Proesiando escrita por Layla Glêz


Capítulo 20
Tinta


Notas iniciais do capítulo

Olá! Juro que quase não postava hoje, por motivos pessoais. Dispensarei até mais comentários aqui, só saibam que estou lendo cada review que vocês me mandam e que prometo, um dia, responder. Obrigada por acompanhar.
Boa leitura!



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Sempre odiei dias ensolarados, foi em um desses que minha mãe me disse que, quando a gente sentia uma dor em um canto, devia descontar em outro. Desviar nossa mente para uma que fosse mais suportável.

Ela falava de um braço engessado e eu beliscava minha perna, focando toda a dor no osso na consequência do beliscão. Não fazia parar doer, mas pelo menos enganava a minha cabeça, parecia uma ilusão de ótica. Era o suficiente por hora.

Aos quinze, aprendi o quanto isso era tão mais amplo. Toda vez que algo me machucava, eu transformava aquele aperto — no peito, na alma — em um beliscão. Em pouco tempo, só os dedos não bastavam. Usei as unhas.

A palavra veio como o meio de fazer tudo aquilo sangrar. Sempre odiei lâminas, o papel parecia uma saída mais agradável. Alguns me acham louca, mas estes desconhecem o significado delas.

Hoje faz sol e fui tudo o quiseram que eu fosse: vagabunda, inerte, preguiçosa. Saco de pancadas para qualquer um. Ao argumentar, fui chamada de dramática, vitimista, grossa.

Eles não sabem o quanto dói.

Os pensamentos lúgubres me corroem de novo.

Vejo-me diante da folha, cortando-me com papel, transformando o sangue em tinta.


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