A Seleção da Herdeira escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 14
Aprimorando a amizade | A Seleção


Notas iniciais do capítulo

Oi, como vocês estão? *sorriso torto*
Muito obrigada mesmo pelos comentários no capítulo anterior, como sempre, e muitos de vocês já descobriram o que está acontecendo com o nosso Peeta Singer *emoticon de sol do WhatsApp* Ele está caindo de amores mas nem sentiu o impacto.
Dedico este último capítulo do ano para a Panda ♥ Que recomendou a fic, e tipo... aaaaaahhhhh! Muito obrigada mesmo, eu amei, amei, amei, amei, amei, e espero ser mais do que as expectativas positivas que vocês tem feito com relação a fic.
Belibers, ou simpatizados com algumas músicas do Justin Bieber, ou pessoas que gostam da música What Do You Mean, digo para olharem com atenção a letra da música, pois nela... há coisas ocultas sobre o próximo capítulo... *emotion de lua*
Até o final.
Ps.: Tá cheio de gifs, e eu fiquei muito tempo para achar cada um, mas como não tinha com o Josh, Zac ou Jennifer, alguns que eu queria, coloquei outras pessoas sinistronas, tipo, Demi Lovato. Eu não gosto dela tanto quando eu gostava, porque ela tá meio liberal demais, perdendo a essência, mas tipo, caraca maluco, achei uns gifs legais. Espero que gostem!



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Por que todos estão tão obcecados?

O dinheiro não pode nos comprar felicidade

Se todos nós relaxarmos e nos divertirmos agora

Garanto que nos sentiremos

Muito bem

Price Tag, Jessie J.

– Como foi? – Gale perguntou para mim no almoço, em um tom baixo, privado, mas dava para escutá-lo com clareza

– Normal. Ela é muito legal. – falei dando de ombros – Ela é uma excelente ouvinte, vale ressaltar, e gosta de verde. – ele sorriu.

– É a cor favorita dela? – olhou para Katniss disfarçadamente, que comia calmamente estrogonofe de carne, falando poucas coisas com seu pai, que assentia, dizia algo, e ela sorria, como se ele estivesse concordando com algo que disse. Não gosto muito de dar informações sobre ela, porque ela contou para mim, e não para eles, mas como não quero ganhar nada, o que custa?

Não sentindo mais o sabor da comida, de raiva por ter alguém querendo saber sobre Katniss, respondi, como se não significasse nada. Não significa mesmo. Talvez.

Uhum, e ela ama a irmã, como parece. Fale de seus irmãos mais novos, que ela vai amar. – Gale sorriu, e nós voltamos a conversar sobre tudo e nada ao mesmo tempo, sentindo inveja de Finnick, que estava ao lado de Prim, e ambos riam alto – O que acha de nós atacarmos o quarto dele de noite? – planejei em um tom brincalhão

– Roubamos o Babe e saímos correndo. – assenti, e começamos a rir também – Ele vai ficar doido se cogitar a ideia de que queremos roubar seu ursinho.

– Cara, precisamos dar e-mo-ção a essa coisa toda. – eu disse, calmamente, sabendo que estou usando os talheres certos para comer, e vou jogar isso na cara da Tia Effie (inventei isso agora, de chamá-la de tia).

– Absolu... – Não deu para ele completar a frase, porque uma espécie de bomba atingiu uma das grandes janelas perfeitamente polidas, e todos levamos um belo susto, e mais ainda quando mais uma atingiu.

O rei, a rainha e Katniss se levantaram correndo, e puxaram grossas cordas, que fizeram descer uma cortina diferente, grossa, e de ferro. Como eu não estou afim de morrer, corri e fiz o mesmo, depois Gale, Finnick, e outros Selecionados faziam a mesma coisa, tal como os guardas, que saíram correndo para fora do castelo, oferecer reforços, e proteger nossas vidas.

Quando eu estava puxando a última corda, mais uma atingiu, e eu dei um pulo, quase caindo no chão, mas, por sorte, a cortina tinha caído, deixando-nos com uma proteção extra, pois sei que, com certeza, esses vidros são altamente temperados e blindados. – Você está bem? – Katniss perguntou,preocupada, e eu assenti, pondo-me de pé, sem me envergonhar pelo susto, recusando sua ajuda com educação.

–Caramba que... – E outra bomba atingiu a mesma janela, depois as outras, fazendo os homens gritarem, sem se importarem se pareciam crianças, e correrem para o fundo da sala. – Susto. – eu podia escutar algumas bombas, mas o meu coração batia bem mais forte em meu peito, e o ar não queria entrar nos meus pulmões de forma alguma, mas eu ignorei.

– Vem, por aqui. – ela chamou, tocando meu braço, e indicando o fundo da Sala de Jantar, que tinha um tapete grande, macio, na cor bege. – Obrigada por ter sido o primeiro a se levantar e me ajudar.

– Não estou afim de morrer, sabe? – respondi sério, me sentando no tapete, o mais longe possível dos outros, que choravam, outros pareciam assustados, outros aborrecidos, por não poderem continuar comendo, outros em paz, como Finnick, que falava algo para Gale, que estava com uma expressão de puro pavor, mas disfarçava, tossindo falsamente, de forma convincente. Só que eu sei como é se sentir assim, então sei que é disfarce.

Prim, o rei e a rainha estavam no grande sofá que tinha do outro lado da Sala de Jantar, e a menina chorava aos soluços, no colo da mãe, que tentava acalmar ela, assim como o rei, mas nenhum dos pais dela pareciam surpresos, porém, ambos estavam com um semblante de pura preocupação. Uma moça morena, com os cabelos cacheados até os ombros, de média estatura, Rue, eu acho, deu algo para Prim, e a mesma começou a parar de chorar, até que dormiu sem mais nem menos.

Parei minhas observações com a risada da Katniss, batendo em suas pernas, escondidas debaixo de um vestido que ia até seus pés.

– Você é muito sincero. – assenti, aprovando e aceitando sua presença ao meu lado, recostando as costas na parede, e eu quase coloquei a minha cabeça em seu ombro, fechando meus olhos, porque eu estranhamente me sentia seguro perto dela.

– Deve estar sendo desesperador, não? Vários homens chorando? – ela fingiu uma expressão de pura confusão

– Com certeza... nunca saberei o que fazer.

– Homens raramente choram, e quando isso acontece, geralmente gostam de ser deixados em paz, mas também querem que demonstre se importar. Experiência própria.

– O que? Não pode ser assim tão fácil! – Estava aparentemente assustada com a simplicidade da coisa

– Não é sempre... alguns gostam de ser abraçados, outros que você fique mexendo no cabelo e eu sou um desses... – olhei divertido para ela, que riu – Outros são fracos demais para admitir que estão sofrendo, então simplesmente choram silenciosamente, em um canto que tenham paz, só que se você chegar, e dizer que se importa, eles se sentem melhor. O choro em momentos de medo nem sempre significa que sejamos fracos, ou que estejamos demonstrando fraqueza, seja homem ou mulher, e sim uma forma de nos lembrarmos que não somos de ferro, nos assustamos. Chorar na frente de alguém nem sempre significa carência, e sim que você não aguenta mais suportar tudo sozinho. O choro é o grito da alma. Homem não é tão diferente da mulher quando se trata de sentimentos, a diferença é que somos mais resistentes às coisas, num geral e odiamos estarmos frágeis. Vocês são mais no sentimento e na emoção, o cara usa mais a razão, entende?

– Uau... – disse fazendo uma careta engraçada – Você explicou mais do que todos os livros de significado junto.

– Bem... sentimentos e emoções não podem ser explicadas por palavras, porque variam de pessoa para pessoa. Esse tipo de coisa só pode ser explicado de boca em boca, ou pela própria intuição. – Katniss sorriu, assentindo, então mais uma bomba, e uma rodada de disparos foi ouvida, fazendo eu me assustar mais uma vez. Puxei ar com força, sonoramente. Isso realmente me assustou. A princesa Prim não parecia nem um pouco calma, tremendo no colo da rainha, com o rei fazendo carinho em seu braço, com um olhar de que queria tomar as dores dela. - Por que não parece com medo? Estão jogando bombas na janela! – deu de ombros, com um sorriso calmo

– Porque eu não sinto medo disso. – olhou para mim – É normal.

– Normal?! – assentiu – Só me lembro de ser noticiado, nos jornais, vinte ataques ao palácio! – E em um deles, eu nem era nascido!

Ela olhou em volta, apreensiva, e se aproximou mais de mim – Você sabe guardar segredo?

– Claro. – respondi franzindo o cenho, preocupado

– Olha, existem dois tipos de grupos de rebeldes... – olhou para os pais – Nortistas e sulistas.- balancei a cabeça em concordância – E esses de hoje, são nortistas.

– Como sabe? – ela quem franziu o cenho dessa vez, olhando em volta, e Cato me fuzilava e esquartejava com seus olhos azuis cristalinos, então ela cobriu o espaço entre meu ouvido e sua boca com uma mão, e eu me arrepiei, pela proximidade, mas não recuei.

– Os nortistas atacam com frequência, nada realmente preocupante, são facilmente domados pelos guardas, entende? – assenti, e ela continuou – Bem, eu os denomino como baderneiros, só vem para causar bagunça, e sempre reviram as coisas, mas sei que procuram algo. Já tiveram a oportunidade de matar várias pessoas mas não o fizeram. – afastou-se, ficando ao meu lado novamente – Eles machucam e muito, os guardas que veem, e eu nunca entendo a razão. Meu pai e mãe acham que eles são meros analfabetos loucos, mas deve ter uma razão para virem até aqui, nunca matar ninguém, e revirar os quartos. Eles procuram algo, mas nunca compreendo o que. De onde eles vem, não há boa estrutura, nada de saúde, uma péssima educação, se é que eles tem... eu não consigo entender. – ela parecia preocupada, e sei que está, pelo seu tom de voz – Nortistas dificilmente tem armas, e essas bombas são caseiras. São agressivas, mas nem tanto quando lançadas contra o vidro. Atacam algumas vezes por mês. – falava olhando para a mão, para evitar qualquer suposição sobre qual é o assunto de nossa conversa.

– E os sulistas? – perguntei tão baixo quanto ela estava falando comigo, com dois dedos na boca, disfarçando.

Pude notá-la estremecer – Eles são os piores. Eu... eu... – fechou os olhos com força – Os odeio. – olhou para mim, com as pupilas um tanto dilatadas pela raiva – Atacam duas, três vezes por ano, e seus ataques sempre... – inclinou-se um pouco para mim, indicando com um dedo para eu aproximar meu ouvido, e assim eu o fiz – Acabam em morte. Eles tentam me esconder isso, mas sei que é o que acontece. Tragédias terríveis com algumas pessoas também acontecem, e isso me faz odiá-los com todas as minhas forças. – Voltou para seu lugar, ao meu lado – O coração humano é o lugar mais louco do mundo, mas a mente humana, é o lugar mais confuso e incompreensível, mais obscuro que qualquer abismo, mais intensa que o fogo na pele queimando sem cessar. – olhei para ela, na intenção de compreender melhor sobre esses grupos – Eles quebram e destroem absolutamente tudo o que veem, e mata quem invade o campo de visão, até quem é do time dele. Uma vez, entraram em meu quarto, e eles... – Seus olhos se encheram d’água – Tocaram em algo que não era para tocar, assim como quebraram minha estante e piano. Jogaram tudo no chão. Eles tem só uma coisa em comum.

– Procuram a mesma coisa, da qual ninguém sabe o que. – balançou a cabeça em concordância

– Coloquei algumas câmeras, espalhadas pelo palácio, mas não adiantou nada. Minha mãe diz que é loucura, desperdício, mas meu pai concorda. – assenti – Uma vez, os vi sair com alguns livros, mas por que alguém que nem sabe ler roubaria livros?! Meus pais não acreditam em mim, porque na manhã seguinte, as gravações foram apagadas por alguém daqui de dentro, que não faço ideia de quem seja.

– Isso é confuso, não faz nem um pouco de sentido. – ela assentiu – Qual seria sua atitude de rainha quanto a isso?

– Investir na educação, saúde e saneamento básico para os extremos do País. – estava decidida, mas ainda abalada, por se lembrar dos ataques sulistas, olhava apreensiva para a irmã caçula que dormia no colo do rei como se fosse um bebê, dos quais sempre ouvi o que ela acabou de dizer, que eles são agressivos, e fazem o mal, sem ver a quem. – Principalmente para no Sul.

– Apoio sua ideia. – Fui sincero, pois não tinha nada a perder, e sim fazer ela ganhar, não é verdade? – Cresci ouvindo sobre eles, e que, assim como as pessoas do extremo Norte, não tem muito amor pela família real... – olhei para as mãos, se lembrando da minha própria situação, que, se continuarmos nessa relação de amigos, vou contar para ela – Eles sentem raiva, e talvez procurem algo para fazer esse sistema cair.

– É, eu sei... – disse suspirando, fechando os olhos e jogando a cabeça para trás – Acho que devo ver a situação dos outros Selecionados. Mas ir ver quem primeiro? – olhei ao meu redor, e meus olhos pararam imediatamente sobre Finnick, que mexia nervosamente as mãos. Gale estava conversando com outros caras agora que estava mais calmo.

– Finnick Odair, Distrito Quatro. – apontei com a cabeça para meu amigo, posso dizer assim, que fazia nós em um fio de lá, com aproximadamente 30 cm, e parecia assustado com a coisa toda, mas evitava demonstrar. Nunca imaginei que ele pudesse ficar assim. Quando os ataques começaram, ele estava em paz, mas agora... – Fale sobre o quanto gosta de pegar sol, sentir um vento. Seja totalmente você. – sorriu, e se levantou, indo até ele, que nem acreditou quando ela foi falar com ele.

Suspirei profundamente, me sentindo sozinho, querendo ir pra casa, mas não posso desistir, e muito menos falar em voz alta. Minha família precisa que eu fique aqui. E eu preciso deles bem lá.

...

– Layla, já passou, já passou. – Quando o ataque acabou, depois de uma eternidade, que na verdade foram uma hora, fomos permitidos a voltar para nossos quartos. Cato foi o primeiro a sair, para ver se falava algo com Katniss, mas o trouxa não conseguiu, pois ela marcou um encontro com Gale, para caçarem em dois dias, e cavalgar com Finnick amanhã. Eu sou um amigo demais, sei disso.

– É, querida. – Antes fora a voz de Stefan, agora foi a de Julia – Ninguém vai te tocar. – eu estava na porta do quarto, e vi que era um mal momento – Senhor! – Julia disse, se assustando com a minha presença, então levantei as mãos em rendição

– Por favor, me perdoem. Volto mais tarde. – eu disse preocupado, ao ver o corpo da menor dos irmãos tremer, em meio a altos soluços – Eu não sabia... não queria interromper. – fui sincero, franzindo o cenho, realmente preocupado com a menina.

– Não pode sair assim de seu próprio quarto. – Stefan disse, calmamente, me chamando para dentro

– É melhor deitarmos ela. – falei, e olharam para mim – Mas assim, é preciso de ajuda. – parecia fácil fazer isso, por Stefan ser forte, assim como eu, mas ela gritou, e se debateu no braço do irmão, então eu quem precisei pegá-la – Hey, está tudo bem. – falei da forma mais suave que eu poderia falar, e finalmente consegui deitá-la na minha cama. Julia imediatamente ficou ao lado da irmã, dizendo coisas confortantes, abraçando-a

– Muito obrigada, Peeta. – ela disse com os olhos cheios de lágrimas, olhando rapidamente para mim, e logo voltando para a irmã, que ainda se mexia na cama, então fiz um sinal, chamando Stefan para o final do quarto

– O que aconteceu? – perguntei em um sussurro, vendo Layla se acalmar aos poucos, mas ainda tremendo, de olhos bem fechados

– Uma vez, quando tínhamos treze anos, pouco depois de chegarmos, uns sete meses depois que viemos morar aqui, atacaram o palácio, e conseguiram entrar aqui, no meio da noite, e eles usavam roupa de guardas, gerando uma confusão ainda maior. – começou, e parecia uma criança assustada – Nós fomos mandados para um abrigo, aqui dentro do castelo mesmo, mas na correria, Layla ficou para trás. Julia estava com a perna machucada, e mesmo com um corte na altura das costelas, eu a levei, não podia deixá-la. Eu juro com a minha vida que Layla estava ao meu lado, mas quando achamos o botão certo, e entramos, depois da porta se fechar, eu estava sozinho com Julia sangrando.

— Não tinha como sair, não tínhamos uma chave, apenas quando se lembrassem de nós ali, ou depois de dois dias, que as portas se abrem automaticamente para evitar que alguém morra. Um... um... – fechou os olhos, e algumas lágrimas escorreram por sua bochecha – Um rebelde a pegou, e a levou para um canto, rasgando sua roupas de baixo. Ela gritava, berrava, mas era abafado pelo som de armas, bombas, gemidos de dor. Um guarda apareceu, e deu um tiro na cabeça dele, cobrindo-a de sangue. Ela disse que o rebelde bateu nela, e dizia coisas horríveis em seu ouvido, a mordia, e a molestou. – abriu os olhos novamente, cheios de culpa – Agora, mesmo sete anos depois, ela sente medo de todo e qualquer ataque contra o palácio, morrendo de medo que a coisa se repita.

– Eu sinto muito... nem sei o que dizer. – falei sincero, sentindo meus próprios olhos se encherem d’água, imaginando uma das minhas irmãs nessa situação – Mas digo que não me importo se vocês quiserem ficar aqui essa noite. Eu durmo no chão, durmam na minha cama. Posso entender o que sente, pois tenho três irmãs e mais dois irmãos. Se levássemos a vida de vocês, poderia correr esse risco, e digo que não tem nenhum problema mesmo ficarem aqui por essa noite.

– Muito obrigado, mas a culpa é toda minha mesmo. – ele disse balançando a cabeça em negativa, inúmeras vezes – Eu não deveria tê-la deixado andar sem estar segurada a mim. Ele ainda disse que a mataria depois de tudo, e a daria para os amigos dele. Como eu pude deixar uma coisa dessas acontecer?! – a culpa que sentia, em seus olhos era clara – Ela sempre foi mais frágil.

– Você não poderia imaginar que algo assim fosse acontecer, e fez o que era certo. Nem sempre podemos salvar aqueles que amamos. – Coloquei uma mão em sei ombro – Você fez o que podia, e o mais importante é que ela está aqui agora. – concordou – Vá lá cuidar dela.

– Mas você precisa des...

– Nada disso. Eu sou nasci um Sete, e fazer as coisas pelos outros também está no meu sangue. Posso me virar sozinho, tomar meu banho e forrar uma cama no chão. Eu nem tinha cama antes de vir para cá. Está tudo bem. – seus olhos se encheram d’água, e me perguntei se alguém os deu tanta liberdade assim – Vou pedir para águem trazer algo para comerem, está bem?

– Não podemos aceitar, e...

– Se vocês não aceitarem, vou pedir para que cuidem do Cato! – seus olhos se arregalaram de leve, então imediatamente foi ficar ao lado das irmãs, e Julia me agradeceu mais uma vez – Não me agradeçam. Amigos fazem isso uns pelos outros.

Duas semanas depois...

– Definitivamente, isso é impressionante. – falei, andando ao lado de Katniss, dando um passeio à cavalo por onde nos era permitido, beirando a floresta, e ela me confessou que sente vontade de fugir, algumas vezes, devido a tantas cobranças.

– Eu sei! Tive um encontro com exatamente 25 garotos em duas semanas! Eu sou demais! – sorri, olhando para a crina do cavalo que me fora cedido – E você saiu com minha pessoa ma-ra-vi-lho-sa duas vezes!

– Três, ou se esqueceu de quando eu cheguei? – lembrei-a, com um sorriso torto, feliz por ela estar feliz – Já eliminou mais algum? – franziu o cenho, ficando um pouco séria – Ouvi falar do Kendall. O que ele fez?

– Sim, eu o desclassifiquei. Viemos caçar, e ele é realmente bom em arco e flecha, assim como tem um conhecimento vasto sobre política e economia, quando disse que é muito mais interessante para o cargo de meu marido e futuro rei de Panem do que um mero Sete claramente te menosprezando, pois foi o único que entrou para a Seleção. Estressei-me e o desclassifiquei. – bufou – Estou farta das pessoas serem classificadas em Distritos. Se você é um Dois, meu Deus! Mister sabedoria! Se você é um Sete, nossa. Devemos nos afastar porque você é burro, ignorante, e um criminoso. – franziu ainda mais o cenho, fazendo-a parecer a rainha de Panem, e não uma princesa sendo preparada para tal ato. Ela parecia forte, decidida. Até um pouco heroica. Nossa. – Não quero que aceitem uns aos outros. Ninguém é obrigado a aceitar porcaria nenhuma, isso é fato consumado, mas todas essas guerras seriam exterminadas se houvesse um pingo de respeito e amor pelo próximo!

Ao ouvir suas palavras, pude ver que não era apenas seu físico que era da realeza, e sim seu coração – Se dermos um pouco de respeito e consideração pelos outros, talvez possamos mudar o mundo. – disse mais baixo, suspirando profundamente – Tudo na minha cabeça soa mais fácil ou correto

– Sempre temos sonhos melhores e maiores que a realidade. E não pense em mudar o mundo. O mundo é bom, mas não as pessoas que habitam nele. – falei, com as minhas bochechas corando – E obrigado por fazer isso por minha causa, e por todos os de distritos inferiores, mesmo assim.

– Não deve me agradecer por nada... eu sou sua amiga, e defensora do “respeito gera respeito” e “gentileza gera gentileza”, entende? – Assenti, olhando para ela – E tem o Kurt. Muito chato, só me agradou na entrevista inicial. Só fala o quanto estar pegando sol agride sua pele! – revirei os olhos, assim como ela, e se mais alguém visse isso, poderia jurar que tínhamos combinado. Não fizemos isso, apenas nos tornamos realmente amigos.

– Hm... detesto pessoas assim, preocupadas demais com sua aparência exterior ao invés da interior. – ela assentiu – É uma vantagem que nós, de Distritos inferiores temos. – brinquei, piscando para ela, que riu, assentindo – Há quem diga que ser pobre, muito pobre, como eu, é muito ruim, mas não vejo tanto mal assim... quanto mais se tem, mais se pode perder, não é?

– Absolutamente. – disse com um sorriso – A coroa é uma coisa assim. Ela te dá muito poder, e as pessoas podem se aproveitar disso para te tirarem isso. – limitei-me apenas a assentir – Quando não se tem muito, pode-se conquistar muito. – sorri contente

Ficamos um tempo em silêncio, ouvindo apenas o som dos cavalos na grama, e o vento batendo em nossos ouvidos e rostos – Acha que eu possa ser uma esposa competente, Peeta? – ela me perguntou de repente, com os olhos úmidos, uma coisa incomum para mim.

– Hã? Como assim? – fiquei confuso – Claro! Menos presente que outras, mas ainda sim. Você é uma excelente companhia. – falei certo disso – Muito mais do que parece ser na TV.

– Bem mais? – olhou-me com seus olhos cinzas lindos e eu assenti

– Bem mais. Palavra de melhor amigo. – ela sorriu – Por que a pergunta?

– Porque minha mãe disse que eu sou uma péssima irmã, e péssimos irmãos são péssimos maridos ou esposas. – Pela expressão desconfortável que fez, não parecia tão próxima a mãe quanto todos pensam. – Eu apenas disse que estava sem tempo para ajudar Prim em inglês, com a conjunção dos verbos, por precisar me arrumar para meu encontro com o..o... – fechou os olhos, em busca do nome – Seu amigo moreno de olhos tempestade. É um nome autêntico, como ele. Gosto muito dele... Nossa, os olhos dele são tão gentis e bem intencionados...

– Hawthorne. Gale Hawthorne. – assentiu com um sorriso, me deixando abismado com toda essa característica do meu amigo. Ela nunca disse que eu tenho olhos gentis! "Você não é gentil", lembrei a mim mesmo, e revirei os olhos por mim mesmo. – Prim entendeu suas razões, ou você ao menos explicou para ela? - eu gosto muito de Prim, e é lamentável que só a tenha visto pela televisão, e duas vezes pessoalmente, mas apenas de longe.

– Claro. Eu não oculto tarefas de Prim, apenas alguns dados do trabalho, para não assustá-la, como a reação dos rebeldes, entende? – balancei a cabeça em concordância – E ela compreendeu, até auxiliando Annie a fazer uma trança em meu cabelo, mas nossa mãe não entendeu.

– Seu marido entenderá, com certeza. Tenha 100% de conhecimento disso. É apenas uma fase, e todos se desentendem, principalmente com os pais. É normal nessa idade, passo por isso sempre, até mesmo por cartas.

– Espero que você esteja certo, e essa seja apenas uma fase. – olhei para ela, que me olhava como se, se deixasse de acreditar em minhas palavras, poderia morrer.

– Por que seus olhos são tão sem brilho as vezes? – perguntei curioso, vendo-a cavalgar com maestria, ao meu lado, sem se importar em usar calças e estar sentada como um garoto sobre Cookie, o nome de seu cavalo predileto.

– Não acho que eu me sinta totalmente a vontade para contar sobre meus problemas comigo mesma, Peeta. – ela disse séria, olhando para frente, e depois para a sela do cavalo, então olhou para mim – Se eu te contar, talvez não vá mais sentir-se a vontade comigo. Ou me lançar olhares dos quais eu não me sinto à vontade. – Não eram apenas seus olhos com pouco brilho, em um tom fosco, que me deixavam curiosos. Algumas marcas em seu braço, se olhar com muita atenção, estão um tanto arroxeadas, e talvez seja por isso que está sempre coberto por uma blusa de manga comprida.

Perdão... – falei sem graça, realmente envergonhado – Ás vezes eu tendo a ser como meu irmão de quatro anos, extremamente curioso e indelicado, e tenho absoluta certeza de que minha mãe está certa quando diz que eu sou ainda mais audacioso. – Pensei que ela fosse permanecer com sua carranca, que, mesmo que não combinasse com toda a delicadeza e gentileza dela, caia bem nela. É o tipo de garota que fica bonita com qualquer tipo de expressão, e qualquer atitude, mesmo as extremas, lhe caem bem. Ela riu bem alto, e sua risada bem um som engraçado, como se estivesse rebobinando a risada, e eu ri junto dela.

Aprendi duas coisas na última semana sobre Katniss e seus ataques de riso:

1°! Sua risada é alta, e logo depois ela rebobina a mesma, e acaba fazendo uns sons ainda mais engraçados, como o clássico e constrangedor “oinque”, o barulho do porco;

2°! Sua gargalhada não tem som, e para mostrar que ela achou a coisa realmente engraçada, fica se debatendo, batendo palmas, e se apoiando na pessoa que a fez gargalhar;

3° fato, que eu acabei de descobrir, é que a sua risada, seu sorriso, sua gargalhada, mesmo com todo esse exagero, é tão confortável como o farfalhar das folhas, o canto dos pássaros pela manhã, ou o som da nossa música favorita. É familiar, reconfortante, e me lembra de casa, dos meus irmãos, e do quanto eles adoravam me acordar cedo e ver meu descontentamento, ou minha careta de pura dor quando eu batia a perna em alguma coisa que eles deixaram espalhadas pela casa propositalmente para me ferrarem, e até mesmo o meu sorriso bobo depois de me atacarem com suas mãos arteiras, causando-me cócegas, da ponta do fio, até a raiz.

– Eu quero conhecer sua mãe, e dizer o quanto ela está certa! – disse, fazendo aquele clima tenso sumir, e eu sorri – Ela é tão sábia!

– Não a chame de sábia, senão a perderemos para um enfarto do miocárdio. Ela se sente a mulher mais sábia do mundo, e para mim é, só que se você chamá-la assim, acho que teremos que construir uma casa de chocolate apenas para ela, por sentir-se superior a todos nós. – Katniss sorriu – Mas eu tô falando sério! – Ergui as mãos, como se fosse uma rendição, e olhei para ela – Minha mãe é fogo.

– E você a ama. – Afirmou, e concordei – Da mesma forma que ela te ama. Sente falta? Como ela está?

– Se eu disser que não, apenas para não incomodá-la, estarei mentindo. Sinto falta da minha mãe, e dos gritos dela, acordando-me cedo na matina para trabalhar, mas os criados dão conta disso... – falei sincero, e ela riu – Eu sei que se algo acontecer hoje, e eu morrer, não importa para onde vá minha alma, não sei. Ela saberá que eu a amei com toda a minha vida, e o mesmo vale para meu pai e irmãos. Aumentaram a dose dos remédios, mas ninguém quer me contar como ela realmente está... - suspirei, mas logo coloquei um sorriso no rosto - Obrigado por perguntar. – Ela sorriu, cavalgando ao meu lado, com um ar de rica, gerando uma risada alta por minha parte. – O que me faz continuar aqui é exatamente isso. Eles saberem que eu os amo, e faria qualquer coisa pelos mesmos, inclusive vir para um lugar do qual eu não queria, mas só os tenho a agradecer, pois estou aprendendo muito por aqui, além de poder ajudá-los, sem perder minha essência. – Katniss me olhava encantada, como se quisesse saber que sentimento é esse, do qual digo sempre com tanta paixão. – O amor fraternal, ou entre dois amantes, não importa. É o amor que nos impulsiona, a fazer loucuras. A fazer o que não queremos, que não gostamos, mas no final... descobrimos que vale a pena.

– Essa moça, é uma pessoa extremamente cega. - a olhei confuso - A moça que você namorava, lerdo.

– Ah... - Não quero falar sobre isso, mas minha cota com ela já estourou, com certeza - Por quê?

– Ela não enxergou você por completo, ou talvez tenha enxergado, mas não achou relevante, essa sua forma apaixonada de ser. Você é bonito por dentro e por fora. - disse dando de ombros, e inclinou-se um pouco sobre o cavalo, que acelerou a todo vapor, fazendo-a rir - VEM PEETA! DUVIDO QUE CONSIGA ME GANHAR! - disse sorrindo majestosamente para mim, com um brilho intenso no olhar, que poderia ser claramente comparado com dois diamantes.

Minhas bochechas, já rosadas por eu ser bem branco, ficaram vermelhas com seu comentário, que vou dormir pensando, mas ignorei no momento - Vamos, Pirata! Vamos? - falei para o cavalo, que fez um som com a boca, fazendo-me sorrir, entendendo como um "Agora!", e ele ficou sobre as duas patas traseiras por um instante, acelerando no instante seguinte, obedecendo minhas ordens, e eu abri o meu mais sincero e feliz sorriso.

Ele se chama pirata, porque é cego de um olho, mas isso não lhe tira a beleza, e muito menos o talento. Inclinei-me um pouco mais, segurando com força as rédeas, e só não estou mais confortável por ele precisar de sela. Gosto mais dele ao natural, embora seja a primeira vez que ando de cavalo pra me divertir. Das outras vezes era apenas para guiá-los até os estábulos no Distrito Quatro.

– VOCÊ PRECISA SER MAIS RÁPIDA! - gritei, gargalhando, apaixonado por aquela sensação de liberdade, ouvindo a gargalhada dela, e sei que ela sentia o mesmo que eu. Me inclinei para a frente, sentindo meu cabelo voar, na velocidade que Pirata corria. Gosto disso.

– E VOCÊ DEVAGAR! - Devolveu, e Cookie foi mais rápido - AAAAAAAAAAHHHHHH! - gritou animada, com um braço todo levantado, mas a outra mão segurava as rédeas.

Ficamos brincando de um pegar o outro, até que ela caiu do cavalo. Nossa, ela caiu muito feio, e por pouco o cavalo não pisa nela, fazendo meu coração ir na boca e voltar. - Katniss! - falei freando Pirata na mesma hora, e saltei em um pulo, escorregando, e quase caí na hora de correr, chegando a encostar um joelho no chão, mas que se dane. É a vida dela que está em risco, talvez.

Corri até ela, que estava de barriga para cima, com uma mão sobre a mesma, e outra no chão, com a palma para cima e um filete de sangue saindo de sua testa, podia ver isso de longe. - Ai meu Deus! - falei quase em um sussurro, ficando de joelhos ao seu lado - Katniss? Katniss? - disse suavemente, escondendo minha fragilidade por vê-la daquele jeito - Katniss! - Ela não se mexia, estava com os olhos fechados, e o sangue ainda escorrendo de sua testa. Não havia movimento em seu peito, e meus olhos se encheram d'água, fazendo uma coisa sufocante se apossar do meu corpo, e a respiração falhar cada vez mais - Ai meu Deus... Deus... - Estou desesperado. Acho que matei a princesa de Panem. - Guardas! Guardas! - gritei, e logo correram em nossa direção, de cavalo, pois estávamos longe. - Eles estão vindo, por favor, acorda... Vamos lá... - Eu disse colocando um pano que tinha na sela do Pirata, com Cookie nos olhando apreensivo. Animais são mais espertos do que possamos imaginar. - Você vai ficar bem. Eu prometo. - falei apertando os olhos com força, para não chorar como Ben quando não consegue algo.

– Parece que você se importa mesmo comigo, não, querido? - Eu estava chorando silenciosamente, apressando os guardas, quando ouvi suas voz risonha, embora um pouco fraca. O pano absorvia cada vez mais sangue, através de um corte minúsculo.

– O que?! Você pirou de vez?! - falei sem acreditar, vendo seus olhos bem abertos, olhando para mim de forma diferente. Com dor, mas carinhosos e alegres - Fingiu um desmaio! - afirmei, pondo-me de pé, enquanto ela ria, e gemia logo em seguida, com a mão na testa - Sua maluca! Idiota! Ai meu Deus! – cobri o rosto, respirando ofegante – Pensei que estivesse até morta! Sua ridícula! Filha da mãe! Babaca! – Senti uma forte vontade de me virar, e levar os dois cavalos, abandonando-a por lá mesmo de tanta raiva que eu senti.

– Peeta, pa-pa-para... - disse rindo, ofegante - A sua cara foi impagável. - fechei a cara, cruzando os braços, vendo-a pedir para que os guardas voltassem, fazendo um sinal de positivo, e se colocou de pé, mas teria caído se eu não a segurasse. Ela cairia feio. - Ai, acho que quebrei alguma coisa... - falou mordendo o lábio inferior, rosado por natureza, com muita força

– Você não presta. – eu disse balançando a cabeça, com ela em meus braços, como se fosse noiva - Sabe o susto que me deu?! Eu ficaria louco se você morresse, Katniss! - ainda estava afetado pela situação toda - Droga! - Pisei forte, deitando-a de maneira confortável sobre o Pirata. Sentada, mas com o tronco apoiado no pescoço do cavalo.

– Me desculpa, eu queria brincar um pouco, meu bem. - disse com uma mão em meu ombro, como se seu corpo fosse de algodão, tão leve e suave é seu toque - Eu realmente escorreguei. – apenas balancei a cabeça em concordância, subindo no Cookie, enquanto sinalizava da forma que me fora instruído, Pirata.

– Não dorme. E você não pode me chamar de meu bem ou querido. - pedi, olhando preocupado para ela, que acariciava a crina do cavalo, e tinha os olhos fechados - Katniss. - parou de mexer, e a mão caiu, fazendo meu coração pulsar forte no peito. - Katniss! - imediatamente parei o animal, e desci, sacudindo-a com força, para acordá-la

– Sono... - disse melosa, sem abrir os olhos, com a voz arrastada.

– Não pode dormir, cara. - Tirei alguns fios de seu rosto, com cuidado.

– Mas aqui é confortável, só se vir junto comigo. - assenti, ignorando o que poderiam dizer sobre isso, e fiquei atrás dela, acomodando-a em meus braços como se fosse uma das minhas irmãs - Obrigada. Isso é... - deitou a cabeça em meu peito - Gentil.

– Legal, legal. Mas você não pode dormir. - riu, assentindo

– Vou cantar. - avisou, e eu olhei para a copa das árvores, vendo alguns tordos, e uma brisa confortável nos visitou, fazendo-me sorrir, em paz, lembrando-me de Amélia. - Isso é um Tordo? - tocou em meu broche, e eu assenti - Muito bonito. Meu cordão tem um também... Olha aqui. - Puxou a correntinha fina que tinha, me mostrando um pingente médio, com o mesmo desenho do meu broche, só que muito mais superior. - Quem te deu isso? É realmente muito bonito.

– Obrigado. Minha irmã quem me deu. – sorriu - O que quer cantar?

You’re so indecisive of what I’m saying, Trying to catch the beat make up your heart, Don't know if you're happy or complaining, Don’t want for us to end where do I staaaarrrttt! - Sorri, identificando a música, denominada "Pop" antes da guerra. What do You Mean, eu acho.

First you wanna go to the left and you want to turn right, Wanna argue all day make love all night– Completei, fazendo-a sorrir

– First you up and you’re down and then between, Ohh I really want to know!– Arqueou uma sobrancelha para mim, fazendo-me sorrir e continuar

What do you mean, When you nod your head yes, But you wanna say no, What do you mean? When you don’t want me to move, But you tell me to go!– Sorrimos, e ficamos cantando outras músicas aleatórias, até chegarmos, e o clima descontraído pareceu desaparecer, junto com a feição alegre dela.

– O que houve? - logo vieram em minha direção, que a segurava com todo o cuidado do mundo, como se fosse de porcelana.

– Ela caiu e cortou a testa. - assentiu - Não deixei ela dormir. Onde é a ala hospitalar? - o guarda me instruiu, e rapidamente segui suas ordens, preocupado com a moça que jazia pálida em meus braços, mas como ninguém estava muito disposto a ficar fazendo relatório, segui sozinho, com um guarda guiando-me até o lugar certo.

**

– Vai ficar bem. - Maggs, a enfermeira, uma senhora de idade, disse para mim, dando um leve tapinha no rosto de Katniss, que tinha um termômetro na boca - Ela ama dar susto nos outros. Foi só um corte na testa mesmo.

– Nada dichu! - defendeu-se a morena, e Maggs tirou o termômetro de sua boca - Eu não gosto de zoar e assustar as pessoas! Só a Prim!

– Uma dessas duas vai fazer eu me aposentar ou morrer de preocupação, Peeta. - Ignorou Katniss totalmente, olhando para mim, que ri sinceramente - Não se deixe enganar por esses olhos aí.

– Eu tenho lindos olhos, e uma linda voz. - Katniss disse - Maggs, tu me ama. - piscou para a senhora, que revirou os olhos.

– Vai se ferrar, Katniss. - ela riu, assim como eu - Acho melhor ir para seu quarto, para evitar boatos, entende? - a tia tocou meu ombro, com um sorriso gentil - Muito obrigada por trazer essa desastrada até aqui.

– Claro, claro, estou cansado também... E não precisam me agradecer. - olhei para Katniss - Somos amigos, e amigos fazem isso. Protegem uns aos outros. - depois de um "eu te amo", para minha família, essa foi a coisa mais sincera que eu disse. Somos amigos. Amigos.

Antes que eu me levantasse, depois que Maggs saiu, ela segurou a minha mão, e eu senti alguma coisa passar entre nós, que me deixou grilado. Por que esse arrepio bom na espinha, que faz cada fio da minha nuca se eriçar? Nunca senti isso antes! Never. Nunca. Em nenhum momento dos meus 18 anos e sete meses, eu nunca senti isso.

– Obrigada por ter me trago até aqui, Peeta. - disse baixo - Espero que esteja presente no programa do Caesar hoje.

– Prometo fazer de tudo para não faltar, pois tenho muitas obrigações, entende? - Katniss riu, pela minha expressão de "sou o Rei de Panem já". - Falando sério, toma mais cuidado da próxima vez.

– Tá, não prometo muito, mas ok. - Sorri, e quando ela ia se inclinar para dizer algo no meu ouvido, Julia bateu na porta do quarto da enfermaria, entrando depois de um "licença", me chamando para ir me arrumar - Recupere-se logo, e dê um jeito nesse seu rosto aí. Está horrível. - Minha intenção era fazer ela sorrir um pouco, pois estava mesmo abatida, e seus olhos se ofuscaram quando Julia me chamou.

– Depois você me diz como consegue sair com essa cara aí todos os dias. Como é ser horrível todos os dias? - Ri, assim como ela, levando totalmente na esportiva

– Evitando espelhos, cara princesa Everdeen. Evitando espelhos. - sorriu - Quer se sentar? - assentiu, e eu a ajudei, sem muita dificuldade, ignorando Júlia querendo me matar do lado de fora pela minha demora. - Fica bem. Preciso ir.

Valeeeu. - acenou com a mão direita, me olhando de forma diferente, mas muito, muito, muito positiva. Isso foi sexy, porque foi fofo e engraçado. Ela deve estar praticando.

– Nossa, acho que estou me sentindo atraído por você. – toquei em meu peito, na altura do coração, fazendo ela suspirar. - Continue treinando, que se for mais fofa, você pode pedir um palácio de chocolate e seu pai te dará. -sugeri, fazendo ela sorrir largamente, batendo palmas de animação. Não aguentei e gargalhei dela, de suas reações.

– É, eu sou assim. Ser sexy e conquistar corações é minha maior especialidade. Agora, some daqui, Sete. Eu sou demais. - sorri irônico, mas ela tinha sido extremamente linda ao fazer um gesto "lalalalala, eu sou linda, eu sou mais que você", mas sem maldades, não era para me esnobar, sei que ela não tinha essas intenções na maior parte do tempo.

Tchauzinho, Katniss. - fiz minha cara mais cinicamente cínica, deixando-a rindo alto por isso, depois que fingiu ter um ataque cardíaco

– Oh, não, meu bem! - disse, fingindo estar morrendo de dor por eu estar indo embora - Não se vá!

– Tchau! - me despedi de longe, mandando um beijo fazendo ela gargalhar, e eu a acompanhei, acenando sinceramente, para finalmente sair do seu quarto hospitalar.

– Effie vai te matar, cara. - Júlia disse tocando a testa com uma mão, preocupada, mas com um sorriso no rosto - Vocês são incríveis juntos.

– Ela é a minha amiga. Assim como você é minha. - Ela sorriu, caminhando de braços cruzados ao meu lado

– Sei... - me deu um empurrãozinho, me fazendo automaticamente lembrar de Amanda, a pessoa mais implicante e insuportável, mas que eu não penso duas vezes antes de perguntar algo sobre a vida, mesmo que ela seja três anos mais nova que eu, pois é dona de uma sabedoria intangível para mim. - Até parece, você já ama a Princesa! - sussurrou alto, depois de constatar que tinha alguns guardas no caminho até meu quarto

– Eu não amo ela! - sussurrei de volta, colocando as mãos no bolso da calça - Ela é minha amiga!

– Uhum, isso eu acredito, MAS! - abriu a porta do meu quarto para mim, onde uma bandeja com meu almoço estava a minha espera e Layla com Stefan comendo sentados no chão, e ao lado deles, o prato com a comida da Júlia. Peguei meu prato e me sentei entre eles. - É muito incomum essa aproximação de vocês em uma semana. - Ela continuou, antes de comer

– Caraca, maluco, vocês cismam que eu amo ela! - joguei uma batata nela, que riu, assim como seus irmãos - Eu não amo!

– Tá, tá, por que está tão exaltado assim, hm? - Layla perguntou, arqueando uma sobrancelha

– PORQUE VOCÊS ME ENCHEM A PACIÊNCIA COM ISSO! - eles gargalharam quando joguei as cebolas neles, sabendo que não era uma agressão - Ela é minha amiga, da mesma forma que vocês são meus!

– Acho melhor você usar um terno cinza hoje, com uma blusa preta. - Stefan disse, dando uma cotovelada em Júlia - Lembra daquela vez que o Rei usou essas cores e ela logo fui ajudar a ajeitar a manga? Ela ama essa combinação.

– Verdade! Ela vai acabar com A Seleção em um piscar de olhos! - revirei os olhos, indo para a minha cama, deixando-os rindo - E você tem que ir tomar banho! Ainda bem que tirou seu sapato na enfermaria!

Mais uma vez, revirei meus olhos, mas claro que com um sorriso nos lábios, porque eles não são meus irmãos, não de sangue, mas são meus amigos de verdade, e há amigo mais chegado que irmão.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Espero que tenham gostado do capítulo, meus amigos, de verdade, e se não gostaram, me avisem! Por favor!
Desejo que 2016 seja um ano de muitas vitórias, realizações e coisas boas, de verdade, com muita saúde, paz, descanso, sabedoria, etc. Desculpem-me. Não sou muito boa nessas coisas, e para tentar me redimir, entrando com o pé direito em 2016, temos que sair de 2015 DIVANDO, né?
AOS SPOILEEERRRSS!
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.
William Shakespeare
Essa vai ser a citação do próximo capítulo, agora, aos trechos! PS.: São outras partes do capítulo, diferentes das que eu coloquei no final do capítulo passado! :)

"- Pelo fato de ser um Sete, o Distrito mais inferior na competição, onde a maioria é entre Dois ou Quatro, acha que possui menos chances que os outros? - isso fez meu sangue ferver, de forma extremamente negativa, e fiquei feliz por não estar segurando na mão de Katniss

— De forma alguma! - Caesar me olhou engraçado, não esperando a velocidade de minhas palavras

— Então se sente superior a eles? - Os selecionados riram, com exceção de Gale e Finnick, que balançaram a cabeça em negativa, sabendo que isso era mais que uma competição para a mão da princesa, e sim um jogo para apaziguar as manifestações e diminuir de vez por todas os Distritos inferiores, como se nunca pudesse participar de algo como este. Irritado, embora já soubesse que seria assim, não pude deixar de ficar magoado com isso tudo."
"Voltei para meu lugar, depois que vi uma foto minha ( http://1.bp.blogspot.com/-BF08GzOYEBE/TZwlDbtxGII/AAAAAAAAAGk/VDXIgdKT1Tk/s400/tumblr_lj5iduXgq91qzd1ixo1_500.jpg ) no telão e nem prestei mais atenção no programa, apenas me liguei que tinha terminado ao ver a bandeira de Panem no telão e que eu deveria voltar para meu quarto.

Voltei sem muitas empolgações, com minhas mãos no bolso, prevendo que meus criados, mas os chamo de amigos, vão estar me esperando com roupas leves, com coisa para tirar a bendita base que passaram em meu rosto pra tirar a espinha que nasceu junto a inexplicáveis outras nas minhas bochechas. Odeio a adolescência e seus hormônios desnecessários."
"- Meu Deus do Céu, não tente ser sexy! - me sentei no meio da cama, com as pernas cruzadas, e pude vê-la se sentar na poltrona perto da cama, nos deixando frente a frente - Então?

— Então...?

— Então.

— Então?

— É, Katniss. - levantei as sobrancelhas e falei com um sorriso - Então. O que te traz aqui? - nos encaramos, então começamos a rir

— Ok, me desculpa, é que não capitei a mensagem oculta por trás do "então" - indicou com os dedos finos - Vou eliminar mais alguns Selecionados. - Quatro deles - Quatro deles.

— YEAH! - dei um pulo na cama, ainda sentado, fazendo-a me olhar confusa

— Oh... - corei - É que esse foi o meu palpite. Rick, Enzo, Carlos e Teddy? - assentiu, suspirando, tirando algumas de suas pulseiras - Eles foram péssimos na entrevista."
"Katniss estava me olhando ofegante, assim como eu, e seus olhos estavam nos meus olhos, mas desceram para minha boca. - Por que está me olhando assim? - perguntou baixo, e quase não podia ouvi-la por causa do barulho da água, mas como olhava também para sua boca, podia sentir o que ela dizia.

— Porque você me olhou assim primeiro. - Levantei os olhos, e ela me olhou com seus olhos cinzas puros, como uma nuvem, mas não me davam medo. Não tenho medo dela.

A menos de um palmo de distância, onde se eu me inclinasse só um pouco poderia beija-la e vice-versa, e meu corpo nunca foi tão leve. Não podia tocar no chão plenamente, mas nunca estive tão inexplicavelmente certo do que estou fazendo, onde e com quem estou."
Nota: No próximo capítulo tem uma grande surpresa.

E isso é tudo em 2015, pessoal. Boas festas! *sorrisão*