Em seus olhos escrita por Hawtrey


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bem gente, é o seguinte: sim, estou postando fics adoidado. Por que? Bem, estou com um grande problema de achados e perdidos. Eu acho o que não quero e perco o que preciso. Então vou indo postando sempre que pude. Essa fic já está adiantada.

Depois, eu recebi um desafio. Todos os que me acompanham sabem que o meu foco principal é Snape e o desafio que recebi foi feito em base disso. E agora eu tive que criar duas histórias com bases semelhantes, mas com enredos completamente diferentes. E o mais dificil, postá-las sem muita diferença de tempo entre elas. Ou seja, quase ao mesmo tempo.

Eu vou tentar kk

Agora as duas já estão disponivel, uma delas é essa e a outra é Simplesmente Malfoy - https://fanfiction.com.br/historia/648475/SimplesmenteMalfoy/capitulo/1/

Espero que gostem!



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Ofegou mais uma vez e abaixou a varinha. Hoje com certeza não era o seu dia de sorte.

― Mais uma vez ― ordenou seu pai.

Ela respirou fundo e voltou a erguer a varinha, mirando a árvore que estava apenas a alguns metros dela. Concentrou-se novamente e lançou:

Mortem.

A árvore voltou a estalar e a garota observou com atenção seu grosso tronco secar mais uma vez e começar a se partir, suas folhas voltaram a cair, dessa vez totalmente secas. Ela sorriu, estava conseguindo.

― Continue observando.

Seu sorriso sumiu sob a nova ordem do pai. Sempre que ouvia isso significava mais uma falha sua.

A árvore reprimiu-se, como se toda a sua vida estivesse sendo sugada de dentro para a fora, sua casca começou a cair pedaço por pedaço como simples pedaços de papel queimado. Mas sem aviso, tudo simplesmente voltou ao normal. As folhas voltaram aos seus lugares, vivas e coloridas, o tronco remendou-se e voltou a sua textura original. A árvore vivia, como se nada tivesse acontecido.

A garota bufou mais uma vez e abaixou a varinha. Reprimiu o próprio nervosismo quando escutou os passos leves e lentos do pai se aproximando, o farfalhar de sua roupa agora estava bem ao seu lado, fazendo-a se virar e encarar os olhos vermelhos-sangue, únicos e frios.

― Amber, eu preciso repetir tudo o que ensinei a você? ― ele perguntou secamente.

― Não senhor ― ela respondeu prontamente.

― Então por que está falhando? ― ele questionou aproximando-se dela em passos lentos e ameaçadores.

Amber se negou a recuar. Já estava acostumada com o variável tom de Lord Voldemort, seus olhares mortais e seu sorriso desafiador. Nada daquilo era em vão, ele não mantinha uma máscara. É um assassino, simples e direto. Voldemort não fingia ser um pai bondoso, carinhoso, e ela não pedia por isso, aprendera a não pedir. Não gostava da forma como vivia e de como era tratada, mas simplesmente não ligava mais. Em oitenta por cento das vezes Amber não temia o pai, mas os vinte por cento que sobrava se tornava muito maior e muito mais insuportável quando ela falhava.

Então apenas fechou os olhos e sentiu, como se mil facas entrassem parcialmente em todo o seu corpo. Não gritou e nem pediu para que parasse. Sempre aprendeu que a dor fazia parte do psicológico, um truque de sua própria mente que ela tinha que controlar. Mas tudo isso mudava quando sentia seu corpo se contorcer por inteiro. Não dava para ignorar um Cruciatus, não importa quantas vezes você sofra com ele.

― Levante-se ― Voldemort ordenou, puxando-a com violência.

Ela permaneceu calada, fitando os olhos ofídicos.

― Vá para o seu quarto e só saia de lá para o jantar.

Amber assentiu e apressou seus passos pelo jardim, deixando-o para trás. Os corredores da Mansão estavam mal iluminados como sempre, mas ela manteve o ritmo, sabia o caminho perfeitamente. Massageou o braço onde seu pai apertara, provavelmente aparecia um hematoma ali mais tarde, não se importou.

Assim que passou pela porta a trancou, deixando-se escorregar até o chão. Respirou fundo, uma, duas, três vezes até desistir e deixar uma única lágrima escapar, rapidamente a enxugou. Não deveria chorar, nunca, mas também não conseguia aprender isso. Estava cansada e em um mundo bem distante dali esse era um direito dela. Depois de quinze anos sob o mesmo teto, aguentando as mesmas coisas, sendo tratada da mesma forma, Amber tinha todo o direito de estar cansada. Mas não ali. A Mansão Malfoy era o seu lugar desde o dia em que nascera e ali ela não tinha direito a nada. Não que alguém a impedisse de reclamar, mas sabia que era em vão. Não pode passar a vida inteira reclamando e ela passaria a vida inteira ali.

Abaixou a cabeça por alguns segundos e deixou-se levar pela tristeza e pela raiva. Ela não entendia como não estava completamente acostumada a vida que tinha desde sempre. Por que continua a chorar? Por que ainda pensava em desistir? Por que ainda esperava que algo melhorasse? Por que ainda tinha esperança?

Esperança. Esse era o seu tormento desde os oito anos quando viu a família Malfoy pela primeira vez. Tudo porque eles eram uma família. O filho sorria e brincava, o pai parecia não se importar com nada, mas a mãe era perfeita, o carinho em pessoa. E Amber sentia falta de sua mãe. Então desde aquele misero dia em toda confusão que surgia, em todo ataque, tinha a esperança de que alguém aparecesse e a levasse para bem longe dali. Mas isso nunca acontecia. Nem sabiam da existência dela.

Bufou pela milésima vez naquele dia e levantou-se. Não podia ficar se lamentando. Tudo o que tinha que fazer é se acostumar, aceitar que nada vai mudar, que ninguém vai chegar e que ela permanecerá confinada sob as ordens do seu pai, o maldito Lord das Trevas, para todo o seu limitado sempre.

Varreu os olhos pelo seu quarto, tudo estava perfeitamente arrumado, em exceção apenas de sua mesa. Aproximou-se dela e analisou a bagunça. Ali havia alguns livros antigos que usava para estudar e alguns recortes de jornais, a maioria deles se tratava de uma foto, fotos do famoso Potter. Foi ensinada a odiar Harry Potter, ouvia histórias sobre ele desde pequena, de como era egoísta, impertinente, mentiroso e de como acabara com a chance de Lord Voldemort se tornar o bruxo mais poderoso de todos os tempos. Mas ela não conseguia odiá-lo. Na verdade, agradecia por se tornar uma barreira para seu pai, uma barreira que o separava do poder absoluto. Imaginava como o mundo seria se Voldemort tivesse mais poder... provavelmente não haveria muitos para descobrir que na verdade era melhor estar no inferno.

Sentou-se na cadeira e alcançou uma foto do Potter, ele não parecia esperar pela foto. Seus cabelos grandes estavam bagunçados, usava um uniforme e olhava surpreso para a câmera. Na próxima ele estava completamente diferente, mais alto, mais magro, com os cabelos mais curtos. Provavelmente nem tinha conhecimento sobre aquela foto. Mas foi justamente essa foto que fizera Amber ter certeza de que jamais odiaria Harry Potter como seu pai lhe ensinou. Não compartilhava um afeto por ele, parecia-lhe inseguro demais, fraco demais, ingênuo demais, no entanto, eram os olhos dele que a prendiam e ganhavam. Eram exatamente iguais aos seus: verdes, confusos, temerosos e completamente perdidos. A diferença era que ela os escondia debaixo da frieza e da indiferença, mas ele parecia ingênuo demais para isso.

Ergueu a cabeça e imediatamente encontrou o próprio reflexo, suspirou, lembrando-se do seu pequeno segredo. Pegou seu exemplar de Hogwarts, Uma História e o folheou até chegar a última página, sob a capa traseira soltou um mínimo pedaço de papel e retirou uma fotografia antiga, na verdade era mais um recorte de um jornal que achara perdido no porão e que logo fora queimado, para que ninguém notasse a falta da foto. Analisou-a com cuidado. Era uma típica foto de família: o homem enlaçava a cintura de sua esposa enquanto a mesma carregava em seus braços um bebê, e ambos sorriam. Seria a foto perfeita se não estivesse embaixo da manchete errada, e Amber lembrava-se perfeitamente das letras garrafais anunciando: TRAGÉDIA COM A FAMÍLIA POTTER.

Passou os dedos sobre a imagem da mulher de pele clara, cabelos ruivos e olhos verdes marcantes. Ergueu o rosto só para ter certeza de que encontraria as mesmas características em si própria como todas as outras vezes. Aquela foto era sua maior chama de esperança. Voldemort nunca lhe dissera o nome de sua mãe ou lhe dera uma foto dela, apenas lembrava-a sempre de que a mesma estava morta e que era doloroso demais lembrar dela. Mas Amber aprendera da pior forma que Lord Voldemort não tinha capacidade de amar.

Amber Evans podia ser uma Potter, e não uma simples parente distante como fora forçada a aceitar e acreditar. Acreditar. No que deveria acreditar? Aquela foto podia ser apenas um símbolo de sua tolice, uma futura dor. E se de fato fosse filha de Voldemort com uma Evans? Pois era difícil demais acreditar que Lilian Evans Potter teve uma filha com Voldemort. Então ou Amber era uma Potter ou sua mãe estava mesmo morta e seu pai era Voldemort?

No que deveria se agarrar? Na sua vida atual ou na esperança?

***

Amber respirou fundo como sempre fazia e adentrou a sala de jantar. Surpreendeu-se quando notou a presença dos Malfoy, mas apenas expressou indiferença e sentou no lugar vago mais próximo da ponta, onde estava Voldemort. Ergueu o queixo, pela primeira vez estava cara a cara com Draco Malfoy e não queria demonstrar nada além da habitual indiferença.

― Amber ― Voldemort chamou ― Esse é Draco, o único herdeiro dos Malfoy. Draco, essa é minha filha, Amber Evans.

Ela notou que o loiro arregalara os olhos e que seus pais se remexeram inquietos. Mas optou por ignorar, seja qual for o problema, eles mesmos vão entregar.

― Prazer, senhor Malfoy ― saudou em tom cortês.

― Igualmente, senhorita Evans ― ele devolveu no mesmo tom.

Ouviu-se um pigarreio e toda a atenção se voltou para o hesitante patriarca Malfoy. A primeira coisa que notou em Lúcio Malfoy foi os seus cabelos, grandes, bem cuidados, e tão platinados quanto os do filho. O maior sonho da garota era cortá-lo, mas permaneceu quieta já que seu cabelo era bem maior que o dele. Malfoy poderia ser vingativo. A segunda coisa que notou é que ele era dono de um imenso medo de Voldemort.

― Se me permite perguntar milorde... ― começou hesitante ― Por que deu a ela o sobrenome de uma sangue-ruim?

A irritação do Lord surgiu, mas ele não deixou transparecer.

― Antes de tudo Lúcio... Evans não é o sobrenome de uma sangue-ruim, você que o está associando a uma sangue-ruim em particular ― sorriu debochadamente fazendo Lúcio engolir em seco ― Depois, eu não daria a ela o sobrenome do meu maldito progenitor. Jamais. Amber é grandiosa demais para isso.

― Mas elas são parecidas... ― insistiu Lúcio ― Eu pensei...

O punho de Voldemort bateu sobre a mesa causando um estrondo, fazendo todos se sobressaltarem.

― Eu não admito esse tipo de insinuação Malfoy ― ele rosnou, letal ― Amber é a imagem perfeita de sua mãe, Diana Evans, e eu não autorizei nenhuma discussão sobre isso.

Diana Evans.

Era a primeira vez que ouvia o nome de sua mãe, mas nem ousou se mexer. Não podia se dar ao luxo de ter alguma reação senão essa. Não na frente deles.

― Perdão, milorde.

Voldemort voltou a esboçar o mesmo sorriso debochado de sempre.

― Hoje não haverá um jantar e sim uma reunião.

Amber lamentou internamente. Apesar de nunca ter participado de uma reunião, seu estomago falava mais alto e ele gritava por comida.

― Todos já devem saber da recuperação dos meus poderes, Dumbledore e Potter já devem ter espalhado as boas novas ― Voldemort continuou soando profissional, mas exibindo um sorriso que deixava claro que a ideia o agradava ― Felizmente, cada um escolhe se quer acreditar ou não, já que Potter não tem provas. No entanto, eu quero ter garantias do meu triunfo sobre ele.

― Que...garantias, milorde? ― Lúcio quis saber.

― Colocarei um espião dentro de Hogwarts.

― Um espião? ― Draco soltou, surpreso.

Voldemort sorriu e lançou um olhar significativo para Amber que o sustentou.

― O que devo fazer? ― ela questionou já sabendo que aquela missão era sua.

― Você, Amber, será a nova aluna de Hogwarts.

Ela não conseguiu ter uma reação digna para o que estava sentindo, mas seu coração batia violentamente agora e suas mãos tremeram. Recuou, colocando as mãos sobre o colo para que ninguém notasse e respirou fundo, tentando controlar seu coração e sua mente.

― Hogwarts, senhor? ― questionou duvidosa.

― Sim, preciso de alguém lá dentro para me mandar informações precisas sobre Potter e Dumbledore. Draco irá ajudar você, acredito que isso não seja problema, não é?

Draco se adiantou para responder, mas sua mãe, Narcisa, foi mais rápida:

― Não terá problema algum, Amber e Draco serão grandes amigos.

― Mas o ano letivo já começou... milorde, há duas semanas ― comentou Draco, tentando se manter indiferente.

― Eu já pedi uma ajuda de Severo, Amber já está na lista de alunos e participará da Seleção amanhã.

― Amanhã? ― Amber questionou, surpresa, pela primeira vez não conseguindo manter a indiferença ― Mas senhor, meu uniforme, meus livros...

― Não se preocupe, querida. Eu já cuidei de tudo isso ― Voldemort garantiu, segurando a mão da garota e a levando até em cima da mesa ― Falta apenas um animal e eu darei a liberdade para que você escolha um no Beco Diagonal amanhã antes de ir para Hogwarts, mas eu sugiro que compre um gato parecido com sua forma animaga, pode ser útil.

― Obrigada, pai ― ela agradeceu esboçando o sorriso mais sincero que conseguiu ― Mas o que, exatamente, eu devo fazer em Hogwarts?

― Tenho certeza de que será selecionada para a Sonserina ― ele disse orgulhoso, fazendo-a engolir em seco ― Mas quebre as regras, torne-se amiga do Potter.

― Uma Sonserina ser amigo do Potter, milorde? ― desacreditou Lúcio ― Não acha que chamará atenção demais?

― Sim, mas será uma atenção oposta ao que realmente deveria ser ― concordou o Lord, acariciando a cabeça de Nagini que surgira ao seu lado ― Amber, quando for selecionada para a Sonserina, peça ao Dumbledore para se sentar com os grifinórios, diga que se sente melhor lá. Eu o conheço, ele aceitará pensando o melhor de você. Torne-se amiga do Potter e dos grifinórios, eu pedi para que Severo lhe dê detenções sempre que possível ― Draco arregalou os olhos, mas Voldemort apenas continuou ― Assim terão tempo de reunir informações sem chamar atenção.

― Snape nunca colocou um Sonserino em detenção ― Draco disse subitamente.

― Mas é claro que vai colocar uma Sonserina que está mais próxima da Grifinória do que da própria casa. É um plano perfeito.

É um plano horrível, pensou Amber inquieta.

― Seja gentil Amber ― ordenou o Lord das Trevas soltando a mão da garota ― Mostre que o Chapéu Seletor foi louco em coloca-la na Sonserina e ganhe a confiança deles.

Não importava o quanto treinara em toda a sua vida ou o quanto, um dia, desejou ir a Hogwarts. O plano de Voldemort dava a ela uma única certeza: estava completamente ferrada.

***

A parte estranha do dia já começou quando Draco Malfoy bateu na porta de seu quarto. Sob o olhar confuso da ruiva, ele explicou que a ajudaria a rever todo o plano antes de partirem para Hogwarts. Ela virou-se, olhou uma última vez no espelho, passando as mãos sobre os cabelos bem presos e pela calça jeans. E estava pronta. Logo que colocou os pés no Beco, alguns olhos se voltaram para ela. Não saia da Mansão a anos, mas não pensava que tantas pessoas iriam olhá-la daquela maneira, algo entre assustadas e surpresas.

― Estão te olhando assim porque você lembra muito a mãe do Potter, Lilian Potter ― Draco esclareceu sussurrando em seu ouvido ― Devia se aproveitar um pouco disso, pode balançar os sentimentos dele.

― Como? ― ela questionou sem tirar os olhos das pessoas que ainda a encaravam.

― Seja gentil, solte os cabelos.... e acima de tudo, brigue com ele.

― Brigar? ― Amber o fitou, confusa. No que ajudaria brigar?

― Minha mãe comentou que nos tempos de Hogwarts, Evans era um pouco esquentadinha e sempre estava brigando com o Potter pai ― ele respondeu esboçando um sorriso travesso ― Apenas seja uma típica adolescente teimosa e segura de si.

Ela acenou em concordância ao entrarem na loja de animais.

― Acho melhor você ficar com isso ― Draco anunciou lhe entregando uma foto dobrada ao meio.

Amber paralisou ao perceber do que se tratava:

― É a minha mãe? ― questionou em um fio de voz.

― É ― concordou Draco confuso ― O Lord das Trevas jogou isso na cara do meu pai depois de sairmos da reunião.

Ela piscou repetidas vezes tentando segurar as lágrimas que ameaçavam transbordar de seus olhos. A mulher na foto, Diana, era de fato muito parecida com ela, havia algumas diferenças, provavelmente porque também herdara algo de seu pai, características que ela não conhecia de quando ele era apenas Tom Riddle. Mas ali estava sua mãe, Diana Evans. Sua mãe.

― Espera ― interviu Draco, fazendo-a voltar para a realidade ― Nunca tinha visto sua mãe? Nem uma foto?

Ela sacudiu a cabeça e guardou a foto na bolsa.

― Não importa Malfoy, vamos logo escolher esse gato.

Agradeceu internamente quando o loiro notou que deveria ficar calado. Passeou pela loja analisando cada animal. Havia corujas, sapos, ratos, morcegos, cobras e enfim gatos, quase no final da loja. Nem precisou procurar muito, seus olhos caíram sobre um gato peludo e branco. Aquele já era seu escolhido.

― Pensei que seu animago fosse um gato cinza ― comentou Draco ao notar qual ela escolhera.

― E é ― ela concordou inexpressiva ― Mas sou perfeitamente capaz de altera-lo.

― Sério?

― Obviamente que sim.

Pegou o gato no colo e chamou o vendedor para que pagasse logo por ele.

― Lembra do que fazer? ― questionou Draco, voltando a ficar sério.

― Ser gentil e virar amiga dos grifinórios ― ela respondeu automaticamente.

― Quem são seus pais?

― Morreram e não gosto de falar sobre eles.

― Com quem você mora?

― Com meus avôs. Shelly e Antony.

― Onde você mora?

― Na Londres trouxa.

― Por que é minha amiga?

― Porque aceitou me ajudar nos assuntos que perdi.

― Por que acha que eu aceitei?

― Porque vai tentar me afastar da Grifinória.

― Por que só entrou esse ano e duas semanas depois?

― Eu estudava em casa porque meus avós precisavam de mim em casa e cheguei duas semanas depois porque minha avó estava doente e eu estava ajudando a cuidar dela.

― E se perguntarem sobre Voldemort? ― Draco questionou parando para fitar os olhos verdes da garota.

― Eu não tenho a mínima ideia de quem é ― ela respondeu devolvendo o olhar.

― Ótimo, está pronta. É só não esquecer nada disso ― o loiro garantiu.

Finalmente eles saíram da loja e encontraram Narcisa que optou por esperar do lado de fora. Ela se aproximou sorridente.

― Que gato lindo, senhorita Evans!

― Obrigada, senhora Malfoy ― Amber agradeceu dando um sorriso mínimo ― Acho que devemos ir agora.

O sorriso de Narcisa se perdeu e o rosto dela ganhou um olhar confuso:

― Não vai se despedir do seu...pai?

― Já nos despedimos ontem ― ela mentiu.

E como havia previsto, o sorriso da mulher voltou.

― Já passou da hora do almoço, vai querer comer algo querida?

― Eu agradeço senhora Malfoy, mas meu pai ordenou que eu chegasse lá antes das três. Não quero me atrasar ― Amber respondeu sincera.

Não poderia começar a missão assim. Desobedecendo o pai.

― Tudo bem então, eu acompanho você até a lareira que marcamos.

Ainda sob olhares curiosos, Amber acompanhou os Malfoy por quase todo o Beco Diagonal até encontrarem uma travessa. O local estava vazio, completamente vazio, o que chamou a atenção de Amber. Seguiram adiante até entrarem numa loja à direita. A loja parecia abandonada, mas na verdade estava sob os maus cuidados de um senhor, que fingiu não notar a presença dos três ao entrarem. Atravessaram o recinto desviando de alguns objetos velhos que estavam espalhados pelo chão.

― Ali está a lareira, querida ― Narcisa apontou para uma lareira que estava um pouco mais a frente ― Sabe o que fazer?

Amber concordou enquanto se aproximava, arrastando sua mala e apertando ainda seu gato.

― Dê o gato para Draco, será melhor ― pediu Narcisa pegando o gato dos braços da garota e passando-o para o filho ― Nós vamos mais tarde, iremos aparatar fora dos terrenos. Assim não haverá riscos. Puxe sua capa, assim ― a mulher puxou o capuz de sua capa e fechou alguns botões ― Isso vai ajudar a manter a fuligem longe do seu cabelo e das suas roupas.

― Muito obrigada senhora Malfoy.

A ruiva engoliu o seco e avançou em direção a lareira. Pegou um pouco de pó de flú em uma das mãos e entrou, gritando em seguida:

― Hogwarts!

A sensação era familiar, como aparatar. Mas no lugar de sentir seu corpo sendo puxado para dentro de si, sentiu seu corpo ser puxado para todos os lados ao mesmo tempo. Agradeceu por Narcisa ter ficado com o gato, ele provavelmente morreria ou arrancaria o braço dela. Quando tudo finalmente parou, ela avançou para fora da lareira e abriu os olhos vagarosamente.

A sua frente estava uma sala totalmente diferente do que já vira um dia, era, além de enorme, decorada por diversos quadros, livros e objetos que ela desconhecia. Amber se sentia dentro de uma sala de um colecionador meio desorganizado.

― Senhorita Evans?

Seus olhos pararam de vagar pelo lugar e foram parar diretamente no homem a sua frente. Franziu o cenho ao notar seu enorme cabelo e sua barba quase do mesmo tamanho, e ele usava um vestido, um vestido azul-céu em um tom mais envelhecido. Em seu rosto havia um oclinho meia-lua e por trás dele uma íris intensamente azul. Aquele deveria ser Alvo Dumbledore.

― Diretor Dumbledore ― ela saudou com um aceno de cabeça.

― Seja bem-vinda a Hogwarts ― ele sorriu serenamente ― Venha, me acompanhe.

Ela concordou e o seguiu para mais adiante. Quando ele sentou atrás de uma mesa, viu-se obrigada a ocupar o lugar do outro lado.

― Como se sente?

Seja gentil, repetiu ela mentalmente.

― Bem, esse meio de transporte é meio violento ― brincou, enquanto esboçava um sorriso e apontava em direção a lareira.

Dumbledore riu suavemente e concordou:

― É o meio mais seguro que temos por enquanto ― o diretor ergueu uma carta em uma das mãos e esclareceu ― Eu recebi a carta dos seus avós, explicando sobre tudo. Sente-se apta para entrar no sexto ano, senhorita Evans?

― Sim, senhor ― ela confirmou rapidamente ― Eu estudei bastante e quero ter a chance de frequentar pelo menos um ano aqui.

― É bom ouvir isso ― ele sorriu em compreensão ― Parece que você vai ser uma ótima aluna, posso esperar o melhor de você.

― Obrigada, diretor. Prometo fazer o meu melhor.

Amber sorriu amarelo sob o olhar intenso de Dumbledore. Não se sentia bem ali, na mira daqueles olhos azuis que pareciam abrir sua mente e a ler calmamente, como um livro que ele acabar de ganhar. O diretor parecia ser realmente sábio, sábio demais para se deixar enganar por uma garota, mesmo treinada como ela.

― Há algo que queira me contar, senhorita Evans?

Ela paralisou ao ouvir a pergunta. Estava bem obvio que ele desconfiava de alguma coisa. O que deveria fazer? Contar e pedir ajuda ou negar até a morte?

― Não, senhor.

A última opção lhe parecia melhor, pelo menos por enquanto.

― Tudo bem ― Dumbledore aceitou, fazendo-a respirar aliviada ― Sua seleção será feita apenas no jantar. Eu a faria aqui, agora mesmo. Mas a senhorita não é a única a chegar atrasada para o inicio do ano letivo...

― Não?

― Não, tivemos um problema com a entrega de algumas cartas para os futuros primeiranistas, eles chegarão em algumas horas ― anunciou,, ainda sorrindo ― Até lá você ficará aos cuidados do professor Snape.

― Professor Snape? ― ela questionou, fingindo não saber de quem se tratava.

Nunca tinha visto Snape, de fato. Mas sabia perfeitamente de quem se tratava.

― O professor Snape leciona poções aqui em Hogwarts e é o único com o horário livre para acompanha-la em uma plena segunda-feira.

Ela ia pedir para que fosse selecionada logo, insistir na verdade. Mas imaginou que seria melhor que isso ocorresse na frente de todos, assim quando insistisse para sentar na mesa da Grifinória... todos também veriam.

― E acredito que ele gostará de você.

Amber precisou de alguns minutos para entender que Dumbledore ainda falava de Snape, então o olhou confusa.

― Por que acha isso, diretor?

― Porque você se parece muito com uma antiga amiga dele.

A confusão de Amber aumentou. Até ali só descobrira que se parecia com Lilian Potter, mas não sabia que um dia houve uma amizade entre ela e o mais fiel seguidor de seu pai.

― Trata-se de Lilian Potter? ― questionou, hesitante.

― Sim, sabe quem é? ― o interesse de Dumbledore aumentou visivelmente e Amber não estranhou. Sabia que na carta mencionava que não tinha nenhuma relação com o Mundo Bruxo e nem sabia nada sobre ele.

― Não muito bem ― respondeu, sincera ― Apenas ouvi algo sobre isso quando fui comprar meus materiais no Beco Diagonal.

Respirou fundo e abaixou o capuz de sua capa, em seguida verificando se havia algum resíduo, agradecendo mentalmente por estar usando uma blusa de manga.

― Mandou me chamar, diretor?

A voz grave e um tanto irritada veio de uma certa distância dela, e mesmo de costas, reconheceu-a. Sim, com certeza já ouviu aquela voz antes. Virou-se, interessada em conhecer o dono da mesa, e encontrou um homem tão incomum quanto Dumbledore, porém visualmente menos extravagante. Os cabelos negros paravam um pouco antes dos ombros e estavam meio desalinhados, a veste era totalmente negra com uma enorme capa da mesma cor por cima, e os olhos... tão negros quanto o resto de sua roupa e tão surpresos quanto os dela.

Porque Amber estava surpresa em reconhecer a voz de Severo Snape.

Dumbledore pigarreou chamando a atenção, mas apenas ela se movera para voltar a fita-lo.

― Sim, Severo. Essa é a senhorita Amber Evans, a aluna da qual conversamos...

Amber teve uma leve impressão de que Dumbledore estava mencionando o momento em que Snape estava cumprindo a ordem dada por Voldemort e insistia que ela fosse posta na lista de alunos.

― Eu quero que faça companhia a ela até o jantar, onde irá ocorrer a seleção.

Mais uma vez ela sentiu que havia mais informações do que Dumbledore realmente falava. Intercalou seu olhar entre Dumbledore e Snape, totalmente confusa sobre a mensagem subliminar que passava por ali e que falhava em captar.

Snape piscou repetidas vezes antes de conseguir recolocar seu semblante de indiferença e naquele momento Amber percebeu que nisso era exatamente igual a ele: uma máscara por cima de outra máscara e mesmo assim algo sempre escapava. O escapava dele era a palidez, consequência do sustou ou da surpresa, o que escapava dela era o seu nervosismo em mentir para Alvo Dumbledore.

O professor de poções aproximou-se lentamente, fitando-a com interesse.

― Pegue o seu malão e me acompanhe senhorita... Evans.


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Notas finais do capítulo

Como ficou?



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