Utopia escrita por Renata Salles


Capítulo 5
Essencial


Notas iniciais do capítulo

"Eu faço de você meu essencial e você me faz renascer entre os homens. Se você quiser a gente aprende que nos pertencemos."



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Sophia ajudava Sue a pôr a mesa enquanto Seth roubava batas fritas, quando supostamente estava assistindo a um jogo de futebol com Charlie.

Leah e seu imprinting não demoraram a chegar.

Lúcio era alto e magro, como se estivesse perdendo a massa muscular gradualmente; seus cabelos de um castanho escuro estavam arrumados lindamente com um pouco de gel, e seus penetrantes olhos azuis revelavam uma alegria melancólica.

Estavam todos reunidos na pequena sala de estar.

— Conte-nos sobre você, filho — incentivou Charlie.

O policial cuida dos irmãos Clearwater como se fossem seus filhos desde antes de se casar com Sue. Bella ficou muito feliz com a união do pai, e ainda mais satisfeita quando ele finalmente aceitou mudar-se para La Push, uma vez que estava perto da aposentadoria. Assim, ele sempre estaria protegido, embora Bella não pudesse visitá-lo.

Um dos principais motivos pelo qual o Charlie não queria aceitar mudar-se era sua velha casa em Forks, pela qual tinha muito apresso. Ele a ofereceu a sua filha, mas Esme já havia lhe presenteado com uma casa, então Charlie deixou a residência aos cuidados de Leah, que possuía um intenso desejo de se afastar de La Push. Ela ia e voltava da faculdade em Seattle todos os finais de semana, e contemplava o silêncio da velha casa.

— Sou de Carcassonne, senhor — Lúcio respondeu nervosamente. — Minha família tem uma pequena vinícola no Sul da França. E estou… bem, eu estava terminando meu curso em Harvard.

— Harvard! Bom… E o que está cursando?

— Eu cursava Artes Visuais.

— E você abandonou o curso?

— Sim senhor — respondeu torcendo os dedos em uma bola.

Seth lutou contra um sorriso ao perceber o quão intimidado ele estava.

— E seus pais permitiram?

Um grande desconforto irradiou do corpo de Lúcio. Ele tentou disfarçar, mas todos perceberam.

— Meus pais faleceram há um ano senhor.

Houve um coro quase sussurrado de pêsames, Sophia fechou os olhos sentindo a dor dele em silêncio.

A mestiça tem o dom de ler emoções, mas não pode controlá-las como Jasper, o que a irrita profundamente em casos como este, em que sente, mas não poder fazer absolutamente nada a respeito — a não ser piorar a dor, tornando-a física.

— E o que o trouxe a Forks? — perguntou Sue para mudar de assunto.

Ele apenas encarou o tapete aos seus pés. Leah entrelaçou seus dedos aos dele.

Lúcio respirou profundamente.

— Vim procurar um médico.

— Doutor Carlisle — completou Leah.

— Por quê? — indagou Seth.

Lúcio o encarou.

— Porque eu tenho Câncer.

— Oh meu Deus! — soltou Sue. — Você está bem?

— Estou sim, não há nada com o que se preocupar — disse com um sorriso.

Mas ele estava mentindo.

A Leucemia Mieloide Crônica diagnosticada na plenitude de seus vinte e três anos estava fora da zona de remissão há um ano, e foi a causa secundária da morte de seus pais.

Emmanuel Bent tinha o intenso desejo de que seu único filho, impulsivo e boêmio, administrasse os negócios da família que começaram com uma mercearia há três gerações, passando para a produção de vinhos; mas Lúcio tinha uma ideia diferente para sua vida, e contra a vontade dos pais foi estudar nos Estados Unidos. Lúcio foi diagnosticado com câncer pouco tempo depois, após dar entrada no pronto socorro em coma alcoólico.

Apesar da gravidade, o oncologista estava otimista, e Lúcio decidiu manter a doença em segredo. Todavia, dois anos depois, uma hemorragia sofrida em sala de aula, causada por uma forte infecção estomacal, revelou a recidiva. O reitor da universidade entrou em contato com seus pais que sofreram um acidente a caminho do hospital. Sua mãe faleceu na hora, e Emmanuel resistiu aos ferimentos por apenas dois dias.

Na época Lúcio foi salvo pelo Doutor Carlisle Cullen, que estava de passagem pela cidade para um congresso, e desde então tem tido dificuldade de encontrar um médico em que confie, uma vez que os efeitos colaterais do tratamento estavam cada vez piores, e os especialistas que se submetia não pareciam entrar em um consenso em relação a um tratamento que lhe proporcionasse mais chances de cura, ou que ao menos melhorasse sua qualidade de vida.

Lúcio estava cansado de lutar contra a natureza quando conheceu Leah, e imediatamente ela lhe deu propósito, e a força que precisava para continuar.

Uma hora depois, como uma lembrança ou aviso, Lúcio se levantou abruptamente e foi ao banheiro. Leah o seguiu e quando retornou, seu rosto estava tenso e sem vida.

— Está sangrando — respondeu distante a pergunta que ninguém teve coragem de fazer.

— Ele conseguiu falar com Carlisle? — questionou Sophia.

— Sim. Carlisle fez alguns exames, vamos tentar um tratamento novo.

Seth sentiu um calafrio, e a abraçou.

— Vai ficar tudo bem Leah.

Ela concordou com um aceno de cabeça.

Um pesado silêncio predominou por alguns minutos.

— Vocês tiveram notícias do Sam?

Todos se espantaram com a pergunta.

Leah repulsava Sam Uley apesar de compreender o imprinting, mesmo antes do casamento com sua prima Emily há cinco anos, e ela quase ficou grata quando seu ex-namorado decidiu abandonar a matilha e sua condição de transfigurador para envelhecer ao lado da amada. Mas foi tomada por uma tristeza desmedida quando Emily engravidou. Aquilo foi demais para ela, e a jovem desapareceu.

Jacob dividiu o bando em três grupos de busca: o primeiro que ele mesmo liderava, onde estavam Quil, Collin e Embry, o segundo liderado por Seth, que foi acompanhado por Jared, Brady e Tarcisio, e o terceiro era liderado por Paul, onde estavam os jovens Chavier, Uchoa e Cartter.

Foi a primeira vez em que Jacob realmente se afastou de Renesmee, e o mesmo ocorreu com Quil, Jared e Seth com seus imprintings, mas eles jamais abandonariam Leah, ainda mais em um momento tão difícil.

A busca durou algumas semanas, pois Leah sabia muito bem como despistar seu bando. Até que, por fim, Collin conseguiu rastrear seu cheiro e a encontrou em sua forma humana, cheia de feridas ensanguentadas já cicatrizadas, chorando dentro de uma caverna. Foi difícil argumentar com ela, mesmo para o Alfa — o único que ela permitiu que se aproximasse. Jacob ordenou aos outros que voltassem para casa e depois de trinta e duas horas de negociações, ela aceitou voltar, um dia.

Sophia ligou para Jacob e pediu para falar com a cunhada, e em uma hora a convenceu de que era mais prudente voltar, uma vez que ela não precisava morar em La Push. A mestiça teve de convencer Jacob de que seria melhor e mais saudável para Leah se ela se ausentasse de sua terra natal, e fosse para uma Universidade. Leah voltou sob essa condição e desde então, ia a La Push esporadicamente quando não tinha mesmo outra opção.

— Você tentou ligar? — perguntou Seth.

— Pensei nisso, mas será estranho…

— Bem, haverá a fogueira depois de amanhã — sugeriu Sophia.

— É, tem a fogueira… — repetiu pensativa.

 

— E então, quando vocês me darão netos? — perguntou Sue.

Sophia arregalou os olhos. Seth riu.

— Estamos providenciando, mãe.

Sophia o encarou com a testa franzida, e o marido se aproximou para falar em seu ouvido:

— Não custa tentar, né?

Ela corou em uma mistura de vergonha e raiva.

— Claro… — concordou gentilmente.

Seth sorriu e entrelaçou seus dedos aos dela, imaginando como se desculparia, enquanto Sophia tentava evocar a voz da razão. Era difícil se manter firme quando o marido demonstrava tão abertamente que essa era sua vontade, e ainda pior pela ternura que expressava ao dizer “o nosso filho.” Mas ele não estava familiarizado com os riscos.

Desde que se casaram Sophia havia engravidado seis vezes, e Seth sabia apenas sobre a primeira. Seu terrível dom sempre expulsava o feto, sendo cada vez mais agressivo, deixando sequelas cada vez maiores.

Carlisle foi muito claro: Sophia não poderia passar por aquilo novamente. Não resistiria a outra hemorragia.

Desci as escadas como um foguete e encontrei todos reunidos na sala.

Jacob parecia deslocado, o que era bem estranho, uma vez que sempre ficou absolutamente à vontade cercado pela minha família. Fui em sua direção, mas minha mãe entrou no caminho me envolvendo em seus braços e me felicitando pelo grande dia. Um a um, todos fizeram o mesmo.

— E eu não vou ganhar presentes? — perguntei.

— E você merece? — retrucou Emmett.

Mostrei a língua em meio a uma careta.

— Damas primeiro! — cantarolou Alice pendurada no pescoço de Rosalie.

— Não, primeiro os avós — disse Esme se aproximando, seus dedos entrelaçados aos do marido.

— Esperamos que goste — disse Carlisle entregando-me um envelope.

Abri-o e sorri. Era um cartão de crédito platinum em meu nome.

— Caramba! — soltei abraçando-os. Dei um beijo na bochecha de cada um. — Obrigada. Amo vocês!

— Gaste com sabedoria — orientou Carlisle.

— Também te amamos querida — disse Esme.

Jasper se aproximou, estendendo uma caixa em minha direção.

Abri-a. Era uma câmera Polaroid clássica.

Coloquei a caixa e meu lindo cartão sobre a mesa de centro, levando a câmera frente aos olhos, houve um leve ruído. Peguei a foto.

— Gostou? — perguntou Jasper.

Olhei para ele e balancei a cabeça de cima para baixo, sorrindo fascinada.

— Tem mais — ele disse sorrindo.

Coloquei a câmera sobre a mesa e olhei dentro da caixa, havia um envelope branco ao fundo que continha todos os tipos de documentos: passaporte, carteira de motorista, entre outros, todos afirmando que atingi a maioridade. Abracei-o.

— Obrigada tio Jazz, eu amei!

Ele sorriu.

— Não foi nada — afagou minha bochecha e se afastou.

Emmett se aproximou colocando uma grande caixa rosa envolvida por uma fita vermelha sobre a mesa.

Afastei-me.

— Não se preocupe Nessie, nada voará de dentro este ano — afirmou Alice. Ela também não achou nada engraçado a gosma verde que cobriu minhas roupas e meu cabelo no ano passado.

Olhei para ela e depois para a caixa, em dúvida.

— Ah vamos lá, eu fui bonzinho! — disse Emmett sorrindo.

Enquanto puxava as pontas da fita, ia me afastando. Abri a tampa da caixa, e depois de ter certeza de que Alice estava certa, espiei hesitante.

Era um grande urso de pelúcia cor mel. Tirei da caixa e abracei-o.

— Parece você, Emm!

— Ah bom, pensei que fosse dizer que parecia o cachorro, estava pronto para te jogar no rio!

— Emmett! — advertiu Esme.

— Bem que você queria ter essa sorte! — murmurou Jacob.

— Ele é lindo!

— É claro, eu sou lindo!

— Eu quero dar meu presente também! — apressou Rosalie.

— Tem mais Nessie — disse Emmett rindo.

Abracei o urso e olhei dentro da caixa vazia, então o encarei com a testa franzida.

— Olhe no coração do urso — disse minha mãe de cara feia.

— Ah, não comece de novo maninha! — resmungou Emmett.

Pedi relutante para Jacob segurar o urso. Havia um espaço grudado com velcro no local onde estaria o coração do urso, abri-o e bufei.

— Muito engraçado Emmett! — ironizei enquanto segurava a pequena e verde miniatura em pelúcia do Monstro do Lago Ness.

— Eu sei que você gostou!

— Ah Emmett! — sibilou Jacob.

— Não fui eu quem inventou o apelido!

Jacob rosnou e deu um passo a frente, pousei minha mão em seu braço, detendo-o.

— Então quer dizer que estou em seu coração?

— Claro Ness.

Revirei os olhos.

— Nossa vez! — disse Alice sorrindo.

— Não, não! — disse minha mãe entrando em sua frente.

— Seja razoável, Nessie — disse Edward jogando uma chave em minha direção, peguei-a no ar em um reflexo e derrubei sem querer meu pequeno e verde monstrinho.

— Oh, você caiu! — disse Emmett com tom infantil e falsamente surpreso.

Jacob jogou o grande urso na cara dele, Emmett o segurou.

— Calma totó!

Jacob respondeu com outro rosnado. Ignorei-os, concentrando-me na chave em minhas mãos.

— Sério?

— Está lá fora! — disse minha mãe sorrindo lindamente.

Coloquei o pequeno monstro verde sobre a mesa e fomos todos para fora. Meu queixo caiu.

— Nossa! — soltei.

Fui em direção ao Alfa Romeo de um roxo metálico bem escuro estacionado em frente a casa, fiz gestos animados e todos riram. Eu não estava acreditando! Aquele era exatamente um carro discreto que passaria despercebido, mas já que estamos nessa de carros de luxo, não negarei minhas origens.

— Pode entrar, é todo seu. Vamos ver como se sai dirigindo. — Disse meu pai se sentando no banco do passageiro.

Olhei para minha mãe, ela estava sorrindo abraçada com Jacob, que bufava e batia o pé, mas não dizia nada.

— Mãe, venha conosco!

Meu homem lobo hesitou dar um passo a frente, mas minha mãe o impediu.

— Em outra oportunidade, querida. Não vão muito longe!

— Sim senhora.

— Não demorem! — pediu Jacob.

O passeio na verdade era uma desculpa para que meu pai contasse as boas novas. Ele me levou para caçar em Aberdeen, apesar de seus olhos estarem dourados como ouro. Entramos em silêncio na floresta e permanecemos assim por um longo tempo, enquanto ele tomava coragem para introduzir o assunto.

Após a caçada me sentei no tronco de uma árvore assassinada por um raio, e ele se sentou a meu lado, esperando pacientemente que eu retomasse fôlego. Então começou perguntando o que eu gostaria de fazer agora que meu crescimento sobre-humano não seria mais um problema.

Hesitei.

— Quando iremos embora? — Senti-o enrijecer, sua expressão ilegível. — Eu sei que tem sido difícil e arriscado permanecer aqui. — Respirei fundo. — Na verdade eu também não aguento mais viver escondida, quero poder sair e ter o mínimo de normalidade em minha vida. Sou grata terem adiado a mudança, mas uma hora teria que acontecer. Jacob também sabe disso.

— Desde quando você…? — Começou. Dei de ombros. — Sinto muito.

— Tudo bem. Só não sei como contar a ele.

— Eu posso contar e enfrentar a fúria dele, se quiser.

— Não obrigada, esse é meu trabalho.

Suspirei.

Ele me abraçou.

— Não se preocupe, vocês darão um jeito de amenizar a distância.

— Eu sei… Já passamos por coisas piores.

Estremeci com a brisa, não tanto pelo frio, mas pela solidão que sentia. Meu pai tirou seu casaco e o colocou ao redor dos meus ombros.

Quando chegamos, a casa da família estava sendo preparada para a festa: os móveis foram substituídos por mesas, cadeiras e arranjos de flores que rodeavam a sala, deixando um grande espaço vazio no centro, abaixo do lustre de cristal. Havia nuvens feitas com fitas de cetim de tons pastéis espalhadas por todo o salão, a iluminação alaranjada fazia com que todo o cômodo parecesse estranha e lindamente dourado.

— Vocês demoraram! Nessie, suba imediatamente! — ordenou Alice do topo das escadas.

Fui para o quarto dos meus avós onde estavam minha mãe, Rosalie e a própria Esme.

— Todas para o banho! — ordenou Alice batendo palmas.

Tudo ficou em silêncio por alguns minutos, então voltei a ouvi vozes femininas, conversas rápidas e barulhos de secador. Perguntei-me se Jacob ainda estava na casa. Precisava vê-lo, tocá-lo…

Voltei ao quarto.

Alice já não parecia uma adolescente em seu vestido lilás e costas nuas. Rosalie estava deslumbrante em um vestido de seda rosa com um decote maravilhoso, seu cabelo preso em uma traça repousava sobre o ombro. Minha mãe usava um vestido verde-escuro que continha uma ousada abertura até quase o fim da coxa, seu cabelo preso em um coque. Esme estava com um vestido tubinho marrom, seu cabelo arrumado em um penteado clássico dos anos sessenta.

Arrastaram-me até a penteadeira e em alguns minutos eu estava pronta.

Uma batida na porta e Edward entrou, juntando-se a minha mãe que parecia emocionada.

— Oh, Filha!

Fiz uma careta e Rosalie me levou ao espelho próximo a porta. Encarei a figura refletida com estranhamento: ela se parecia comigo, tinha os mesmos olhos, a mesma cor de cabelo, mas estava tão…

O vestido sereia de um vermelho sangue era longo sem alças, extremamente justo. O corset fazia com que fosse fiel a minhas curvas até pouco abaixo do quadril onde se soltava, tornando-se gentilmente rodado. A maquiagem me fazia parecer mais velha, e apesar de ser neutra ressaltava meus traços e me fazia parecer intocável, meus cachos foram realçados com baby-liss, a frente presa para trás com uma fivela.

— Pode voltar a respirar agora — lembrou-me Edward.

Olhei para ele totalmente sem fala.

Houve duas batidas e a porta se abriu.

— Wow, Nessie! — soltou Jasper.

O rubor aumentou e passei a encarar o chão. Só um buraquinho… Será que é pedir demais?

Uma calma perfumada me invadiu, regularizando minha respiração.

— Obrigada Jazz.

Ele piscou. De repente deu um passo para dentro do quarto, enquanto braços envolviam sua cintura, e uma cabeça se espreitava por trás dele.

— Por que todo mundo se perde nesse quar… — Sophia parou de falar ao me ver. — Nessie, você está muito gata!

Sorri agradecida.

Ela usava um vestido longo cor creme, sobre a seda havia uma espécie de véu pregueado com Swarovski Crystal realçando suas curvas, soltando a partir da cintura. Seus cachos foram parcialmente presos para trás. Simples e muito elegante, ela estava espetacular.

Alice pegou sua mão e guiou-a, posicionando-a ao meu lado.

— Minhas obras de arte… Isso merece uma foto!

— Onde está minha câmera? — perguntei.

— Eu pego — disse Rosalie saindo do quarto. Em meio segundo ela estava de volta.

Consegui tirar algumas fotos antes que Alice arrancasse a câmera de minhas mãos, alegando que eu também deveria participar da sessão.

— Agora vamos, quero ver todos babando! — disse ela.

Meus tios desceram na frente meus pais.

Meus olhos percorreram a sala.

Tanya, Eleazar, Carmen, Garrett, Kate e um vampiro desconhecido estavam na mesa mais próxima à sala do piano, a sua direita estavam Hulien, Nahuel, Zafrina, Senna e Kachiri; ao seu lado, Liam, Siobhan, Maggie, Benjamin e Tia, a sua direita havia uma mesa ocupada apenas por Seth e Sophia; Alice e Jasper ocuparam a mesa ao lado; Emmett, Rosalie, Carlisle e Esme estavam na mesa ao lado da dos Denali, fechando o círculo.

Suspirei antes de sair do conforto do corredor, me aproximando das escadas e todos os olhares se voltaram para mim. Corei de imediato, meu coração disparou quando ouvi um assobio vindo da parte inferior das escadas.

A música começou suave e reconheci-a imediatamente — sempre me deliciei ao som de pianos e violinos, e essa era uma mistura perfeita, o tipo de música que te faz viajar no tempo, passando por várias épocas.

Jacob sorriu deslumbrante e apaixonadamente, e neste momento nada mais importava, eu só queria estar com ele.

Sorrindo, meu pai estendeu a mão enquanto eu descia as escadas e, para a minha surpresa, me entregou a Jacob.

Fomos para o centro da sala parando um de frente para o outro, meus braços ao redor de seu pescoço. Começamos a dançar devagar, rodando lentamente em um pequeno círculo.

Ele sorriu.

— Então… O que eu faço para ganhar o coração da mestiça mais linda do mundo?

— Ah, não sei… — respondi pensativa — Talvez devesse começar beijan…

Parado ao meu lado, Edward fez barulhos com a garganta.

— Posso?

Jacob entregou-me a ele.

— Jake… — disse minha mãe esticando a mão. Sorrindo, ele a tomou e os dois começaram a dançar.

Outros casais se juntaram a nós: primeiro Carlisle e Esme, depois Emmett e Rosalie e então Jasper e Alice.

Observei minha mãe nos braços de Jacob, eles riam e conversavam com um nível de intimidade que é apenas adquirido ao longo do tempo.

Um calafrio percorreu minha espinha.

— Está tudo bem?

— Sim. — Estiquei os lábios em um sorriso.

Em meio a um giro Jasper pegou-me pela cintura, me levantando pelas costas.

— Minha vez — disse sorridente ao me colocar no chão.

Fiz uma reverência.

Todos trocaram de par, de modo que agora Bella dançava com Carlisle, enquanto Rosalie e Edward rodavam rapidamente; Esme tentava segurar o riso pelos comentários de Emmett e Jacob revirava os olhos enquanto Alice falava sem parar.

Soltei-me de Jasper e brinquei olhando para o alto com mãos para trás, fazendo charme, quando fui arrastada por um forte tornado.

— Emmett — murmurei.

Ele sorriu orgulhoso.

Trocando de pares a cada minuto, dancei com todos os homens da minha família, até que meu avô finalmente me devolveu a Jacob.

Sorri encostando minha cabeça em seu peito, ele colocou as mãos em minha cintura. A música chegava ao fim.

— Você está linda — sussurrou.

Fechei os olhos ouvindo seu coração bater forte.

— Você também.

Uma chuva de aplausos começou e, com uma nova música, outros casais tomaram a pista.

Passei de mesa em mesa recepcionando os convidados com uma felicidade contagiante, ao vê-los reunidos sem estarmos em risco de morte. Aquelas pessoas significavam mais para mim do que eu poderia descrever.

Aproximei-me da mesa dos Denali.

Tanya me apresentou seu parceiro excepcionalmente educado, cuja pele era estranhamente pálida e aparentemente frágil, como uma casca de cebola, adornada cabelos castanhos brilhantes.

Ele se levantou de sua cadeira sorrindo misteriosamente. Olhei na direção que ele encarava.

— Layla… — chamou com uma voz melodiosa.

Poucas pessoas conheciam o segundo nome de Sophia.

Ela parou bruscamente e olhou em nossa direção, parecendo surpresa.

— Leonard! — exclamou. No segundo seguinte, eles estavam abraçados. — Pensei que nunca mais fosse vê-lo depois de…

— Tudo bem, minha criança, não se preocupe com isso.

Ela sorriu.

— Sinto tanto sua falta!

— Eu também, querida.

Todos na mesa pareciam surpresos. Do outro lado do salão Seth encarava de cara feita, parecendo realmente furioso, ele e Jacob se aproximaram.

— Como sou indelicado! — lamentou Leonard, estendendo a mão para Tanya, puxando-a gentilmente para seus braços.

Seth parou ao lado da esposa com um braço em suas costas. Jacob me abraçou, pousando suas mãos em minha barriga.

— Não sabia que se conheciam — comentou Tanya.

— Sophia era… — Ele e a mestiça se encaram significativamente. — Minha protegida antes de me trocar pelos Cullen.

Sophia riu.

— Não seja melodramático Léo!

Jacob analisava a expressão de Seth. Ele e Leonard se encaravam como se já se conhecessem e não gostassem nada um do outro.

Sophia olhou para Seth e depois para Leonard.

— Foi um prazer revê-lo — concluiu.

Leonard sorriu.

— O prazer foi todo meu.

Seth deu um pequeno passo a frente, puxando Sophia delicadamente. Ela, por sua vez, correspondeu o sorriso de Leonard e foi com o marido em direção a uma mesa vazia.

 

Subi as escadas para pegar minha Polaroid, mas hesitei ao sentir um forte cheiro de amêndoas. Havia alguém em meu quarto provisório, alguém que não deveria estar ali. Entrei.

Tarcisio, um dos membros mais jovens da Alcateia, estava sentado na cama, me encarando surpreso enquanto segurava uma fotografia.

— O que está fazendo aqui?

— Er… Oi Nessie! Vim te desejar… Parabéns?

Ele corou.

Me aproximei sentando ao seu lado.

— Você deveria ser mais discreto, sério. Ele está na sala e não gostaria nada de te ver aqui.

Tarcisio me encarou hesitante e então suspirou.

— Como você soube?

— Quem não sabe?

Ele arregalou os olhos.

— Ele não sabe… Certo?

— Honestamente, eu acho que sim. Ele pode ouvir seus pensamentos quando estão como lobos, então…

Ele fez uma careta e escondeu o rosto com as mãos.

— Oh cara, ele vai me matar!

— Acho que não, se ainda não o fez…

— Eu estou perdido! Diga a meus pais que eu os amo!

— Não seja tão dramático! Talvez devesse conversar com ele, se ouvir de você ficará mais calmo… Eu o conheço.

— Ah, claro! E você quer que eu diga o quê? “Oi Seth, sabe o que é, estou apaixonado por sua esposa!” — ironizou.

Congelamos ao perceber as duas formas imóveis ao lado da porta. Minha mãe limpou a garganta com um ruído, e cutucou Seth ao seu lado. Ele engoliu seco, suas mãos estavam trêmulas.

— Está na hora Nessie — soltou entredentes.

— Oh, certo! — pulei da cama e logo estava ao lado de minha mãe.

— Seth — Tarcisio chamou em um surto de coragem.

Eu e minha mãe saímos do quarto, deixando-os a sós.

Todas as tradições foram seguidas.

Tirei fotos suficientes para encher um álbum enorme, e fui fervorosamente fotografada, principalmente quando todos se posicionaram no meio do salão cantando “parabéns a você”.

Observei Leonard entrar na casa pela porta dos fundos junto a Sophia, que se esgueirou para o meio dos convidados.

Novamente fui passada de abraço a abraço e tive uma série interminável de parceiros de dança, apesar de desejar apenas um.

Sentei em uma mesa vazia, observando meus pais rirem e dançarem apaixonada e graciosamente. Sophia veio em minha direção com uma expressão decidida, apontando-me um prato com uma fatia de bolo, fiz uma careta.

— Nessie…

— Tudo bem, tudo bem — interrompi pegando o prato.

Ela se sentou a meu lado com um sorriso vitorioso e comeu um pequeno pedaço de sua fatia.

— O que fazia lá fora sozinha com o parceiro de Tanya? — questionei. Ela parou, encarando o bolo com um olhar frio. — De onde o conhece, Sophi?

Ela respirou profundamente.

— Ele era amigo do meu pai, Selas. — respondeu com uma seriedade incomum, um tom baixo e conspiratório, e eu soube que era um segredo. — Eu o conheço… Desde antes de o tempo ser chamado assim — estava sem graça.

Estreitei os olhos.

— E em que parte desse “desde sempre” você ficou com ele?

— O quê?

Arqueei as sobrancelhas. Ela bufou.

— Em algum momento, quando viajávamos sozinhos e tínhamos apenas um ao outro, nosso companheirismo se transformou em algo mais.

Encantada com a novidade, percebi que não conhecia muito além do trivial da história da minha melhor amiga. Sophia havia se encaixado em nossas vidas rapidamente, completando-a como se a estivéssemos esperando, e pareceu tão certo que não havia necessidade de questioná-la sobre seu passado.

— Como aconteceu? — perguntei extasiada. — Desde o começo, por favor!

— Não é o momento…

— Por favor! — implorei.

Ela começou com um suspiro.

— Você sabe que sou de uma época em que as coisas eram muito diferentes, e talvez haja acontecimentos que lhe pareçam incompreensíveis, então tente ser imparcial, tudo bem? — Assenti. — Muito antes das grandes navegações, quando o homem não imaginava o que haveria do outro lado do oceano, alguns vampiros faziam suas expedições. Não era possível ficar em um mesmo lugar por muito tempo com pessoas sumindo e corpos aparecendo sem sangue nas veias… As histórias logo se espalhavam. Não havia muitos vampiros e eles costumavam ser mais discretos, mas ainda assim… Meus pais se conheceram em uma das viagens dele. Selas não falava sobre minha mãe então tudo que sei é que ela se chamava Adália, e que antes de falecer o fez prometer que me aceitaria. Naquela época cabia ao pai decidir no quinto dia após o nascimento do filho se este poderia ou não participar da família; os bebes rejeitados eram depositados em vasos de argila e abandonados nos campos.

O horror daquele relato fez meu queixo cair. Ela prosseguiu:

— Não sei os detalhes, mas depois de ela morrer durante o parto ele me levou para sua cidade natal.

— E você cresceu em Tebas…

— Exatamente. A Grécia era um lugar especial, estava apenas se formando, gloriosa muito antes de se tornar um império. Era fascinante e assustador a forma com que os humanos tomavam o controle. Eu cresci em meio a isso, trancada na propriedade do meu pai durante toda a infância. Selas me criou com uma postura rígida, intolerante, e ensinou-me tudo que eu precisava saber para sobreviver sozinha. Nunca cansou de dizer que eu jamais seria boa o bastante, e sua depressão estava cada dia pior. Ele sempre dizia que havia algo muito importante que precisava fazer, algo que “salvaria” ou “mudaria” seja lá o que for. Em um momento estava bem, calado e distante a sua maneira, mas, de repente, uma visão o atingia e ele ficava agitado, dizendo coisas sem sentido. Seu dom era poderoso demais, o enlouqueceu.

Ela ficou em um pesado silêncio, perdida em lembranças.

— Qual era seu dom?

Sophia ergueu os olhos me encarando fixamente.

— Você acredita em destino?

— Er… não sei. O imprinting não deixa de ser destinado, certo?

Sophia ergueu os ombros.

— Ele sempre me perguntava isso, e em todas as vezes dizia que eu deveria temer o destino, pois não há como fugir dele. — Ela fechou os olhos com força, respirando profundamente. — Esse era seu dom. Selas podia ver o destino das pessoas.

Meus olhos se arregalaram.

— O que? — Soltei. Isso sim que é um dom!

— Ele nunca disse como funcionava, mas tinha visões, como as de Alice.

Eu estava chocada.

— Um dia Leonard nos fez uma visita, foi assim que o conheci. Eu parecia ter cerca de quatorze ou quinze anos e tentava pegar frutos de uma macieira no jardim quando ele se aproximou, pegou uma maçã de um galho alto e me ofereceu. — Sophia sorriu. — Eu não tinha a menor ideia do que fazer! Não tinha permissão de interagir sequer com os escravos, nunca havia ido ao centro, nunca tive companhia, nunca havia visto outro vampiro. E ele era tão bonito! — Rimos. — Leonard ficou surpreso e intrigado comigo, Selas disse que não havia mais ninguém como eu no mundo, mas que algum dia haveria outros.

Pisquei e ela sorriu.

— Leo ficou preocupado com o amigo, sabia que ele estava com problemas, mas não imaginava que seria assim tão grave. Então nos convidou para viver com ele em sua propriedade na Itália.

— Itália?

— Ele é Romano. Mas a essa altura eu já estava envolvida com… — ela parou encarando um ponto inesistente. Suspirou, balançando a cabeça de um lado para o outro — outra coisa. Então, por algum motivo eles ficaram.

Sophia estava pálida, apertava as mãos, esfregava o rosto. Eu nunca a havia visto tão desestabilizada.

— Leonard me visitava as escondidas todos os dias para contar como meu pai estava, nós nos julgávamos muito espertos e discretos, mas… — seus olhos se encheram de lágrimas. — Oh Nessie, se eu soubesse… Foi um grande erro! — Uma lágrima acariciou seu rosto e ela a limpou rapidamente. — Uma noite Selas escapou, foi até o centro e quando o encontramos… — engoliu seco, seu rosto tomado pelo terror da lembrança — ele estava sendo queimando vivo — respirou profundamente com dificuldade. — Eu o ouvi gritar enquanto queimava e não pude fazer nada! — limpou o rosto, respirando para se recuperar. — Deste dia em diante Leonard e eu nos tornamos inseparáveis, ao menos por um tempo. Viajamos o mundo inteiro, enfrentamos inúmeras guerras…

— Ficaram juntos…

— Sim. Foram bons anos, mas nosso estilo de vida me cansava. Eu não tinha mais nada a perder quando soube que havia uma pequena monstrinha de minha espécie em Washington, e que ela estava em perigo. Enfrentei Leonard pelaprimeira vez, que achou absurdo querer eu ajudar. Bm, esperei até que ele fosse caçar e fugi, mas minha fonte me enganou e eu cheguei tarde demais, o problema já havia sido solucionado.

— E então conheceu Seth…

Seus olhos brilharam.

— Sim.

— Eu me lembro! Meu pai fazia panquecas quando Seth chegou.

— Sempre com fome!

Rimos.

— E você e Leonard nunca mais se viram?

— Ele veio atrás de mim, mas era tarde. Nunca estive apaixonada por ele e Seth me ganhou completamente.

Sorri, observando Seth e Jacob entrarem no salão.

Sophia encarou-me significativamente.

— Não se preocupe — sussurrei.

Ela assentiu.

Seth ocupou uma cadeira ao lado da esposa enquanto Jacob parou ao meu lado, estendendo a mão.

— Uma volta?

— Por favor!

Saímos de fininho pela porta da cozinha. Jacob passou seu braço ao redor da minha cintura, me conduzindo.

— Como foi a briga?

— Sem muita emoção, Seth tem o coração mole.

Sorri, e só então prestei atenção ao caminho.

Jacob me levava ao balanço de madeira que Rosalie e Jasper fizeram para mim há alguns anos, próximo ao rio.

Senti o cheiro de rosas e velas, além de ouvir uma música baixa e calma, bem diferente da que soava de dentro da casa, que agora estava ligeiramente distante de nós. Jacob olhou para frente com um olhar pensativo e eu o segui, refreando meus passos.

Havia pétalas de rosas em tons diversos espalhadas pelo chão, acompanhadas por um caminho de velas que terminava no banco, que continha um grande buquê de rosas vermelhas envoltas por uma fita dourada. Sorri.

Caminhei lentamente até o banco. Peguei as flores e me sentei, cheirando as rosas. Jacob olhava-me com uma expressão nervosa, de pé a minha frente com as mãos nos bolsos. Fui mais para o lado, fazendo um sinal para que ele se sentasse ao meu lado, e assim o fez, passando o braço ao redor dos meus ombros.

Analisei o buquê, e contei: eram dezesseis rosas vermelhas e uma branca, posicionada bem no meio. Notei que algo brilhava e fiz menção de pegá-la, mas Jacob foi mais rápido, tirando a rosa do buquê com a mão trêmula e entregando-a a mim.

— Está tudo bem? — perguntei.

Ele balançou a cabeça de cima para baixo.

Havia um anel preso ao cabo. Peguei-o enquanto Jacob enrijecia.

Parecia uma série de arames dourados trançados, na garra havia uma safira rodeada por diamantes, formando uma rosa. Olhei para Jacob, sorrindo abobalhada.

— Oh, Jake — suspirei abraçando-o. — É maravilhoso!

— Você vai usá-lo?

— É claro!

Beijei-o apaixonadamente.

Foi um beijo calmo, doce e muito, muito curto. Algo o incomodava.

— Como o Billy está?

Jacob me encarou com a testa franzida.

— Como você soube?

— Não importa. Mas não foi por você.

— Desculpe, não queria preocupá-la.

— Jake, eu quero saber sobre tudo que envolva você, sendo bom ou ruim, e quero que confie em mim.

Ele sorriu.

— É claro que confio em você. — Ele colocou a mão em meu pescoço. — Você é meu anjo.

— Então me deixe ficar ao seu lado.

Jacob selou nossos lábios. Coloquei a mão por dentro do seu terno, acariciando o colete.

— Quero te pedir uma coisa… — disse com a voz rouca.

— Qualquer coisa.

Ele respirou fundo, sua mão ainda tremia, mas era diferente do que ocorria antes da transformação, era algo como ansiedade… ou medo.

— Amor, eu sei que um ano e quatro meses não é muito, mas… — Ele pegou o anel e se ajoelhou a minha frente, segurando minha mão. — Você é minha vida. Eu te amo para sempre. Por favor, diga sinceramente o que sente por mim.

— Você sabe o que eu sinto… — disse por debaixo do fôlego.

— Diga! — implorou e exigiu ao mesmo tempo.

Encarei-o fixamente.

— Eu sinto que quero estar ao seu lado sempre; sinto que não posso viver sem você e sinto que sou sua.

Ele sorriu.

Expressar meus sentimentos em palavras sempre foi um ponto fraco. Eu costumava usar meu dom nessas ocasiões; talvez seja por isso que ele me abandonou, para que eu pratique.

— Eu queria que fosse perfeito, me perdoe por fazer isso errado, mas… — Respirou profundamente, endireitando a postura, segurando o anel em seus dedos. — Renesmee Carlie Cullen, você aceita se casar comigo?

Demorei cerca de dois minutos inteiros para entender o que aquilo significava, como se Jacob estivesse falando em um idioma desconhecido. Eu estava ouvindo coisas… Ele não tinha realmente me pedido em casamento. As palavras soavam estranhas em minha mente e eu lutava contra as cambalhotas em meu estômago.

Percebi que balançava a cabeça de um lado para o outro, afirmando para mim mesma que aquilo não era possível, enquanto algo me dizia para deixar de ser besta, que aquele era meu Jacob.

Ele se preparava para levantar com os olhos marejados, quando me joguei em seus braços como fazia quando era criança, rindo descontroladamente, repetindo “sim” milhares de vezes.

Seu rosto se iluminou como nunca. Jacob tentou me beijar, mas eu não conseguia parar de rir, então ele desistiu, colocando a aliança em meu dedo anular esquerdo.

Permanecemos assim por tempo indeterminado: ele sentado no chão comigo em seus braços, me abraçando forte e dizendo coisas bonitas em meu ouvido. Eu sentia que podia tocar o céu.

— Diga que será a senhora Black — sussurrou.

— Eu serei a senhora Black! — Afirmei mais para mim do que para ele. — É possível explodir de felicidade?

— Eu espero que não! — respondeu com um sorriso radiante.

Encarei-o fixamente por um longo minuto.

— Eu te amo.

 

***

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Notas finais do capítulo

*Enquanto escrevia a valsa eu não parava de ouvir Mon Essentiel do Le Roi Soleil, tá?

E aí, o que achou? *-*
Comente, comente!



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