A noite estava fria e deserta. A lua cheia se mostrava fiel no grande manto azul-marinho, e iluminava o local onde o bruxo com pouco mais de vinte anos caminhava com a varinha erguida.

- Lumus. - sibilou ele de maneira assombrada. Ele pareceu ter escutado um barulho vindo não de muito longe.

Passos por entre as folhas secas da região puderam ser ouvidos. Era como se corresse, o encurralhando por entre as árvores. O bruxo olhou para a lua que sumia por entre as nuvens naquele momento, temendo por sua vida.

Mais um barulho. O bruxo se virou rapidamente e deu um grito de terror. Era um animal gigantesco, quase dava dois dele. Urrava como um lobo, que de certa forma era, e tinha unhas gigantes. O bruxo logo soube o que aquele ser era um lobisomem.

Dias de Hoje

Lua acordou de mais um de seus pesadelos. Notara que não estava mais em seu dormitório. Soltou um suspiro frustado, era sempre assim. Ela se levantou, com dificuldades. Olhou a sua volta. Estava bem nos jardins do Instituto onde estudava, a roupa que usava estava toda de acordo. Ela estava sem seus chinelos, e saiu as pressas para dentro do enorme castelo. O sol começava a invadir os corredores de pedra, e ela sabia que de alguma forma seria a última vez que veria aquele lugar.

Não havia ninguém ali, então ela deduziu que ainda era cedo. Temia pelo que pôde ter ocorrido na noite passada. Será que perdeu o controle? Estava mais frequente este tipo de coisa, e ela tinha medo de machucar alguém.

Subiu as escadas do dormitório feminino e encontrou a porta de seu quarto totalmente arruinada. Pedaços da madeira se encontravam espalhados pelo chão e Lua simplismente suspirou, e com grande temor, entrou. Lá, ela viu três garotas com olhos arregalados. Ao lado delas estava Wanda Bennet, a diretora do Instituto.

- É ela Diretora! - uma balbuciou um pouco dramática. - Estava cantarolando alguma música quando simplismente parou e,...

- Estava com olhos amarelos, e seus dentes estavam enormes!, - a outra continuou. Lua já engolira a seco, estava realmente encrencada. Encarou Wanda como se pedisse socorro, mais as meninas continuaram suas palavras.

- Ela tinha garras no lugar das unhas e rasgou minha cortina. O que ela é?! - a outra concluiu.

A diretora não tinha um olhar severo, e sim de tristeza. Lua sabia que seu segredo estava por um tris ali, como ficou nas últimas três escolas. Controlar seu meio-lobisomem estava cada vez mais difícil, e as músicas que sua mãe ensinou para ela já não surtiam efeito algum. Ela acabava perdendo o controle, isso estava ocorrendo com muito mais frequencia do que o comum. Nem sua mãe e nem seu pai sabem o que fazer, eles simplismente dizem para Lua ser forte.

Ninguém jamais viu algo parecido com o que Lua era. A garota não se transformava naquele enorme monstro, e sim em algo desconhecido aos olhares dos bruxos. O Ministério tenta de tudo para manter a segurança e o critério da menina.

Seu pai contava que conhecera sua mãe em uma noite de lua cheia, quando a mesma estava em sua forma lobisomem. Contou que fugiu e entrou em uma caverna, onde ficou escondido até o amanhecer. Ao constatar que estava bem, saiu do lugar e na entrada, estirada ali no chão, uma mulher muito bonita que ele deduziu ser o monstro da última noite. Falou que se apaixonou imediatamente, não ligando para suas transformações.

E tudo ficou ainda mais feliz quando Lua nasceu. Aos seus dois anos, a menina teve sua primeira "transformação", seu pai diz que Lua gritava e pedia por ajuda, e segundos depois perdia todo o senso humano, e queria matar ou atacar alguém, assim como um lobisomem faz.

- Diretora, eu... - a menina já estava na sala da mulher, tentando se explicar.

- Não posso, Senhorita Lavender. Simplismente não posso mantê-la aqui. - Wanda Bennet falou. Os olhos de Lua se encheram de lágrimas. - Você é uma excelente aluna, tira notas ótimas, mas seu problema...

- Eu não pedi isso. - sussurrou de maneira desgostosa. Odiava ser meia licantropo, odiava essa maldição que ela adquirira.

- Não estou dizendo que isso é algo ruim. Só estou dizendo que...

- ...quer a segurança dos alunos. Diretora Bennet, eu escutei esse discurso três vezes na minha vida, e eles sempre acabaram da mesma forma. - falou friamente a garota.

- Me desculpe, Lua. Mas na minha Instituição não poderá estudar. - pronunciou as palavras com cuidado.

Lua assentiu de maneira magoada. Não tinha mais esperanças para ela. Por onde passava, arranjava amigos. Assim que perdia o controle, esses amigos sentiam medo e nojo dela. Lua já estava cansada, e optava por desistir.

- Mas..., - continuou a diretora, retirando a morena de seus pensamentos deprimentes. - temos nossa última opção. Estávamos deixando isso por último, e vamos ter de usar. Já ouviu falar em Albus Dumbledore?

- Sim, uns dos maiores bruxos da história. Fiz uma redação de História da Magia sobre ele em meu segundo ano. - falou sabiamente Lua. Wanda sorriu bondosa.

- Então, está ciente de que ele nos dias de hoje é diretor de Hogwarts. - concluiu a mulher. Os olhos da Lavender brilharam em animação.

- Está insuando que...

- Mandarei a carta ainda hoje. Claro, direi que você foi expulsa por violar uma das leis da escola. - disse Wanda. - E quanto as suas colegas de quarto, um obliviate seria útil.

- Obrigada Diretora. - disse Lua com um belo sorriso estampado no rosto. - Eu prometo que dessa vez tomarei cuidado.

- E eu acredito. - disse a mulher, sorrindo para ela.

Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts
Sala do Diretor

O velho diretor estava sentado a mesa assinando alguns papéis de aprovação para detenções. Não se surpreendeu ao ver os sobrenomes Potter e Black surgirem pelo menos três vezes ali.

Foi quando uma coruja parda entrou pela sua janela. Ela trazia uma carta que o homem logo reconheceu. Observou por um segundo o pedaço de papel debaixo de seus oclinhos meia lua, e por fim o abriu.

Caro Albus,

Venho informar que a aluna Lua Lavender infelizmente está sofrendo com sua condição e a ameaça é visível em minha escola. Entendo que poderá ser arriscado, mas estarei mandando-a ainda esse primeiro semestre para Hogwarts.

O Ministro já está de acordo, e deverá fazer contato assim que possível. Apenas você têm a capacidade de controlar essa menina. Ela é ótima.

Um grande abraço.

Wanda Bennet, Diretora.
Primeira Classe de Merlim.

Dumbledore abriu um pequeno sorriso com a carta, e logo escreveu uma resposta curta e amigável. Pelos seus cálculos, talvez a menina chegue por volta daqui a dois dias. Iria ser interessante, assumia ele.