A filha de Gaia escrita por Goth-Lady


Capítulo 24
A ponta do Iceberg parte 5


Notas iniciais do capítulo

Consegui arrumar tempo para postar, então essa semana não passará em branco sem capítulo.
Boa leitura.



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Assim que Endimião tinha finalizado seu banho e vestido uma túnica prateada com calções azuis e botas negras, Rhode contou a ele tudo o que ocorrera. Para isso, eles se encontravam sentados tomando chá. A história era longa, então resumiu bastante. Endimião não acreditava no que estava sendo lhe contado.

— E é isso. – A deusa tomou mais um gole da xícara.

— É muita informação de uma vez!

— Não quero obrigá-lo a nada, mas queria que tivesse ciência de meus planos.

— Você quer que eu a ajude, mas não sei como.

— Preciso de alguém para compartilhar ou irei surtar. Não quer respostas?

— Quero, mais do que tudo. Quando irá partir?

— Hoje. É o melhor dia.

— Então, o que estamos esperando?

De volta ao acampamento, um javali de ouro parou no meio da multidão e dele desceram um loiro bonito e uma ruiva linda. Percebia-se que eram estrangeiros por causa das roupas. O casal chegava a arrancar suspiros e babas.

— Freya, Frey, o que fazem aqui?!

— Nick, como vai, irmãozinho? – Perguntou Frey. – Então esse é o Acampamento Meio-Sangue.

— Nicolas, desculpe mesmo não ter te retornado, estou em uma missão muito importante. O que queria?

— Não precisa, já demos nosso jeito.

— Prometo te compensar depois.

— Jazz! Que bom te rever! – O loiro pegou a menina e começou a rodopiar feito um maluco.

— Ninguém vai nos apresentar não? – Perguntou Connor.

— Esses são os meus irmãos, os gêmeos Freya e Frey.

— Eu ouvi alguém dizer gêmeos? – Perguntou Árion aparecendo do nada.

— Alguém disse gêmeos? – Dessa vez foi Apolo, que saiu da enfermaria. – Quem é a gata?

— Puta merda! – Exclamou Dionísio. – Não se pode mais dizer gêmeos não?

— Dini, quem é a 10/10?

— Dini é o cacete, purpurina dourada! E essa é a Freya e aquele é o Frey.

— A famosa Freya! Dite fala muito de você, mas não imaginava que era tão linda.

— Quero nem imaginar.

— Freya, cadê a sua carruagem? – Perguntou o semideus.

— Com os anões porque alguém inventou de dar um passeio com ela quando eu não estava olhando.

— Aí ela inventou de pegar o meu javali, mas é claro que eu não iria deixá-la andar sozinha no MEU javali.

— É por isso que irmão gêmeo é uma merda.

— São gêmeos também? – Perguntou o deus do sol.

— Claro que somos! – Respondeu Frey

— Hei, eu também tenho uma irmã gêmea!

— O cavalo também?!

— Não faça... – Começou Freya.

— TWIN POWER!

O trio gritou enquanto fazia pose de Power Ranges com direito a efeitos especiais. Freya bateu com a mão na própria cara, assim como Dionísio.

— Nós também somos gêmeos! – Exclamaram Travis e Connor.

— Quem mais é gêmeo aqui? – Perguntou Frey.

— Acho que só nós mesmo.

— Mas ainda tem a bela adormecida e a Yandere Simulator.

— Ah, o Hipnos e o Tânatos.

— E nós! – Disseram Castor e Pólux.

— Vocês também?!

— Isso aqui virou uma convenção de gêmeos por acaso?! – Esbravejou o deus do vinho.

— A gente podia montar uma convenção só de gêmeos!

— Brilhante ideia!

— Não tão brilhante quanto você, deus do sol.

— Só Apolo está bom.

— Essa porra não vai prestar.

— Frey, vamos! Temos que encontrar mais locais de escavações.

— Escavações? Que escavações, Freya?

— Havia grupos de criaturas escavando certos lugares. Desci com as valquírias para matá-los, pois não parecia boa coisa.

— O que estão escavando?

— Não tenho ideia, mas seja como for, precisamos encontrar e destruir estes sítios, além de enterrar o que quer que estejam escavando.

— Tipo aquela coisa ali? – Perguntou Eliot apontando para o espelho das ilusões.

— Exatamente. Frey!

— Estou indo! Vejo vocês depois.

Os gêmeos nórdicos montaram no javali de ouro e partiram.

— Não é que a irmã do Nicolas é mesmo mais bonita que a Afrodite? – Disse um dos Stoll.

— Será que o Frey aceita uma troca de gêmeas? – Perguntou Apolo.

— Frey não trocaria a Freya nem pela Artêmis e nem por gêmea nenhuma!

— Que pena.

Macária trocou as suas roupas de deusa por uma recatada blusa preta de manga ¾, uma saia branca de cintura alta, bolsa vermelha, sapatos magenta e boina vermelha enquanto Brigid preferiu usar uma bata branca, short jeans, e all star menta. As duas encontraram Thrud e Seshat no café da livraria.

— Até que enfim você chegou! – Exclamou Thrud. – Já estava pensando em enviar uma patrulha de valquírias.

— Pensei que estariam perdidas entre as estantes.

— Seshat já se decidiu e comprou 42 livros.

— 42?!

— Até que foi pouco. Não costumo a levar menos de 90.

— Caralho e eu pensei que não podia ser mais estranha!

— Sua amiga gosta mesmo de ler. – Riu Brigid.

— Amo! Li três enquanto estava aqui com a Thrud.

— Macária, quem é ela?

— Essa é a Brigid, ela me ajudou em um problema com a minha irmã.

— A Gasparzinho está te perturbando de novo?

— Minha outra irmã.

— Prazer, Brigid. Eu sou a Seshat e essa é a Thrud. Agora, sentem-se e me contem sobre essa outra irmã.

As duas se sentaram à mesa e iniciaram a história.

Enquanto o dia decorria, Rhode e Endimião estavam em frente à morada celeste. Era um castelo sobre as nuvens feito de torres de mármore. Ambos entraram escondidos e começaram a procurar. Precisavam encontrar respostas, mas não poderiam dizer nada a Eos ou às Horas. Precisavam ser discretos e cautelosos. Entraram em um dos quartos, que parecia ser o de Selene.

— Está tudo arrumado e não há poeira. – Disse Endimião.

— Eos deve mandar que o mantenham assim. Às vezes as pessoas transformam quartos em verdadeiros santuários esperando o ente querido voltar, mesmo que ele nunca mais volte.

— Eu não queria ter que passar por isso. Se eu soubesse do desaparecimento de Selene antes, teria acordado e a procurado pelo mundo.

— E teria envelhecido até virar um esqueleto ambulante. Vamos procurar.

Os dois abriram gavetas, o armário, olharam até debaixo da cama. Bateram até em paredes e no assoalho para ver se não havia nada oco. Encontraram algumas poesias que ela escrevia, algumas dedicadas a Endimião.

— Selene...

—Nada aqui. Venha, precisamos ir.

— Rhode, você acha mesmo que vamos encontrar algo aqui? Eles podem ter sumido mesmo.

— Não diga isso! Eu me recuso a acreditar que algo assim possa ter acontecido ainda mais depois do que aconteceu na minha ilha.

— Tem certeza mesmo? Poderia ter sido qualquer deus do sol.

— Endimião, eu fui namorada, noiva e esposa Hélios, partilhei de sua cama e vários momentos de sua vida, dei a luz a sete filhos e uma filha dele, eu reconheceria o poder dele em qualquer lugar.

Decidida, Rhode foi até o quarto que pertencera ao seu marido eras atrás. Novamente era impecável e polido. Procurou por todos os lados. Endimião acabou a ajudando. Não obteve muito sucesso, mas Rhode era detalhista demais e teimosa demais para desistir. Foi em uma gaveta do armário que descobrira um fundo falso. Removeu o fundo e encontrou um caderno azul Royal e uma carta endereçada a ela com um lacre de sol.

— Abra. – Pediu o homem.

— Não aqui. Vamos.

Os dois deixaram a morada da mesma forma que entraram.

Quando a multidão se formou para ver o “telão”, Nico não queria se juntar a eles, então foi para o mais longe possível. Infelizmente Helena e Angus tinham ido naquela mesma direção e ele acabou vendo a conversa e até mesmo o filho de Anúbis cortar a árvore. Eles perceberam sua presença, mas é claro que Angus tinha que ser escandaloso. Sentiu algo segurar seus pés e em seguida, estava sendo expelido por uma sombra para ficar frente a frente com os estrangeiros.

— Precisa ser chamativo.

— Isso foi uma pergunta ou uma afirmação?

— Encare como achar melhor.

— Qual é o seu problema, hein? – Perguntou o filho de Hades.

— O meu? Nenhum. Por que eu teria problemas?

— O garoto de Hades conseguiu amigos como ele. – Ouviram uma ninfa de uma árvore próxima contar para outra.

— Não é à toa que o ambiente ficou mais pesado.

— Eles que não venham para perto da minha árvore.

— Tsc.

Angus novamente pegou a foice, pronto para cortar mais árvores, mas Helena pegou sua adaga e encostou a lâmina no pescoço do moreno.

— Por que isso, Helena? – Ela não respondeu. – Tudo bem, você venceu. – Disse despreocupado e guardando a foice. – Mas saiba que não concordo com isso.

— Ninguém tem o direito de tratar as pessoas assim e muito menos de excluí-las ou jogá-las no escuro. Mas não irei deixá-lo cortar mais nenhuma árvore. Tenho uma punição mais adequada.

Helena guardou a adaga e deu um passo à frente. Em seguida, conjurou uma massa de energia negra e atingiu as árvores das ninfas que teimavam em fofocar maldades e olhar torto.

— O que você fez? – A pergunta partiu do grego.

— Algumas ninfas são estúpidas e fúteis, não entendem o estrago que podem causar e não conhecem a verdadeira solidão. Corrigindo, não conheciam.

Helena sumiu nas sombras, viajando por elas. Angus somente se espreguiçou e voltou à sua expressão entediada e até bocejou.

— Por que a noite demora tanto a cair?

— Qual é o seu problema?!

— Ah, você ainda está aí. Pensei que já tinha ido.

— Afinal, qual é a sua?!

— A minha? Voltar para casa, cair na cama e dormir.

— Isso é alguma brincadeira?

— E por que seria? – Virou de costas e deu de ombros. – A vida é curta, garoto. Precisa aproveitá-la ao máximo.

— Não me chame de garoto!

— Me obrigue.

— Você tem noção do que fala?

— Se não tivesse não falaria.

— Você não leva nada a sério?!

— Poucas coisas devem ser levadas a sério, garoto. – Virou a cabeça para trás para dar uma última olhada. – E as que eu levo à sério são as que realmente importam para mim.

Angus sumiu em uma sombra, deixando Nico sozinho.

Freya e Frey chegaram ao local onde estavam os outros deuses, causando surpresa e espanto. Cerridwen demorou um bom tempo até conseguir completar o feitiço.

— Já acabou, Cerridwen? – Perguntou Badb.

— Sim. O que os nórdicos fazem aqui?

— Esperamos que alguém nos diga que coisas são essas. – Disse Freya. – Minhas valquírias estão destruindo sítios como este e enterrando pedras como esta por todo o globo.

— Há outros como este? – Perguntou Badb. – Isso não pode ser bom.

A celta lançou o feitiço sobre a pedra e o feitiço retornou ao caldeirão. Ela foi espiá-lo e fazer suas manhas.

— Estão fazendo bem. – Disse ela. – Esta pedra pertence aos hindus.

— Mas por que ciclopes e aquela serpente de vários braços estavam escavando isso? – Perguntou Ares.

— Ciclopes? Por que eles estariam fazendo isso? – Dessa vez, a pergunta partiu de Poseidon.

— Há um poder maligno selado nesta pedra. Um demônio hindu talvez. Como era essa serpente de vários braços?

— Era metade mulher e metade cobra com uns quatro braços, gostosa, mas queria arrancar o nosso couro.

— Nosso?

— O meu e de uma doida que encontrei, mas eu matei a maior parte!

— Essa figura se parece com isso? – A fumaça do caldeirão mostrou uma espécie de serpente-real com várias cabeças.

— Não, já falei que era uma mulher serpente!

— Tipo assim? – Mostrou exatamente o que ele vira.

— Isso mesmo!

— Naga.

— É o que?

— É uma figura mitológica presente no hinduísmo e no budismo. Elas podem ter as formas que mostrei. São o feminino de nagi ou nagini.

— O que uma figura hindu estaria fazendo com os ciclopes?! – Perguntou Zeus.

— Seja o que for, isso não acabou.

— Vamos, Frey. Temos que retornar aos nórdicos e contar o que sabemos.

— Preciso falar com os celtas sobre as devidas providências.

— Irei falar com Morrigan.

—E nós vamos dar o nosso jeito.

— Quer dizer, esperar a merda acontecer para depois mandarem seus filhos consertarem?

— Hei!

Os nórdicos e as celtas se foram, deixando os gregos sozinhos. Logo depois, eles se foram também.

O sol estava se pondo quando Rhode e Endimião voltaram à caverna. Lá, eles se sentaram com a carta e o que parecia ser um diário em mãos. Rhode abriu a carta.

Querida Rhode, para você estar lendo essa carta, alguma coisa aconteceu comigo ou então estou desaparecido, se não for o caso, você mexeu nas minhas coisas. Selene diz que isso não importa, pois esta carta será bem guardada mesmo.

 

Eu não sei como te contar isso, meu amor, e nem como Selene conseguirá contar a Endimião, afinal ele dorme feito uma pedra e nunca sabemos o que está pensando ou se está apenas sonhando. Isso não importa.

 

O que eu quero dizer, Rhode, se for você mesmo que estiver lendo isso e não um enxerido qualquer, é que se esta carta estiver em suas mãos, eu não estarei mais aqui. Sinto muito por não ter te contado antes, mas não estarei mais com você, admirando seus sorrisos, beijando seus lábios, vendo-a dormir, mas saiba que eu sempre olharei por você, meu amor.

 

Seu amado, Hélios.

 

Selene aqui. Desculpe abrir a carta do meu irmão, mas ele enrola muito. Se quiser saber o que está acontecendo, deixarei o meu diário junto com essa carta. Ele não sabe (ainda), mas deixa que dele cuido eu.

 

Esse meu diário foi escrito especialmente para você. O que acha de uma caça ao tesouro cujo prêmio é descobrir nossos últimos passos neste mundo? Não aceito não como resposta.

 

Boa sorte, da sua cunhada, Selene.

 

PS: Se por acaso, você ler isso, pode passar na caverna de Endimião e dizer que eu o amo e sempre o amarei e que olharei por ele, mesmo não estando mais aqui? Agradeceria muito se fizesse isso por mim. Gostaria de me despedir de meu amado, mas ele pensa que é um sonho.

 

PS2: Pode dar banho nele para mim? Ele está dormindo no sono eterno e nãoo tem como fazer isso sozinho.

— Mas o que?!

— Selene sempre foi assim. Possuía uma personalidade alegre e misteriosa, foi por isso que me apaixonei por ela.

— Não te incomoda que ela tenha mandado uma estranha te dar banho?

— Eu só estou aqui graças a você, Rhode. Você e a sua poção de beleza eterna.

— Deve agradecer a Áine pela poção.

— Quando nos encontrarmos com ela, irei agradecê-la.

— Pronto?

— Sim.

Eles abriram o caderno azul. Aquilo parecia ser um diário de viagens cheio de códigos, mapas desenhados e um monte de coisas. As primeiras páginas fizeram os olhos de Rhode sobressaltarem.

— Atlântida?

— Por que iríamos para lá?! A cidade virou ruínas e meu pai teve que construir uma nova.

— Seja o que for, vamos ter que ir.

— Eu posso fazê-lo não se afogar, mas meu pai irá nos perceber.

— Tem algum outro jeito?

— Acho que sim. Para os anões!


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Notas finais do capítulo

Naga é uma criatura mítica do hinduísmo e que aparece no budismo também. Pode ser tanto representada como uma serpente real com várias cabeças como uma mulher com corpo de serpente e vários braços. São perseguidos por Garuda(mon). (vai entrar até digimon)
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Naga é o feminino de Nagi ou Nagini.
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Nagini é o nome da serpente do Voldemort em Harry Potter.
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E é isso, espero que tenham gostado e fiquem ligados porque haverão várias histórias por vir.



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