria pedir uma ambulância no Riverside Park. Quantas necessárias? Manda três.

— Você é muito presunçoso, não acha?

— Não. – Desligou. – Vocês que se meteram com o cara errado.

O celta simplesmente socou a cara do primeiro quando este avançou para tomar satisfações. Os outros dois foram em auxílio, mas não se saíram bem, pois o moreno era bom em luta corporal. Logo os três jaziam apagados no chão. Em seguida, guiou a menina para longe dali.

— Eu não sabia que lutava assim.

— Os celtas são pacíficos, no entanto são grandes guerreiros, principalmente os irlandeses, pois eles viveram gerações de guerras.

— Mas Epona não era pacífica?

— Sim, no entanto a cavalaria fazia parte da guerra e minha mãe também teve culto em Roma, no entanto nunca os deuses romanos a viram. É estranho que uma celta tenha sido tão popular entre os romanos e eles jamais viram seu rosto. E Roma ela foi associada com a guerra por conta da cavalaria, no entanto não é muito boa com espadas. Já magia é outra história.

— Entendo.

— Quem eram aqueles babacas?

— Prefiro não falar disso.

— Se eram imbecis da sua escola ou do orfanato, pode me dizer. Eu não vou atrás deles com uma espada como Diana, Tyler, Marcos e Angus iriam.

— Eu era a estranha do orfanato. Nunca entendi o motivo, mas não gostavam de mim. Não me batiam, mas não me deixavam participar de nada e isso doía. Até mesmo apostaram para ver quem tinha coragem de me beijar.

— Como é que é?!

— Frísio, aonde você vai?

— Voltar até aqueles três e dar uma lição neles.

— Não faça isso!

— Por que não?

— Porque... Não vale a pena?

— Você é incapaz de odiar, mas mesmo assim não posso deixar isso barato. E se fizerem com outra criança ou pior? Não posso deixar algo assim sair impune.

— Tudo bem, contanto que ninguém saia ferido.

— Mesmo sofrendo o pior, você não gosta que ninguém se machuque. Tem um bom coração, no entanto os babacas precisam de uma lição.

Sem pensar duas vezes, Frísio conjurou uma espécie de feitiço que correu para os três.

— Isso deve resolver.

— O que você fez?

— Nada de mais, mas ainda assim foi pouco. Você está bem?

— Sim, eu só...

— Parece incomodada. O que foi?

— Nada, é que...

— Foi o que eles disseram?

— É tão evidente assim?

— Não ligue para eles. Só disseram aquilo por maldade.

— Eu sei. – Disse abaixando a cabeça.

— Não fique assim. Vai conseguir alguém que seja legal para namorar.

— E se não conseguir?

— Por que pensa assim? É bonita, inteligente, fofa, o que foi dessa vez?

— São muitos elogios em uma frase só e eu não sei lidar com isso!

Frísio riu. Mesmo Jasmine não entendendo o motivo, não ficou brava ou magoada.

— Viu, se continuar assim consegue um namorado rapidinho.

— Mas eu nem sei o que fazer se tiver um!

— Aproveitar o tempo juntos, sair para se divertir, beijar...

— Beijar?!

— É o que os namorados fazem.

— Mas eu não sei beijar, teve a vez que eu e contei, mas foi horrível!

— Hei, eu se eu te ensinar?

— E-ensinar?!

— Não é complicado. Pode ser bom.

— Mas Frísio, Isso não é para pessoas que se amam?

— Não é preciso amar para beijar.

— Você beijaria alguém que não ama?

— Se fosse para ajudar uma amiga, sim. Posso?

— Acho que sim.

— Fique tranquila, serei gentil.

Ele ficou de frente para ela e a encarou por alguns minutos, pensando em como não assustá-la. Por fim, segurou os ombros da arota. Se aproximou lentamente até que sua respiração mesclou com a dela. Em seguida roçou seus lábios nos dela antes de iniciar o beijo. Fora um beijo calmo e doce. Frísio o aprofundou um pouco, mas não o bastante para se tornar intenso. Podia ficar ali para sempre.

— Lerigou! Lerigou! Winter is comiiing!

E foi a cantoria que o fez parar. Olhou ao redor e viu Árion saltitando e cantando sua música.

— Árion?!

— Surprise, fuckers! Eu voltei!

— Eu pensei que...

— Mudança de planos. Fiáin e Gaoithe estão por aí?

— Estão para lá. Vai falar com eles.

— Mas eu quero ficar aqui.

— Nós já vamos.

— Está bem, já entendi. Privacidade.

O cavalo galopou na direção em que se encontravam os unicórnios. Frísio se voltou para Jasmine ainda vermelha. Ela tinha levado uma das mãos aos lábios.

— O que achou?

— Foi bom, eu acho.

— Vamos voltar? A reunião deve estar começando.

Ela assentiu. A dupla caminhou até os equinos. Árion, Fiáin e Gaoithe conversavam animadamente e logo tiveram que se por de pé. Frísio ajudou Jasmine a montar em Fiáin antes de subir no companheiro. O grupo retornou ao acampamento.

A primeira coisa que fizeram quando retornaram foi ir em direção ao local destinado à reunião. No entanto, Sinnen surgiu de uma nuvem de sombras esfumaçadas.

Vejo que já foi liberado do castigo.

— Sabe como é.

E bem a tempo para a reunião de pais.

Os deuses fizeram uma reunião de pais?!

Odin deve chegar a qualquer momento e Sleipnir vem com ele.

— Caralho, o Slei vem?!

Faz tempo que não vemos o oito patas.­ — Disse Gaoithe.

— Vocês já chegaram.

— Sienna? A reunião já começou? – Perguntou Frísio.

— Ainda não, mas alguns deuses já estão chegando.

— Suba em Gaoithe, será mais rápido.

Sienna montou em Gaoithe e o grupo se reuniu com os outros. Muitos campistas estavam surpresos com a volta de Árion, mas o cavalo não se importava. Cantava sua música improvisada de Frozen com GoT. As mesas estavam impecavelmente arrumadas, possuindo três altas com duas um pouco mais baixas seguidas por outras da mesma altura das mais baixas e outras um pouco mais baixas, porém, ainda assim, eram muito mais altas que as dos campistas. Os barris e tonéis de bebida se encontravam logo atrás.

Algum tempo depois, os deuses começaram a chegar. Hermes foi o primeiro e logo se reuniu a Amon e Vili na zoeira enquanto Atum e Ve verificavam os reservatórios. Depois vieram Afrodite, Eros, Himeros, Ares, Atena, Poseidon, Zeus, Apolo, Artêmis e suas caçadoras, Hipnos, Demeter, Hefesto, Iris, Hecate, Morfeu, Zéfiro, Photos, Deimos, Fobos, Njord, Hórus, Anúbis, Bastet e por fim Odin e Rá. Os deuses gregos estavam em sua aparência conhecida pelos campistas, ou seja, as mesmas descritas por Riodan.

O acampamento não deixou de comentar, principalmente sobre as cabeças de animais dos egípcios e o aspecto rude dos nórdicos e também sobre o cabelo verde de Njord. Sleipnir logo se juntou aos equinos e Niraj e Angus apareceu com um demônio misturado com crocodilo, hipopótamo e leão.

— Angus, o que eu falei sobre trazer Ammit?!

— Relaxa, velho. Deixa o bicho se divertir.

— Se ele devorar uma alma que seja, você vai se ver comigo.

— Relaxa, totó. – Disse Bastet com descaso. – Ammit não devora vivos. Vai correr atrás de um graveto.

— Acho que se enganou, Bastet. Isso é uma reunião de pais e não um morro para comprar suas ervas de gato.

Bastet bufou. Ela e Anúbis trocaram mais algumas ofensas. Piadas de cães e gatos surgiram, mas nada fora do normal. Ammit se juntou aos outros animais. Logo depois chegou um deus gordo com cabeça de elefante e quatro braços montado em um rato gigante, o que fezmuitas garotas, principalmente do Chalé de Afrodite, gritarem e correrem de medo, inclusive a própria deusa.

— Pai!

— Little Parvy! Está bem, querida?

— Claro.

— Desculpem o atraso, Mushika resolveu parar para comer.

— Mushika?

— Minha montaria. – Ganesha desmontou e o rato ficou pequeno, indo para a mão do dono. – Esse é o Mushika.

— O rato tem nome?! – Exclamaram alguns.

— Pode ficar com ele, para mim, querida?

— Claro, pai. Acho que Mushika vai gostar de se juntar a Niraj e os outros.

O rato cresceu de novo e foi para perto dos outros animais. No momento seguinte surgiu um homem azul de longos cabelos castanhos escuros predos no alto da cabeça em um coque parcial e quatro braços, vestindo uma roupa de leopardo deixando o peito nu, e carregando um tridente indiano montado em um touro branco. Esta figura exótica pegou Parvati e rodopiou com ela.

— Little Parvy! Parece que não te vejo há anos! Você cresceu um pouco.

— Vovô, você me viu antes de eu vir para cá.

— Eu sei, mas parece que foi há tanto tempo!

— O primeiro que comentar alguma gracinha, morre. – Avisou Rá em tom ameaçador aos semideuses.

— Nossa, estou morrendo de medo. – Zombou Percy antes de ser acertado na nuca pelo Senhor D. – Ai.

— Mais respeito, Peter Jackson! Não queremos ter Shiva como inimigo. Caso não tenha percebido, ele tem 4 braços, um tridente e um título de Grande.

— Aonde eu deixo Nandi?

— Com os outros animais.

— Mas aquele demônio vai tentar comer a minha montaria.

— Que isso, seu Girashiva. – Disse Angus e na mesma hora Anúbis teve vontade de matar o próprio filho. – Ammit só come almas. A menos que tenha trazido uma, ele não é um perigo.

— Acho bom... Girashiva?

— Uma brincadeira nossa. – Apressou-se a dizer Parvati. – Associamos alguns Três Grandes a Pokémons, e como a Trimúrti é o Trio da Criação...

— Sobrou para mim o Giratina. Nesse caso, acho que Brahma seria Dialga e Vishnu Palkia.

— Precisamente.

— Eu adorei! É uma boa piada.

Os outros deuses ficaram mais aliviados. Shiva estava de bom humor. Eos veio em seguida. Era uma mulher de cabelo ruivo rosado com olhos lilases e pele corada, vestindo um vestido cuja blusa de alças laterais era lilás e azul com um fino tecido transparente de cor laranja caindo das alças e a saia era rosa e lilás. Também usava um sapato laranja claro, uma estola transparente lilás com brilho e adornos de metal alaranjado.

Os deuses se sentaram para aguardar a chegada dos outros. Odin, Zeus e Rá ficaram nas mesas mais altas. Nas segundas mais altas estavam os Três Grandes das Três Maiores Mitologias, sendo que Odin estava entre Ve e Vili, Rá entre Atum e Amon e Zeus só contava com Poseidon, aguardando Hades. Shiva também se encontrava em uma das seundas mesas mais altas e na mesa em frente a ele se encontrava Ganesha. Ganesha, assim como os outros deuses, tomaram posições nas mesas mais baixas.

O mar se tornou mais próximo deles. Todos se perguntaram o que estava acontecendo e se voltaram para Poseidon e Nijord, mas não era o caso. Dele emergiu Sedna, porém ela tinha pernas e calçava uma bota de pele de foca. Ela estava acompanhada por um homem. Ele tinha o peito largo, a pele avermelhada dos indígenas e músculos definidos. Seu cabelo preto chegava ao meio das costas e, assim como o de Sedna, parecera que estivera molhado por muito tempo. Vestia uma tanga feita com a pele de algum animal marinho adornada com conchas, mas o que mais chamava atenção, não eram sua fisionomia ou seus olhos de um azul profundo, eram as tatuagens azuis que ele trazia no rosto, no peito, ombros e coxas.

— Sed! Tanga! – Exclamou Poseidon indo recebê-los antes da área das mesas. – A que devemos a honra?

— Chama uma reunião de pais de acampamento de honra?

— O humor do velho Tanga. Estou surpreso de terem vindo juntos.

— É que combinamos de nos encontrar, sabe? Afinal, a Groenlândia e a Nova Zelândia são próximas pra caralho!

— Não vim aqui para ouvir os dois discutirem banalidades.

— Ainda rancorosa.

— Pode parando aí! – Exclamou Zeus. – Você está trazendo o mar para cá, isso não pode.

— Eu não vou abrir mão do mar.

— Deixa de ser teimoso, Tanga. Até eu e Sedna não usamos as ondas para estar em terra.

— Se alguma merda acontecer, não sou responsável por nada.

O mar recuou e Tangaroa ficou inteiramente em terra. Não deu dez minutos e Tane, um indígena careca encorpado cheio de tatuagens verdes, apareceu. Na mesma hora, a face de Tangaroa virou uma carranca das mais medonhas que poderia existir.

— O que veio fazer aqui? – Sua voz mal humorada assustou a todos.

— Só vim me certificar. Você quase não aparece em terra.

— Não é da sua conta, jabuticabeira!

— Jabuti o que? – Perguntaram alguns gregos e Poseidon.

— Por mim mesmo e por outros deuses, alguém dê cultura a esse povo! – Exclamou Ve.

— Você nunca pisa em terra, anêmona. Só quero saber o motivo. O que Tyler fez dessa vez?

— Por que acha que isso tem a ver com o meu filho?!

— Porque todas as vezes que você vem a terra tem a ver com o seu filho.

— Se vocês vão se matar, se matem longe daqui. – Exigiu Sedna com toda sua imponência.

Os dois maoris foram para perto da praia, na faixa entre a grama e a areia. Eles começaram a discutir e tudo evoluiu para uma briga entre terra e mar. Suas tatuagens adquiriram um brilho sobrenatural. Tane usava as árvores, as plantas e as pedras e Tangaroa o mar. Começou a chover, o sol iluminou mais que o costume, a terra tremeu e o mar se agitou. Em meio a isso, os campistas tiveram que se proteger debaixo das mesas, que não sairiam de lá nem que o mundo acabasse. Tyler pegou o Godcel.

— Caralho, o Groundon e o Kyogre estão brigando! – Exclamou Zeus enfurecido.

— Isso é tão legal! – Disse Hermes. – É como se eu estivesse em Hoenn.

— Isso vai acabar com o meu cabelo! – Choramingou Apolo.

— Tyler, o que você está fazendo? – Perguntou Sienna.

— Chamando meu tio para parar os dois.

Pouco tempo depois, desceu dos céus um homem troncudo de cabelos brancos até os omboros e olhos azuis claros. Ele usava uma roupa de penas firmemente costuradas a pele de aves e seu corpo, assim como seu rosto, era recobertos por tatuagens maoris brancas. As mesmas tatuagens brilhavam de forma sobrenatural.

O recém-chegado começou a usar o vento e os trovões para tentar separar os irmãos e o que era uma briga entre terra e mar se tornou uma guerra entre céu, terra e mar.

— Não era esse tio.

— Quem é ele?

— Tawhirimatea ou só Tawhiri. O Rayquaza.

— Agora que ficou bom! – Exclamou Angus impressionado.

— Você é maluco.

— O que é isso?

Mudas de algodão selvagem surgiram e usaram o algodão para tampar os ouvidos dos campistas. Alguns tentavam arrancar, mas não adiantava. Logo em seguida, um grito estridente cortou o ar, fazendo os deuses taparem os ouvidos. O som chegou até os Três Grandes Maoris, que tiveram que sair do estado de possuídos e tapar os ouvidos. O céu, a terra e o mar se acalmaram e o dia ficou bonito de novo.

O som parou e os ramos de algodão também. Em pé, entre o local das mesas e o Weather Trio, estavam outros dois maoreis sendo que um deles enterrava algo em um vaso.

— Porra! Vocês dois sempre têm que fazer isso?! – Reclamou Tawhiri.

— Tyler.

— São meus tios, Rongo e Haumia. Foram eles quem eu chamei.

— Mas você não disse que era um tio? – Perguntou Leo.

— Sim, eu chamei tio Rongo, mas Haumia sempre vem com ele.

Rongo era troncudo e careca, possuía olhos castanhos e tatuagens marrons. Era ele quem estava enterrando algo no vaso de planta. Haumia não era troncudo ou musculoso, pelo contrário, ele era o que menos tinha músculos. Tinha cabelo preto mais comprido que o de Tangaroa, olhos cor de âmbar e tatuagens amarelas. Ele era o mais bonito de todos os maoris.

— Desculpem o atraso. Rongo não tinha um filhote de mandrágora sobrando e eu tive que encontrar um.

— Só podia ter dado um pouco de algodão para a gente também! – Reclamou Shiva.

— Isso é com Haumia, não comigo.

— Acredito que essas pobres criaturas não estejam entendendo. – Disse Haumia amistoso e descontraído, mas seu jeito encantava algumas garotas e deusas. – Aqueles três são o Weather Trio, também conhecidos como Groundor, Kyogre e Rayquaza.

— VAI SE FODER SUA URTIGA AMBULANTE! – Gritaram Tangaroa e Tawhiri em fúria.

— Oh, acho que me enganei. – Se fez de confuso de forma teatral, arrancando algumas risadas. – Eles são os Três Grandes Maoris, Tane-Mahuta, Tangaroa e Tawhirimatea, Tane, Tangaroa e Tawhiri para simplificar.

— Haumia, pare de palhaçada e tire seus ramos de algodão daí. – Pediu Rongo terminando de plantar a mandrágora no vaso.

— Oh, é claro. – Os ramos de algodão sumiram. – Isso é procedimento padrão. Quando o Weather Trio briga, tenho que tampar os ouvidos dos mortais para não desmaiarem ou entrarem em choque com os gritos do filhote de mandrágora. Só assim eles para de brigar.

Os campistas saíram debaixo da mesa, curiosos com o deus em questão. Tão descontraído e casual que parecia aquele tiozão churrasqueiro, mas ele era bonito demais para ser um tiozão churrasqueiro.

— Podemos saber o nome do nosso salvador? – Perguntou Deméter num flerte, que surpreendeu aos deuses gregos.

— Por que um, se são dois, minha cara? Aquele é meu irmão Rongo, o deus das plantas cultiváveis e guardião da nossa preciosa kumara. Eu sou Haumia-Tiketike, mas podem me chamar apenas de Haumia, sou o deus das plantas selvagens.

— O que é uma kumara? – Perguntou Eliot.

— Batata-doce. Os maias têm o cacau e os maoris têm a batata-doce.

— Cara, que foda!

Resmungando, os Três Grandes Maoris se sentaram nas mesas médias, sendo que Tane ficou entre Tawhiri e Tangaroa, que sentou ao lado de Sedna, e Rongo e Haumia se sentaram nas mesas baixas, em frente aos irmãos. Como os maoris estavam sentados próximos aos gregos, Deméter pôde puxar papo com os irmãos das plantas, especialmente o das plantas selvagens.

— Então vocês são os agricultores da mitologia maori.

— Eu sou o agricultor, Haumia não sabe plantar nem feijão. Se der um punhado de sementes a ele, ele joga em qualquer canto e espera crescer.

— E não é assim que funciona?

— Claro que não!

— Aquilo é chá?! – Espantou-se a deusa olhando para uma das mesas. – E nem me ofereceram! Ofereçam um pouco a nós!

— Mas... – Começou um dos semideuses da mesa.

— Como fazem algo só para vocês e não essa opção a nós?! Tragam esse bule aqui!

O bule foi entregue a Deméter que cheirou e depois os ofereceu.

— Aceitam um pouco.

— Haumia! – Exclamaram os maoris em uníssono, extremamente desconfiados.

O deus das plantas selvagens, elegantemente tomou o bule e o cheirou.

— Arruda?

— É seguro?

— Chá de arruda era usado para provocar aborto na América Latina, no entanto não é uma boa ideia beber. A arruda é efetiva em provocar a menstruação e em casos de gravidez, se não souber dosar corretamente, pode provocar uma hemorragia forte e até mesmo a morte. Para fazer um chá com essa planta, alguém andou fazendo o que não devia. – E no final, piscou o olho, fazendo algumas meninas corarem e alguma outra morrer de raiva. – Também serve como um calmante, para matar piolhos, tratar sarna, e ajudar na cicatrização de feridas, além de outras propriedades que eu demoraria o dia inteiro para citar.

Acabaram por deixar o bule para lá e jogarem o chá fora. Alguns deuses comentavam sobre o assunto, mas entre os semideuses, peincipalmente na mesa da Embaixada, os olhares se voltaram para Tyler.

— Meu tio Haumia pode não saber plantar nada. Para ele, plantar é o mesmo que jogar uma semente no chão e deixar com que se vire sozinha. No entanto, ele é o deus das plantas selvagens, sendo um profundo conhecedor de plantas e suas propriedades. Graças a isso, ele sabe quais plantas têm efeitos benéficos e medicinais para as pessoas. No entanto, eu tomaria cuidado com ele, pois ele também é um profundo conhecedor de venenos. Por isso que antes de por qualquer coisa na boca, os deuses maoris esperam que Haumia dê o veredito.

Fora este incidente, a espera pelos outros deuses transcorreu normalmente. Os deuses conversavam e bebiam e interagiam com os semideuses. Infelizmente a tranquilidade durou pouco porque apareceram Hylla e as amazonas para relatar e reclamar do problema do frio.

— Nossa ilha e nossos navios caíram em inverno eterno. – Disse a rainha das amazonas. – Muitas adoeceram e outras morreram de hipotermia. Não importa o que façamos, não conseguimos nos aquecer.

— Darei um jeito em Quione depois. – Prometeu Zeus.

— E o cavalo Árion foi levado.

— O que Quione queria com aquele boca suja? – Perguntou Poseidon.

— Têm certeza de que foi mesmo Quione? – Dessa vez a pergunta partiu de Odin.

— É óbvio que sim! Quem mais poderia transformar a ilha delas em um bloco de gelo?!

— Conheço outras opções de resposta para esta pergunta.

— Porém essa jurisdição é nossa. – Repreendeu Zeus. – Irei dar um jeito nisso depois.

— Árion não voltou com vocês? – Perguntou Sienna a Frísio e Jasmine.

— Voltou, mas eu não sabia disso.

— O que Quione pretende com a libertação de Árion? – Perguntou Nicolas.

— Não é Quione. – Disse Diana. – Árion não tem nada a ver com Quione. Não, é alguém pior.


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Notas finais do capítulo

Dexter não é só o nome de um personagem psicopata da série Dexter como também o nome do personagem de O Laboratório de Dexter, que falava de um menino genial que tinha um laboratório secreto e uma irmã mais velha chamada Dee Dee que sempre ia destruir seu laboratório. O nome foi para dizer que ele tinha virado um psicopata, no entanto foi trocado para um gênio.
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Shochu é uma bebida alcoólica feita da destilação do arroz da batata ou da batata-doce.
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Os maoris amam batata-doce, tanto que era o principal alimento deles. A batata-doce é tão importante para os maoris como o cacau é para os maias, possuindo um deus patrono do alimento.
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Depois da invasão romana à Gália, Epona foi adotada como deusa pelos romanos e seu culto se espalhou por toda Roma. Para os romanos, ela também seria uma deusa guerreira, pois os cavalos eram a principal parte da cavalaria. Muitas mães pediam a ela para que protegesse seus filhos que lutavam na cavalaria. No entanto, para os celtas ela não era guerreira, esse papel cabia a Macha.
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Ammit é o demônia que comia as almas cujos corações não passavam pelo julgamento de Anúbis.
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Mushika é o nome do rato de Ganesha, ele representa a ignorância.
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Nandi é o touro branco de Shiva, que serve como sua montaria.
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Jabuticabeira ou pé de jabuticaba é uma árvore que dá jabuticaba. A árvore ficou famosa em Sítio do Pica-pau Amarelo.
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Tawiri ou Tawhiri é o deus do céu, das tempestades, dos trovões e tudo que for relacionado. Ele era oposto tanto a Tane quanto a Tangaroa e seus ventos causavam prejuízo aos dois.
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Rongo é o deus das plantas cultiváveis e da batata-doce, possuindo assim associação com a agricultura.
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Haumia é o deus das plantas selvagens e associado às samambaias, um dos símbolos da Nova Zelândia e uma parte da dieta dos maoris.
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Urtiga é uma planta conhecida por irritar a pele ao toque, causando coceira ou sensação de queimadura.
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Arruda é uma planta dita para espantar o mal olhado, no entanto seu chá pode provocar adiantamento da menstruação e até mesmo aborto, no entanto não é bom que uma grávida o tome, pois pode acarretar hemorragia grave e até a morte. Além disso, ela tem várias outras propriedades.
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Mandrágora é uma planta que existe e como toda planta, ela tem suas propriedades. Na mitologia, é dito que a mandrágora grita quando é arrancada da terra capaz de matar um ser humano. Suas raízes eram usadas tanto para feitiços e encantamentos como para poções do amor, já que a mandrágora possui efeito afrodisíaco, narcótico, medicinal, tóxico, entre outros, depende da forma que usa para qual finalidade.
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Mandrágora também é o nome de uma peça de teatro de Nicolau Maquiavel.
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A mandrágora também aparece em Harry Potter.
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Espero que tenham gostado e tragam a pipoca porque essa reunião promete confusão.



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