A Seleção da Herdeira escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 44
Porque eu sou apenas humano apesar de tudo, não me culpe por isso | A Escolha (Bônus)


Notas iniciais do capítulo

Eeeeei, e aí, pessoal, tudo bem com vocês?????
Cara, gente, eu me atrasei quase cinco horas kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk mas bem, é melhor do que eu me atrasar uma semana, um mês, e tals, como aconteceu anteriormente kkkkkkkkkkkk porque eu tive um probleminha com o final do capítulo, que estava suposto que eu escrevesse apenas mais uma 2 mil palavras, que eu escrevo bem rápido, PELO FATO DE QUE eu já estava com tudo na minha cabeça, porém esse tudo na minha cabeça deu mais ou menos oito mil palavras, e eu passei a tarde e madrugada escrevendo isto *batendo minha cabeça no teclado várias e várias vezes
Editei esse capítulo quatrocentas vezes, para tirar algo desnecessário, e tudo mais, mas ficou por isso mesmo, pessoal, mais de dez mil palavras, e parece que não porém cada diálogo aqui é importante para o roteiro que tem na minha cabeça, eu juro.
E também, aqui tem um diálogo bem curto, apenas para mostrar um pouco da Katniss. Não tem envolvimento dela com o Peeta tendo em vista que ainda vai ter outros bônus dela, e no próximo capítulo está bem suficiente *piscadela sorridente
Espero que gostem, e sintam na boca um pouco da vingança sobre a rainha, e do quanto a hora dela pagar todos os seus pecados está chegando.
Aproveitem também para conhecerem um pouco mais do Nicolau e verem a Prim de novo!!!!!! ♥ ♥ ♥ ♥ BEIJOS!
OBS: MAN EU TO MUITO ORGULHOSA DA MÚSICA DO CAPÍTULO PORQUE É UMA DAS MINHAS FAVORITAS E NOSSA, EU ACHO QUE ENTROU TÃO BEM NO CONTEXTO QUE TIPO CARACA MALUCO TO MUITO MUSICISTA CARA
o caps lock já foi desativado, está tudo sobre controle, me perdoe pela exaltação, e se envolva na música, que está no cover, mas POR FAVOR, escutem na versão orignal também, é linda demais e fala demais comigo, tipo, top total.



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Talvez eu seja tolo
Talvez eu sou cego
Pensando que eu posso ver através disto
E ver o que está por trás
Não tenho nenhuma maneira de provar isso
Então talvez eu esteja mentindo
Mas sou humano apesar de tudo
Eu sou apenas humano depois de tudo
Não coloque a sua culpa em mim
Não coloque a sua culpa em mim

Dê uma olhada no espelho
E o que você vê
Você vê mais claramente
Ou está enganado
Imerso no que você acredita?
Porque eu sou apenas humano apesar de tudo
Você é apenas humano apesar de tudo
Não ponha a culpa em mim

— Human, Rag’n’Bone Man

— Me chamou, pai? — perguntei, abrindo a porta do quarto do rei. Esse quarto é imenso de grande, mas ainda parece pequeno por causa do amor de papai pelos livros.

— Chamei, baby — sorri, sendo abraçada. Amo meu pai. — Quero que me diga o que está acontecendo.

Indicou sua cama, e eu me joguei, ele do meu lado.

— Nada demais, apenas ossos do ofício… — respondi, mas por dentro eu estou nervosa de preocupação. Ontem foi o dia da fuga do palácio, estou uma pilha. Claro que alguém notou, e óbvio que foi o papai.

— Katniss Evangeline, você nunca vai conseguir me enganar. Triste para você, porém uma realidade para mim — então, suspirei. E agora? — O que foi que você fez?

— Eu me apaixonei — falei, simplesmente, olhando em seus olhos. — Pai, eu estou completamente apaixonada. E isso está me tirando a razão das coisas.

— Mas Peeta não parece ser o tipo que induz alguém a fazer maluquices — ri, balançando a cabeça, ficando de bruços, sustentada pelos meus braços, vendo meu pai melhor, ao meu lado. Prefiro ele com roupas de “pai”. Calça normal, uma blusa esporte. Aí sim é meu pai.

— Como sabe que é Peeta? Pode ser o Gale.

— Francamente, Katniss — revirou os olhos. — Até eles sabem que você ama o Peeta.

— É… mas Peeta não é mesmo de maluquices. Eu que envolvo ele em umas. A Seleção é uma delas.

— Bem, porém já está acabando, Baby. Semana que vem nesta hora já vai poder praticamente chamá-lo de marido, porque vai ser depois do Natal.

— Pai… — pensei ela contar sobre a fuga, dos rebeldes, mas não consegui. Sinto muito bem para compartilhar meus sentimentos, mas não segredos como esse.

— Katniss, sabe que independente do que seja, eu vou guardar segredo, não sabe? — suspirei, triste. — Quer que eu fique tentando adivinhar?

Ri, assentindo.

— Você e o Peeta já… você sabe? E agora não gostaria de ter feito isso ou desconfia que está grávida? Isso vai ser bem difícil de esconder, mas saiba que eu te amo, e está tudo bem, embora não ache certo que nessa idade vocês já  —

Fiquei boquiaberta.

— Não! Pai! Não! Mil vezes não! Mesmo que às vezes o clima mude, não! Peeta não deixaria isso acontecer — falei, corando totalmente. Ele gargalhou.

— Eu sinceramente não acredito muito em vocês depois do esconderijo, mas… é complicado. Você não quer mesmo me contar?

Papai pareceu triste ao ver que eu não iria compartilhar com ele o que tem me deixado tão estressada, mas alguns segredos precisam ficar conosco. Pelo menos até um momento.

— Pai, eu quero te contar, mas eu não posso, pelo menos não agora — falei, indo para seu peito, me deitando.

Ele afagou meu cabelo, depois que se deitou mais confortável na cama, e me protegeu com seu amor de pai. De algum modo, eu fiquei feliz ao ver que Prim é minha irmã legítima, por parte de mãe e pai.

— Filha, todos nós temos segredos. Algumas pessoas mais, outras menos. Você talvez precise manter o seu longe de mim, mas saiba que eu não vou de culpar caso um dia possa me contar.

Assenti, sabendo da veracidade de suas palavras.

— Eu gostaria de pedir ao senhor uma coisa — falei, antes de dormir no seu colo.

— Qualquer coisa.

— Eu gostaria que o senhor me abençoasse — pedi. — O meu casamento, meu futuro marido, e o reinado. Pai, me prometa que vai estar lá.

Pedi, o abraçando mais apertado.

Quase chorei, meus olhos se encheram de lágrimas. Algo no meu coração me diz que eu posso não tê-lo mais por perto.

— Mas é claro, Baby. E você já é abençoada, Katniss. Olhe para tudo. Para sua vida, seus amigos, Peeta. Filha, é um privilégio enorme ser quem você é. Estou bem certo de que seu casamento será muito melhor do que o meu, que o seu reinado vai ser bem mais eficiente que o meu… eu tenho essa certeza. E minha palavra é insignificante, não passa de palavras, sabe por quê?

Neguei, prestando atenção à tudo o que ele diz.

— Porque quem define sua vida é você, Katniss. Ainda que eu te desse dois caminhos, e te fizesse andar em um deles, você pode ir para o outro na hora que bem quiser. E você vai ter uma pessoa excelente ao seu lado. Não acho que você ainda tenha dúvidas sobre sua escolha, mas Peeta é bem indicado para isso.

— Eu fico até com medo disso, papai. Eu realmente sinto que é ele, mas eu tenho medo de não conseguir dar conta. E sei lá. Parece muita coisa para eu lidar. Tenho medo de ter um apagão, logo agora. Eu não estou me sentindo bem, parece que eu estou me desligando aos poucos.

Senti meu pai ficar acelerado. Ele foi quem me encontrou na última vez. Foi um verdadeiro milagre, porque eu cortei meu pulso bem fundo, e já estava desmaiada, e não morri porque eu fiz no lado errado. Se tivesse sido na vertical, eu já estaria morta.

— Baby, não pense dessa forma. Eu não tenho todas as suas respostas, para todas as suas perguntas, ou as de Prim, mas te digo que com dedicação você vai conseguir. E não dê ouvidos às vozes da sua cabeça, amor. Você não é o que eu fiz, nem o que seus avós fizeram. Você não é o que sua mãe já fez. Você não é os sussurros da sua mente. Você é luz. Entendeu?

Assenti, sentindo seu beijo no alto da minha cabeça.

— Agora, tente dormir, e não se preocupe muito com isso, tudo bem?

— Sim, senhor — concordei, e fechei meus olhos. Mesmo tendo vindo apenas para conversar com o papai, dormi. Tenho tido mais sono ultimamente, por causa de um novo tratamento.

*

— Tony, eu já disse que eu não tive culpa! — Pisquei duas vezes, me encolhendo mais no cobertor que meu pai me cobriu. Ainda estou aqui. Nossa, mas que horas são?

Discretamente olhei meu relógio, sem que percebam que eu acordei, e vi que já é manhã, quase nove.

Aproveitando que minhas aulas começam apenas às duas da tarde, hoje, continuei fingindo que estava dormir.

— Eu não quero saber! — Meu pai rebateu, em um tom ríspido, forte, como a voz que ele usa quando se estressa quando está como Rei. Eu me estremeci da cabeça aos pés, sentindo minha barriga gelar. — Depois do que você fez contra a Katniss, na frente dos Selecionados, na frente de todos, apenas provou tudo o que sua mãe me disse sobre você!

A mesa de centro estremeceu com um possível soco ou tapa da minha mãe.

— Ela mereceu! Você viu que ela estava saindo para ir atrás do Sete! E você apenas disse para ela não ir!

— Cala a sua boca! — Eu fiquei sem respirar, e fechei meus olhos com força, sentindo os mesmos marejar. — Você me enganou completamente durante esses anos, você me enganou, dizendo que estava me ajudando, quando na verdade você estava maltratando a Katniss!

Pude sentir minha mãe ficar roxa de raiva.

— Mas que absurdo! Eu nunca seria capaz de fazer algo assim com você! Eu tirei até mesmo os poderes do Primeiro Ministro para que você tivesse mais voz e poder, seu ingrato! Estive ao seu lado durante todos esses anos, te dei duas filhas para herdar um trono do qual eu nunca quis, apenas aceitei porque ele vinha com você!

Eu queria voltar a dormir, porém eu não poderia fechar meus olhos escutando uma discussão como esta. Eu nunca, em dezoito, quase dezenove anos de vida, escutei meus pais discutindo.

Revelações das quais eu nunca poderia imaginar estou tendo o desprazer de escutar. Como minha mãe nunca quis o trono? Mesmo sendo a pior pessoa que eu conheça, ainda é uma boa rainha, ela ainda cumpre seus papéis com honra.

— Agora você quer jogar a culpa para cima de mim?! Eu te disse muito bem, sua desequilibrada! Valdevina! Você sabe exatamente sobre o que estou falando! Você alterou os remédios da Katniss! Você estava deixando ela mais doente! E sem contar que eu sei que o que ela não me conta!

— EU JÁ LHE DISSE QUE EU NÃO ALTEREI AS FÓRMULAS! — Ela berrou, e eu pude sentir que papai foi empurrado. — Se eu tivesse feito isso, eu assumiria! Mas que inferno! Eu torno a vida dela o mais difícil para ela ver o que é ter o peso de uma coroa, mas eu não seria tão baixa a ponto de matar ela! Isso é insano! Até porque do jeito que ela é louca e doente, é capaz de matar a si mesma qualquer dia desses, e você sabe bem, porque foi você que a viu caída quase morta no chão do quarto dela, deveria saber que não é tempo para ficar acreditando nela! Eu é quem não vou participar da coroação de uma perturbada como a sua filha! Ela é louca, e você sabe dis — a fala dela foi interrompida por um tapa. E um forte tapa. Comecei a chorar, cobrindo minha boca com as minhas mãos, cobrindo também a minha cabeça. Não sei dizer a alegoria que se passa dentro de mim.

As palavras dela, o tapa, eu sinto que tem um furacão, uma tempestade em mim.

— Você lave a sua boca para falar de Katniss, Madelaine! Você abandonou ela depois do que aconteceu com Prim, isso não te basta?! Eu sempre fiz o que pude para ser meu melhor para vocês três, e apenas você que não consegue ver isso! Eu me casei com você por amor, Madelaine, mas eu amo muito mais as minhas filhas, e eu não vou medir esforços para proteger elas, nem que seja de você! E se eu souber que você está mesmo envolvida nesse estado da Katniss, eu juro, Madelaine, que eu te rebaixo para o Oito, no Sul, isso se não fizer justiça com as minhas próprias mãos! Essa situação é simplesmente intolerável! Por amar você é que eu estou falando isso! Eu estou te avisando! Porque você me enganou nos últimos quatro anos, e se fosse outra pessoa a ter descoberto o que você tem feito, condenando também pessoas inocentes à morte, e agora por ter sido responsável por ter feito o antigo Primeiro Ministro desistir, e também por ser acusada de alterar a fórmula dos medicamentos de Katniss, no mínimo já era para você estar morta! E você sabe bem disso, não sabe?

Silêncio mortal.

Minha mãe deve estar completamente em estado de choque. Eu conheço meu pai bem o bastante para saber que este foi o primeiro tapa nela que ele deu durante toda a vida. E também o último. Ele está completamente fora de si no que se diz ao tom de voz, e as acusações, pelo meio da conversa, dão boas razões para ele estar dessa forma. Meu pai é a pessoa mais calma que eu já conheci na minha vida, e eu não posso entender como isso pode

Eu estou tão em choque e desesperada, fora de mim, quanto eles dois devem estar nesse momento. Mordi o interior da minha boca para não soluçar alto, e eles não me ouvirem.

O sentimento dentro de mim não tem palavras.

Daí veio o choro da minha mãe.

— Me desculpa — ela pediu, ficando delicada. — Me desculpa. Eu fiz coisas erradas sem que você soubesse sim, Tony, me perdoa, por favor — soluçou. — Eu assumo. Menos a parte que das fórmulas de Katniss. Juro que não foi por minha causa. Não fui eu. Olhe bem nos meus olhos, não fui eu quem alterou! Não foi! E eu não estava sabendo de absolutamente nada, eu apenas acompanho o tratamento da Prim. Pode perguntar até para as criadas dela, eu não alterei nada.

Eu não suporto minha mãe. Ela é a maior responsável pelos meus problemas, porém eu acreditei nela. Há um tempo, coisa de dois anos para cá, ou seja, desde o último acidente comigo, eu passei por diversos tratamentos, fui para a Suíça, para a Alemanha, onde passei seis meses dos meus dezesseis anos no palácio do rei Gregory, pai de Nicolau, um dos meus melhores amigos, mesmo que nós não tenhamos contato por redes sociais, sempre que nos vemos são horas e horas de conversa. Meu pai recorreu à tudo e todos, mas não encontramos uma cura para a minha depressão profunda, a não ser através de remédios para controlar meus impulsos suicidas e que me fazem me ferir, me machucar propositalmente.

Nas últimas semanas, eu sei que piorei, embora não tenha tentado me matar ou algo semelhante, porém minha mente está mais enevoada, embaçada do que nunca, então fiz novos exames, e eles mostram que meus órgãos estão altamente comprometidos por causa das altas doses, em quantidades erradas, estão me fazendo muito mal, e podem ocasionar, se eu permanecer nesse ritmo de medicamento, eu vou morrer por falência de órgãos em menos de cinco anos.

Veio, então, anteontem, enquanto eu estava fora do palácio, uma denúncia anônima, acusando minha mãe. Eu fiquei sabendo bem superficialmente, porque logo que descobri, meu pai me chamou, e é onde estou até agora.

É uma acusação gravíssima, mas que faz completamente sentido para mim, mas um pouco estranha. Minha mãe sempre deseja minha morte, mas eu não posso acreditar que ela tenha chegado a este ponto, de mudar a receita dos meus remédios, que já extremamente agressivos, porque mexem com a minha mente, ou seja, com meu psicológico e emocional. Daí eu me lembro de tudo o que já fez comigo. Do até quase estupro, uma vez. Não acredito nela, então.

— Por favor, sai do meu quarto — papai pediu. Em seu tom, pude sentir o quão mal ele está se sentindo. — Madelaine, por favor, sai.

— Antony… não… você precisa acreditar em mim — ela tentou manobrar, ainda chorando. — Você precisa acreditar em nome do amor que fez você me escolher entre outras trinta e cinco. Por favor. Eu não mudei os remédios da Katniss. Nem esquecendo os meus eu seria capaz de fazer isso. Você me conhece.

Veio um silêncio, então um longo suspiro.

— Depois das acusações e de provas contra você, eu não sei de mais nada, Clara. Você é tudo, agora, para mim, menos a pessoa que me fez te escolher. Eu ordeno que você saia do meu quarto. Não me faça ter que te fazer passar o constrangimento de precisar pedir para guardas te tirarem daqui.

O que eu ouvi, foram passos, então a porta se fechar. E no instante seguinte, meu pai começar a chorar de um jeito que eu me lembro que ele chorou depois que eu acordei, após tentar tirar com a minha vida.

Não consegui manter mais a pose de fingir que estou dormindo, eu já tenho 18 anos, e é o meu pai, é a minha família que está em jogo. Me levantei da cama, apenas colocando o casaco que eu deixei perto da cama e fui abraçar meu pai, que está sentado no sofá que tem aqui.

— Céus, Katniss, que susto, pensei que ainda estivesse dormindo — falou, rapidamente passando as mãos nos belos olhos, que tenho muito orgulho ter herdado dele. — Você ouviu?

Quis dizer que não, mas não consegui mentir. Meu pai está cansado de mentiras.

— Sim, pai — confessei, o abraçando mais apertado. Fechei meus olhos, com a cabeça em seu ombro, e senti ele chorar ainda mais.

— Eu preciso pedir desculpas pelo o que eu fiz, sei que foi errado, eu nunca tinha feito isso na minha vida, mas ao mesmo tempo parece que foi a única coisa que eu poderia fazer. Eu não pensei em nada além daquilo, e foi tão errado, eu nunca deveria ter feito isso, mesmo que ela mereça.

Fiquei quieta, apenas escutando seu choro, e chorei também. Às vezes eu me prendo tanto no meu próprio mundo, de cores e de dores, que não paro para ver como meu pai também sofre. Não é fácil para ninguém uma situação assim, nunca foi, e nem nunca vai ser.

— Pai… — comecei. — Você deve ir conversar com a mãe. Não agora, pois você não está em condições para isso, porém mais tarde, ou amanhã, aproveitando que vai ser o evento com a Itália e a Alemanha, países que são muito próximos de nós, sem contar que vai até ser bom se o senhor e a minha mãe não aparecerem, principalmente com todas essas coisas circulando pelo palácio. Fiquem e conversem, sem todo esse estresse. É algo que eu acredito que o senhor deva fazer. E não precisa defender eu dessa maneira, embora eu te ame. Sei que você ama a mamãe, e o seu casamento deve ser algum tipo de prioridade. Sério.

Ele balançou a cabeça, e deu uma risada nervosa.

— Katniss você não faz a menor ideia do que chegou aos meus ouvidos nesse final de semana. Sobre ela, sobre o que fez bem debaixo do meu nariz. Katniss, estou falando também da vida de centenas de pessoas que ela condenou injustamente, dizendo que estava me ajudando. E como não tenho mil mãos e olhos, eu deixei, afinal ela não firmou um compromisso somente comigo, mas também o país. E ainda pode ter feito você ficar tão doente. Mas eu tenho uma coisa para perguntar. E que preciso que você seja sincera, filha.

Assenti, ficando de frente para ele. Papai pegou minhas mãos, e olhou bem dentro dos meus olhos, revelando um tom de cinza azulado com verde impressionante, por causa do choro.

— Eu não mentiria para o senhor — falei, indicando que ele poderia perguntar.

— Sua mãe já te machucou? Não estou falando verbalmente, necessariamente, mas literal. Ela já tocou em você e te fez mal?

Aí, eu perdi completamente meu fôlego, e as lágrimas vieram bem antes que eu pudesse enfim mentir para o meu pai. Para de chorar, Katniss, maldita, para de chorar, para de chorar, pare agora de chorar.

— Pai, por favor, não a faça mal, e nem algo que o senhor depois vá se arrepender — foi o que eu disse, mas o rosto dele, mediante meu choro mais forte, indicou descaradamente a resposta. Quatro anos da minha vida sendo judiada, humilhada, espancada, e agora na hora em que tenho o futuro da minha mãe nas minhas mãos, eu não quero que ela se prejudique. Meu pai chorou junto comigo.

— Me perdoe, Katniss, por favor, eu não poderia descobrir sozinho, céus — ele me trouxe para um abraço apertado, me protegendo com seus braços.

Balancei a cabeça diversas vezes, me afastando.

— Pai, ela me fez muito mal sim, eu não vou mentir, mas não tome uma atitude agora. Você vai se arrepender de qualquer coisa que fizer agora, e você precisa entender que não é culpado, nunca foi, e nunca vai ser.

— Mas meu Deus, Katniss! Eu deixei que ela te fizesse tanto mal! Por algo que você nunca teve culpa! Ela fez mal também para outras famílias, que ficaram sem seus pais e mães por terem ajudado a alimentar pessoas que se dizem rebeldes da guarda escarlate, no norte! Como pude ser tão estúpido por tanto tempo?! Poderia ter te custado a vida, eu nunca conseguiria me perdoar por uma coisa dessas!

— Eu sei que não, mas papai, você precisa aceitar que você é como eu no caso de Prim. Farão o possível para te culpar, mas você vai precisar dizer para si mesmo que não tem culpa, isso não foi responsabilidade sua. Você sempre foi um rei justo, sempre foi um pai excelente, e isso não muda absolutamente nada. O que não posso deixar o senhor fazer é sair agora para conversar com ela.

Depois de muitas puxadas de ar, ele então aceitou, e ficou no sofá, com o pensamento distante. Fiquei muito preocupada. Me senti terrivelmente culpada por causa de tudo. É tudo culpa sua, desequilibrada, minha mãe sussurrou na minha mente, e eu fiquei tonta.

Consegui colocar minha mente no lugar.

— Vou pedir para chamar a Prim, então podemos assistir filmes, o que o senhor acha? — sugeri, abraçada à ele. Amo o meu pai. E acaba comigo não poder fazer mais por ele, além de ficar aqui, abraçá-lo e esperar que tudo fique realmente bem, quando sei por experiência própria que não é bem assim.

— Tudo bem, eu vou tomar um banho. Você pode ir tomar seu café da manhã no quarto, e daqui uma hora nós vamos para a sala de cinema.

Vi que ele precisava, agora, de pensar sozinho. Assenti, deixando-o com um beijo no rosto. Não é exatamente o que eu gostaria de fazer, mas tem passos que nós precisamos dar sozinhos. Há decisões que apenas nós podemos fazer, e nem sempre é sobre um reinado.

Fui para meu quarto, e já no caminho constatei Rue, a principal criada de Prim e avisei que passaríamos a tarde com meu pai na sala de cinema, e que era para ela ir como ela quiser, bem confortável.

Tomei um banho demorado, e deixei que Delly escolhesse minha roupa, enquanto Johanna e Madge cuidavam, na sala de costura, da minha roupa para amanhã, que será um dia particularmente cheio.

Mas então, problemas que apenas eu estou percebendo em mim nos últimos dias, me acertaram feito um taco.

Ainda no banheiro, depois de vestir meu sutiã, estava vestindo a calcinha quando uma dor insuportável veio na minha cabeça, eu pensei que tinha caído, meu corpo sentiu a colisão, mas eu não caí.

Vesti logo minha peça íntima, e mais uma vez a dor, três vezes mais forte. Dei um grito, e acabei realmente caindo, perfeitamente de costas.

— Katniss! — ouvi Delly chamar. Não consegui responder.

Eu simplesmente não consegui mexer meu rosto, e foi como se eu me desligasse, e apenas pudesse escutar, embora pudesse mexer meu corpo, com exceção da cabeça.

— Madge! Me ajuda! Eu não sei o que aconteceu! — Ouvi minha amiga dizer. — Johanna, nem pense em mexer aqui, apenas chame a médica.

Fechei, enfim meus olhos, e as vozes foram lentas, distantes… como ondas, longe de casa.

Meu pai apareceu, e Prim também, eu a pude escutar, ou pelo menos algo semelhante à sua voz.

Me puseram em uma maca, e me levaram.

Nas últimas duas semanas, eu tenho me sentido muito lenta. Eu já não consigo mais terminar de raciocinar, não consigo escrever, ou quando o faço é de uma forma diferente e irregular, sem contar fortes dores de cabeça, como nunca antes senti.

Tenho participado de inúmeras reuniões, que têm exigido tudo de mim, pois também querem que a Austrália seja anexada outra vez na Inglaterra, lugar que atualmente eu tomo conta por causa da pouca idade de Prim.

Não sei o que tem se passado comigo, e os médicos também estão confusos, depois da fraude descoberta com meus medicamentos, fortíssimos, e que eram para me deixar de cama, por tantos efeitos colaterais, mas que graças a Deus em mim não tiveram tantos.

Até que eu comecei a melhorar, mas não ultimamente, por causa de todo o stress causado pela minha mãe, o peso da coroa, meu relacionamento com os Selecionados, um quase talvez com Gale, há uma semana… eu sou um poço de nervos.

Perguntaram-me se eu sentia alguma coisa, e eu queria dizer que sim, mas não conseguia dizer nada. Apenas fiz um positivo com a minha mão, de olhos ainda fechados.

— Ela está mexendo a mão, está sentindo — Maggs disse, preocupada. — Joseph, acho que sei o que está acontecendo. Esses remédios que foram alterados mexeram com o sistema dela, e também pelo stress todo.

— Podemos fazer o quê, então? — Meu neurologista perguntou, parecendo perdido.

— E eu sou apenas médica geral! — Maggs exclamou. — Katniss, tenta mexer sua boca.

Tentei, mas simplesmente eu não consegui. Me veio lágrimas de puro desespero, que caíram pesadas. Eu vou ficar assim para sempre?

Então, Joseph sugeriu uma massagem facial.

— Acho que estou começando a entender o caso de Katniss — ele disse. — Bem, pelo menos após toda a confusão com os remédios. É stress. Tudo isso é stress, muitas responsabilidades. Princesa, mexa a mão caso sinta alguma coisa diferente.

Ele, então, começou a massagear minha têmpora, e eu fechei meus olhos, sentindo minha respiração ficar mais suave, e meu corpo não ficar tão rígido. Maggs fez a mesma coisa nos meus pés, e as enfermeiras nas minhas mãos, e em pouco tempo eu conseguia me sentar de novo, mexendo meu corpo.

Meu médico me olhou de cima em baixo, com o cenho franzido, com a sua auxiliar, Melanie, que é minha psiquiatra. Eu tenho uma equipe da cabeça ao pé, apenas para mim.

— Katniss, o que tem acontecido com você que não nos contou? — Meu neuro perguntou, bem sério, se sentando ao lado da minha cama. Minha psiquiatra sentou-se no pé da minha cama de hospital.

— Nada de extraordinário, eu já disse. Apenas tenho me sentido mais lenta, e não estou conseguindo escrever direito.

— Mas não tem nenhuma razão para isso, tendo em vista que limpamos todo o seu sangue, os efeitos dos outros remédios não surtem mais no seu organismo, isso aí é algo a mais, no seu psicológico — a psiquiatra disse, então. — Por favor, seja sincera. Antes de você perder as forças e cair, o que foi que aconteceu? Nós somos médicos, não deuses.

Suspirei, mexendo nas pontas dos meus dedos com os outros dedos. Franzi o cenho, na dúvida, então contei que eu pensei que estivesse caindo, quando eu ainda estava em pé.

— Ou seja, você teve uma alucinação — meu neuro disse. — E isso já tinha acontecido

antes? — neguei, contando a verdade. — Katniss, seu caso não é tão grave e sério quanto parece, mas você não está sendo sincera sobre o que está acontecendo.

— A mãe dela não deixa ela contar — a voz do meu pai me surpreendeu.

Meus médicos se entreolharam, surpresos. Era algo que eles não sabiam, mas como eu vou contar que a minha mãe me espanca, me xinga, me diminuindo de todas as formas possíveis, e de folga, uma vez, depois do acidente com Prim, me ameaçou de jogar fora, para que eu fosse estuprada por sulistas?

Teve uma vez, que foi uma das mais traumáticas, ela me fez ficar completamente nua, e começou a me espancar tanto, mas tanto, que eu precisei ser hospitalizada, e ela disse que eu tinha me machucado sozinha, de folga ainda fez uma bagunça no meu quarto, para provar seu conto. Ninguém sequer duvidou. É algo que apenas eu sei. E não pretendo compartilhar com mais alguém. Nunca.

— Majestade, isso tudo nada mais é que a depressão e a bipolaridade. A alucinação que ela a teve hoje é um dos principais sintomas da própria bipolaridade. E isso tudo é claramente piorado com esses traumas vividos, e dos quais a vossa Alteza não tem compartilhado conosco.

Meu neuro disse, como se fosse bem mais nítido. Todos estão assim, parecendo entender definitivamente o meu caso, o que é um alívio.

— Antes lidamos com um quadro de esquizofrenia, mas agora... depois do caso grave com os remédios, é possível que tudo isso, somado ao grande stress que de longe podemos saber que ela está sendo submetida, aumenta as alucinações, e em casos extremos, como hoje, podem causar a paralisia. Não tem outra explicação a não ser stress.

Meu pai suspirou profundamente, mexendo no cabelo.

— O que podemos fazer agora, Joseph? Mais tratamentos?

Melanie negou.

— Senhor, o recomendado urgente é que haja um repouso da Princesa, com atividades bem leves e que não vão submetê-la ao nervoso. Não tem a menor condição dela continuar da mesma forma. Não podemos passar mais remédios, os que o neurologista da Austrália indicou, desde o princípio não eram tão bons pelas altas doses, anti-depressivos são um caso muito delicado… Katniss, você tem sentido vontade de se machucar ou algo semelhante?

— Não, não sinto — menti, descaradamente. Todos os três na mesma hora viram que eu estou mentindo. É no que eu mais penso quando não é sobre as rebeliões na Inglaterra, as pessoas passando fome em Panem, minhas conversas de horas e mais horas com os diplomatas que nos representam ao redor do mundo…! Eu estou uma pilha, por sentir que não estou fazendo as coisas direito.

— Vossa Majestade, doutor Joseph, eu posso ficar à sós com a Princesa por alguns minutos?

Melanie pediu, delicadamente, antes que meu pai começasse a chorar, ou algo do tipo, ou até mesmo brigar comigo por ter mentido para ele, quando disse que está tudo bem.

— Então, como está se saindo com essa reta final?

Eu dei um longo suspiro, me apertando contra o vestido leve que Delly me trouxe.

— Péssima. Confusa. Indecisa. Fracassada. — falei, sinceramente. É tudo o que minha mãe diz que eu sou. E eu acredito nela. Acredito que eu sou tudo isso.

— Katniss, eu preciso agora que me diga essa história da sua mãe que o seu pai me contou. Você me disse desde sempre que não tem uma boa relação, mas até que ponto é isto?

— Já que meu pai fez o favor de contar, se isso vai ajudar em alguma coisa, minha mãe apenas me fala a verdade. Ela me mostra a verdade sobre quem eu sou, realmente. O lado que eu tento esconder, e que vocês tentam diminuir, quando na verdade é tudo o que eu sou por dentro.

— E que lado ela faz você ver? — perguntou, tranquila.

— O meu lado aberração.

Falei, simplesmente, beliscando com força meu antebraço. Ela notou, e segurou minha mão. Comecei a chorar, mesmo que em silêncio.

— Eu só queria parar de ser uma aberração, Melanie. E que ela fizesse o favor de parar de me lembrar isso. Não quero que ela seja punida, mesmo com… tudo o que ela fez contra mim. A prova é que eu nunca falei nada. Quero que ela e essas vozes na minha cabeça saiam de mim. Pelo amor de Deus, eu preciso que essas vozes se calem.

— Que vozes, Katniss? — perguntou, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

— Essas vozes! — exclamei, chorando. — As minhas vozes que dizem sobre a outra eu, as vozes que me lembram que eu deixei o estupro da Prim, que me lembram que eu nunca vou ser boa o bastante, que me lembram que meus exames de rotina mostraram que se eu tiver um filho as chances dele ser um como eu são maiores do que qualquer coisa! As vozes que falam que eu vou ficar louca! E que me deixam louca!

Gritei, irritada, e me surpreendi. Chorei mais forte.

— Desculpa, eu não quis gritar — me desculpei, voltando ao meu lugar, me abraçando a mim mesma.

Ela deu um longo suspiro.

— Seu caso é de apenas de Bipolaridade e Depressão, Katniss. Não é um diagnóstico fácil, na verdade, mas você tem que entender que é exatamente isso o que essas doenças te fazem sentir. Nós conversamos toda a semana sobre isso. Você não é as vozes na sua cabeça, não é o que sua mãe fala, não é o que sua mãe fez, seja lá o que ela tenha feito. Você é luz, você é o raio e trovão. Que não destroem nada além das coisas ruins quando você entra no ambiente. Tire isso por sua irmã, que está melhorando cada dia mais e mais. E o momento favorito dela é quando você e seu pai estão com ela.

— Não é como se isso me fizesse acreditar em você, se nem eu acredito em mim — respondi. — Recentemente, é como se houvessem cabos em mim que fossem se desligando aos poucos. Eu sinto que eu vou apagar. E não tem nada que vá impedir isso. Não sei como, não sei quando, mas eu… sinto.

— O que seria seu apagão? — Quer manter a conversa, já que na maior parte do tempo, eu não  falo.

— Você sabe… o último me fez eu tentar me matar. Não sei o que pode vir nesse. Espero que eu não faça nada assim, ou se eu fizer, que eu morra mesmo de uma vez. Prim de qualquer forma vai ser melhor do que eu. Ao menos ela não tem bipolaridade, e nem depressão. Eu tenho tudo isso.

— Katniss, essa é a nossa maior preocupação, sua saúde, sua vida. Precisa entender que você vale à pena. Peeta não diz isso para você? Você disse que está apaixonada por ele, e sente que ele pode ser a pessoa certa.

Tocar no nome dele fazia meu coração acelerar, mas ao mesmo tempo, eu me acalmava, como se seu nome fosse uma espécie de bálsamo sobre minhas inquietações. É como se o seu mencionar fizesse ele aparecer aqui ao meu lado, e me abraçasse, dissipando toda as coisas ruins dentro de mim mesma.

— Sim… ele já disse. — respondi, mexendo em meu cabelo.  — Melanie, eu apenas quero ficar curada, por favor. E eu vou continuar trabalhando, e dando o meu melhor para governar o país, vocês não sabem disso? Isso é tudo para mim, tudo. Eu amo meu país, e as pessoas precisam de atitudes minhas urgentemente, e eu estou me preparando para oferecer um bom reinado para todos. Acho que é com isso que deveriam se preocupar mais, porque é com o que eu me preocupo. E se eu sou um perigo para Prim, esta é a última coisa que eu quero ser. Não sei por que eu não consigo nunca ser curada disso. Deve ser porque o meu “outro lado” tenha alguma razão.

Levantei-me, e abri a porta do meu próprio quarto no hospital. Tem até algumas fotos, livros, que passo tanto tempo assim.

Voltei para meu quarto,no caminho encontrei Georgia, uma das criadas mais idosas do palácio, e ela estava sentada, com uma mão na testa, outra nos joelhos, aparentando estar extremamente cansada. Ignorando minha roupa curta, e um tanto inadequada para estar andando pelo palácio, principalmente porque meus avós podem chegar a  qualquer instante, eu fui ate ela, preocupada.

— O que aconteceu, dona Georgia?

Chamou-a assim por uma questão de respeito e consideração. Me ajudou muito depois do meu diagnóstico, principalmente porque minha mãe logo teve Prim, e eu fui completamente largada de lado. Mas ela, com Maggs, Julianne e minha tia Anastácia, com meu tio Frank, cuidaram de mim, quando meu pai não podia, ou tia Effie.

— Nada, ursinha, apenas cansada. Já estou mesmo velha para o serviço de faxineira — brincou. — Mas estou bem, apenas dando uma respirada.

— Nada disso, seu rosto está vermelho, e sua pele fria, a senhora não pode ficar aqui, vou pedir para levarem-na para o seu quarto urgentemente. Nada de trabalhar por hoje, e nem amanhã! — Decretei, após tocar em sua testa e ficar muito preocupada. — Carl, por favor! — Chamei o guarda. — Por favor, avise a Betty que ela está liberada de todos os serviços por esta semana.

Assentiu, e saiu, imediatamente. Segurei nas mãos de Georgia.

— Há quanto tempo está se sentindo assim? A senhora não me parece nada bem, e não tente me convencer do contrário.

Ela deu um meio sorriso, tocando minha bochecha.

— Sou apenas uma velha. É apenas coisa da velhice, mas eu estou bem. E você deve ficar também. E aparecer mais no meu quarto, sabe que é a neta que eu não tive.

Abri um sorriso, envergonhada.

— Mas como eu encontraria a senhora se está trabalhando mais do que deveria? Lembra que me jurou quando eu tinha sete anos que iria estar na primeira fileira do meu casamento? Escute-me bem, as leis são bem severas para mentirosos!

Ela riu, me abraçando. Recebi de bom grado, devolvendo com o mesmo carinho, fechando meus olhos. Eu quero ser sempre assim. Luto todos os dias para o meu eu que eu amo ser, o eu que eu sou espontaneamente, seja mais forte que o meu eu aberração.

Separei-me de Georgia, para tirar as lágrimas que logo vieram aos meus olhos. Francamente, ela, e toda Panem quem precisam de ajuda, não eu. Preciso ficar bem para ajudá-los, para ser uma irmã presente para Prim, e uma esposa diferente da minha mãe, uma esposa boa. E claro, uma boa filha para o meu pai.

— Então minhas suspeitas eram verdadeiras. Você está se sentindo mal.

Balancei a cabeça em negativa, forçando um sorriso.

— Dona Georgia, eu preciso mesmo ir. Não quero mais vê-la passando mal — fiz um gesto com meu relógio, e com um puxar com a mão, joguei para o relógio dela permissão para a área vip de fisioterapia. — Quero ver a senhora bem.

— Eu ficarei bem com umas horas de descanso, mas você precisa de alguma coisa. Ajudar você nunca foi um problema, sabe disso, não sabe?

Suspirei, assentindo.

— Dona Georgia, a senhora acha que eu posso governar o país melhor do que os meus pais? — perguntei, olhando bem em seus olhos castanhos escuros, que combinam lindamente com sua pele negra. O tempo foi generoso com ela, mesmo que carregue consigo as marcas de uma vida de muitos trabalhos, e as mãos calejadas de tanto me ajudarem a andar, por eu ter tido dificuldade desde que nasci, depois me ajudou a escrever. Mãos que cuidaram de mim, e que eu, nos últimos meses, não beijei ou apertei por estar tão ocupada.

— Você nasceu para isso. Literalmente. Sua mãe já me amparou muito quando eu comecei a trabalhar aqui, no período que ela chegou, mas hoje ela é uma pessoa completamente diferente, porque ela não nasceu para isso, mas olhe para você — mexeu delicadamente em meu cabelo, agora ruivo claro, em protesto por Annie. Georgia já fez tantos penteados incríveis, que perdi a conta. — Você exala realeza, como sua irmã. A realeza de que falo vem daqui — colocou minha mão sobre meu próprio coração. — E daí também vai vir a escolha certa para quem é como você.

Suspirei, e mais vozes na minha cabeça falavam que ela só podia estar alucinando. Mas a parte de mim aqui sentada me fez confiar nela, e na minha psiquiatra. Meu lado Katniss me fez acreditar que ainda podia haver esperança.

— O que a senhora acha se na noite do dia 26 nós dançamos juntas? — perguntei, em um olhar de puro agradecimento pela vida dela. Existem pessoas que não vagueiam sempre nossa mente, e que ficamos dias, semanas, meses, ou até anos sem falarmos com elas, mas sempre vai ser totalmente especial quando se reencontra com elas. Se isso te acontece, você encontrou, por fim, um amor, seja em forma de amigo, ou parceiro. Ou até de familiar. Georgia é mais minha avó do que a mãe da minha mãe, que só fala comigo quando vem para o palácio.

— Com essa folga toda que você deu para mim, acho que até pegar Prim-Prim no colo eu vou poder! — ri, abraçando ela mais uma vez. — Mas seus pais permitiram você ir para a festa de natal de nós, criados?

— Tem coisas, senhorita Georgia, que as pessoas não precisam saber! — Fingiu reprovação, mas depois sorriu, sincera.

— Eu preciso ir lá, ao menos para deixar essas roupas que sua mãe não gostou na sala de costura e — a interrompi imediatamente, suspendendo minha mão.

— Nada disso, vai deixar isto bem aqui, e vai ir agora tomar um banho, para então ir para a sala de fisioterapia vip. Estou mandando a senhora fazer isso. Quando foi a ultima vez que tirou férias?! Céus! Isso não pode acontecer mais vezes! Não pode mesmo! E vou estar monitorando os seus passos!

Ela riu, balançando a cabeça, se levantando, para ir.

— E por que não leva o seu Selecionado favorito para participar da nossa festa? Vai ser divertido!

— Vou fazer questão que ele a conheça, mas não vou dizer quem é — beijei sua bochecha. Pus minha cabeça em seu ombro, e fechei os olhos por um instante, sentindo suas mãos calejadas. Doces mãos calejadas.

As beijei, e pedi para que cumprisse o que eu a pedi, para ir para a fisioterapia, ou ficaria sabendo e teria que ser obrigada a não acompanhá-la na festa dos criados!

Entrei em meu quarto, por fim, e fui surpreendida, encontrando Prim e meu pai no chão, deitados, assistindo um desenho de boneca no tablet.

— O que fazem aqui? — perguntei, confusa, colocando meu relógio.

— Esperando você. Maggs nos expulsou do hospital — papai explicou. — Estamos no terceiro episódio do desenho da “Polyanna e Suas Amigas”, está perdendo a melhor parte.

— Está mesmo, Katmiss! — Prim exclamou, sorrindo. Eu dei um sorriso, feliz por estarem aqui.

— Eu quero assistir também! Então venham agora aqui para a minha cama!

Os dois riram, enquanto eu usei o interfone para ligar para a cozinha e pedir uma torta de limão para mim, uma de maçã para Prim, e de morango para o papai, com suco de laranja para nós três.

— Baby, e os cachorros-quentes?! — meu pai perguntou, então acrescentei também, e um balde de batatas fritas de modo rústico por causa das questões de saúde minha e de Prim.

Meu compromisso da tarde foi desmarcado por causa do meu acidente mais cedo, então eu apenas me agarrei em Prim, até sufocá-la, ouvindo seu resmungo, e meu pai parecia bem pensativo, é claro.

Pude ver a culpa em seus olhos. Me pergunto se ele continuaria assim se eu contasse que minha mãe ameaçou a mim com um estupro, e tudo mais, com detalhes. Talvez ele fosse achar um tapa nela insuficiente.

Mas são tudo possibilidades, das quais eu não poria em questão, em consideração de ser contra quaisquer violência. E ele também é, por isso tanta culpa.

Prim acabou por dormir seis episódios depois.

— Papà, talvez agora o senhor devesse conversar com ela — sugeri, me apertando à Prim, que me apertou de volta. — Seus olhos estão cinzas bem azuis, dá para ver que o senhor precisa falar alguma coisa.

— Mas aí é a questão! Se eu pedir perdão, do modo arrependido que eu estou, ela vai me usar você. Ela simplesmente não é mais a mesma pessoa de quando me casei.

Eu me senti bem triste pelo meu pai. Mas são problemas dos quais eu não deveria me envolver tanto, pelo fato de que os dois agora estão com as mãos “”sujas””.

— O que acham de vocês saírem e conversarem melhor, pai? —  sugeri, mesmo que tudo o que eu mais quisesse era que minha mãe simplesmente fosse embora, e meus tios, que eu nem tenho tido tempo de ver, por causa da minha rotina cheia de reuniões, que têm começado às sete da manhã, até às seis da noite, ou mais, por eu ter reuniões via Internet.

— Não sei, Katniss… —  ele admitiu. — Minha mãe vai chegar depois de amanhã, e sabe o quanto ela odeia a sua mãe.

— Por isso mesmo, será melhor se vocês estiverem bem. Vovó Marie pega as coisas de longe, e ela está vindo da Austrália.

—  É… sua avó sempre foi contra. Sabia que ela só foi para a cerimônia, e não participou da festa? Ela disse que sua mãe tinha algo ruim nela.

—  Pai, eu ainda não entendo como vocÊ se apaixonou pela minha mãe — falei, baixo. Não queria que ele necessariamente escutasse, mas eu assisti os vídeos da Seleção dele, uma vez, com Delly, Johanna e Madge, sinceramente eu não entendi.

—  Katniss, as coisas simplesmente acontecem. Eu não esperava gostar da sua mãe, sinceramente. Eu nunca contei para você e Prim como aconteceu, mas talvez seja a hora… —  a loira no meu colo piscou demoradamente seus olhos azuis cristalinos duas vezes, se jogando no colo do meu pai, depois de me empurrar, fazendo nós dois rirmos. — Eu ia me casar com outra pessoa, com uma das três garotas da Elite, porque meus pais eram muito unidos, e eu sempre fui muito próximo dos dois, e eu ia me casar com uma morena chamada Justine, e porque eu gostava dela.

— Justine?! — eu e Prim perguntamos juntas, olhando para ele. —  A duquesa da Austrália?! — ele assentiu.

Eu e Prim ficamos boquiabertas, sem acreditar.

— Papai! Sua ex-futura esposa é a meio que o braço direito da vovó na Austrália? —  Prim perguntou, atônita, como eu, e ele assentiu. — Jesus do Céu! Então mais uma razão da mamãe odiar a Austrália!

Ele assentiu.

— Sim, ela sabia de tudo, mas algo inexplicavelmente aconteceu, poucas semanas antes do anúncio, eu descobri o que sua mãe fazia quando não estava no quarto, ela estava sempre ajudando a enfermaria dos soldados e dos criados, porque, bem, vocês sabem que ela é enfermeira — assentimos. Eu bem sei, afinal, ela usa isso contra mim quando vem descontar suas raivas. — Um dia, eu apareci, sem contar nada, e ela estava lá, sem maquiagem nenhuma, sem quaisquer aparência, ajudando, da forma mais singela possível algumas crianças que nasceram aqui no palácio. Eu a amei exatamente por quem ela era, e por quem se tornaria ao meu lado. E conforme fomos conversando, eu apenas queria que ela fosse a primeira coisa que eu visse ao acordar, e a última ao dormir. Todas as outra não eram nada ao lado dela.

— Nossa… — Prim disse, suspirando, mas não de uma forma doce. — Mas o que aconteceu para estarem distantes? Vi a mamãe esses dias discutindo com a Rue, discutindo pra valer, por algo que eu nem entendi.

— Primrose, na vida, muita das vezes depositamos todas as nossas fichas em alguém, acreditando de todo o nosso coração de que elas irão fazer algo, continuar sendo alguém que eram, mas quando não fazem, por serem humanas, como nós, nos decepcionamos. Eu pensava que o amor era tudo o que precisava para ser feliz, mas não é exatamente dessa forma. É preciso confiança, paciência. Que isso sirva de exemplo para vocês, principalmente para você, Katniss, que está mais perto de ter que tomar essa decisão.

Fiquei pensando nas palavras do meu pai.

— Então quer dizer que vão se separar? — Prim perguntou, piscando várias vezes, para não chorar.

— Não sei, Prim. Não sei — respondeu, cansado, arrasado.  — Se incomodariam se vocês fossem sozinhas cumprimentar o pessoal que vai vir amanhã? Sei que não vai ser um fardo para você, Katniss, porque são seus amigos. Principalmente o Nicolau.

Eu e Prim assentimos juntas.

— Papai, quero que saiba que eu quero que fique bem. Eu amo a minha mãe, mas eu não gosto do jeito que ela trata a maioria das pessoas e a Katmiss — de todas as coisas que minha irmã poderia dizer, me surpreendeu. Meu pai ficou da mesma forma.

— Prim, calma — intervi.

— O quê? Só estou falando a verdade. Eu já vi a mamãe brigando muito sério com você, e sinceramente, vocês acham que eu sou surda? Eu não vivo em hospitais! Eu tenho aulas, e vivo andando pelo palácio, que também é a minha casa. Não pensem que não chegou as acusações; porque chegaram, e eu fiquei muito assustada, porque ela é totalmente diferente comigo, mas o fato de ser boa comigo, não significa que esteja tudo bem. Papai, apenas pense bem, porque é nossa família.

Nesse instante, em plena sete da noite, o relógio do meu pai apitou, e tinha uma ligação em seu Smarter. O rosto da minha mãe apareceu na tela, e nós três demos um longo suspiro.

— O senhor tem uma longa noite pela frente, pai — falei, Prim assentiu, dando para ele um sorriso triste.

Mas ele parecia estar bem mais. Meu pai está completamente arrasado.

— Vai lá, pai — Prim incentivou, fazendo carinho no ombro dele. — A gente vai ficar aqui esperando o senhor voltar.

Ele não disse nada, apenas nos deu um sorriso triste, mas um olhar agradecido, e saiu. Também chegou uma mensagem em meu Smarter dele avisando que queria saber detalhadamente o que eu tinha conversado com a minha psiquiatra, e que ele está de olho.

— Nossa coroa é ao mesmo tempo nossa maior benção, mas também uma certa maldição — Prim disse, se levantando também, e ela parecia querer chorar. Fiquei preocupada com ela, me pondo de lado para sentir a dimensão do problema que está acontecendo nas nossas vidas. — Veja bem, você vai muito possivelmente se casar com o incrível do Peeta, que é mil vezes mais sincero do que a mamãe. Sabemos bem, todos nós que ele é do povo, e que você será uma rainha maravilhosa. Mas vejamos também pelo lado negativo, não temos muito tempo para a gente. Papai é uma pessoa digna da coroa que usa, mas pode ver? Ele mal tem tempo para si mesmo.

Assenti, tentando entender exatamente onde ela queria chegar. Céus, estive tão ocupada nas últimas duas semanas que eu pouco a vi, parece que ela está crescendo, e amadurecendo mais rápido do que eu possa acompanhar.

— O que sugere?.

— Acho que devamos não nos envolver no caso deles, e sermos o mais leves possíveis enquanto a vovó Rose vir, e a vovó Catarina — Rose é nossa avó paterna, e Catarina, materna. Eu não sou muito próxima de nenhuma das duas, nem Prim, mas são boas avós.

— Entendi, Patinha — falei, dando um meio sorriso. — Mas eu não quero pensar em mais nada hoje, amanhã o Vilu vai estar aí, e a Clove vai trazer o Callum, seu bebê, e vai ser um dia bem movimentado, depois o Dia do Perdão, e eu vou voltar a minha rotina horrível de reuniões e trabalhos até de noite!

— Bem, Katmiss, primeiramente, eu não sei como você chama o Nicolau de Vilu. Segundamente, eu quero e eu amo falar sobre o Peeta, com licença.

Ri, balançando a cabeça, puxando-a pela mão, para sairmos do meu quarto.

— Vamos para a sala de dança, faz uns três meses que a gente não vai lá — assentiu. — E saiba você que quem eu vou levar para a Escolha é o Gale e o Peeta.

Ela ficou boquiaberta, se apertando um pouco no seu robe, enquanto caminhávamos abraçadas pelos grande e largos corredores do palácio.

— O quê?! O Gale?! Ele é um gato maravilhoso, tinha que ser modelo junto com o Cato, mas eu pensava que você estava certa sobre o Peeta! Quero dizer, eu e meu pai até conversamos um pouco com ele, e honestamente, acho até que se ele não fosse um Selecionado, não haveria alguém tão ideal para você. Acho que ele tem o gás para governar que você não tem.

Franzi o cenho, por causa do vocabulário da minha irmã seis anos mais nova do que eu.

— Oi?! Como assim você acha o Gale um gato? Você pode falar essas coisas? E como assim o Peeta tem o gás que eu não tenho?

Ela riu gostosamente, me fazendo abrir um sorriso. Como eu amo quando ela sorri. Não há nada que eu não sofreria para vê-la sempre assim.

— Ué, ele é um gato mesmo, acho que vocês combinam mais, por causa do mesmo cabelo, dos mesmos olhos, da mesma cor de pele. Eu também amaria que ele fosse rei, ia ser excelente, mas ele é mais como você, fica mais por detrás das coisas, não é exatamente um rosto para uma nova fase do país. O Peeta não, ele já vai e fala, faz acontecer, todo mundo sabe disso. E ele é sincero, espontâneo. É como se ele carregasse consigo uma luz diferente, não tem mais nenhum lugar que ele passe sem ser percebido, e nem sente, como você. Mas ele vai ser aquele que vai nos lugares que a sua imagem de princesa, que sempre foi formada, não alcança. Mas caso, por algum infortúnio do destino, e não for para ser vocês dois, escolha o Gale, porque ele é top. Me ensinou a fazer o dedilhado perfeito no piano!

Revirei os olhos.

— Engraçado que apenas vocês de perto tem a convicção que eu vou escolher Peeta.

— Não, todo mundo sabe que vocês devem ficar juntos, mas apenas escolhem o Gale porque ele se encaixa melhor ao seu lado pelas razões que eu te disse, neném. Peeta é loiro, com o olho azul, branco, e pouca coisa mais alta que você, diferente do Gale, que é da sua altura, tem a pele parda, olho cinza, etc.

— Ai, ai, eu tenho uma irmã maluca — brinquei. Ela piscou.

— Eu sou é top!

Dançamos por duas horas, até sentirmos que não tinha mais como nos aguentarmos de pé, e dormimos no meu quarto, como há muito tempo não fazíamos, e eu nem me lembrei de que tenho problemas, tampouco ela.

*

Delly passou o dia comigo, me ajudando, enquanto Johanna podia trabalhar apenas na costura, por causa da sua gravidez na reta final, e Madge ajudando ela, mas deu tudo certo, principalmente quando eu vi Nicolau, me lembrei uma das coisas favoritas de ser princesa, é conhecer pessoas diferentes de mim, mas também iguais.

Conheci ele há uns seis anos, quando fui com meus pais para a Alemanha, por conta de negócios, e nós nos demos completamente bem desde sempre, assim como com seu irmão Marcell. A última vez que eu o vi foi em uma escala que fiz, quando visitei a Nova Ásia, e fui até a Rússia, onde acontecia o sepultamento de sua esposa, Lara Egovra, uma das mulheres mais fascinantes que eu já conheci na vida.

Nunca tinha visto meu amigo tão triste, mas vê-lo aqui, na minha casa, me deixou absurdamente feliz, principalmente porque Peeta e Cato haviam causado isso, com uma organização que nem eu teria conseguido.

— Kamikaze! — exclamou, abraçando bem apertado. — Vamos, me diga, futura rainha, no que posso te ajudar?

Ri mais, depois cumprimentamos juntos, de braços dados, toda sua corte, ele pegou minha coroa e colocou como uma pulseira, rodando em seu braço.

— Então, é sobre a mesma guarda escarlate que você disse que tem na Alemanha e na Rússia — sua postura mudou, ficando mais sério, mas ainda mantinha os passos calmos ao meu lado, e nossos braços entrelaçados. É um dos meus melhores amigos.

— Céus, uma das melhores coisas que meu pai fez em todo o tempo de reinado foi ter aceitado eles ajudando — começou. — Mas os seus, aqui em Panem, são seguros? Desde do que aconteceu com Prim… — fez um vago gesto com a mão, que eu entendi, assentindo. — Aqueles eram do Sul, certo?

— Sim, sim, e eu me encontrei pessoalmente em uma sede. Nick, eu fiquei assombrada com as coisas que tem acontecido aqui. Na Austrália as coisas estão bem mais sobre controle, agora aqui? Crianças estão sendo mortas, espancadas. Ao redor de todo o país — falei, bem baixo, mesmo nós fora do salão que está acontecendo a reunião. — Se Peeta não tivesse ido comigo, e conversando melhor com eles, eu nem sei o que aconteceria. Eu fiquei com medo, mas pude ver que eles estão tentando fazer a coisa certa, porque poderiam ter me matado, ou o Peeta, que estava lá, e não o fizeram.

Ele ponderou minhas palavras, e nos sentamos em um sofá, perto de uma das imensas janelas.

— Você chegou a sair do palácio para se encontrar com rebeldes? — assenti, envergonhada.

— Peeta também achou uma péssima ideia, e foi contra até o último segundo, sendo um escudo corporal para mim inclusive, mas eu precisava ver. Minha mãe escondeu muitas coisas nos últimos anos.

— Ela sempre foi uma vaca — ele disse, balançando a cabeça. — E que bom que ele fez isso por você, embora ele pareça ser meio bobo — ri, assentindo. — Do que precisa?

Expliquei a situação dos nortistas, enquanto ele bebericava uma taça de champanhe, aceitando fornecer as armas, sem o menor problema.

— Você deu sorte, porque meu casamento foi a fusão entre a Alemanha e a Rússia, o que vai ser fácil conseguir o armamento, e tudo mais. Eu apenas fico preocupado com você. Sei que a sua mãe é uma mulher baixa, e se descobrir isso tudo, pode fazer uma loucura.

Um frio na espinha me veio apenas de imaginar o que pode acontecer se minha mãe descobrir algo assim. Ou mesmo o meu pai.

— Está tudo bem. Eu sei disso porque Peeta foi comigo, e não teria sido possível se ele não tivesse me acompanhado — falei, entrelaçando nossos dedos. — Sério, está tudo bem comigo.

Ele me encarou por um instante, com o cenho franzido.

— Seu pai me contou, tá bom, sua falsinha, que você anda muito estressada. Katniss, não se envolve com coisas que te ponham em risco. Eu já tinha gostado desse Peeta, e ia jogar ele para cima de você, mas como vi essa sua cara quando falou nele, já saquei tudo, e nossa, apoio.

Ele brigou comigo, mas seu jeito falando isso foi tão espontâneo, e o seu sotaque é tão lindo, que eu comecei a rir, e ele também.

— Nicolau, por que você não vem mais para cá? Sabe que eu te amo. E você me ama. Poderíamos ser o melhor casal de amigos da realeza que todos respeitarão. — sugeri, abraçando-o bem apertado. — Eu estava com saudades.

— Ai, ai, eu não entendo de onde sai tanta gente do fundo do poço para me falar umas coisas malucas dessas! — falou, em um tom diferente, exibido, em uma brincadeira.

— Ih, ih, maluco é quem fala que as coisa que eu falo são malucas! Já viu as pessoas que fazem parte da sua corte? — ele riu, colocando na minha cabeça minha coroa. — Sua coroação é em Março, e eu espero que seja verdadeiro aquele convite de você me levar para Moscow.

— Claro que é! E eu chamei o Cato e o Peeta também, porque eu adorei eles, nossa, eles são muito simpáticos. E agora sabendo pela sua cara e o seu não responder de quando eu falei do Peeta, sei que é muito possivelmente quem você vai escolher, e eu adorei — sorri.

— Gostou dele mesmo? Eu nem sei como eu cheguei a conclusão de que é ele, e tudo mais… quando eu vi só era ele.

O sorriso de Nicolau simplesmente fez valer todo o dia corrido que eu estou tendo.

— Katniss, é exatamente assim que o amor acontece. Você foi citada algumas vezes, e precisava ver o sorriso que ele dava sem sequer sentir. Vai dar super certo, mas espero que esperem eu ao menos me estabelecer antes de vocês terem bebês ou algo do tipo, porque vocês tem uma conexão bem grande.

Eu corei, mas não podia parar de rir com ele.

— Mas é sério, as coisas entre eu e ele fluem de uma forma tão simples, que não vejo qualquer dificuldade em nos ver indo para as áreas carentes do país, visitando a Inglaterra, sabe? Eu sei que com ele eu posso ir para qualquer lugar, que estará tudo bem. Vendo a relação dos meus pais, até ver tudo o que ele e o Cato organizaram, eu estava com um medo, mas vejo que é desnecessário. Não somos meus pais.

— Isso aí, falsinha — gargalhei.

— Vai ficar mesmo me chamando de falsinha?!

Ele ergueu a mão que não segurava a taça em rendição.

— O que esperava que eu te chamasse? Você mentiu para mim, sua sem vergonha! Me prometeu que me avisaria se não estivesse se sentindo bem! E nem trouxe Prim!

— Já te disse, sem almofadinha, que ela está na aula de matemática, porque ficou de recuperação. Ela daqui a pouco apare — minha fala foi interrompida pelo grito de Prim, vindo quase voando na frente da tia Effie, para agarrar Nicolau em um abraço, fazendo ele gargalhar, tirando ela um pouco do chão.

— Oi, bebêzinho dois! Sabe que o Marcell é o primeiro, né? — riu, assentindo, e eles trocaram algumas frases, quando tia Effie interrompeu educadamente.

— Vossa alteza, me desculpe, mas essa loirinha é uma fugitiva da classe de matemática, e ainda desrespeitou a professora, por ter usado uma palavra feia para vir correndo.

Nicolau continuou brincando, mas em um tom sério.

— Ah, céus, Prim, meu bebêzinho dois, eu não posso acreditar que você pode ter feito tais coisas.

— Pois eu fiz, tia Effie e Nick, sabe por quê? Eu não aguento mais matemática! É insuportável! Desnecessário! Eu quero simplesmente que acabe essas malditas aulas para eu ir morar com você na Alemanha e de folga na Rússia!

Bem que, nós três como adultos, tentamos não rir, mas Prim disse de uma maneira realmente séria e rebelde, principalmente porque vestia calça e uma jaqueta de couro, que dava um ar adolescente para ela.

Nós rimos.

— Prim, vai lá, vai, que logo, logo você vai poder ficar lá na minha casa, e o encher a paciência do Marcell por mim. Minha mãe quer que você vá, ela está com saudades, e porque você tem que ir, eu estou basicamente mandando, e a sua irmã vai — fiquei com um sorriso no meu rosto, e Prim apenas concordou que iria, então seguiu tia Effie para suas aulas. — Acho que temos que voltar para o salão, mas sinceramente, eu vou ficar muito magoado se você me esconder mais alguma coisa, estamos entendidos?

Estendi meu indicador, e ele tocou com o dele, uma coisa nossa, que a gente inventou para prometer algo.

Sorri.

— Prometo que não. E temos que voltar, mas preciso te informar sobre umas coisas também — falei, abraçando-o pela cintura. Hoje tem diversos jornalistas espalhados, espero que peguem uma foto para eu revelar e colocar no meu mural.

— Hm, fofoca, adoro — ele colocou um braço sobre meus ombros. A caminho de volta para o salão, contei mais sobre Peeta, e de que eu às vezes acho que é uma maluquice, mas não tem outra pessoa que me faça sentir tão em paz. Contei sobre o fato de que eu acho que nem que eu quisesse outra pessoa, não me vejo compartilhando minha vida com outra pessoa.

Antes de entrarmos, Nicolau parou comigo, olhando-me nos olhos.

— Katniss, fazemos planos com alguém para toda uma vida, mas simplesmente essa toda a vida não é tão longa quanto nós imaginamos. Peeta desde o início pareceu o mais improvável, mas pelo pouco que eu conheci ele, não acho que tenha alguém que vai te ajudar melhor para colocar esse país nos eixos. Ele é exatamente a peça que falta em você, sem que isso te tampe, ao mesmo tempo. É recíproco, e se você sente isso, cara, não tem nem mais razão para continuar, e se estressar mais. Está, inclusive, te fazendo mal. Aproveita que achou o amor da sua vida, e se casa logo com ele, não perca tempo com isso, porque algo bem maior do que essas coroas sobre nossas cabeças, é o nosso coração pulsante no peito. Eu fui casado por exatamente um ano e dez meses, e foi o um ano e dez meses mais feliz da minha vida. A gente nunca sabe quanto tempo vai ficar aqui, porque somos simples fumaças, ou flores que nascem de manhã e somem de noite. Só vai. Você falou dele por cinco minutos, e estou vendo seus olhos brilhando. E não se preocupe com o trono, ele vai exercer de uma forma excelente, e ao seu lado então… Não perca tempo. E me convide para eu comer essas comidas que só servem em casamento, por favor.

Depois de me dar essa lição de moral, ele piscou, e foi na frente, me deixando com os olhos marejados. Por que eu estou mentindo tanto para mim mesma? Eu amo o Peeta.

Pus uma mão na testa, e entrei para o jantar, mesmo que esteja cedo. Fiquei ao lado de Nicolau, onde conversamos por toda a hora da refeição, sobre ele, dessa vez, e de que está cagando e andando para os seus pais que ficam enchendo a paciência dele para procurar uma outra esposa e fazer uma seleção. Sei que ele está usando o tom de brincadeira, mas vi pessoalmente o seu amor e devoção por Lara, assim como ela tinha para com ele, e acho bem difícil que ele se case nos próximos três anos, não sei. Infelizmente é uma obrigação, na Europa, mas por causa de seu amor por ela, tenho certeza de que ele vai procrastinar o máximo possível, e eu o admirei e o amei ainda mais como amigo por causa disso.

— Um dia, quero aprender a amar como você amou, Nicolau, sinceramente — falei, segurando em sua mão durante a hora do prato principal (que está digno de comer várias vezes). Ele me direcionou um sorriso triste.

— Acho que é apenas o que ela faria em meu lugar. Sei que iria em frente, e que faria o melhor pelo povo, e se um casamento proporciona isso, então que assim seja feito, mas francamente, isso faz apenas quatro meses, como eu teria cabeça para arrumar uma esposa? Não tem o menor cabimento, é uma falta de respeito tão grande que me faltam palavras. Daqui dessa corte de trinta, eu já tenho dezoito para tirar, e sem sentir a menor falta, por terem sugerido algo do tipo.

— Você está certíssimo — concordei, verdadeira. Meu amigo sofreu muito, e ele está sendo muito forte. Ele ama muito Lara, sua esposa, que faleceu durante o parto do primeiro filho deles, que acabou não resistindo também. Eu fiquei devastada, e de luto absoluto por três dias por eles, em silêncio. Vi que seus olhos ficaram violetas, já que são azuis com traços violetas (motivo do qual o chamo de Vilu), mas por causa das lágrimas. — Nicolau, desculpa ter tocado no assunto!

Pedi desculpas, arrependida. Céus!

— Não, está tudo bem — ele disse, com um sorriso torto, aceitando meu carinho em seu cabelo. — Por favor, apenas vá para a minha coroação, ou eu vou acertar uma garrafa de vidro na cabeça de alguém.

Assenti, beijando sua bochecha, pondo minha cabeça em seu ombro, de uma forma que não nos atrapalhasse de terminar a refeição.

Olhei sem querer para Peeta, que me olhou também. Sorriu, acenando discretamente e eu sorri de volta, fazendo o mesmo.

— Ah, não, Kamikaze, faça-me o favor de não trocarem esses olhares de quem quer namorar escondido depois daqui — ri alto com o comentário dele, balançando a cabeça, e nós engatamos em várias fofocas sobre o pessoal de sua corte.

Chorei quando ele precisou ir embora, assim como o mesmo, mas que disfarçou o máximo possível, dizendo que logo nós iríamos nos encontrar, e teríamos tempo de sobra para conversarmos e fazer fofoca.

Dei de presente para ele uma foto nossa, que pedi enquanto estávamos no jantar, e ele me deu um par de brincos.

— Nem fui eu que escolhi, foi a minha mãe porque eu não tenho paciência para isso, mas faça o favor de agradecer e usar isso quando você for me visitar — ri de novo, porque é impossível ficar triste perto dele. Nos abraçamos outra vez, mas dessa vez definitivamente. — Se cuida, tá? Eu amo você, mesmo que seja uma falsinha.

— Cala boca, seu babaca. E você se cuide também, amo você. Lembre-se que eu sou sua amiga, e qualquer coisa que precisar me falar, ou chorar, eu nunca vou ter problemas demais para não te atender — assentiu, e eu me aconcheguei mais em seu abraço. Nós raramente nos falamos por outros meios a não ser o pessoal, mas eu me sinto tão amiga dele, de uma forma tão recíproca, que é insignificante não nos falarmos por mensagem. Mas não há nada que eu não faria por ele, meu pai, Prim, Peeta, Delly, Madge, Johanna e Annie. São meus amigos, e eu faria qualquer coisa ao meu alcance por eles.

Voltei para meu quarto, me sentindo bem triste, porque ele foi embora, então resolvi ir para a sala de música, mesmo que tenha um piano no meu quarto, e fui surpreendida com a visão dos meus pais conversando, bem próximos um do outro, antes da sala, em um do sofás.

Não deu para ouvir o que conversavam, mas eu podia perceber meu pai bem emocionado, e a minha mãe da mesma forma. Ela falava algo que aparentemente era bom, para os dois, ou algo do tipo. Me senti malditamente triste, mas ao mesmo tempo feliz pelo papai, que merece ser feliz, porém triste porque tudo o que eu infelizmente quero é que ela saia daqui.

Corri para meu quarto, e aproveitando que não tinha ninguém, tirei o vestido, o sutiã, desfiz o penteado, e puz apenas uma blusa, já que tem aquecedor.

Dormi, depois de tomar cinco comprimidos diferentes para tratar minha bipolaridade.

Duas horas da manhã.

Comecei a tossir, sufocada, engasgada em água gelada, ao meio dos gritos.

— Mãe! — gritei, desesperada. Ela simplesmente me acordou com um balde de água gelada, para me afogar, e ainda segurou em meu pescoço. — Mãe!

O choro veio imediatamente, regado com a aflição de ter sentido a morte tão perto de mim, e por ainda estar em suas mãos. Outro balde.

Arranhei sua mão, conseguindo ir para o outro lado da cama, ofegante, soluçando de chorar.

— O que foi que você, sua aberração, disse para o seu pai?! Você sabia que ele me pediu um tempo?! — Por eu estar em desvantagem, ainda pelo susto e pelo sufocamento, ela me agarrou novamente, pelo pescoço, me pressionando contra a cama, e eu não conseguia respirar, senti meus olhos ficarem vermelhos, enquanto minhas pernas debatiam compulsivamente na cama. — Sua desgraçada, você parece que veio apenas para acabar com a minha vida!

Acertou com a sua mão livre, um soco no meu olho esquerdo, e eu sabia que ficaria roxo por bastante tempo. A inconsciência começou a vir cada vez mais forte, minhas pernas perdiam as forças para se debater, e minhas mãos não conseguiam puxar sua forte mão.

— Eu avisei que era para você ficar calada! — Outro tapa forte, então, largou meu pescoço, e antes que eu pudesse puxar o ar, dei um grito alto, com o  ar que ainda me restava, pela força que ela puxou meu cabelo, até eu cair de cabeça para baixo no chão, onde fiquei, com meu rosto virado para chão, soluçando de dor, sem nunca entender o motivo real para todo esse ódio que sente por mim. — Isso é para você saber que mesmo que seu pai tenha tirado de mim o poder, eu ainda sou a rainha, e ainda mando em você.

Deu um chute na minha barriga, me virando, fazendo com que eu olhasse para ela, que estava linda, sem aparentar o que tinha acabado de fazer, e sabe disso.

— Trata de cobrir isso antes que suas amigas cheguem. Ou você já sabe.

E simplesmente saiu, me deixando ali, como um lixo, sem ar, sem dignidade, com vocês gritando ainda mais alto na minha cabeça de que eu sou um lixo, e mereço tudo isso pela minha doença.

Mas outra parte de mim ainda se manteve de pé, foi o que me deu força para me arrastar até o banheiro. Encarei a mim mesma. O nariz sangrando, os olhos assustados, um deles ficando inchado, um calombo na testa, marcas de mão no meu pescoço.

— Você não é a sua imagem no espelho, Katniss — sussurrei para mim mesma, de joelhos no chão, segurando ao máximo meu choro, me encarando, nesse estado horrível. — Você não é isso.

Caí, depois de me lavar, e fui para o sofá, não para a cama, onde chorei mais ainda.

Desejei que meu pai visse o que ela faz comigo. Sei que ele largaria tudo, largaria ela, e o amor, que diz que sentiu, mas eu não me senti na posição de causar essa situação. Então apenas desejei que a vida cobrasse isso dela. A chamei de maldita inúmeras vezes no meio dos meus soluços presos por causa da pressão que ela fez contra minha garganta.

Por dentro, eu estava como por fora, quebrada. Mas eu sabia que isso logo iria passar. Senti uma paz, uma voz boa que me disse que isso vai passar.

Só que ainda não passou, e eu continuo sendo eu, uma bagunça, preciso aceitar isso. Chorei até passar mal, e cair no sono novamente por causa do cansaço.


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Notas finais do capítulo

Bem, pessoal, eu gostaria de mais uma vez agradecer profundamente por cada comentário, cada favorito, cada um é muito especial para mim, e eu aenas não tenho como retribuir, apenas desejando que esse bem que fazem para mim retorne para vocês da melhor forma possível.
Espero que tenham gostado, deu muito trabalho para escrever, porque a Katniss é uma personagem muito difícil de lidar, mas escrevi com muito amor e paciência para que pudesse ajudar alguém, apenas ajudar a sair um pouco da órbita terrestre.
Pessoal, bem, esse cpítulo não é para todos os gostos, vou entender caso não queira comentar, ou deixar sua opinião, mas se isso for ajudar, se você achar que vai ser importante, pode comentar, está tudo bem.
No capítulo passado perguntaram se tinha como a Katniss fazer algo sem medir as consequências, e nesse, como leram, não teve espaço kkkkkkkkkkkkkk mas no próximo pov dela, vai ser bem mais curto (muito mais curto mesmo), e em um formato também diferente, vai ser bem mais ela na sala de reuniões, sendo ela, lutando pelo povo, e mais para frente vão ver que nem há muito da Katniss dos livros.
Me desculpem, gente, caso esse capítulo tenha soado bem pesado, pela quantidade de palavras, ou pelo o que nele foi tratado, mas é assim mesmo, apesar do fato de ser a reta final.
No próximo, irei trazer boas notícias... Aí agora é sério, boas notícias estão vindo para o Nyah, e para essa fic!!!!! ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ estou aberta para sugestões!

E bem, pessoal, sobre o próximo capítulo, que já está escrito, e com 7764 palavras (sim, é MUITA coisa), eu vou postar na sexta-feira, dia 02, um dia depois da estréia de Red Sparrow, porque esse capítulo foi bem denso, com muita coisa, e o próximo vai estar parecido, mas diferente, vai ter três fases diferentes, que lendo vocês vão ver, mas é, particularmente, um dos meus favoritos em toda fic, pelo fato de que o Peeta está do jeito que ele sempre deveria estar.
E mais um trecho de spoiler!!!!
"— Possivelmente não, Peeta. Você vai — ela disse, com um sorriso, inclinando-se para mim uma outra vez, me beijando na boca, dessa vez. Sorri, porque não tem mais o que se fazer quando ela está em um lugar. Sua presença é envolvente. — Me diga aquelas três palavras — pediu, em um sussurro, enquanto meus beijos escorregaram para seu pescoço, carinhosamente.
— Não posso, não agora, e você sabe o que eu sinto — respondi, parando, para olhar em seus olhos cinzas. O sorriso dela foi maior."
Como podem ver, o que o capítulo de hoje não trouxe, o próximo vai trazer, mas sem todo o ar, façam suas apostas.
E bem, galera, me indiquem músicas para ter ideias para essa reta da fic, por favor!!! Pelo menos uma música! Eu estou fazendo uma playlist, e até o término dessa fic, em nome do Senhor eu terei uma conta no Spotfai e vou fazer lá uma coleção só dessa fic, e quero que vocês façam parte também!!! A Sil me deu uma tão boa, que nossa, quando chegar a hora, ela vai ter uma nota só para ela e com tudo o que a música me inspirou!!!
Não tenho mais nada para dizer a não ser que, aliás, nenhuma violência é justificável, e que faz perder completamente a moral. Espero ter deixado isso bem claro no decorrer do capítulo, e que é algo muito sério, e eu ainda vou tratar mais sobre isso nos próximos capítulos.
Galeris, mais uma vez, muito obrigada, a presença de cada um de vocês é muito importante, e não tenho mais nada a dize, realmente, a não ser um muito obrigada por tudo, por causa palavra, cada sugestão, isso salva totalmente o meu dia. Que Deus abençoe muito cada um de vocês, e lembrem-se de que vocês são luz. LUZ!!!! ♥