A Seleção da Herdeira escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 52
Sai daqui | A Escolha


Notas iniciais do capítulo

O que eu gostaria de dizer é: desculpa! Pessoal, eu sei que eu disse que ia postar, mas infelizmente eu não consegui, porque eu estava em um final de conferência (quem tem meu instagram e wpp bem sabe disso kkkkkkkkkk), e eu não tive tempo para finalizar, depois disso, eu não entendi, não entendo, mas o tempo está passando de uma forma que eu não estou mais entendendo nada kkkkkkkkk é tudo a volta de Jesus, msm rapazeada, não tem jeito kkkkkkk aí eu não consegui, e eu também reescrevi esse capítulo, porque eu não estava me sentindo satisfeita com ele, principalemente o começo, então tudo isso foi apenas para dar algo que vocês vão gostar!!!
Espero que gostem do capítulo, fiquem a vontade para escolherem a música que quiserem, e peço outras desculpas, porque eu errei nos meus cáculos, o capítulo anterior deveria ter sido junto com o antes dele, porque a sequência de postagem é: 3 POV Peeta 1 POV bônus! Mas eu não prestei muita atenção, daí ficou 4 POV Peeta, e 1 POV bônus, mas é apenas dessa vez, ok? Bem, eu espero kkkkkkkkkk porque está tudo bem bagunçado na minha cabeça nesse momento, então não sei dizer muito bem
Bem, é isso, pessoal, espero muito que gostem, que esteja nas expectativas de vocÊs, e um SUPERRRRR obrigada a todas que comentaram nos últimos capítulos!!!! Me deixou feliz demaisssss!!! ♥ ♥
OBSERVAÇÃO: Estou tendo problemas com a formatação, mas não tem nehuma fala faltando! ♥
Quis botar gifs, mas eu estou muito cansada, me desculpe, gente... eu prometo que vou botar no próximo!!!



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De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma

E das bocas unidas fez-se a espuma

E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

 

De repente da calma fez-se o vento

Que dos olhos desfez a última chama

E da paixão fez-se o pressentimento

E do momento imóvel fez-se o drama.

 

De repente, não mais que de repente

Fez-se de triste o que se fez amante

E de sozinho o que se fez contente.

 

Fez-se do amigo próximo o distante

Fez-se da vida uma aventura errante

De repente, não mais que de repente.

 

 

— Soneto da Separação, Vinicius de Moraes

 

— Então, me conte agora a relação de vocês aqui no palácio — Katniss pediu. — Vocês chegaram a se relacionar aqui, na minha casa? Algo além disso o que eu vi?

Simplesmente, eu não sei o que mais de pior poderia acontecer na minha vida. Meia hora atrás estávamos dançando na sacada do meu quarto, e agora, isso. Nada que eu fale vai resolver, tampouco amenizar a situação. E ela ainda me perguntou mais cedo se havia alguma coisa que eu gostaria de contar.

Delly piscou, cobrindo a boca com a mão, e eu estava completamente sem entender, desnorteado. O que eu faço? O que eu deveria fazer?

— Eu quero que um de vocês me responda! — ela exclamou, chorando.
Sim — dissemos juntos. O que negaríamos, a esta altura? Eu deveria ter falado mais cedo. Eu tinha que ter contado antes.

— Mas foi antes da Elite, nós concordamos que seria injusto continuar, não era justo com você e nem conosco, que já não éramos mais as duas pessoas de Santa Cloud — continuei, justificando. — Por favor, faz tanto tempo que nós não estamos juntos e —

Delly concordou, me interrompendo, dando um largo passo para a frente, porém Katniss deu outro para trás, expressando sua repulsa. Minha amiga loira começou a chorar desse momento.

— A gente não está junto há um bom tempo. A Elite começou há quase três meses, não ficamos mais juntos desde o seu anúncio. Katniss, eu sou sua amiga, você precisa acreditar em mim, e em Peeta. Nós não te traímos. Estávamos apenas nos abraçando, não foi nada além disso.

Concordei, imediatamente. Vai ficando ainda pior e mais sério e mais traidor em minha cabeça, a cada justificativa, que sei que são vãs, a essa altura dos nossos compromissos.

— Foi antes de tudo entre nós dois ficar sério, na época eu tinha até dito que não estava disposto a seguir na Seleção. Não foi nada enquanto estávamos juntos de verdade.

Ficamos em silêncio. Em voz alta, isso parece ainda pior do que em minha cabeça. O que eu e Delly fizemos? Nós sabíamos que isso ia dar errado, uma hora ou outra. Mas nenhum de nós imaginou que pudesse ser em tão larga escala.

— Delly, mas logo na sua primeira semana aqui você sabia o que eu sentia… você preparpu tudo na casa da árvore, você sabia de tudo — Katniss disse, em um tom tão frágil, que parecia que ela ia partir-se em mil pedaços, fazendo com que eu me sentisse ainda pior, porém ela estava muito séria, e engolia a vontade chorar, claramente, como total demonstração da sua raiva. E como assim Delly quem preparou tudo na casa da árvore? Mas não entendi minha surpresa, apenas ela saberia sobre o aroma de laranjas sobre mim, e todo aquele ar como se fosse o sótão de sua casa. Senti um novo espasmo, porque isso tudo definitivamente pode ficar pior, dado essa revelação, que nem eu sabia. — E você namora o Stefan há quatro meses.

Katniss prosseguiu, com os olhos quase afogados de lágrimas, que se continha para não derramar, mas logo algumas caíram, pesadas em sua bochecha rosada, consumida pela raiva. Eu comecei a chorar também, muito aborrecido comigo mesmo, por ter deixado elas duas, que eu tanto amo, dessa forma, porque eu não esclareci as coisas.

— Eu sei — a loira disse, soluçando. — Mas eu estava confusa, assim como você, Peeta, e todo mundo. Não foram mais que três para quatro semanas depois que cheguei — eu imediatamente assenti, é nada além da verdade.

Algumas lágrimas caíram dos olhos de Katniss, que estão em uma tonalidade de cinza azulado, lembrando os de Gale. — Então vocês dois ficaram juntos aqui, na minha casa? E por três semanas — não era uma pergunta, realmente. Aprendi o significado de retórico. E sinceramente, queria não ter aprendido.

— Sim, mas Katniss, entenda, não tem mais absolutamente nada entre nós dois — falei, ficando quase que sem ar, tentando entender como deixe que chegasse a este ponto. Delly estava, fisicamente, pior do que eu, soluçando, e Katniss mordendo os lábios, com as lágrimas nos olhos, para a cena. Eu nem posso imaginar a confusão que isso possa estar causando nela. Quis que invadissem o quarto, e simplesmente me matassem, se isso fosse tirar a expressão de dor das duas, mas eu nem sabia mais o que fazer, a não ser me arrepender de ter sido tão volúvel com meus sentimentos.

— Não aconteceu nada entre nós dois depois da Elite, Katniss — insisti.

— Delly, sai — Katniss mandou, com as mãos ao lado do corpo.

— Katniss, eu juro, eu e o Peeta não temos mais nada — ela disse, outra vez, e eu estava prestes a morrer, não podendo ver todo o problema que causei por causa dos meus sentimentos confusos.
Sai! — Ela repetiu, e a loira apenas assentiu, depois de olhar para mim, em um pedido de desculpas, com seus olhos da cor do Sol. Mas pelo o que me pedia desculpas? Não posso ser covarde. Eu quem tive a maior parcela da culpa, principalmente depois do que aconteceu quando Stefan descobriu sobre nós dois, foi um baque muito grande. E eu fui avisado. E Deus ainda me deu a oportunidade de falar a verdade mais cedo, porém nem isso eu fiz. Fui covarde. Eu sou covarde.
Quando a porta fechou, eu fiquei me sentindo ainda pior do que eu já estava me sentindo, até senti minhas pernas bambearem.
— Katniss, por favor — me aproximei, chorando. — Eu e Delly somos apenas amigos, e ela está noiva do Stefan, que é um dos meus melhores amigos, eu juro que não tem mais nada entre nós dois. Não aconteceu nada entre a gente desde que eu senti sentimentos de verdade por você. Eu estou falando sério, fui muito sincero ontem e hoje, e nesses últimos meses na Elite. Eu… — amo você. Não completei com meus lábios. Falei tanto isso para Delly, e acabamos terminando, mesmo que não acontecido a falta do amor, e as forças para isso ter acontecido tenham sido maiores do que nós mesmos poderíamos imaginar.

Parei, vendo ela se aproximar, e meu coração batendo mais forte, minha cabeça doendo, me acusando, que tudo isso foi culpa dos meus sentimentos, que, do momento que eu saí junto com Katniss pela primeira vez, me diziam ser ela, e não mais ninguém, porém eu fui teimoso. Eu insisti em algo que sabia que já era passado. Agora estou recebendo o pagamento com juros.
Katniss parou bem na minha frente, com seus olhos, agora, azulados, por causa da luz, e olhou bem nos meus olhos, suas bochechas bem rosadas, seus lábios vermelhos. Eu quis pegar ela no colo, e dizer quantas vezes fossem necessárias que eu a amo. Sim, eu a amo. E eu me sinto um desgraçado que não consigo dizer isso.
De brinde, ainda demonstro mal, para piorar todo o cenário do qual nos colocamos sem querer.
Porém aconteceu algo que no fundo eu já estava esperando, Katniss acertou um tapa em cheio na minha cara, mas com toda a força que tinha em sua altura mediana, no corpo sensível, e se afastou, indo para a porta, enquanto eu encarava o chão do quarto, com o lado esquerdo do meu rosto queimando, como se alguém tivesse ateado fogo em minha bochecha. Minha mente deu ainda mais voltas, alucinando, quase.
— Eu não fico magoada por saber que você e a Delly namoraram um dia, Peeta. Não fico magoada por isso. Eu fico me sentindo traída porque vocês nunca me contaram isso. Como você pôde esconder isso de mim, se tudo o que eu faço com outros Selecionados eu contei para você! — gritou, mas fraco, por causa da voz embargada de choro, e sua irritação era maior ainda por conta disso, me fazendo olhar para ela. Me senti tonto, por saber que causei tudo, e a ardência no meu rosto não é absolutamente nada ao que eu mereço. Sou ainda o bastante para reconhecer isso. — A sensação é pior do que isso! Você não foi sincero comigo! Eu perguntei para você! E você ainda teve a indecência de dizer que... ah! Que não tinha nada que importasse, que eu devesse saber!
Riu, mas sem humor, jogando as mãos para o ar, chorando.

— Se você ter namorado com a minha melhor amiga há menos de um ano, não é algo importante, num casamento, o que você não seria capaz de esconder de mim? — Isso doeu mais do que o tapa. Levamos meses para construir confiança de verdade um no outro, tanto da minha parte como dela, para agora, tudo ter sido arrebentado de uma única vez com um pisão. — Você me disse que a amava, a tal ponto que colocava sua vida em risco para poder vê-la. E você não me contou que era a pessoa para quem eu pedia ajuda e conselhos para não invadir o seu espaço, deixar você mais à vontade. Se isso não é importante… — dei um sorriso irônico, levantando os ombros.
— Katniss... — eu tentei me aproximar, mas ela se distanciou ainda mais, com uma expressão de raiva. Outra onda de lágrimas em nós dois.
— Você dois ficaram na mesma cama que eu estive ontem? — perguntou, em um fio de voz, arrasada.
Meu coração parou, ao invés de bater ainda mais rápido. Já estamos em um ponto que só um milagre pode consertar. Não poderia mentir que eu e Delly já passamos de muitos limites nas três semanas que ainda continuávamos indiscretamente com o título de casal. Uma vez, ficamos seminus, inclusive. Não me lembro exatamente o dia, mas eu sei que faltou duas peças para terminarmos e fazermos acontecer. Paramos porque o seu relógio tocou, e eu tinha uma aula. Se não fosse pelo relógio ter apitado em si… estou bem certo que as coisas seriam bem diferentes. Me arrependo. Me arrependo de ter ultrapassado tais limites um dia, mesmo sabendo que é inapropriado, tanto em cima do que acredito, como do que as leis do país pré-determinam.
Apenas balancei a cabeça em concordância, em um suspiro fracassado, quase sem me mexer, desviando nossos olhos. Eu me arrependi de ser tão eu. Vergonha tomaram meu corpo, junto com espasmos. Eu sou uma vergonha. Eu tinha que ter sido sincero com ela. Se eu tivesse contado mais cedo, tenho certeza de que essa não seria a reação. Mas o que eu poderia esperar? Eu não deveria ter deixado passar a oportunidade de ter contado. Mas deixei, porque não tive coragem.
— Eu deveria ter pelo menos dado uma chance de me apaixonar pelo Gale, ao invés de ter buscado tanto o seu amor — disse, por fim, do outro lado do meu quarto, sem as lágrimas, porém com o rosto de quem havia derramado suficientes. Nossos olhos se encontraram mais uma vez, e eu entendi o que ela quis dizer. — Mas nunca é tarde, não é mesmo? Pelo menos aproveite seus últimos dias aqui. Já sabe da minha decisão final, mas é bom. Porque você mesmo disse várias vezes que não queria isso. Seu pedido foi atendido — completou, dando três palmas vazias. — E não tenha preocupações com a Delly, ela vai ter um tempo para poder decidir o que vai fazer, assim como você vai.

E mantendo nossos olhos por uns três segundos, cheios de tornados de incertezas, de medos, perdi todo o meu ar quando nos quebramos, e ela saiu, fechando a porta.
Me sentei no chão do quarto, encostando na cama, chorando desesperadamente, sem nem conseguir respirar, era como se eu fosse morrer, e talvez eu vá.
Se o objetivo da vida era me ver tão mal assim, conseguiu. Porque eu estou muito mais do que mal, eu estou desnorteado, simplesmente não sei mais o que eu posso fazer. E não há nem onde eu possa recorrer para melhorar o que estou sentindo. É como se toda a humanidade pisoteasse meu coração, e minha alma ardesse no fogo do tormento.
A foto de Amélia apareceu no meu Smarter, que estava no chão, ela estava me ligando. Atendi. Mas minhas mãos estão muito trêmulas, como se eu estivesse enlouquecendo.
— Oi, Peeta! Como você está? Fiquei de te ligar ontem, mas como estou na cafeteria com a família, quero dizer… a cafeteria é a nossa cozinha, eu coloquei uns quadros para ficar diferente, aproveitando a cafeteira que ganhamos, então, resolvi te ligar — antes que ela continuasse, um soluço saiu da minha boca, fechei meus olhos. — O que foi que aconteceu?!
— Ela descobriu tudo, Mels. Katniss, ela descobriu tudo — falei, chorando, caindo no chão, cobrindo meus olhos com meu antebraço.
— Do seu relacionamento com a Delly, não é?
— Uhum. E ela disse que acabou, Mels, acabou — eu podia ouvir as vozes dos meus irmãos, rindo, se divertindo, me fazendo entender o motivo de não estarem passando tanto tempo em casa.
Peeta... — Amélia suspirou. — Eu nem sei o que dizer. Sinto muito.
Eu, não querendo conversar, desejando que tudo não tivesse passado de um sonho horrível, joguei meu Smarter do outro lado do quarto, ficando de bruços, soluçando, xingando a mim mesmo.
— Peeta! — Ouvi a voz da tia Effie, mas não me levantei para cumprimenta-la, apenas continuei deitado no chão, com minha cabeça sem proteção, no carpete. Outro soluço.
Com roupas simples, uma calça, e uma blusa comum, ela se sentou ao meu lado, me puxando para seu colo, e eu deixei, já que eu não quero ver mais ninguém.
— É por causa da Katniss, não é? — perguntou, depois de um tempo, e eu assenti.
— Como sabe? — perguntei, chorando.
— Peeta, eu te considero um filho, e Katniss é quase uma filha para mim também, eu quem a ensinei a escrever. Ela passou correndo para o quarto dela, e Gale estava sem saber o que fazer, então foi atrás dela. Talvez quem devesse ter corrido atrás dela tenha sido você.
Suspirei profundamente, fechando meus olhos. Minha vida virou um inferno sem fim.
— Eu quero morrer, tia — falei, fungando, cobrindo meus olhos com meu antebraço. — Eu sou um lixo. Minha vida é um lixo. Katniss é simplesmente a mulher da minha vida, e eu trai a confiança dela.
— Ah, bem, pense pelo lado positivo... se ela não voltar atrás em seja lá o que tenha acontecido aqui, você ainda vai ter um cargo perto, que vai ser o de conde, isso não é excelente? Eu acho maravilhoso. Vai receber um bom salário para fazer nada.
Eu não consegui não rir pelo tom de voz que ela usou, como se realmente não fosse nada demais.
— Peeta, não é o fim do mundo, querido — ela disse, fazendo com que eu olhasse bem em seus olhos. —  E pode ter certeza do que falo: se vocês se amam tanto quanto parece, vão dar certo, você vai ver. Aconteceu isso comigo e Haymitch, e não estamos hoje aqui?
Balancei a cabeça em concordância.
— Mas eu deixei de contar algo, ela vai casar com o Gale — falei, depois de um tempo, parando de chorar, me acomodando bem melhor em seu colo, depois que puxou um travesseiro, afagando meus cabelos. O sono começou a me nocautear, mas não o suficiente. — E agora?
— Aí eu não sei, não participei da última Seleção porque já namorava o Haymitch, e aqui seu caso acontece, em especial, a cada uns vinte anos, em média. Tenso. Acho que não tem mais nada a não ser esperar e ver se realmente vai ser assim! Eu acho que não.
Suspirei, fechando meus olhos. Eu e tia Effie bem que nos lembramos em aparência, pelo mesmo tom de cabelo, olhos e pele, mas também quanto o dar conselhos.
Todos são péssimos.
— Pelo amor, tia, isso foi horrível. Me sinto ainda pior! — reclamei.
— Eu não posso fazer nada se vocês jovenzinhos gostam de um problema! De um drama! — retrucou, como minha mãe faria. Sorri, mesmo nocauteado com o choro.

— Amo a senhora — falei, depois de um tempo, que ela colocou um travesseiro em seu colo, me fazendo deitar e ficar mais calmo, com seu afago em meu cabelo.

Ela sorriu, e continuou bagunçando meu cabelo, com seus dedos de professora.

Suspirei, e acabei dormindo em seu colo mesmo.

*

Dois dias se passaram, e eu me tranquei, absolutamente, no meu quarto, mantendo tudo trancado, apenas a sacada aberta, indo deitar no chão gelado, até que peguei um sério resfriado, em meio a crises de espirros, tosses convulsivas, e muita sonolência, precisando, então, deixar Julia, Stefan e Layla voltarem à trabalhar, mesmo que isso tenha sido totalmente contra minha vontade.

— Eu não quero conversar — já fui avisando, irritado, abrindo a porta, fungando, voltando a me deitar, pegando meu Smarter, pesquisando coisas totalmente aleatórias na Internet.

— Ãn… e quem foi que te perguntou se você queria ou não conversar? A gente veio aqui te esclarecer a idiotice que você fez — Layla falou, bem aborrecida.

— Layla, eu estou falando sério, eu sei toda a babaquice que eu fiz. Agora eu só quero aceitar que eu vou voltar para casa, não tendo a minha mãe, a minha família normal, a minha melhor amiga, porque a Delly simplesmente não quer mais falar comigo, e nem o amor da minha vida.

A cortei, irritado, agradecido por Stefan estar em outro lugar, e não no quarto, apenas Julia e Layla.

— Isso já é meio bom caminho andado, agora, você tem que no mínimo pedir desculpas para a Katniss. Ela foi para a sala vermelha, há dois dias atrás, e eu ouvi dizer que ela por muito pouco não morreu — minha pressão caiu, e eu quase cai de mais de dez metros de altura, por estar na sacada.

O quê? — tia Effie foi minha única companhia nesses dois dias, mas não me disse nada sobre Katniss, apenas me fazia companhia, vendo minha temperatura, me deixando deitar em seu colo, para assistirmos um filme de criança até a metade, pois no meio eu dormia, é claro.

Eu e ela tivemos a relação mais estreita nesses dias, que foram o bastante para nos aproximarmos. Foi a única pessoa que permiti passar pelas portas, por saber que não falaria sobre o assunto. Nem mesmo com Amélia ou algum dos meus irmãos eu falei. Bem, e nem eles falaram alguma coisa comigo nesse meio tempo.

— Pois é. Descobriram a rainha no pulo, e ela maltratando a Katniss, ao que disseram as bocas. Eu não sei exatamente o que foi que aconteceu, mas foi sério ao ponto de todos os médicos disponíveis em áreas neurológicas foram chamados, para cuidar dela, assim como uma equipe de especialistas de umas outras áreas. A coisa foi séria. Tocaram sirenes, na ala hospitalar e tudo. Você sabe que fez parte disso — Julia disse, me acusando, mas mereço sentir a dor das suas palavras. Mereço a dor de cada pio seu.

— E o que eu posso fazer agora? — perguntei, dando de ombros. Minha vontade estava no meio fio, ansiosa tanto para o meu corpo se lançar tantos metros abaixo, como de sair correndo como um troço gritando por Katniss, para ver como ela está agora, e pedir perdão por ser quem eu sou.

— Agora? Tomar todas essas vitaminas — Layla começou, me passando cinco comprimidos em um copo pequeno. — Trocar de roupa. Ou melhor, tomar um bom banho, e desembaraçar esse seu cabelo.

— Essa é a senha que conseguimos captar para você ter acesso à sala que a princesa está.

Julia me deu um papel, com uma letra cuidadosa. Imagino que essa letra seja dela.

— E então, você vai ir vê-la, e conseguir pedir desculpas. Peça, então, salve o país. Bem, ele não vai ser arruinado por Gale, nem de longe, muito pelo contrário, até porque ele é lindo, e inteligente, talvez até mais do que você, o que vai ser bom para as relações internacionais, mas é aquele famoso ditado… — Julia começou séria, mas quando começou a falar de Gale, se distraiu, me fazendo rir, por ter sido espontâneo, e Layla me acompanhou, aliviando o clima pesado.

— Mas eu estou falando muito sério! O que é que vai ser de você, a não ser rei, Peeta? Você vai ser um cara deprimido! Rico, porque ia ser conde, mas deprimido, e fracassado emocionalmente! Reaja, homem! Reaja!

Layla gritou, me acertando um tapa no rosto, bem em cima do que Katniss acertou a bela mão em mim, fazendo doer mais, e até adormecer a área.

— Por que vocês mulheres ficam batendo em mim?! — perguntei, nervoso, a caminho do banheiro. — Que saco! Eu já entendi que sou um nada, e um fracasso, mas não precisa ficar falando, e nem me agredindo! Isso é um absurdo! Que palhaçada! Eu já entendi a mensagem! Se não tivesse entendido, eu nem estaria aqui, me levando e indo me arrumar!

Espirrei, suspirando depois.

— Ok, já entendemos que você entendeu… — Julia disse, aliviando. — Acho bom tomar esse remédio para te fazer respirar melhor. E espirrar menos.

Agradeci, pegando de sua mão, tomando de uma vez só.

Entrei debaixo do chuveiro, depois que me deram as roupas que eu deveria usar para ir ver Katniss, e tudo o que eu conseguia fazer era orar para que, agora, ela esteja bem. Mas sei que, depois de vê-la, eu preciso ir ver Delly, e saber como ela está.

Penteei meu cabelo, mesmo sabendo que Layla pentearia de novo, e assim ela o fez, dando uma aparada nas “pontas duplas”, que eu nem sei como são, realmente.

— Vai lá, Stefan vai encontrar com você no caminho — Julia disse, dando um sorriso, mas parecia triste.

— Julia… o que aconteceu? — perguntei, de novo, mais invasivo.

— Nada demais… — disse, suspirando, olhando para os lados. Layla estava distraída, arrumando a minha cama. — Ok… a princesa, pelo o que disseram, tentou se matar outra vez.

Sussurrou. Meu chão sumiu. Katniss… tentou se matar? Outra vez?

Como assim outra vez? Eu já sei que ela tentou, acho que ela possa ter falado sobre isso, bem curtamente comigo, ou escutei de alguém próximo, mas… o peso é enorme sobre meus ombros.

Ela quase morreu.

O quão perto esteve, a ponto de todos os médicos serem convocados? A ponto de não me contarem absolutamente nada nesse meio tempo.

— Calma, ela está melhorando… — mas não está melhor.

E a rainha?

Julia ficou vermelha demais.

— Ela está em Preston, agora — fiquei em choque. — Ela foi a culpada, pelo o que me disseram. Meu namorado disse que estava junto quando entraram no quarto da princesa, ela estava enlouquecida. O rei na mesma hora decretou que ela fosse para a Inglaterra, onde já está. Voltará para o Anúncio. Aí então, Preston, novamente, por tempo indeterminado. Peeta… a coisa foi muito séria. A coisa está séria. Os guardas e pacificadores, agitados… tudo isso sobre as costas de Katniss, somada a sua idiotice de não ter contado a verdade… Peeta, apenas corra. E faça a coisa certa dessa vez.

Foi o suficiente para eu sair pela porta. Não fui apressado. Encostei a porta, devagar, para ir com passos calmos, calmos demais, até as coordenadas no papel.

No caminho, não falei muito além de alguns bom dia, tudo bem sim, e você, dando simples sorrisos tortos, por causa do meu resfriado, e também certa falta de ânimo de viver, é claro. Todos nós passamos por esse tipo de situação.

Mas a pior parte de tudo, é que nesse caminho, meu coração já sentia que algo ia seriamente mal. Só que continuei andando, e andando, e andando, até chegar lá, dando a tal senha para Maggs, que me olhou diferente, com certo pesar, mas ao mesmo tempo, acusação.

Será que está tão estampado assim o que eu fiz? Quantas pessoas sabem do que aconteceu?

— Maggie… — segurei sua mão de senhora, mas ela deu um meio sorriso, inclinando a cabeça.

— Vai lá. O vidro é transparente do lado de fora, mas escuro do lado de dentro. Ninguém vai te segurar. Apenas evite causar algum problema.

Suspirei, profundamente, assentindo. Prossegui no que vim fazer.

Porém o sentimento ruim não quis me largar nem por um instante qualquer, apenas ia me fazendo querer expirrar e assoar o nariz, por mais patético que soe. Eu não estou bem.

Mas Katniss está, e muito melhor do que eu poderia deixar ela feliz.

Ao chegar no meu destino, a cena é para acabar comigo, senti que essa foi justamente a intenção.

Gale, rindo, enquanto lê de um livro chamado “O Ladrão de Raios”, enquanto o rei faz carinhosamente carinho nos pés de Katniss, cobertos por meias coloridas e lúdicas, enquanto Prim ri, junto com a irmã mais velha e o pai, de algo que o meu amigo lê. Pude ver ele de mãos dadas com Katniss, que sem a menor sombra de dúvidas, não faz ideia de que eu esteja aqui para poder ver esse momento tão particular.

Ela está com uma expressão cansada. Seus pulsos, enfaixados, e uma máscara em seu queixo, mas não cobre, no momento, seu sorriso bem espontâneo. Sei que é sincero por conhecer cada um deles. Ela está feliz. Ela está ficando bem. E eu não faço parte disso.

O que eu poderia desejar, afinal? Um Sete, nascido dentro do barraco que sempre morou, até ter dado a sorte de poder tentar ser rei. É uma história para crianças. E menores do que Ben, que já deve saber que esse tipo de coisa não acontece.

As lágrimas chegam aos meus olhos, mas as contenho com orgulho, e com o pingo de bom senso, por saber que Gale sempre pode fazer isso tudo melhor do que eu, inclusive fazê-la feliz, e colocar o país nos eixos. Não vai demorar mais de um encontro para Nicolau gostar dele, de sua família. Sem contar que sempre foi o favorito do povo, depois de Finnick.

Fechei meus olhos, e respirei bem fundo, soltando o ar falhado pelo resfriado pela boca, devagar, filtrando a quantidade de ar, para não passar mal.

Eu quero os dois felizes. Mas sei que isso não será possível comigo na linha.

Dou as costas, olhando uma última vez eles rindo, próximos, Prim empolgada, e muito mai do que a leitura do livro, enquanto o Rei, carregando um olhar de paizão, animado com a presença de Gale. Até eu, que sou amigo dele, me sinto feliz quando ele está perto. A quem estou querendo enganar com isso?

Saio da ala hospitalar, então, sendo achado por um Stefan exasperado.

— Como foi? Me desculpe, eu estava com a Delly, que não passa nada bem. Nossa, cara, me perdoe… eu não tenho nem o que dizer. Não posso falar com a princesa, como você fez comigo e — o interrompi, pondo minha mão em seu ombro. Dei um meio sorriso.

— Está tudo bem. É assim que as coisas eram para ser, desde o começo. Nada é por acaso. Só quero ir ver minha amiga.

Assentiu, devagar, absorvendo minhas palavras, como se eu pudesse ter dito algo ambíguo por meio delas.

— Vem, vamos lá.

Concordei, o seguindo lado a lado.

— Ela queria falar com você antes, porém a linha dela já foi cortada — começou, enquanto estávamos calmos para ir para onde ela está ficando. — Mas apenas a linha. Pode ter parecido que ela não quis te atender, mas foi justamente por causa disso.

Tudo fez mais sentido, e eu me senti infinitas vezes mais aliviado, ela ao menos não me bloqueou de propósito.

— Como ela está nesses dois dias? — pergunto.

— Mal. Bem mal mesmo. Vai ser bom que possam conversar… cara, a Katniss na hora certa vai escutar você. Seria bom se talvez a Delly conseguisse chegar nela, mas nem dei essa ideia por saber o estado emocional que ela está, e não tem sido nada, mas nada fácil todas essas situações. Eu fico preocupado com Delly.

Suspirei, assentindo, pedindo perdão outra vez, pois em meu coração não sinto que seja suficiente ainda.

— Ah, Peeta, francamente… não precisa me pedir nada, tampouco desculpas. Eu hoje entendo a situação complicada de vocês. Não é como se vocês pudessem chegar em mim e dizerem que namoram por quase quatro anos. Imagina, contar isso para a princesa, herdeira de um dos tronos mais concorridos de todo o mundo. Complicado. Eu ainda me sinto chateado, quando estou sozinho, e penso em um passado não muito distante que vocês estavam juntos...

Eu estou prestando atenção em tudo o que Stefan diz, sem gesticular tanto quanto geralmente faz, pelo grande frio, afundou as mãos na jaqueta de couro que usa, enquanto caminhamos na direção dos dormitórios dos criados.

A temperatura nem passa perto do que estou habituado em Sant Cloud, porém também uso uma jaqueta jeans, com frio, e escondo meus dedos nos bolsos laterais da mesma.

— Mas passa, porque eu não duvido o que ela sente por mim agora, e nem o que você sente pela princesa. É muito doloroso aceitar que não sou eu quem teve o primeiro amor imaculado, mas o que importa é quem eu sou hoje na vida dela, e o que ela é na minha. Agora, é melhor você parar de chorar, e cuidar mais da sua saúde, porque você não está bem, e nem ela. Vai ser bom, esse tempo, do ano novo, a festa da virada, então o anúncio… calma. Vocês nasceram para dar certo.

Suspirei, outra vez. Suspirei fundo, frustrado.

Será? Até em aparência Gale e Katniss se assemelham.

Fora que tenho certeza de que ele a ame, muito mais do que um amigo.

Ela vai ficar bem. Bem melhor do que comigo, na verdade.

Porém não disse mais nada, apenas suspirei. Será? Não, acho que não. Eu não mereço. Não depois do que não a contei. Eu me sentiria péssimo, e levaria uma eternidade para perdoar. Então, tenho a obrigação mínima de cobrar nada, apenas ficar no desejo.

Ele mesmo mudou o assunto, indo para a festa de fim de ano, dizendo que por ordem real, não havia grandes celebrações, apenas um jantar - que estou intimado a comparecer -, e terminará por volta das dez da noite, e aí cada um faz o que quiser, no sentido, pode comemorar sozinho no quarto, ou sozinho no quarto mesmo, não tem muita opção.

— Mas é claro que você não vai passar solo. Já foi combinado com os outros Selecionados, incluindo o Gale, que vamos todos para o jardim, dá para ver de forma bem privilegiada os fogos de artifício cil, é muito lindo.

Suspirei, sendo isso basicamente a única coisa que tenho feito para esboçar minhas emoções, e assenti. Duvido muito que poderiam me deixar ficar sozinho outra vez.

Até que vi Delly, sentada em um banco para pelo menos vinte pessoas, de frente para uma mesa grande, e bem espaçosa, na cozinha do palácio, que é maior que eu nem sei ao que comparar, com meia dúzias de longas geladeiras, cada uma com o nome do que guarda dentro de si.

— Peeta! — exclamou, quase caindo, vindo correndo até eu, antes que pudesse pensar em alguma forma de cumprimentá-la, e seu jeito caloroso de sempre me fez rir, assim como Stefan, aniquilando meus medos de ela também não querer conversar comigo. — Desculpa.

Sussurrou. Balancei a cabeça em negativo, apertando-a ainda mais contra mim.

— Está tudo bem. Não foi culpa sua.

Ela suspirou, com o rosto em meu ombro, aproveitando ser mais baixa que eu. Bem mais baixa que eu.

Delly têm os olhos da cor da calda de caramelo, com belos olhos de âmbar, que sei de todos os segredos. Ela emagreceu, pelo menos dois quilos nesse meio tempo, e não dormiu nada. Com certeza tentou falar com Katniss, ou uma de suas amigas.

— Acho que é um meio a meio de culpa. Tentei falar com Madge, Johanna, mas nenhuma delas sequer me atenderam… fui bloqueada por todo mundo. Peeta, estamos quites em culpa.

Concordei, e não teria escutado se não estivesse ainda abraçado a ela, então nos soltamos devagar. Seus olhos ficaram presos nos meus por um instante. Ela quer chorar ainda, mas não o fez. Está se sentindo culpada, por eu me sentir culpado, o que me deixa ainda pior.

— Delly, vai ficar tudo bem. Só temos que esperar agora. Já está terminando.

Arfou, assentindo, então olhou para Stefan, que a deu um sorriso carinhoso, de apoio, como se concordasse com o que eu acabei de dizer. Pude sentir ela relaxar, por fim, se desfazendo do peso em seus ombros. Stefan automaticamente pareceu ficar mais tranquilo também, serenamente. Ela e ele se amam. Sei que sim. E vão ser tão felizes. O pensamento me fez sorrir sincero, me lembrando do anel de noivado em seu anelar.

Hoje, não sinto nada a não ser amizade por ela, e muita admiração também. Às vezes, precisamos passar por esse tipo de situação para descobrir o que nós realmente sentimos, e darmos valor às pessoas que estão sempre do nosso lado.

— Vou pedir chocolate quente, e torradas — Stefan disse, sorrindo tranquilo.

— Não esquece do queijo! — O lembrei.

— E dos biscoitos de leite! — Rimos, da expressão de entediado dele.

— Se vocês querem, que se levantem, e venham buscar.

Bae, você já está de pé, e eu sou sua noiva, por favor.

Ele revirou os olhos, sincero, suspirando. Gargalhei sinceramente, vendo o sorriso vitorioso de Delly, que com certeza deve explorar o meu amigo de todas formas possíveis.

— Eu quero é ver quando eu mudar de profissão, é isso 24hrs por dia, eu não aguento mais, que ultraje — resmungou, jogando um saco de biscoitos na mesa, na nossa frente, já sentados, apenas esperando ele buscar as coisas, enquanto Delly preparava o chocolate quente na mesa, através de uma pequena máquina, parecida com uma tal de cafeteira, porém que faz chocolate quente, do jeito que bem quisermos.

— Quer com espuma ou sem? — Dells perguntou, carinhosamente, enquanto apertava uns botões, e eu ria com os resmungos de Stefan.

— Com! — exclamou, pondo um pote de vidro com torradas na minha frente, quando uma senhora entrou, sorrindo, e abrindo ainda mais o sorriso quando me viu. Eu não a conheço, embora seja um rosto delicado, e que me faz sentir culpado, por sentir que eu deveria saber quem ela é. Sorri, bem sem graça, para o clima não ficar pesado.

— Finalmente trouxeram ele para me conhecer! Eu queria muito saber com quem a minha Catnip vai se casar!

Stefan engasgou, pondo uma mão fechada na frente da boca, para não rir. Eu fiquei arrasado. Por sorte, Delly deu um murro certeiro no ombro dele, que se engasgou outra vez, tossindo, mas caindo na risada.

Eu juro que eu quase chorei de tristeza. Me senti no fundo do poço de uma vez por todas.

— Stefan! — Delly gritou, ficando vermelha de vergonha. — Qual o seu problema?! O que deu em você? Está usando drogas?! Não estou entendendo você!

Ele levantou as mãos para o alto, ironicamente, balançando os dedos, totalmente em deboche. De tudo o que ele sabe fazer, deboche é o que ele se aperfeiçoou no passar dos tempos que estou na Seleção. E essa não é uma observação irônica, ele realmente é ótimo nisso. Cansei das vezes que tive que pegar gelo, e esperar aliviar os tapas de Julia e Layla nele pela petulância. Alguns dos socos foram meus, é claro. Stefan é uma das melhores pessoas que já conheci, mas quando ele quer ser insuportável, ele consegue. Porém é sempre em momentos como esse.

— Ai, desculpa, eu não aguentei, e estamos na presença da Greasy Sue, podemos falar qualquer coisa que quisermos, ela não vai explanar. Nem deu para contar, mas o Gale tava com a Princesa lá no quarto do hospital, junto com o rei e a princesa Prim — ele contou, ficando rosado, por causa do esforço para não rir, pelo frio, e pela dor, porque Delly tem um poder para dar murro nas coisas que é impressionante.

— Caramba… — a senhora falou, começando a rir também, se sentando ao meu lado, se inclinando gentilmente para pegar alguns biscoitos de leite. — Problemas no paraíso?

— Ele nem chegou lá, mas já deu errado. Nem deu tempo de saber como é o paraíso.

Stefan atacou outra vez, e eu só pus minha mão na testa, dando um sorriso bem forçado para ele.

— Você quer falar mais alguma coisa? — perguntei, cinicamente, mas ainda sorrindo, deixando meu cabelo cair para o lado que estou inclinado, já que ele está depois de Delly.

Não, não… obrigado, desculpe. Eu não pude evitar. Vocês deram errado antes de dar certo.

Veio um silêncio, constrangedor entre  nós quatro, com apenas a fumaça da máquina, até que nós quatro começamos a gargalhar, mas rir até ficar sem ar.

— Meu Deus, que droga — A senhora falou, limpando as lágrimas, destacando seus impressionantes olhos cinzas, puros, cinzas, simplesmente cinzas. — Desculpa, você nem me conhece! Eu sou Greasy Sue, a quase-avó do Stefan e das irmãs dele.

— Bem, a senhora já sabe quem eu sou, infelizmente, mas vamos fingir que não. Eu sou o Peeta.

Ela sorriu, apertando minha mão. Não sei muito bem o desenrolar, mas logo ela já sabia o que tinha acontecido entre eu e Delly e Katniss e Stefan, que continuou com seus deboches, o que aliviou todo o clima. Depois, o assunto mudou para as matérias das revistas, as nossas roupas, passamos a tarde e noite conversando, enquanto as pessoas entravam e saíam a todo tempo do ambiente, nos cumprimentando tranquilamente o tempo todo, o que foi bem legal. Me fez muito bem.

E também para Delly. A minha certeza de que ela passou os últimos dois dias se sentindo muito mal de saúde, é que Stefan, quando ela falava, animada sobre alguma coisa, mesmo com a maquiagem para disfarçar que esteve acordada, pegava em sua mão, e fazia carinho, sem sentir, lançando-a um olhar tranquilo, e aliviado. Eu sei o que é um olhar tranquilo e aliviado, depois da pessoa oposta passar por situação difícil.  Isso fez meu peito de apertar.

No entanto, sentindo que ela estava mal, aproveitei também para eu me esquecer de tudo o que tinha acontecido, e me diverti com a senhora, e meu amigo, logo  depois Julia e Layla se juntaram. Eu que cheguei doente, só espirrava um pouco, quando voltei para o meu quarto, depois de jantar com eles.

Caí na cama, ainda com minha calça jeans, a blusa branca de malha, e a jaqueta. Não acordei até a manhã seguinte, mas sonhei, com minha família, com meus amigos. Agora, não tenho que sentir medo caso Katniss não queira voltar atrás. Não é algo que eu possa controlar. E que bom por isso, porque a adolescência é o momento onde a gente mais quer não ter responsabilidades, mas é o momento mais decisivo da nossa vida.

É agora que temos que escolher o que vamos fazer, no que vamos trabalhar, como vamos viver o resto das nossas vidas… é claro que se tudo der errado, a gente pode voltar atrás, mas não vai ser a mesma coisa. É agora, com nossos 18, até uns 22 anos, que decidimos como as coisas vão ser.

Se eu tivesse o poder de escolha por Katniss, no instante seguinte que ela descobriu sobre eu e Delly, iria escutar, e relevar, mas não seria certo. Temos que fazer nossas próprias decisões, baseadas em nossos desejos e razão, à longo e curto prazo. Ela tem que fazer suas escolhas, e eu as minhas.

Não podemos tomar atitudes e decisões pelo próximo.

Suspiro, antes de cair de vez no sono. Meu coração está triste, é claro. Não sou certo de muito, mas que não tenho como amar alguém como amo Katniss, porém a escolha final cabe a ela, não a mim. E o que ela decidir, vou concordar. Mesmo se incluir eu ao lado de Gale, que a esperará no altar, ou o cara que a espera.

Triste, pelos  meus irmãos, pela minha família, que independentemente, não vai mais ficar tão próxima a mim, que pelo o que vi, serei direcionado para a Europa, junto com Cato. Por seis meses, menos que seja o Escolhido, entrarei em uma espécie de turnê pelo mundo, com os meus amigos da Elite, então não terá como ficar com meus familiares.

Enfim… no final, a gente vence. Seja a coroa, seja para a vida. Fecho meus olhos, com certeza mais azuis, pela sacada estar aberta, e a luz bem, mas bem brilhante e cheia, hoje à noite. Dormi.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, logo ais estarei fazendo todas as edições necessárias, acrescentando alguma foto, ou gif.
Obrigada por tudo, muito obrigado mesmo, pessoal. Spoilers!
Música: Smoke and Mirrors, da Demi Lovato
Trecho: "Queria dar tudo o que Prim quer, sempre fui o meu melhor para ela, mas tomei tudo o que eu tinha de medicamentos, não consigo obedecê-la dessa vez. Não tenho domínio sobre meu corpo, que sinto pesar uma tonelada. Gorda, posso ouvir minha mãe me chamando, criticando com plenos pulmões, esfregando as revistas mais famosas do país e do mundo bem no meu rosto, enquanto me estapeava, por ter comido um pouco mais de algo doce na mesa. Senti algo escorrer do meu nariz, dificultando minha respiração, sangue, o mesmo com meus ouvidos, posso sentir que sai como uma cascata, e os sons são mais agudos. Uma dor excruciante, perdendo apenas para o aperto no meu peito, pela traição de Peeta.
Peeta. Grito, em um gemido bem sofrido da mais alta e aguda dor.
Só que ainda escuto Prim gritar, chorando, tentando me mexer, papai do mesmo modo, enquanto correm com meu corpo para o hospital.
Minhas pálpebras se abriram, e eu vi vultos, meus tios, Prim, muitos guardas. Não é uma invasão. É o que eu sinto que está acontecendo, eu vim longe demais.
Fechei, sentindo minha cabeça cair para a curva do pescoço do papai, e a pouca força que eu tinha, desapareceu totalmente.
Minha tia Anastacia berrou, algo diferente estava acontecendo comigo. Gosto de sangue na minha boca. Muito sangue.
Não senti mais nada."
É, o próximo vai ser BEM grande, BEM delicado, e eu estou buscando terminar ele o quanto antes para, na segunda-feira, dia 30/07, daqui dois dias, estar postando para vocês!!! Obrigada por tudo, pessoal, mais uma vez, que Deus abençoe cada um de vocês, um final de semana muito feliz, e é isso!!! Vou amar saber o que vocês acharam, e me desculpa caso não tenha suprido as expectativas... eu realmente dei meu melhor, mas estou buscando melhorar a cada capítulo!!!



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