Crônicas de um Jovem Rei escrita por MisuhoTita, Vanessa Sakata, TommySan, Sally Yagami


Capítulo 66
Robert, o indiscreto


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! Vanessa BR mais uma vez trazendo um capítulo pra vocês de Crônicas! Este capítulo eu adianto a vocês que está especialmente divertido! Sem mais delongas, boa leitura!



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Enquanto Astrid estava em seu lugar, Landon estava postado ao seu lado, em pé, com seus olhos atentos a tudo. O jovem príncipe já procurava absorver na prática tudo o que havia visto na teoria até então. Precisava saber aplicar todo o seu conhecimento, pois necessitaria de tudo aquilo quando assumisse o lugar de seu pai. Tanto a bagagem teórica quanto a prática eram indispensáveis.

Até então observara duas audiências, nas quais sua mãe havia tomado decisões, a seu ver, bastante sábias, apesar de simples. E, nos rostos de quem adentrava ali procurando alguma solução ou apenas alguma orientação, havia claramente uma gratidão e uma admiração bastante grandes.

Neste momento, após um Cavaleiro anunciar, adentrava ali uma mãe de família com dois meninos pequenos. A família recém-chegada se vestia de forma bastante simples, dando a entender que eram camponeses vindos de uma província cuja atividade predominante era a agricultura. Em seguida, entrava um Lorde com vestes finíssimas. Tanto os camponeses quanto o Lorde se curvaram em reverência à rainha e ao príncipe.

— Em que podemos ajudar? – Astrid perguntou com um tom de voz bastante afável e olhou para a camponesa. – A senhora pode ser a primeira a falar.

— Majestade, Alteza – ela olhava para a rainha zardreniana e para o filho de forma meio acanhada. – Meu nome é Meredith e vim aqui para apelar para uma decisão. Como podem ver, eu tenho dois filhos pequenos. Eu cuido deles sozinha, porque o meu marido morreu doente há pouco tempo. O Lorde Reginald está querendo me despejar do terreno que foi deixado a mim por meu marido e, sem esse pedaço de terra, não terei onde viver com as minhas crianças. Mesmo tendo um documento que alega que a propriedade, por direito, é minha, ele diz que é parte da propriedade dele. Por favor, eu peço que me ajudem quanto a isso, é a sobrevivência de minha família que está em jogo!

Astrid olhou para Landon, que estava tão pensativo quanto ela. Uma disputa por um pedaço de terra era corriqueiro, mas era problemático. Com os olhos, a rainha zardreniana encorajou seu filho a agir.

— Milorde, tem a palavra neste momento. – o jovem disse.

— Majestade, Alteza, eu sou o Lorde Reginald e alego que a parte que a senhora Meredith está querendo me pertence! Eu não me lembro de ter dado nem a ela e nem ao falecido marido uma parte do que seria a minha propriedade. Esse pedaço de terra que está sendo disputado sempre pertenceu à minha família, tenho documentos que comprovam isto!

Landon ficou intrigado, pois mesmo Lorde Reginald mostrando um pergaminho, não percebia verdade em suas palavras, mas sim nas da camponesa. Era hora de agir e decidir algo. Aproximou-se do Lorde e lhe pediu o referido pergaminho. Abriu-o desconfiado e analisou o documento. A primeira coisa que estranhou foi uma das assinaturas do documento de cessão de terreno. Uma delas sempre era a do seu pai, e ele a conhecia perfeitamente bem.

— Senhora Meredith – o príncipe-herdeiro olhou para a mulher. – Trouxe algo que possa comprovar que a terra em questão pertencia ao seu falecido marido?

A mulher procurou em seu vestido e encontrou um papel dobrado cuidadosamente, apesar de meio amarelado. Entregou-o a Landon e disse:

— Alteza, meu falecido marido sempre dizia para guardar esse papel com todo o cuidado e aqui está.

Ele abriu o referido papel e confrontou com o que o Lorde lhe dera. Permaneceu por alguns momentos olhando para os dois papéis e, pedindo um momento, mostrou ambos para sua mãe. Em seguida, aproximou-se dos donos daqueles papéis e disse:

— Milorde, a terra em questão ficará com a senhora Meredith. Ela é a sua proprietária, por direito.

— Mas, Alteza...? – Reginald questionou. – Como...? O documento que lhe entreguei diz claramente que me pertence! Nem sei de onde a senhora Meredith tirou esse papel!

— O seu documento é falso, Milorde. – Landon foi categórico.

— Então eu fui enganado por algum golpista!

— Não. A sua voz não transmite qualquer verdade aos meus ouvidos. E vejo tinta em suas mãos, como se estivesse tão apressado a escrever algo que não lavou direito as suas mãos. E há manchas onde está uma assinatura que pode ser de qualquer um, mas não é a do meu pai, o rei Cassius, como deveria ser. Comparando com o que recebi da senhora Meredith, o seu documento é falso, pois o dela é o verdadeiro... Sobretudo no que se refere à assinatura de meu pai nele.

Landon olhou para Astrid, que ordenou com voz firme:

— Cavaleiros Bernard e Jacques, prendam-no por falsificação e por abuso de poder! Levem Lorde Reginald às masmorras e deixem-no preso por um mês a pão e água!

*

Robert percorreu os corredores do palácio, já com o destino em mente. Havia muitas perguntas martelando a sua cabeça, principalmente no que se referia ao noivado de Landon com Catelyn. Tudo era muito diferente do que ele conhecia a respeito. Diferente do jovem Lorde da Terra, que fora, por várias vezes, recusado pelas garotas que tentava cortejar, mesmo dando-lhes as mais belas rosas, o jovem príncipe zardreniano tinha uma noiva já definida. No entanto, eram muitos protocolos a serem obedecidos pela realeza, tanto que vivia chamando o herdeiro ao trono de Zardren de “Senhor Protocolos Reais”.

Chegou à porta da sala de reuniões, na qual sabia que o rei Cassius estava em uma reunião. Ficou ali parado, esperando pacientemente a porta se abrir e, com isso, poder entrar. Olhou para os lados, para se certificar de que não estava sendo seguido.

Dentre as várias perguntas que martelavam a sua cabeça, havia uma que o deixava realmente intrigado... E se referia justamente aos protocolos aos quais seu amigo era submetido.

— Que reunião demorada... – Robert murmurou. – Pelo jeito o rei deve estar descascando um abacaxi daqueles...

Assim que terminou de externar seus pensamentos, viu a porta se abrir e por ela saírem um dos ministros e um lorde representante de uma das províncias. A julgar pela cara de satisfação daqueles dois homens, pelo jeito o abacaxi que Sua Majestade tinha pra descascar havia sido devidamente descascado e saboreado.

E, logo que o Conselheiro Gregory deixara também a sala, Robert a adentrou, já com a pergunta que queria fazer bem na ponta da língua. Avançou alguns passos, sob o olhar curioso de Cassius e se ajoelhou em reverência.

— O que deseja, Lorde Robert? – Cassius perguntou.

— Majestade, eu gostaria de fazer uma pergunta.

— Pode fazer.

— Bem... É sobre o noivado de Sua Alteza e seus protocolos... É que eu fiquei com umas dúvidas na minha cabeça, assim, bastante curioso.

— O que gostaria de saber sobre o noivado do Landon?

— Majestade, ele não pode nem beijar a noiva antes do casamento?

— Pelos protocolos reais, não.

— Mas nem dar um beijinho rápido e...?

Robert logo foi interrompido quando sentiu alguém puxar fortemente a sua orelha, na clara intenção de retirá-lo dali. Era Landon que, completamente constrangido, disse:

— Pai, não dê atenção a esse abelhudo do Robert!

— Aiaiaiaiai...! – Robert protestou. – Qual é, Landon? Larga a minha orelha, nem o meu pai faz isso comigo! Eu só tô tentando te ajudar!

— Eu não pedi a sua ajuda! Será que você não tem respeito com a realeza, não?

— É claro que eu tenho! Eu me dirigi ao seu pai dizendo “Majestade”! Mas, se quiser que eu me dirija a você só te dizendo “Alteza”, tudo bem, mas larga a minha orelha! Desse jeito vou ficar sem ela!

— Não é questão de me tratar como “Alteza”, Robert! O negócio é que você é indiscreto demais!

— O que tem de mais eu perguntar pro seu pai se você não pode nem dar um beijinho na sua noiva?

— Eu tenho protocolos a obedecer!

— Mas perguntar ao seu pai não ofende, “Senhor Protocolos Reais”! Larga a minha orelha!

Landon segurava firmemente a orelha de Robert, não se intimidando nem um pouco com o fato de o Lorde da Terra ser bem maior do que ele.

— Só vou soltar quando sairmos daqui.

— Majestade! – Robert implorou com as duas mãos juntas. – Por favor, dê uma daquelas ordens reais irrevogáveis para o seu filho cabeça-dura largar a minha orelha! Clemência! Clemência!

— Larga a orelha do Robert, Landon. – era a voz de Marden, querendo começar a rir da cena. – Desse jeito você não parece nem um príncipe.

— Que diferença faz? Com essa língua grande o Robert não parece um Lorde da Terra.

— Ué, mas o Robert não fez isso por mal. Ele só quer te ajudar. Mas também não entendo por que você não pode dar um beijinho na sua noiva.

— Protocolos, Marden... Protocolos.

— Vindo do “Senhor Protocolos Reais” não é nenhuma surpresa.

— Tá querendo que eu puxe a sua orelha também, é? – a voz de Landon era ameaçadora.

— Marden, não deixa ele pegar a sua orelha não! – Robert avisava. – Ele tem uma mão de ferro que você nem faz ideia! Só espero que ele não use isso quando for um rei!

— Não acredito que, com todo esse tamanho, você fique implorando pro Landon largar sua orelha, Robert.

— Deixa ele pegar a sua orelha pra você ver!

— Eu não. – Marden falou. – Eu tenho amor às minhas orelhas e não fico de língua solta fazendo perguntas indiscretas a Sua Majestade.

— Marden, seu traidor! – o Lorde da Terra protestou. – Nem pra me ajudar a convencer o Landon de que eu estava só tentando ajudar?

— Eu já disse que tenho amor às minhas orelhas.

— Landon, Alteza, amigão...! Solta a minha orelha, vai...?

— Vamos, rapazes... – Cassius, com um sorriso, se aproximava do trio. – Acalmem-se. Landon, solte a orelha do Lorde Robert, ele apenas foi ingênuo e fez uma pergunta meio indiscreta.

— Pai, ele está querendo me fazer passar vergonha diante da Catelyn... Ele e o Marden.

— Nem vem, Landon! – o jovem Lorde da Água protestou. – Nós é que estamos atacando de Cupido para juntar vocês dois!

— Eu tenho protocolos a seguir! Será que vocês dois não enfiam isso na cabeça?

— Acalmem-se – o rei zardreniano disse em tom conciliador. – Milordes Robert e Marden, o que o Landon está dizendo é que nós, da família real, temos uma série de coisas que podemos e não podemos fazer durante um noivado. Uma dessas coisas é no que se refere ao contato nesse período... E o contato físico entre os noivos é o mínimo. Um beijo, por exemplo, é apenas quando se casarem, pois acreditamos que é preciso zelar pela pureza do casal antes da união.

— Quer dizer que até o casamento o Landon vai continuar sem saber o que é beijar uma garota? – Robert questionou.

— Robert...! – Landon mais uma vez puxou com força a orelha do rapaz, maior que ele. – Fecha essa matraca!

— Aiaiai...! Clemência! Clemência! Assim, quando você assumir o trono do seu pai, vai ficar conhecido como o “rei do puxão de orelha”! – sentiu um puxão ainda mais forte. – Ei, Landon, eu preciso desta orelha! Não arranca, não!

*

Daithi, por mais que quisesse ao menos fingir que estava atento à reunião, encarava tal tarefa com extremo desgosto e com dificuldade. Era mais uma daquelas reuniões maçantes, sempre com o mesmo assunto e com Ramsay dando rodeios atrás de rodeios.

“Paciência, Daithi... Paciência!”, o príncipe alkavampiano pensava. Era difícil ter alguma paciência àquela altura, pois a sua paciência com seu pai já estava chegando ao fim. Mesmo assim, sabia que se cultivasse isso valeria a pena.

— E então, Daithi? – Ramsay perguntou. – O que pensa a respeito das colocações feitas até agora?

— Estou ponderando ainda. – Daithi respondeu. – Ainda não concordo totalmente, precisamos rever isso.

— Vou pensar no seu caso. – o rei alkavampiano disse com desdém. – Ainda acho as suas ideias muito radicais.

— Não vou ficar aqui discordando o tempo todo de suas colocações e você, das minhas. O que acha de colocarmos um meio-termo?

— Podemos pensar nessa possibilidade.

Nisso, a reunião prosseguiu com o mesmo marasmo de sempre, mas desta vez o jovem príncipe de Alkavampir concordava com tudo o que era proposto por seu pai. Iria continuar com essa postura, já que sabia que isso apenas lhe daria a vantagem necessária para alcançar seu objetivo.

Daithi sorriu discretamente. Fazer o jogo daquele idiota, apesar de tudo, era divertido... Mas, mais divertido ainda era fazer isso, de olho na recompensa gorda que viria muito em breve...!


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Notas finais do capítulo

Continua...



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