A Seleção da Herdeira escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 21
O que estou fazendo aqui? | A Seleção


Notas iniciais do capítulo

OOOOOOOIIIIIII! *fogos de artifício*
Pessoal, falei que viria no meu aniversário, e cá estou eu! kkkkkkkkk com 16 anos! Daqui a pouco estarei comprando Calcitran D3 com a Aracy, eu sei... ou um dipirona na farmácia, porque bateu uma dor nos ossos, que misericórdia! Que não seja chikungunya! Nome feio!
Bom, sem mais delongas, sendo meu aniversário, eu quem venho trazer algo para vocês, mas isso não é o presente, e sim todos vocês que magicamente comentam em todos os capítulos, vibram comigo, choram, riem, e eu não poderia ficar mais feliz depois de ser renovada, espiritualmente falando. Muito obrigada a todos vocês, e eu sei que não respondi muitos comentários, apenas os mais curtos, mas estou dando o meu melhor, juro! Bom, vou parar por aqui e deixar que vocês leiam um dos meus capítulos favoritos em toda a fic e porque houve uma atualização de Guerreiro do Trono e Beyond Two Souls, que eu sou fã pra caramba, mas não vou poder ler agora *chorando* nada mais"agradável" que passar o aniversário estudando para Biologia e álgebra, não é mesmo? Droga, quase passando da meia noite! Bom! Até as notas finais, pessoal!
*eu correndo desesperadamente as escadas, com gritinhos desesperados para dar tempo*
ESPERO QUE GOSTEM! E FELIZ ANIVERSARIO, ESTER! ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥

NOTAS FINAIS PORQUE O SITE E IDIOTA BOBO E FEIO!

*Hey! *olhos enormes prestando atenção em vocês* O que acharam, hein, hein, hein???? *gargalhada*
Foi mal, é que meu bolo foi do Percy Jackson ♥ (com direito a um "sabidinha" escrito em cima), e tudo estava azul, até a massa! *olhar apaixonado*
Bom, agora, aos spoilers!
Música de abertura: Lost Stars, Adam Levigne (SSSSIIIIMMMMM! WE ARE ALLLLL LOOOSTTT STAARRRSSS!)
"— Gostei do arroz no formato de estrela. — Finnick disse, mexendo com cuidado para não tirar da forma. — Uma pena que eu estou com fome. — e encheu discretamente o garfo, acima do que nos fora ensinado e colocou na boca para apenas eu, Gale e James, o mordomo vimos.

Precisamos segurar a risada ao máximo, mas ela escorregava pelo nariz, e quando vimos, nós quatro estávamos rindo, porque Finnick se engasgou de verdade e um grão de arroz ficou em seu queixo e outro na ponta do nariz, quase.

Então fomos surpreendidos pela Katniss se levantando de repente, com uma expressão inquieta."
"— Embora me doa tomar essa atitude, conversei com minha família e com alguns conselheiros íntimos, e decidi proceder ao afunilamento da Seleção para A Elite. Contudo, em vez de dez, resolvi dispensar todos vocês, com exceção de seis. — completou, mantendo a postura de rainha, aquela que não chora e pouco sente, mas eu entendia a tonalidade de seus olhos um pouco melhor, e pela nubles da qual se encontravam, ela estava desmoronando aos poucos por dentro.

— Seis? — perguntou Gale, impressionado.

— Isso é tão injusto! — resmungou Jake, quase chorando de raiva, talvez.

Corri os olhos pela sala de jantar conforme o burburinho de reclamações crescia e diminuía. Finnick, que tinha admitido não querer e nem conseguir algo a mais que amizade com a princesa, havia ficado tenso mais uma vez, inquieto. Por que havia ficado assim se não estava pela princesa?

— Não quero estender que o necessário. — Katniss disse, formal, e a mãe a olhava como se fosse a coisa certa, assim como o pai, enquanto Prim balançava a cabeça em negativa, decepcionada. — Assim, apenas os seguintes rapazes continuarão aqui: senhor Finnick Odair, senhor Gale Hawthorne...

Finn suspirou aliviado, com uma mão no peito, e Gale ficou boquiaberto, realmente surpreso por isso, estava estampado em seus olhos e na expressão que teve totalmente espontânea. Seria cômico se não fosse tão sério.

— ...senhor Blane Dobrev, senhor Cato Mason... — continuou Katniss, olhando para cada um, me deixando furioso por ter incluído Cato nessa lista. Olhei para o garfo que eu ainda segurava.

Agora, acho que sairei da Seleção, já que quase sai da outra vez por causa do Cato, e aqui ele está agora.

Talvez eu possa pagar alguma faculdade, e me estabilizar em um emprego que possa ajudar meus pais.

— ...senhor Calvin Carter... — anunciou, e eu me dei conta que só restava um.

Pense em que você fará no Três depois de amanhã, Peeta, pense! Gritei em meus pensamentos, mas as profissões não dariam certo comigo. Eu como médico? Nunca. Professor? Eu nem falo!

— E senhor Peeta Mellark. — Ergui meus olhos em sua direção, olhando bem dentro de seus olhos, intensos como um furacão.

Eu havia ficado.

Como isso aconteceu, no final das contas?

O bilhete, lembrei-me, mas por que eu? Com esse pensamento, eu não consegui relaxar, não enquanto haviam outros que seriam muito melhores do que eu nessa disputa e para governar."

E isso é tudo, pessoal! Ah, gente, por favor, só porque eu não respondi aos comentários ainda, não significa que eu goste mais de alguns do que de outros, ou que não me importo, ok? A razão é que realmente está tudo muito corrido, mas eu vou responder TODOS vocês, com todo o prazer do mundo inteiro, podem ter certeza, e que me tiram o fôlego e pesadas lágrimas dos meus olhos ao ler o que me escrevem, porque não veem o sorriso enorme que eu abro ao ler cada um dos comentários. Amo mesmo vocês, e que o Espírito Santo envolva cada um que está atrás dessa tela. BEIJOOOOS! *pupurina, então eu saio*



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Oh aqui, oh aqui 

 

Ah, eu me perguntava, o que estou fazendo aqui?

Oh aqui, oh aqui 

 

E eu não posso esperar para podermos dar o fora daqui 

Desculpe-me se eu pareço pouco impressionada com isso

Uma pessimista anti-social, mas normalmente eu não brinco com essas coisas

 

E eu sei que você só quis dizer coisas legais

E você não queria me incomodar

Mas honestamente eu preferia estar

Em algum lugar com meus amigos, pra curtir e só ouvir

Musicas com boas letras, como sempre fazemos

E falamos dos nossos sonhos, como planejamos, tomar conta do mundo

Então, perdoe meus modos, eu espero que você entenda que eu estarei aqui 

 

Não estarei na cozinha

Com a garota que está sempre fofocando sobre seus amigos

 

Oh, diz pra eles que eu vou estar aqui

Ali perto do menino que está vomitando

Porque ele não aguenta mais beber nem um pouco 

 

Oh Deus por que estou aqui? 

Eu nunca deveria ter vindo

Então parabéns pra mim, eu vou esperar no carro até você ir embora

Eu estou na minha, não quero o que você está me oferecendo

E eu parei de falar, isso é muito triste mas tem que ser desse jeito

Então diga aos meus amigos que quando eles quiserem, eu estou pronta

E eu vou ficar aqui parada ao lado da TV com o meu gorro abaixado

 

Eu estarei aqui 

— Here, Alessia Cara

Demorei ao máximo para comer o café da manhã, e consegui comer mais do que nas outras vezes, pois não aguento nunca chegar no terceiro prato dos sete, já que sempre comi pouco, mas hoje, excepcionalmente hoje, consegui comer quatro.

Razão de tanta calma e vontade de comer? Hoje é o dia que a rainha está disponível, e quer falar comigo o que ainda não falou da outra vez.

Mas não deu. Era chegada a hora de ir lá, e conversarmos. Eu só espero o pior. Com certeza, tudo vai dar errado, eu vou fazer alguma besteira. Posso sentir. Meu sensor de "droga" tá disparado, apontando para mim mesmo.

E se eu não estragar tudo, não sou eu.

— Por aqui. — Indicou uma moça, um pouco mais velha do que eu, com as roupas de criada, mas com uma blusa de cor diferente. Era acizentada.

Levantei-me do sofá, onde pediram que eu fosse esperar, logo após todos se levantarem da mesa do café da manhã.

Arrumei a gola da blusa branca mais uma vez, alisando a gravata azulada. Suspirei fundo e a segui em silêncio.

Os corredores mudavam um pouco a cada passo, com novos tons pastéis, nova mobília, mas não ficava desregulado. Era tudo simplesmente como um quebra-cabeça, e tudo se unia de forma uniforme e atraente. Tudo simplesmente completo.

 

— É ali — a moça disse, baixando os olhos para não me olhar.

— Muito obrigada — agradeci, caminhando em passos calmos, porém um pouco nervosos até as portas grandes e brancas.

Haviam mais guardas por aqui, claro, já que ela era a rainha. Misericórdia. Eu vou morrer 

— Hey, garoto... — O guarda que estava segurando a maçaneta do escritório da rainha se pronunciou, com um olhar de pena. — Boa sorte. Você vai precisar.

Senti minhas pupilas dilatarem um pouco de tanto medo. Ela nunca chamou ninguém aqui, digo, nenhum Selecionado. Com certeza, estou muito ferrado. Deveria ter tido mais modo na mesa, e comido um pouco mais para não fazer desfeita.

Os dois abriram as portas, cada um, uma, revelando uma sala grande, com paredes pintadas em um pérola, um branco com brilho suave, que nunca incomoda os olhos, e tinha alguns porta-retratos nas paredes, todos ovais, com fotos da família, dos momentos mais importantes, como a preparação de Katniss para seus 18 anos - de acordo com as fotos na revista -, Prim andando de bicicleta, com o pai atrás, e ambos sorridentes, os quatro, com uma pose nobre, onde o rei e a rainha estavam em seus respectivos tronos, Katniss a direita do pai, e Prim a esquerda da mãe, de pé as duas, com roupas perfeitas. Ambas perfeitas na foto, com seus pontos mais bonitos em destaque, como os olhos e o sorriso no canto do rosto.

Havia uma da rainha grávida, e Katniss com o ouvido em sua barriga, fascinada, provavelmente tentando ouvir a caçula e sentir melhor os chutes. Tinha uma do casamento, e era em um porta-retratos um pouco maior. Ela estava em seu melhor dia, com certeza, e os olhos claramente brilhavam, assim como os do rei. Ninguém poderia dizer que o casamento deles é armação.

Katniss quer alcançar isso, e eu também. Quem não quer amar e ser amado? Mas seus pais pareciam diferentes, tendo essa semelhança com os meus pais. Eles brilhavam quando juntos, e de longe qualquer um via esse amor. Esse é o mais raro de se encontrar ao passar dos dias.

— Gosta das fotos que vê? — A voz da rainha preencheu o ambiente, então as portas foram fechadas.

Todo meu corpo congelou, imediatamente, então, de alguma forma, me virei para a dona da voz, que tinha um sorriso no rosto, um sorriso torto e gentil.

— Perdão, e-e-eu só estava... — Tentei me redimir, mas ela apenas me interrompeu com sua risada, indo para sua cadeira.

— Sente-se e vamos conversar.

E eu obedeci, ainda não relaxado, porque o sorriso da Katniss é o mesmo que o dela, então é estranho vê-la rir sem enxergar os olhos cinzas de sua filha.

— Essa foto é linda — falei, pegando na mão o porta retrato animado de Prim , e ela riu divertida.

— É uma das minhas favoritas... — disse serenamente. — Faz alguma ideia da razão para qual eu te trouxe aqui? 

— Não, senhora. — Sorriu mais uma vez, constrangindo-me ainda mais, pois não era comum sorrirem tanto assim para mim. Katniss era a única que fazia isso direcionado a mim, depois Gale, mas esse aí sorri pra todo mundo e ri por tudo.

— Acho que a Ursinha não disse coisas positivas sobre mim, não é?

— Ursinha? — franzi o cenho, confuso. Prim ou Katniss? 

— Katniss, a Ursinha. Eu a chamava assim por causa das bochechas gordinhas. — Ri sinceramente. — Ela comentou...alguma coisa sobre mim? 

— Na verdade, ela não comenta muito da senhora ou do rei. — Eu só sabia que a princesa não tinha uma relação tão boa com sua mãe, mas prefiro não me envolver nisso, pois não deve ser nada demais além da pressão imposta sobre as duas. 

— Isso é esplêndido! — disse parecendo animada, com um sorriso que fazia seu rosto brilhar, quase, e seus olhos azuis claros ficarem mais aparentes.

— Eu te chamei aqui apenas para perguntar... — Tamborilou os dedos na mesa, pensando se falava ou não. — Quais suas intenções com a minha primogênita? 

Eu sabia que Katniss detestava passar um tempo a sós com sua mãe, honestamente, enquanto era totalmente o oposto com seu pai, mas e agora? Pensei em toda essa nossa relação conturbada pelos meus olhos e no quão difícil é tudo isso, digo, me expressar.

— Com certeza, não estou em busca da coroa. Ela é autêntica e apaixonante demais para olhar para o topo de sua cabeça e não para seus olhos. — A rainha ficou um pouco séria, franzindo levemente o cenho.

— Ela não é saudável, nem mentalmente estável. — Eu não a enxergava mais como rainha, e sim como uma mãe que não ligava realmente para seus filhos. Meu coração acelerou com um pouco de raiva, mas mantive a expressão neutra no rosto, ouvindo tudo o que diria.

— Mas eu não me importo com isso. — Balancei a cabeça em negativa, com os olhos fechados por alguns instantes. 

— Sei que não. A começar pelo lugar de onde veio, preza mais o valor nas coisas que não se pode ver do que as que pode tocar. — Olhei em seus olhos, procurando deboche, e me senti estranho por talvez ver que ela entendia o que eu sentia por sua filha. Talvez mesmo, mais puxado para o não, pois exala soberba. 

— Seu jeito de ser é bem mais atrevido do que eu tinha, claro, mas eu sei como é se sentir totalmente excluído pelas outras pessoas de Distritos superiores, que acham que são melhores. — Suspirou, fechando os olhos. Parecia que ela sofria. — E eu admiro você por não perder a cabeça. 

Segurou minhas mãos com carinho, entre as dela, que eram gentis.

— Se ela escolher você, e aceitar tornar-se rei de tudo isso, espero que não seja como eu sou. — Não entendi o que ela quis dizer, honestamente, pois não a conhecia, mas ouvi com atenção, só que com o cenho um pouco franzido. — Continue sendo amigo, abnegado aos outros. Só tome cuidado com o que diz para não causar problemas, ou o Sistema te coloca pra fora na mesma velocidade que pisca os olhos. Sete milésimos. 

— Sim, senhora — respondi, um pouco ansioso com a situação. Não sabia o que fazer. Tão pouco o que dizer. Meu vocabulário não é amplo como o dos outros Selecionados, e nem conhecimentos gerais. 

Ela riu. 

— Você não é uma pessoa de muitas palavras, não é? — Ri, envergonhado, abaixando a cabeça para que não me veja corar. 

— Não, senhora. — Nunca fui, e com a confusão que está a minha mente, é melhor que fique por isso mesmo.

— Não sei o que ela sente a seu respeito, mas parece ter sentimentos concretos sobre você. — Olhei-a nos olhos novamente. — Use isso ao seu favor.

 E piscou, deixando tudo subentendido, ou talvez nem tanto assim. Apenas sei que com uma mãe dessas, que conta o que o filho sente, e o chama de mentalmente instável, eu não iria precisar de inimigo.

 — Aceita um biscoito? — perguntou, deslizando um pote formoso de cristal em minha direção.

 — Oh, não, muito obrigado. Eu já estou satisfeito — falei, suspirando. Parecia que eu ia explodir de tanto que que comi no café, e ainda não estava no peso adequado para a Capital.

 — São os meus favoritos — disse, com um sorriso do tipo "eu sou a Rainha. Coma. Eu tenho poder sobre você e quase a sua alma". 

Peguei um, assim como ela, que me dizia sobre coisas que a Katniss tinha feito na infância, e eu ria, como da vez que foi descer de bicicleta as escadas do Palácio, mas não deu certo. 

— Ela parecia um rolinho caindo uniformemente por mais de treze degraus. Tinha apenas seis anos, e ficou sem os dois dentes da frente. Por sorte, era a idade deles caírem, mas ainda sim, nós não encontramos os dentes.

Por alguma razão, eu não estava me sentindo relaxado ou confortável. 

Bem do caráter de Katniss fazer uma coisa dessas, quando comecei a sentir a minha garganta arder, assim como a língua, uma formigação diferente, e eu entrei em desespero.

Ai meu Deus.

Ai meu Deus!

Entreabri os lábios, puxando ar, ou melhor, tentando. Cacau. É biscoito de chocolate.

— O que foi, meu bem? — perguntou, e eu vi um tom de maldade em sua voz. — Você está um pouco vermelho...

E-e-eu sou a-a-alérgico a chocolate — falei, baixo, com medo de perder todo o pouco oxigênio que eu tinha nos pulmões.

— Oh... — disse vagamente, então se levantou da cadeira. Não me preocupei em olhar para onde ela estava indo, pois me curvei um pouco, cobrindo o rosto com as mãos. Por sorte, eu não fico inchado, mas minhas bochechas ficam extremamente vermelhas, e não consigo respirar.

 

— Tome. — Me entregou um comprimido, mas fiquei com medo de colocar na boca. — É sério. É Loratadina.

 

Quando a gente está quase morrendo, aceita o que nos oferecem. Tomei logo, fechando os olhos com força, escondendo o rosto nas mãos.

 

A rainha colocou uma mão nas minhas costas, fazendo carinho, então aproximou a boca do meu ouvido e sussurrou:

 

— Eu sei tudo sobre você, e agora sabe o que eu posso fazer. Espero que não seja uma ameaça a esse sistema, não me decepcione. Entendeu? Viu só uma parte do que eu sou capaz, então não brinque aqui.

Olhei em seus olhos azuis como o céu de Angeles no verão, sem quaisquer nuvem. Não precisei responder.

Meus pulmões ardiam como brasas, assim como todo o meu corpo, e minha garganta estava totalmente ardida. Sinceramente, eu poderia jurar que alguém rasgava a mesma com uma navalha.

— Gosto mesmo de você, e o suporto, como todos, mas é diferente. Não me obrigue a ter que eliminá–lo.

Completou, e eu sabia que tudo seria muito pior do que eu imaginava. 

...

— Você está quente demais, mas sem ter nada — Júlia falou, com o cenho franzido, confusa. — Precisa nos contar o que está acontecendo. Te encontramos todo triste de manhã, aí agora nem almoçar você quer!

Ontem, Delly me acompanhou até o quarto, me beijando, e eu a beijei de volta também. Chorei a madrugada toda, e agora, fui ameaçado de morte pela rainha.

— Eu estou me sentindo ótimo — falei, me cobrindo na cama, colocando um travesseiro sobre meu rosto, fechando os olhos.

ATA! — Stefan disse, e eu tenho 89% de certeza que ele revirou os olhos. — Vai contar ou não o que a rainha te disse?

Pensei duas vezes. O que aconteceria se eu contasse? Porque se eu não contar, sei que vou ficar com medo a semana toda. E talvez todo o resto da minha estadia por aqui no palácio.

— Ela me ofereceu biscoito de chocolate. Mas eu não sabia. Ela sim — contei, ainda com o travesseiro no rosto. Ouvi eles prenderem a respiração.

— Você vai sair da Seleção? — Layla perguntou, sentando-se na cama.

Apenas respondi com um dar de ombros, suspirando. Não vou chorar pelos próximos vinte anos. 

— Você pode contar para a Princesa — Júlia disse, preocupada. — Não precisa guardar tudo pra você.

Maneei levemente com a cabeça, agradecendo mentalmente a Deus por eles três na minha vida.

— Eu estou bem, de verdade. Só não quero comer nada. 

— Mas é cozido de carneiro. — Tirei o travesseiro do rosto quase na mesma hora, abrindo os olhos. 

— É o quê?! — Eles começaram a rir, mas era cozido de carneiro. Eu amo cozido de carneiro. 

— Te enganamos. É estrogonofe de carne, mas podemos pedir o cozido se quiser. — Sorri, fechando os olhos, com a minha mão esquerda sobre a minha bochecha do meu lado, assim como meu olho, afundando um pouco na cama. 

— Nossa, isso foi um por favor tãããooo infantil que vou ir láááá na cozinha buscar pra você — Stefan disse e eu sorri, feliz. 

— Obrigado. 

— Vamos te deixar sozinho. Tente não morrer de saudades nossas — Júlia disse, sorrindo torto, puxando Layla pela mão, seguindo Stefan.

Olhei para o teto branco com gentis detalhes azuis. Eu não gosto muito de azul, apenas do que a cor me causa, como por exemplo, quando olho nos olhos do meu pai ou de Ben. Quando acordo me sentindo bem e vejo o céu azulzinho, trazendo esperança mais uma vez.Fechei os olhos, suspirando, e sem querer dormi, não sendo acordado até a minha aula de matemática.

##

— E se a gente fosse para aquela cachoeira? — sugeri a Princesa, quando ela me puxou de repente para um sofá perto da janela, quando eu estava a caminho do meu quarto depois de estudar logaritmos. 

— Preciso sumir — Katniss disse, balançando a cabeça em negativa — eu quero sumir daqui. 

— Então — falei, como se fosse óbvio, tirando uma mecha insistente que caia sobre seus olhos. — Se você quiser, estou a sua mercê para irmos para a cachoeira. 

Olhou para mim, com os olhos marejados, então segurou a minha mão, olhando para nossas mãos juntas, embora não entrelaçadas. 

De algum modo, fazia minha respiração ficar acelerada, assim como meu coração. E eu gostava. 

— Não podemos ir tão longe. Está afim de ir até o jardim dia 1º? — Sorri. Cairia em um domingo, dia 01 de dezembro. 

— Claro. E bem, eu iria a qualquer lugar com você — falei, dando de ombros. Sem soltar nossas mãos. — É confortável ficar assim — ressaltei, rindo. 

Ela riu também, deitando a cabeça sobre meu ombro, e eu sobre a sua cabeça.

 — Por que quer sumir daqui e ficar sem todo esse luxo? — Sorriu, acomodando-se melhor.

 — Eu só quero sair mesmo. Queria ir caminhar hoje no jardim, mas não tem como, infelizmente. Ah! — Olhou em meus olhos, empolgada. — Teremos a sessão de fotos na sexta-feira! Posso te colocar para último, então... — Arqueou uma sobrancelha.

 — Poderíamos ir para a casa na árvore. Sol pode ajudar a gente a passar despercebido. 

Meu coração parou por alguns segundos, então soltei a respiração que nem sabia que havia prendido.

— A gente pode ir normal — falei, querendo evitar ver Delly. Surpreendi com o fato de ter conseguido dizer em um tom audível e claro. — Podemos simplesmente fazer como naquela noite. 

Ficou pensativa, franzindo levemente o cenho. Parecia com sua mãe, mas era calorosa, de alguma maneira. 

Inclinei-me um pouco, beijando sua bochecha. Queria poder ter permissão para beijar seus lábios, mas não a tinha. Mas bastou esse beijo simples e sem segundas intenções para tudo girar devagar e o mundo ficar em silêncio, ocupando-se com as batidas do meu coração, fortes, descompassadas, rápidas. Eu sabia o que significa tudo, mas quando pensei em Delly novamente, meu coração continuou batendo forte. 

Estou perdido. 

Katniss se virou para mim, com as bochechas avermelhadas, e olhou nos meus olhos.

 — Você quer ir comigo para a casa na árvore sem mais ninguém saber? — perguntou, com uma sobrancelha arqueada, divertida. 

— Hm... — Coloquei uma mecha de seu cabelo novamente atrás de sua orelha. — Eu quero tomar champanhe. Fico com vergonha de pedir na presença de outras pessoas além da sua. 

Ela abriu um sorriso enorme, pela confissão que eu fiz. 

— Eu posso pedir para que você me ensine uma coisa? — Ri, balançando a cabeça em negativa. 

— Acho que a única coisa que posso te ensinar é Log de base 2 igual a x. — Ela gargalhou, cobrindo o rosto com as mãos lhes cobrindo os olhos. — Sério! É tenso! 

— Não! Não! Quero que me ensine como fazer alguém dizer que me ama! 

— Hm... — Era algo bem interessante para responder. — Você não precisa ouvir um "eu te amo" para saber se é amor. 

— Hm... — Entreabriu os lábios, então os fechou novamente, repousando a cabeça em meu ombro mais uma vez. 

Fechei meus olhos assim que coloquei novamente a minha cabeça sobre a dela, com nossas mãos unidas. Era confortável estar assim, sentindo o seu perfume favorito — já que sempre o usa — e o aroma do seu shampoo de baunilha. 

Não sei quanto tempo se passou, ainda mais quando ela começou a fazer carinho na minha mão com o polegar, e quando parou, eu quem fiz para retribuir.

— Preciso ir — murmurou, dando uma olhada no relógio. 

— Já? — perguntei, querendo que ela fique a tarde inteira. 

— Te juro que eu passaria o dia todo com você. — Afastou-se um pouco, para olhar em meus olhos, colocando uma mão no meu ombro. Inclinou-se um pouco, beijando-me, e eu correspondi, segurando com cuidado o seu rosto. Um pouco da aproximação dela me faz fechar os olhos, de tão boa. Quando nos beijamos, é como beber champanhe.

Um...vício?

Eu não queria que ela fosse, nos afastando um pouco, beijando-a outras vezes, com selinhos, indo para sua bochecha e pescoço, reconhecendo que os guardas não estavam por ali. Sua respiração se acelerou, e a minha também.

— Você não é uma boa pessoa — sussurrou, ainda com os olhos fechados, fazendo-me sorrir sincero, trazendo-a para mais perto, beijando-a mais uma vez, só que dessa vez com uma mão em sua cintura, fazendo carinho.

— Nunca disse que eu era bom — debati, no mesmo tom, beijando sua nuca depois de colocar seu cabelo para o outro lado. — Por que você tem que ir? — perguntei me afastando um pouco, olhando em seus olhos cinzas que brilhavam mais do que nunca. 

— Reunião sobre a economia do país, e vai demorar. Já estou meia hora atrasada propositalmente. — Ri, balançando a cabeça em negativa. 

— Nossa, mas que futura rainha compromissada nós temos aqui, hein? — Ela riu, encolhendo-se um pouco quando tirei os seus cabelos do ombro direito, sorrindo para mim no final.

— Eu não gosto dessas reuniões, as pessoas são muito ridículas. — Ri mais uma vez. — Gostei. Você sorrindo mais. Fica ainda melhor assim — falou, colocando meu cabelo para um lado com os seus dedos finos ágeis. Senti minhas bochechas esquentarem e o sorriso desaparecer. Ela gargalhou da minha cara. 

— Tchauzinho — disse, beijando minha bochecha enquanto me abraçava. A abracei excessivamente apertado, brincando, claro, e a sacudi um pouco, arrancando dela uma de suas risadas ridículas que fazem todo mundo rir. 

— Peeta! Ai! Ai! — disse, tentando se afastar, mas também era brincando. — Seu bobo! 

— Boba é você! — exclamei, rindo, soltando-a de repente, e ela quase caiu. — Eu ia rir mais se caísse — falei, com um falso tom de superioridade.

Ela riu, dando três passos a caminho de seu destino, mas parou, voltando até mim, colocando os braços ao redor do meu pescoço, me beijando novamente. 

— Espero que esteja bonito para as fotos — brincou, arrumando a gola da minha blusa. Sorri, vendo seus lábios um pouco inchados e vermelhos por causa do beijo, entreabertos por estar sem fôlego, e eu sabia que estava da mesma maneira. 

— Só se prometer que estará também. — Sorriu. 

— Claro, amizade. — Ri, fechando os olhos. — Tchau. 

— Tchau. — E dessa vez, ela se afastou mesmo, indo correndo para onde estava tendo essa tal reunião. 

No dia da sessão de fotos 

— Cada um vai tirar oito fotos — Júlia disse, terminando de escovar o meu cabelo, que resolveu acordar com alguns cachos. — Quatro de termo, smoking, essas coisas formais, e outras quatro com roupas informais, como calça comum, ou os seus jeans. Bermuda, camiseta, assim. A princesa já escolheu qual o fundo para a foto de vocês.

— E qual será? — perguntei, tossindo quando ela começou a passar um pincel no meu rosto com um pó na cor da minha pele. 

Delly apareceu aqui ontem à noite, cheia de preocupações, das quais não me contou por ser no que diz respeito à Katniss, e não me disse nada sobre essa sessão de fotos. Ela queria que fôssemos apenas aqueles dois adolescentes que namoravam escondidos no sótão e apenas tinham a oferecer apoio um ao outro. 

Me sentei no chão, sobre o tapete felpudo do quarto, abrindo os braços sinceramente para ela, e a mesma não pensou duas vezes antes de se deitar no meu colo, fazendo meu coração acelerar como antes. Eu me lembrei de como éramos. Só tínhamos o amor entre nós, e nos sentíamos bem com isso. 

Aí me lembro de Katniss e tudo fica uma bagunça de novo. 

— Ela não nos contou. Vai ser surpresa. — Assenti, vendo através do espelho Layla colocar um par de roupas em um cesto. 

— Pronto — a irmã do meio disse, sorrindo. 

— Obrigado — agradeci, me levantando. Onde é que vão tirar as fotos? 

— No estúdio de fotos — Layla disse, com um sorrisão. — Lá é muuuuito grande. 

Stefan estalou a língua, com raiva. 

— Me perdi nesse estúdio duas vezes. Eu quase chorei por não saber por onde sair. — Ri, tentando imaginar a cena. — Sério! — exclamou, boquiaberto. 

— É enorme mesmo, cheio de câmeras, espelhos, maquiagem — Júlia disse, arrumando a penteadeira. — Mas não é um lugar ruim se você gostar de ser paparicado. 

— Só pela minha mãe — fui dizendo, erguendo as mãos em rendição. 

— Isso é muito ruim. — Stefan franziu o cenho, como se desaprovasse minha fala. — Você então está perdido. Nem a princesa Prim gosta de ficar muito tempo lá. Eu odeio aquele lugar. 

— Nenhum criado gosta realmente de lá. Um monte de luzes, pessoas, coisas... Câmeras — Júlia disse, balançando a cabeça, como para apagar as lembranças do estúdio de fotos. 

— Parem com isso! Parece que é um abatedouro! — Eles riram juntos. 

— Desculpa. A gente ‘tava só tirando uma com a sua cara — Stefan disse, divertido. — Lá é legal. Mas eu realmente me perdi duas vezes, e quase chorei de raiva por não me localizar. 

— Uhum — Júlia concordou com o irmão, sentando-se ao lado dele na cama. — Tem fotos das princesas, dos reis, de como era o mundo antes da 4ª Guerra Mundial... É bem legal. 

— Vamos logo pra você ver — Layla chamou, com um sorriso torto.

— Tchau, pessoal — falei, rindo. Não sei por quê, mas estou com vontade de rir hoje de manhã. Acho que foi o mousse de maracujá, que está uma maravilha. 

##

Todos foram chamados individualmente para a sessão de fotos, e como Katniss havia me dito, eu fiquei para o final. O único Selecionado que eu vi foi Gale, que me cumprimentou com um sorriso – como sempre –, e o apelido dele aqui no palácio é Risada, pois ele está sempre rindo. Sempre. 

— Peeta! — Katniss disse, acenando, com duas moças arrumando seu vestido vermelho com algumas pérolas, ao que parecia. 

— Achei a sua tiar... — Ouvi a voz de Delly, e instantaneamente me virei para vê-la entrar com uma calça jeans e camisa branca com um arco-íris. Os cabelos estavam castanhos claros da raiz até as pontas com cachos, e um arco de flores na cabeça, sem brincos nas orelhas. 

— Ah! Minha favorita! — exclamou a princesa, chamando-a para perto. Meus olhos e os de Delly se cruzaram, e ficaram um dentro do outro, como se fosse tudo em câmera lenta, no seu caminho para entregar a Katniss a tal tiara. 

— Muito obrigada, Sol — disse serenamente, sem nem passar por sua cabeça o que havia entre eu e sua nova criada, fazendo toda aquela coisa de felicidade causada pelo mousse de maracujá sumir na mesma velocidade que o meu coração começou a bater ao ver Delly ajudando feliz a Katniss a se arrumar.

Oh, droga, onde foi que eu me meti? 

Elas conversavam animadas, sinceramente, mas eu podia notar os olhares de Delly sobre mim ocasionalmente, quando me encaminharam para o outro lado do enorme estúdio para me arrumarem. E eu também olhei para ela, sem reparar muito na Katniss por hora. 

Só que para onde me levaram não tínhamos mais contato visual, aí eu parei para olhar tudo ao meu redor, desde o piso que quase nos refletia ao teto que parecia ter sido feito a mão pelo melhor pintor e escultor do mundo. Talvez tenha. 

Era como uma redoma, e o sol penetrava suavemente o teto de vidro, só que estava uma temperatura ambiente aqui dentro. 

Havia umas dez pessoas apenas, com câmeras em mãos, luzes, como haviam me dito, e um ventilador especial, que me era engraçado, pois o vento era forte o suficiente para fazer os nossos cabelos voarem. 

Rapidamente troquei de roupa — e sozinho! —, tendo apenas a ajuda de uma jovem que tinha um lado da cabeça raspado com detalhes verdes, como raízes, para arrumar minha gravata borboleta. 

— Você é um dos que mais ficam bonitos com roupas sociais — disse sorrindo, e eu sorri como agradecimento, envergonhado, fazendo-a rir. 

— Sorriso, acho que não precisa usar o salto alto — Delly disse serenamente, e Katniss comemorou silenciosamente. 

— Isso! — murmurou a futura rainha. 

— Senhor Mellark, se incomoda se a princesa usar apenas meias? — Uma das criadas de Katniss, a loira, perguntou vindo até mim, divertida. Ri. 

— De jeito nenhum. É até melhor assim, para que não fique mais alta que eu. — Ela riu também, agradecendo. 

— Por ali — disse Cressida, a que arrumou minha gravata – foi como eu ouvi chamarem-na. — Só faça o que a gente pedir.

A voz dela era gentil, assim como seus olhos e sorriso, mas a situação não era assim tão boa. Eu me sentia como um animal em um zoológico, reparando bem, com todas aquelas câmeras sobre mim, ainda mais quando fui para onde Katniss estava. Era como um elevador antigo, muito bonito, só que me davam a sensação de estar preso. 

— Vamos, juntem-se! — Katniss abriu um enorme sorriso para mim, aquele sorriso torto que acaba comigo, que devolvi na mesma intensidade, só que quando olhei para as câmeras, mordi o lábio inferior. E agora? 

Cressida "entrou" no elevador, e nos posicionou melhor, chamando Layla para ajudar com o meu cabelo, que estava um pouco fora do lugar, assim como o de Katniss. 

— Olá! — minha amiga disse, e eu sorri, relaxando um pouco por ser ela a arrumar o meu cabelo. 

— Qual o seu nome? — Katniss perguntou gentilmente. 

— Layla, Vossa Alteza — respondeu, tímida. 

— Por que vocês têm tanto medo assim de falar comigo? — perguntou sorrindo brincalhona. — Pode me olhar nos olhos.

— É estranho — a garota falou, arrumando com precisão os grampos no cabelo da futura rainha. — A senhorita é nossa futura governante. 

— Mas não precisam ter medo de mim! — Layla olhou para mim, como se perguntasse se poderia acreditar e fazer o que havia pedido. Revirei os olhos, com um sorriso torto, olhando-a como se dissesse "eu te disse que ela era tranquila". Ela sorriu. 

Layla arrumou também a maquiagem dela, que agradeceu, então o nervosismo de estar diante todas aquelas pessoas e câmeras me apavoraram. 

Cressida entrou em cena, me colocando no canto, e Katniss ao meu lado. 

— Isso, pode se apoiar aqui — ela disse, e eu assenti, com o corpo sustentado com um joelho no chão, mantendo o pé da outra perna no chão, com os lábios entreabertos, olhando para a câmera. 

Katniss colocou um braço junto ao meu, como se me chamasse, tendo os lábios fechados, mas os olhos na câmera também, como se me mostrasse algo que não a agradava. Peguei a referência. 

— Arrume os cachos no cabelo dela, Madge — ordenou a loira com metade do cabelo raspado, e a mesma garota que perguntou se Katniss poderia ficar apenas de meias. 

Madge veio rapidamente, ajeitando o cabelo da princesa, que abaixou um pouco da cabeça, com os olhos fechados, para facilitar. Sua calma era impressionante. 

— Ótimo! Ótimo! — Cressida disse, batendo palmas rapidamente, logo pegando a câmera que estava pendurada em seu pescoço. — Não se mexam! 

— Pronto, agora, vem aqui — outra disse para mim, fazendo com que eu me levantasse e me sentasse no banquinho que tinha no canto. Gostei dessa nova pose. 

— Converse com ela aqui, Senhor Mellark — um dos fotógrafos disse, com os cabelos já grisalhos. Apontou para Layla, que segurava a minha outra muda de roupas já, e ela acenou, me fazendo sorrir, e Katniss estava ao meu lado, sentada aparentemente confortável, olhando para as mãos, tirando os anéis. 

— Assim ‘tá bom? — perguntei, com vergonha. Eu estava me sentindo um animal com tudo isso.

 — Não, e, princesa, você pode estar do lado de seu futuro marido, precisa sorrir. — Katniss revirou os olhos, e eu ri, da cara que Layla fez de "eu te avisei", então a minha amiga se aproximou mais de mim, com um sorriso retardado no rosto, e eu gargalhei, sentindo os flashes.

 — Você parece leiga. — Ela quem gargalhou dessa vez, fechando os olhos. — Desculpa, mas preciso ser sincero. 

— Tudo bem. Você parece um Um com essa roupa — disse, cruzando os braços, olhando para mim com aquele seu sorriso torto esperto. 

— Isso, bacana, legal, as fotos ficaram boas. Mas agora, mais próximos! — exigiu o fotógrafo, de forma um pouco rude. 

Katniss ficou um pouco desconfortável, pela tonalidade de seus olhos cinzas, mas eu estava incomodado mesmo, com tudo isso, três grandes câmeras em nossa direção para fotografar oito fotos diferentes entre eu e ela, mostrando o nosso nível de amizade, interação, para ser divulgado no Jornal Oficial, revistas, jornais, internet.

 Não estou incluindo as outras sete em diferentes ângulos, como a que está com Cressida.

 — Pausa! — ela ordenou, puxando-me pela mão, ignorando os olhares incrédulos dos outros. — Pelo amor, como estou desconfortável com esse vestido! — Ri, sentando-me ao seu lado, e ela ficou um pouco de costas para mim para que eu afrouxasse um pouco de sua roupa. 

— Desculpe-me... acho que estou estragando tudo. — Bufou, negando imediatamente com a cabeça. 

— Quê? Claro que não, Peeta! — garantiu-me. — Você fez tudo melhorar, ficando para o final. Não quero saber! — Jogou as mãos para o alto. — Me recuso a fazer qualquer coisa até amanhã de noite, quando tiver o aniversário do Gale! — Sorri torto, abaixando um pouco a cabeça. Amanhã era o aniversário de Ben.  

— O que foi? — perguntou, tendo ajuda de Annie – sei disso por ter ouvido Finnick chamá–la assim dia desses, mas não falei nada – para tirar as coisas de seus cabelos. 

— Amanhã é aniversário do meu irmãozinho — falei, mexendo nervosamente nas mãos. — Eu não posso ir no meu Distrito para vê-lo não? 

Suspirou, querendo fazer algo por mim, balançando a cabeça em negativa. 

— Não posso, infelizmente — falou sincera, eu podia ver refletido em seus olhos. — Mas lhe peço para que escolha um presente. Qualquer presente. 

Olhei para o céu azul claro acima de nós, com o sol radiante, e o perfume doce que ela tinha, que lembravam flores. 

Meus olhos caíram para as fotos que haviam ali e eu não tinha reparado. Uma em especial chamou minha atenção, que era de um vasto jardim. Viagens. 

— Você poderia conseguir um globo terrestre para mim? — perguntei, olhando para ela, que franziu o cenho, confusa. Sorri. 

— Claro que sim... Mas por qual razão?

 — Ben sempre quis viajar, andar de trem, carro e aerodestelizador. Como não pode, eu e ele ficávamos marcando alguns lugares em um mapa-múndi que meu pai ganhou. — Quando ele não conseguia dormir, escapava do abraço da mamãe e me acordava em silêncio, então eu o segurava pela mão e o levava para a sala, abrindo uma gaveta no canto, tirando o mapa plano. 

— Sério? Não acha um presente muito simples? — perguntou, colocando uma mecha do cabelo solto atrás da orelha. 

— Ele queria que eu voltasse pra casa, mas como não tem como, sei que ele vai gostar de ficar girando com suas mãozinhas pequenas e procurando lugares para irmos. — Ela riu, também imaginando a cena. — Pode mandar prímulas? São as favoritas dele. 

— Mando mandarem agora! — E não é que no instante seguinte ela chamou Delly, que sorriu torto, animada. 

— Ele vai amar — a ex-loira confirmou, e Katniss sorriu, olhando para mim. 

Quando Delly se afastou, peguei na mão de Katniss, e olhei em seus olhos. 

— Muito obrigado. Não precisa fazer isso, mas ainda assim, muito obrigada mesmo. Você salvou a minha semana. — Apenas se inclinou, abraçando-me. Fechei os olhos, gostando de estar na curva de seu pescoço e inspirar o seu perfume de rosas. Sim, rosas. Agora pude identificar melhor o aroma, e a única coisa que pensei foi que o cara que ela escolher para ocupar o trono ao lado dela será uma pessoa de grande sorte, com o privilégio de sentir esse perfume todos os dias e receber esse abraço caloroso de vez em quando. 

Se eu fosse esse cara, todo dia faria algo para merecer esse abraço. 

— Eu só quero que você fique bem — falou baixinho. — Me importo com todos os Selecionados, mas você é o que eu mais ligo pelo bem–estar. 

— Katniss... — Afastei-me um pouco, querendo entendê-la. 

Apenas deu um sorriso esperto, e se levantou, pegando na mão de Madge, que a levou para detrás de um vestiário, que parecia uma cortina, onde não podia ver o que estava por detrás. Fiquei olhando para aquilo, com os lábios formigando pelos beijos que ela me deu três dias atrás, os na Casa na Árvore, e todos os outros. 

— Vem, você precisa se trocar. — Layla me despertou dos meus pensamentos, e eu assenti, depois de balançar a cabeça em negativa na tentativa de fazer os pensamentos e desejos equivocados desaparecerem. Isso não aconteceu. 

Segui minha amiga até um lugar parecido com o qual Katniss estava, mas no outro lado do estúdio. 

Layla me entregou as roupas, dando-me privacidade. Vesti e gostei da calça jeans e blusa azul, com um óculos de sol para acompanhar. Imediatamente minha vista melhorou, já que ardia pelo sol que entrava no ambiente, fazendo-me sorrir. 

— Você está demais! — a morena baixinha disse, sorrindo abertamente. — Vamos, vamos! — Me deu um empurrãozinho para me apressar e chegar logo até uma parede azul clara com espelhos em molduras diferentes. 

Katniss saiu detrás da "cortina", com short verde até metade de suas coxas pardas e uma blusa amarela com paetês. Seus cabelos caíam perfeitos até metade das costas, devidamente cortados, brilhantes e hidratados, com ondas desde a raiz. 

Parecia feliz, com uma tiara fina brilhante, refletindo a luz do sol, parecia um girassol.

 Sorri.

 — Anda, façam coisas que gostam de fazer um com o outro — Cressida pediu, preparando a câmera. Não posso beijá-la, posso?, pensei, repreendendo-me imediatamente. 

— Hey, Peeta! — Katniss me chamou, então olhei para ela, que me entregou um travesseiro. Fiquei confuso. Totalmente confuso. Então, ela acertou meu braço com força com o travesseiro cheio de penas. 

— Ai meu Deus! Você me atacou! Você me agrediu! — exclamei, boquiaberto com sua atitude. Ela não estava nem um pouco mal por isso, mordendo o lábio inferior, olhando-me com um sorriso e os olhos cheios de expectativas. 

Esqueci-me das câmeras, de Delly, Annie, Madge, Layla, meus pais e irmãos, começando a rir, sem querer saber em A Seleção, ou qual de nós iremos para A Elite. Muito menos me importei com quem será escolhido. Foquei apenas naquele travesseiro de penas que eu segurava, cheio de penas, e comecei a bater em lugares que não a machucasse, de forma justa, mas ela acabou tirando proveito, pois era mulher, e poderia bater em mim, aparentemente. 

— Hey! — falei, gargalhando, me esquivando um pouco de suas batidas e gargalhadas. — Katniss!

 — Peeta! Para, eu não sou totalmente quebrável! — reclamou com um sorriso, ofegante, com diversas penas sobre nós e quem tirava as fotos, com diversos flashes sobre nós.

 — Toma também! — Bati o travesseiro em sua cintura, e ela quase perdeu o equilíbrio falsamente, fazendo-me rir, assim como ela e quem olhava para a cena.

 Quase caí de verdade com uma travesseirada que ela me deu, rindo.

 — Pronto, temos todas as fotos! — Cressida exclamou, sorridente pra caramba. — Você foi ótimo. — disse para mim, gentilmente colocando a mão em meu ombro. — Muito obrigada, vossa Alteza. 

Fez uma reverência para Katniss, que cruzou um pouco as pernas, abaixando-se levemente em agradecimento também. 

— Espero que esteja na primeira fileira do meu casamento — Katniss falou, e as duas deram um toque simples, mas que atraiu minha atenção. 

— Pode ter certeza, Chefe. — A loira bateu contingência, com um sorriso torto – mas a sua boca já parecia ser inclinada para o lado esquerdo – e era claro que já se conheciam a um bom tempo. 

— Já posso terminar de fazer minhas apostas? — perguntou Cressida, arqueando uma sobrancelha, então colocou sua mão esquerda para cobrir sua boca e o ouvido de Katniss, que se inclinou para o lado dela, na intenção de ouvir melhor o que a amiga tinha para dizer. 

As bochechas da futura rainha ficaram vermelhas, mas ela assentiu de forma quase imperceptível, só que depois paralisou-se totalmente. 

— Vamos? — Layla perguntou, sorridente. Olhei para trás, onde Katniss não havia terminado de conversar. Olhei para suas criadas e Delly, que conversavam animadamente entre si. Estou sobrando, então, é melhor ir para um lugar com pessoas que gostam mesmo de mim, e elas estão no meu quarto. 

— Vamos — respondi, sem nem mais saber a localização do meu óculos. 

...

 

Querido Benjamin, meu Benzinho, Ben,

Eu infelizmente não pude sair daqui do palácio, mas quero de todo o meu coração que você aproveite o seu aniversário, porque está fazendo uma mão de anos!

 

Prometo que vou tentar fazer o possível para te ver novamente muito em breve, assim como todo mundo da família, para a gente dormir abraçado. Feliz Aniversário, e não se esqueça que eu amo muito você, Tampinha.

 

Espero que goste do presente. A princesa que o concedeu a você, a meu pedido, claro, porque eu sou demais, lindo demais, legal demais. Daria tudo que tem aqui para ouvir você rir.

 

Com amor e toda culpa do mundo por não estar aí,

Peeta.

...

— Vamos! Vamos! Admita, Peeta! Gale é a pessoa mais feliz que você conhece! — Finnick disse, me balançando levemente, ao meu lado na mesa que estava com alguns pratos com bolo e algumas taças cheias com champanhe e vinho. 

— Tá! Ele é a pessoa mais feliz que eu conheço, depois é você, cara. — Ele riu alto, e desconfiei que estava bêbado, ou quase. Ri junto dele, notando que não tinha tocado em nada além do ponche de uva.

 — Sim! Eu sou muito feliz! — Afastou-se um pouco, pegando um cupcake de brigadeiro, dando uma boa mordida, e eu gargalhei.

 — Tinha que ser um Quatro, o Distrito com mais restaurantes em Panem — debochei falsamente, e ele sorriu, mesmo com a boca cheia de bolo. Peguei um também, comendo tranquilamente, apreciando a banda que tocava músicas boas. 

Nenhum de nós estávamos vestidos como futuros reis, ou príncipes, e sim como adolescentes entre 16 e 20 anos. Bermudas, tênis, chinelos, camisetas e regatas eram as roupas para a ocasião, era uma comemoração feliz dos 18 anos de Gale. 

— Olha pro Benson — Finnick pediu, semicerrando os olhos, indicando com a cabeça para o ruivo de 16 anos, com olhos negros. Ele tinha sardas em toda a cara. Sardas, cara! Sardas! Apenas Stuart conseguiu essa proeza herdada da nossa avó por parte de mãe. Eu o invejo por isso, aquele ridículo com uma sorte do caramba.

— Quê que tem? — perguntei, tentando ver algum erro ou sei lá.

— Quê que tem que ele é mais novo que a gente! — Finn disse, indignado. — Pela lógica, ele vai ter mais dois anos com a vida de você sabe o que ativa! — Senti minhas bochechas ficarem todas vermelhas, então comecei a rir alto, batendo palmas, perdendo as forças para me manter sentado, e agradeci mentalmente por estar sentado em um mini sofá, podendo deixar meu corpo cair no canto.

— Sua risada é quase esquizofrênica — ele disse, rindo, com as suas covinhas – quase buracos – nas bochechas. Outro ridículo também, com uma sorte do caramba. Ri mais.

— É verdade... — notei, pensativo. Mas ri mais. Já tomei quatro taças de champanhe, e estava vendo as cosias mais alegres, embora não risse alto. Tendemos a ficar assim quando provamos das estrelas.

— Você ‘tá maluco? — Finnick perguntou, rindo tanto quanto eu, sem nenhuma razão.

— É esse bolinho ai — falei, me recompondo, respirando fundo, então terminei de comer, querendo outro.

Ficamos conversando por um tempo sobre tudo, até que ele foi chamado para uma outra mesa, pedindo permissão, e eu ri, pois eu quem deveria pedir de se poderia estar sentado com ele. Nos despedimos com um simples aceno e sorriso, então ele partiu para o outro lado do Grande Salão, mas aí eu fiquei sozinho de novo.

Não queria mais esboçar um sorriso, porque não tinha mais ninguém para conversar, e isso acabava com a autoestima de qualquer um.

Bebi mais um pouco de champanhe, comi mais um bolinho, solitário, pensando em como Ben estaria aproveitando seu dia. Havia esperado ansiosamente por isso, mas agora eu não estava lá. Com certeza, ele está comendo seu bolo, docinhos e rindo, então isso me faz feliz novamente, por saber que ele aproveitaria o aniversário. 

Continuei comendo aos poucos, já que não comia muito, até que abriram as portas e Gale apareceu. Caramba, se ele fosse mulher, eu o pegaria. Com todo o respeito.

Estava de terno, mas usava calça normal preta e uma blusa branca, com sapatos sociais. O cabelo estava para trás, em uma aparência natural e saudável, como sempre. Poderíamos tentar, mas não sei se poderíamos nos parecer tanto quanto um rei do que Gale.

Todos os aplaudiram, e seus amigos, comemoraram com coisas como "arrasou!" "eu te pegava se fosse mulher!", e obviamente esse que disse que o pegaria se fosse mulher foi Finnick. Apenas ri, continuando sentado, aplaudindo-o.

Apenas me cumprimentou com um gentil aceno e sorriso torto, e eu sorri no mesmo tom, erguendo uma taça de champanhe. Então foi conversar com seus amigos.

Fiquei um pouco desconfortável por estar sozinho, embora não fosse de muitos sorrisos e palavras. Depois da briga com o Cato, parecem ter se fechado ainda mais para mim.

Coloquei a toca, indo para o canto do sofá onde ninguém me veria, então bebi um pouco mais de champanhe, comendo bolo de baunilha — por causa da minha maldita intolerância a cacau —, e me senti triste.

Queria estar com os meus irmãos.

— E foi tipo, todo mundo me odiava na escola! — Alguém se sentou no sofá detrás ao meu, e começou a falar. Acho que é o Carter. — Mas aí eu aprendi a conversar mais com o pessoal, e eles pensavam que eu era um esnobe por ser Dois.

— Verdade, isso aconteceu comigo também na West School. — Era uma das melhores escolas particulares e caras de Panem. Quem agora falava era Cody. — Aí me reconheceram pelo sobrenome, e meus pais ajudam o pessoal carente. Gosto de ajudar os outros, então fiz bons amigos.

Quem falava eram caras muito legais e realmente interessados nas coisas do País, assim como apresentavam boas perguntas e respostas para a melhoria da educação, saúde e segurança, como o Benson, Adam, Marvel, Rafael e Collin. Mas não falavam comigo direito — como se eu me importasse — e eu não fazia questão de conversar com eles.

Cobri meu cabelo com a toca vermelha que gosto tanto, pois me faz lembrar de casa, e me encolhi mais no canto, sentando de forma quase inadequada, sentindo minhas bochechas quentes de vergonha por estar ali.

O que eu estou fazendo aqui? 

Remexi no pedaço de bolo com o garfo, olhei para o champanhe na taça transparentes, que borbulhava lentamente, com bolinhas de gás do fundo para o alto, tornando-se a bebida mais atraente que eu já vi. Mas não queria mais por hoje. Só tem graça se a futura rainha estiver bebendo comigo, pois tornam-se estrelas, e não uma simples bebida.

Ouvi as portas se abrirem, então isso me fez erguer o corpo, para ver quem havia chegado. Katniss, com toda sua gloriosa glória mais uma vez, com calça laranja e uma blusa verde que ia até seus pulsos. Os cabelos com tranças apenas na metade, soltos em resto, e nas mãos uma caixa prateada — que acho ser a cor favorita dele — caminhando até o aniversariante tranquilamente, cumprimentando a todos os Selecionados, passando onde eu estava, olhando-me de forma significa, então vi o que tinha deixado ao lado do prato que estava o meu pedaço de bolo.

Um bilhete.

"Espero que possa aguentar a saudade da família por mais umas semanas, quem sabe. A Elite começa amanhã. — K. "

Olhei na direção dela, movendo meu pescoço para vê-la e entender o que aquilo queria dizer, mas ela não me deu nada além de uma olhada um pouco tensa, mas carregava o riso nos lábios ao lado dos amigos de Gale, como Finnick, Marvel e Collin.

Agora, pensei, a coisa ficou séria de vez. E de algum modo, eu estou tremendamente envolvido, mesmo sem querer.

 


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Notas finais do capítulo

DROGA! PASSOU DA MEIA NOITE ENQUANTO EU EDITAVA O TEXTO! *chorando de verdade* Me perdoem, sério!
NOTAS FINAIS NAS NOTAS INICIAIS PORQUE O NYAH QUIS TIRAR UMA ONDA COM A MINHA CARA



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