A Seleção da Herdeira escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 11
Conversando mais é que podemos conhecer alguém | A Seleção


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal! Como vocês estão?! :) MUITO OBRIGADA PELOS COMENTÁRIOS! O CAPÍTULO ANTERIOR FOI O MAIS COMENTADO DA FICNEY! *Chuva de confetes, e eu rindo de muita felicidade (lembrando que minha risada é um pouco assustadora *emotion de sol do whatsapp*)*
UM AGRADECIMENTO ESPECIAL A BETA, porque isso não seria possível sem ela (literalmente), corrigindo meus erros assustadores de português. Meu celular tem uma memória mais curta que a da Dory de Procurando o Nemo... e eu preciso apagar o aplicativo do Messenger, e tenho horário agora para Facebook e WhatsApp por causa da minha irmã mais nova *chorando* Aí eu me esqueço de abrir, então deixo aqui meu agradecimento. Muito obrigada, LÊ!
Peço desculpas por ainda não ter respondido ninguém no capítulo anterior, mas é que as coisas estão tão sérias aqui em casa, que eu não contei nem para as pessoas mais próximas a mim, tipo, muito mesmo, e não quero me estender a respeito. Não respondi porque não quero tratar ninguém de qualquer forma, mas hoje mesmo estarei respondendo, ok?
Hm... Já disse no capítulo anterior que eu não gostei do filme, que a primeira parte foi muito melhor (e meu favorito), ok, já disse, e também disse que eu detesto Star Wars? GENTE QUE COISA IRRITANTE! Mas eu quero um sabre de luz... e aquele bonequinho redondinho lá, que é uma bolinha com uma cabeça daora *abaixando a cabeça e corando* Eu tô de saco cheio da minha timeline sendo cheia com essas pessoas comparando! Era isso o que eu queria falar aqui mesmo, porque cansei de ficar apartando brigas na internet entre tributos e sei lá como se chamam os fãs de SW (eu respeito, todos ao meu redor são EXTREMAMENTE fãs), mas é que está palha essa briga de fandons mesmo... *emotion de lua do WhatsApp*
Hm, já que é uma pequena citação que vem no começo do capítulo, resolvi colocar com uma música também, com a tradução no texto. Só para deixar mais "dinâmico", não sei. Eu gosto tanto de músicas. Os anjos cantam e dizem 24h o quanto Deus é Santo, e eu não vejo a hora de fazer parte desse coral. Tipo. Sério, eu falo mais por lágrimas e nomes de música do que através de textos. A parte com música está no meio do texto, para ficar mais certo, está bem? Espero que gostem do capítulo! Beijos!



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Vamos brincar de imaginar um mundo diferente?
As pessoas deixam de ser coisas e passam a ser gente!

Roberto Freire

Despertei com a luz que entrava pela janela, a medida que Layla puxava as cortinas ricas e pesadas delicadamente, cantarolando baixinho uma canção, feliz por sua tarefa.

Não estou preparado para me levantar. Sempre fui preguiçoso, sempre, e agora é o período que mais quero aproveitar, então simplesmente virei o rosto para o outro lado, com os olhos fechados, e me encolhendo ainda mais debaixo do grosso cobertor.

Se eu tinha uma chance, precisava pedir desculpas para a princesa, e seria um milagre se ela me concebesse isso. Pensei nisso ao acordar por nada novamente de madrugada, fazendo minha consciência pesar, mas não por muito tempo. Meu corpo parecia pesar negativo naquela cama. Meu Deus... é como deitar em uma nuvem.

— Senhor? Está acordado? — Stefan perguntou calmamente.

Nãããããããããão — falei fazendo birra, contra o travesseiro, de olhos bem fechados e ouvi os três rirem da minha reação. — Só mais cinco minutos! — Riram mais um pouco, e, embora eu tenha dormido bem menos que o necessário, a risada deles me fez sorrir e ter um pouco de ânimo para me levantar.

Sentei-me na beira da cama, esfregando os olhos, e sabendo que meus cabelos estão todos para o alto, assim como meu rosto um pouco amassado e marcado pelo travesseiro. Observei aqueles trigêmeos, movendo-se em sincronia pelo quarto. Júlia passava minha roupa, Stefan arrumava a cama or eu já estar de pé, e Layla ajudava o irmão. Eles seriam provavelmente os mais fáceis de lidar durante minha estadia no palácio. Pergunto-me se eles se tornarão meus confidentes, ou se o treinamento e a etiqueta os impediriam de compartilhar até de comer bolo comigo. Embora eu tivesse nascido no Distrito Sete, eu era um Três agora. E o fato de serem criados, os torna Seis. Mas não tenho problema com isso. Gosto de companhia.

Meio a contragosto, fui para o banheiro, pedindo para eles me deixarem tomar banho sozinho, porque isso é assustadoramente estranho e constrangedor, e eles entenderam, embora esteja no protocolo que devam me dar banho. Ah, peraí... não sou tão inútil assim... sou?

Depois do banho, e eu colocar um roupão, Julia secou meu cabelo, penteando-o com cuidado, e não fez nada muito elaborado, apenas o colocou de lado, fazendo-a fazer uma carena.

— O que foi? Ficou legal assim — falei sinceramente.

— Você não é menina! Eu queria que fosse! Para eu poder fazer vários penteados! — Sorri.

— Quem são essas? — Stefan perguntou envergonhado, com suas bochechas ficando vermelhas, apontando para minhas irmãs.

— Eu diria que as mulheres da minha vida, das quais o rei não se importa se tiverem esse título. São minhas irmãs. Amélia, Stacy e Amanda. — Ele parecia encantado, assim como Julia e Layla. — Bem, elas três têm cabelo longo, quem sabe um dia não as vejam?

– Vou esperar ansiosamente esse dia, porque pentear cabelo de menino é muito ruim! É muito curto, e as criadas não podem ter cabelos longos. — O cabelo dela e de sua irmã são até o ombro, e bem encorpados e cacheados, perfeitos, enquanto o de Stefan é totalmente liso, com os cabelos devidamente aparados e castanhos escuros, como o das irmãs. Todos eles têm pele parda e olhos escuros, mas com sua beleza própria.

— A princesa tem cabelos longos, não tem? E a princesa Prim — eu disse, me levantando e calçando meus sapatos, por ficar com vergonha de eles fazendo tudo por mim. Vou ficar mal-acostumado dessa forma.

— Sim, mas quem cuida delas são Annie, Madge e Johanna. — Assenti com as palavras da Layla. — E da princesa Prim, Wiress, Rue e Cecilia. Elas todas são pessoas excelentes, e bem mais experientes do que nós.

— Não! As criadas da princesa Katniss são apenas três anos mais velhas que nós — Julia lembrou e Layla fez uma expressão de “atááááá” e Stefan revirou os olhos.

— Fomos selecionados para cuidar de vocês porque somos novos, e precisamos trabalhar. Temos 18 anos — o rapaz disse, passando as mãos no cabelo. — Somos treinados desde que chegamos aqui.

— E quando chegaram? Por que vieram pra cá?

— Chegamos aos 12 anos, Peeta — Julia continuou, depois de trocar um olhar nervoso com os irmãos. — Porque nossos pais deviam o palácio. Não tínhamos como pagar, então fomos escalados para trabalhar aqui até quitarmos a dívida.

— Que não para de crescer, por justamente morarmos aqui, sem “fazer nada”, durante seis anos — Layla disse. — Só nossos pais trabalhavam, mas nossa mãe morreu há quatro anos, por causa do câncer no útero, então mais despesas. — Suspirou, fechando os olhos.

— Não precisam continuar... — eu disse ficando de pé, por não suportar ver as pessoas sofrerem e eu não poder fazer nada. Isso soa muito estranho para um cara de quase um e oitenta de altura, cinco irmãos e que tem nas costas todas as despesas da família, mas é algo extremamente espiritual isso. Odeio ver as pessoas sofrerem. Me lembra o quanto sou humano e incapaz de fazer as coisas melhorarem. — Me desculpem, não queria magoar vocês. — Stefan negou.

— Está tudo bem. Com nosso salário, em dez anos conseguiremos ter o suficiente para quitar as dívidas e viver em paz no nosso Distrito, sem precisar trabalhar por um tempo — ele explicou.

– Mas não faremos isso. – Layla acrescentou – Somos muito honrados e bem tratados trabalhando no palácio. – os irmãos assentiram – Não fique com essa cara de tristeza! - ela disse sorrindo – Está tudo bem! – Assenti, mas não me convenci tanto.

— Não gosto de ver as pessoas tristes e não poder fazer nada quanto a isso — falei colocando as mãos no bolso.

— Isso é uma ótima coisa, sabia? — Julia disse eu neguei. — A vontade de querer deixar as pessoas felizes e satisfeitas, assim como procurar deixá-las animadas, é uma coisa extremamente positiva. É o que um bom líder faria. — Minhas bochechas ficaram vermelhas, com certeza, mas eles me direcionaram um olhar tão cuidadoso, que eu não pude continuar envergonhado, apenas disse

— Obrigado. — E eles sorriram de volta, podendo deixar o sol no chinelo, de tão radiante que foi esse sorriso em resposta.

...

Eles me acompanharam até uma sala, pouco antes de descer as escadas para onde seríamos levados, e tomarmos café.

Pensei ter demorado bastante para ficar arrumado, fora que fiquei conversando com meus criados, mas quando cheguei, só tinha 4 rapazes.

— Qual seu Distrito? — um moreno de olhos azuis bem escuros me perguntou com um sorriso.

— Peeta Mellark, Distrito Sete. — Seu sorriso vacilou, e ele adquiriu uma expressão pensativa.

— Eu sou Albert Johnson, Distrito Dois. — Estendeu-me a mão, que eu apertei de leve, com um sorriso torto. — Desculpe, mas Cato disse que não é adequado falarmos com Distritos inferiores ao Quatro.

— E ele por acaso é rei pra determinar alguma coisa? — debati, e ele riu baixo, cobrindo a boca com as duas mãos.

— Não, mas ele disse que seríamos excluídos, principalmente se visto com você. — Neguei, olhando para frente.

— Nem é príncipe e diz algo como isso... — Balancei a cabeça em negativa, e peguei um livro sobre a mesa de descanso.

— Você... sabe ler? — uma outra voz perguntou, e eu levantei meus olhos, para um ruivo com sardas e olhos verdes. — Sou Tyson Newsome, Distrito Três.

— Sei ler, escrever, somar, subtrair, multiplicar e dividir, por quê? — Não queria deixar que percebessem que isso me deixa desconfortável, mas é quase impossível. Toquei levemente o broche que Amélia me deu, desejando que ela aparecesse aqui, mas nada aconteceu. Nunca acontece, somos nós quem precisamos fazer algo por nós mesmos de vez em quando.

— Porque é um Sete — Tyson teve a audácia de explicar. — Todos os sete não deveriam saber segurar uma pá, ao invés de uma caneta?

— Podemos segurar os dois se nós quisermos — respondi olhando para ele. — O fato de ser um Distrito desvalorizado, não significa que não tenhamos educação. — E ficamos em silêncio total e nada acolhedor, até Marvel, Cato, Finnick e Gale chegarem.

Mantive-me em silêncio, lendo um livro, sem prestar nenhuma atenção, pois a saudade de casa voltou. Queria que minha mãe estivesse aqui, e desse um fora neles, mas... apenas usei seu conselho.

O sucesso é a maior revanche para qualquer coisa, assim como o silêncio é a maior resposta para uma humilhação. Se te diminuírem, não responda. Você é superior a isso, agora vai estudar, preguiçoso!” Sorri com esse pensamento, e suas frases meio sem nexo na maior parte do tempo, mas nem ligo.

— Vamos? — Effie disse, chegando em uma roupa casual, mas com glitter e purpurina, é claro.

Dei uma olhada nos outros 35 Selecionados, e todos pareciam que seriam coroados pela suprema corte hoje. Ternos, camisas sociais, calças sociais... o mais normal era eu, com uma camisa social branca e calça de um tecido mais macio maleável que o jeans (os meus criados não fazem ideia do que isso seja, e eu fiquei assustado, assim como você, provavelmente), na cor dos meus olhos, quase, e honestamente, estou muitíssimo feliz com isso.

Suspirei, balançando a cabeça em negativa, e esperei todos passarem, para não chamar a atenção.

Quando vi o Grande Salão, a mesa estava vazia, com diversas cadeiras postas ao redor, e muitas pessoas limpando o ambiente, então ela parecia bem grande, fazendo jus ao nome, porém hoje foi organizado de maneira diferente.

O lugar para as refeições, de acordo com Effie, sempre seria a sala de jantar, mas como hoje é “Um grande! Grande dia!”, será aqui. Palavras dela.

Várias mesas para quatro pessoas foram postas espalhadas por lá, devidamente posicionadas, e todas elas eram redondas e grandes, em comparação a que tem na casa de todos os Selecionados.

Com 36 caras andando pra lá e pra cá, no mínimo 40 criados, 15 guardas, o Grande Salão se torna pequeno, sem contar com um belo grupo de jornalistas e câmeras. Eu estou sendo irônico. Câmeras não são nada belas ou acolhedoras, se podem me flagrar tentando furtar os doces, e a minha cara sair estampada nas capas de revistas e jornais.

Na frente de cada cadeira, tinha um prato grande – para pôr outro em cima, de acordo com Effie –, com uns cinco talheres de cada lado, para cada um que se assenta na mesa, e um papel meio dobrado, com o nome. Peeta Mellark, meu nome, estava na última cadeira, e ao meu lado, David Kutcher e a minha frente, Gale, sentado ao lado do Marvel.

Estava uma conversa razoável pelo salão, com Effie dando mais instruções sobre como nos portar à mesa, quando ouvimos três batidas ritmadas nas grandes portas reais que foram abertas por dois guardas, quando Katniss surgiu em nosso campo de visão.

Ela estava perfeita. Como sempre. Bufei com a visão, fazendo Kutcher me repreender

— E isso são modos de agir quando a princesa está aqui? — Dei de ombros.

— Ela é muito perfeita. Perfeita demais para ser verdade. — Assentiu.

— Mas ela é perfeita. — E ergueu os olhos, contemplando a princesa, que estava com um vestido simples, rodado, até poucos dedos abaixo do joelho, totalmente estampado com flores, e o cabelo domado em uma trança escamada, caindo sobre seu ombro esquerdo, e uma tiara brilhante porém discreta no topo. É, ela está perfeita, só que isso não é um elogio. Duvide do que é muito perfeito e que brilha demais, pois nem tudo que reluz é ouro. Talvez seja uma lata de sardinha.

— Bom dia, senhores — ela disse, e começou um alvoroço no salão, enquanto eu colocava um brigadeiro (que roubei discretamente quando passei perto da mesa com alguns doces. Sabe como é, né... teste de qualidade, para saber se eram de verdade ou não) na boca, observando o circo começar a pegar fogo.

— Meu Deus, ela é muito gata! — Marvel disse em um sussurro para nós na mesa, e todos rimos pela sua forma de dizer o quanto ela é bonita. — Eu pegaria ela mesmo se fosse uma Oito.

— Isso foi muito preconceituoso! — David disse.

— Dane-se! — Marvel disse olhando pra ele — Cala a boca aí, seu almofadinha! — Segurei o riso, assim como Gale, pela expressão que David fez, totalmente ofendido. — As moças de Distritos inferiores são muito atraentes. — É, ele está certo. Minhas irmãs são perfeitas.

— Majestade — Effie disse em uma reverência.

— Olá, Effie. Se não se importa, eu gostaria de me apresentar a esses jovens rapazes.

— Absolutamente — ela respondeu, inclinando-se mais uma vez.

A princesa Katniss correu os olhos pelo salão e deparou comigo. Pensei em cavar um buraco e esconder a cabeça, ou simplesmente deslizar pra debaixo da mesa, mas não dava mais tempo. Nossos olhares se encontraram por um instante e ela sorriu.

Eu não esperava isso.

Imaginei que ela tivesse mudado de ideia, e fosse me despachar agora mesmo, depois de contar a todos sobre ontem, e me dar uma bela bronca pelo meu comportamento. Mas talvez não tivesse ficado nem um pouco irritada, afinal, por ter me achado divertido. Com certeza ela ficava extremamente entediada ali, mesmo com uma irmã caçula. Não importava: aquele breve sorriso me dava esperanças que a minha estadia ali não poderia ser tão ruim, no final das contas. Me apeguei à esperança que a princesa estava certa sobre sua decisão na noite passada e que ouviria minhas desculpas.

— Senhores, se não os incomodar, chamarei cada um de vocês para me conhecer individualmente. Estou certa de que estão com fome, assim como eu, de modo que não tomarei muito de seu tempo. Por favor, perdoem-me se demorar para decorar seus nomes. É que há muitos de vocês.

Uma chuva de risadas preencheu o ar, e admito não ter contido um sorriso torto.

Rapidamente, ela se dirigiu ao primeiro garoto da fileira de cadeiras da direita, e foram para a área dos sofás, onde conversaram por alguns poucos minutos, depois ela se levantou, e ele também. Katniss fez uma suave reverência, e o garoto também. Ele voltou para seu lugar, e chamou o próximo, ao seu lado, então o processo se repetiu. As conversas duravam poucos minutos, e as vozes saíam abafadas, gerando um certo descontentamento geral. Ela queria conhecer os meninos em poucos cinco minutos.

— O que você acha que ela quer saber? — Gale perguntou, virando-se para mim, depois de tomar um pouco de suco.

— Talvez a lista de atrizes que acha mais bonitas. Faça uma lista mental agora. — ele, David e Marvel riram baixo com minha resposta.

Não éramos apenas nós que conversávamos. Um murmurinho se estendia por todo o salão, na intenção de aliviar a tensão antes de sermos escolhidos.

Um grupo de jornalistas se aproximou, e permiti que David respondesse por mim, perguntando sobre o primeiro dia no palácio, se tinham gostado das criadas e coisas do gênero.

Eu observava o tempo todo o sofá enquanto cada um dos Selecionados era entrevistado. Alguns permaneciam calmos e senhoris, outros pareciam nervosos de tanta emoção. Gale estava claramente inseguro quando chegou sua vez, e juro que o vi tremer, mas voltou radiante. David arrumou a blusa diversas vezes, em um gesto extremamente nervoso.

Caraca, por que estou suando? É a minha vez. Para de ser uma menininha, Peeta. Respirei fundo e me levantei, caminhando até a princesa, que se levantou para ler meu outro broche, o que eu deixava visível, com minha identificação.

Você tem vir e ficar brava por toda minha honestidade
Você sabe que eu tento, mas não sou bom com desculpas
Espero que eu não fique sem tempo, alguém pode convocar um referendo
Porque eu só preciso de mais uma chance de ser perdoado

Me desculpe, yeah
Desculpe, yeah
Desculpa
Yeah, eu sei que te decepcionei
É tarde demais para pedir desculpa?

Eu assumo cada pedaço de culpa se você quiser que eu assuma

Sorry, Justin Bieber

— Peeta, certo? — perguntou com um sorriso brincalhão nos lábios vermelhos por um batom, que lhe caia muito bem.

— Sim, sou eu. E sei que já ouvi seu nome antes, mas poderia refrescar minha memória? — eu disse, mexendo no cabelo, fingindo confusão, tentando quebrar um gelo, antes de notarmos o clima estranho entre nós, e Katniss riu, pedindo para que eu sentasse.

Ela se inclinou para a frente e perguntou:

— Você dormiu bem, meu querido? Ou melhor... — Ela arqueou uma sobrancelha, com um sorriso de soslaio no rosto. — Meu bem?

Os olhos dela brilharam em entusiasmo, enquanto não sei a cara que fiz quando ouvi isso.

— Ainda não sou seu bem. — Dessa vez, eu carregava um sorriso. — Mas dormi. E muito bem. Meus criados precisaram me derrubar, pois a cama é confortável demais.

— Fico animada que tenha ficado confortável, meu... Peeta. — corrigiu-se, e não foi possível não esboçar um sorriso.

— Obrigado — respondi, com minhas mãos suando em nervosismo, passando as mãos nos meus cabelos, desfazendo o penteado de Julia. — Olha... mil perdões por eu ter sido um mal-educado com a senhorita. Enquanto tentava pegar no sono, mesmo que tentasse esquecer, foi impossível. Embora a situação me pareça estranha, e é estranha, não me dá o direito de descontar tudo em você. Não é sua culpa que eu tenha me metido nisso tudo, e essa história de Seleção é ideia sua. Além disso, a senhorita me tratou com muita simpatia, e teve a bondade e compaixão em meu momento de dor, enquanto eu... fui péssimo. Poderia ter me expulsado ontem mesmo, mas não o fez. Obrigado. – fui extremamente polido, coisa que não sou nem pagando, mas não me senti mal ou falso depois de proferir tais palavras, porque mesmo que não seja algo habitual, eu fui sincero, e a sinceridade é a base do meu caráter.

O olhar de Katniss parecia terno. Os garotos anteriores devem ter ficado apaixonados com esse olhar quando os olhou dessa forma, mas eu tendo a ficar irritado, mas é claro que é um olhar normal dela. A princesa abaixou a cabeça por um instante. Quando levantou, pôs os cotovelos nos joelhos e apoiou o queixo nas mãos, e eu não podia acreditar que ela não era como minha irmã Amanda ou Stacy, pela simplicidade no gesto, como se quisesse me fazer entender a importância do que estava por vir.

— Peeta, você tem sido muito sincero comigo, e eu admiro muito isso, sinceramente. Vou te pedir para que responda uma pergunta, se não for um incômodo. — Concordei, sabendo que não podia negar, depois da maneira que a tratei na noite passada. Ela inclinou-se ainda mais na minha direção, mas em uma distância respeitável. — Hm... você diz que está aqui por engano. Isso me faz pensar que não queira estar aqui. Há alguma possibilidade, a menor delas, de nutrir algum tipo de... de... sentimento amoroso por mim? — Eu não queria magoá-la, mas também não podia enganá-la. Katniss tinha feito mais por mim em uma noite do que meus irmãos poderiam fazer em uma vida, em questões de tolerância.

— Vossa alteza é muito gentil e atraente... e atenciosa. — Ela sorriu diante meus elogios, que me fizeram passar as mãos no cabelo nervosamente, fechar meus olhos e suspirar, abrindo-os novamente, continuando a falar em voz baixa. — Mas tenho motivos para pensar que não.

— Poderia explicá-los? — Não parecia magoada, mas um pouco decepcionada, o que é bem compreensível. Ela com certeza não estava acostumada a isso, a rejeição, afinal, ela é uma princesa.

— Acho... na verdade, certeza de que meus pensamentos estão em outro lugar. — Abaixei a cabeça, colocando meus cotovelos na pena, e cobrindo meu rosto com as mãos, sentindo meus olhos se encherem d’água na mesma hora. Não chore, Peeta. Não chore. Você não tem o direito de chorar.

— Por favor! — Tocou meu ombro — Não chore! Raramente vejo homens chorando, e nunca sei o que posso fazer! — Sua voz baixa estava cheia de preocupação, e toda a minha vontade de chorar, sumiu, dando lugar a uma risada. Era impossível não notar a sensação de alívio em seu rosto. — Você quer que eu lhe deixe ir para sua garota hoje? — ela perguntou. Era evidente que a ideia de outra garota ter meu coração a incomodava, mas invés de ter ódio, ela demonstrou compaixão. Isso me fez confiar nela.

— Aí que está o problema... não quero voltar para casa.

— Quê? — Sua expressão perdida me fez rir, quando levou as mãos à nuca, tentando entender a coisa toda.

— Posso ser totalmente sincero com você? — ela assentiu. — Preciso ficar aqui. Minha família precisa do dinheiro, exclusivamente minha mãe, que foi diagnosticada agora pouco com Alzheimer. Mesmo que eu ficasse aqui durante uma semana, é uma dádiva para eles.

— Eu sinto muito pela sua mãe... quer dizer que precisa do dinheiro? — Assenti, sentindo-me extremamente mal por causa disso, por parecer que eu estava usando-a. Na verdade, acho que é isso mesmo que está acontecendo. Mas continuei:

— Também há... certas pessoas bem próximas à minha família que eu não gostaria de ver. — Levantei os olhos para ela. — Que eu não aguentaria ver no momento. — Katniss assentiu, como se tivesse entendido o que eu quis dizer, mas não disse nada. Hesitei. Pensei que o pior que poderia acontecer seria eu ir embora. — Se permitir eu ficar podemos fazer um trato.

— Um trato? — Ela arregalou um pouco os olhos cinzas, que estavam um pouco menos foscos do que na televisão, mas ainda sim, escondiam alguma coisa, alguma dor profunda, que atiça minha curiosidade.

Mordi o canto do lábio inferior, notando seu olhar descer um pouco para minha boca, mas logo voltar para meus olhos. Cara, por que ela fez isso?

— Se me deixar ficar... — Eu vou dizer algo muito idiota, mas prossegui, porque... quase tudo o que eu falo é idiota. Principalmente quando a pessoa da qual estamos tratando é Katniss. Quantas vezes eu já burlei as regras em nossas duas conversas? — Tudo bem. Veja só. Você é a princesa, e precisa ficar boa parte do tempo ajudando a administrar o país, e tal — Nossa, eu realmente usei esta gíria com ela? — E agora tem que encontrar um tempo para escolher um entre trinta e seis, ou melhor, trinta e cinco garotos. É pedir muito, não achar? — Concordou, cansada só de imaginar — Não acha que seria muito melhor ter alguém aqui dentro? Alguém para ajudar? Tipo um amigo?

— Um amigo?

— Sim. Se me deixar ficar, posso ajudar. Serei seu amigo. — Ela sorriu. — Não precisa se incomodar comigo. Sabe que não sinto nada por você. Mas pode falar comigo a qualquer momento e vou tentar ajudar, prometo. Ontem à noite você me disse que estava em busca de um confidente... bem, eu posso ser ele até a senhorita encontrar um definitivo. Se quiser... — Ela sorriu largamente, com puro afeto para mim.

— Conversei com quase todos os garotos desse salão, e realmente, não poderia haver um amigo melhor que o senhor. Será um prazer deixá-lo ficar. — É impossível descrever o alívio que senti. — Você acha — perguntou Katniss — Que eu ainda posso te chamar de “meu bem” ou “meu querido”? — perguntou baixinho.

— Sem chance — cochichei

— Continuarei tentando. Não é de minha natureza cair sem lutar — Garantiu e eu acreditei em suas palavras.

— Você chamou todos de “meu bem”? — Voltei o rosto para o salão.

— Sim, e todos parecem ter gostado — disse em um tom vitorioso, olhando-me com uma sobrancelha arqueada

— Por isso mesmo que eu não gostei. — Eu me levantei, e Katniss ainda ria quando deixou seu sofá, assim como eu, pois até que era divertido estar com ela. Fiz uma reverência irônica, e ela riu mais, devolvendo a reverência, e voltei para meu lugar.

Desde que Katniss entrou no salão, a sua entrevista com os outros caras pareceu durar uma eternidade, e por mais que eu não tivesse refeições estabelecidas, como todos os outros ali, parecia que ia desmaiar, por causa da mesa enorme cheia de coisa no centro do salão.

Quando o último então se sentou em seu lugar, ela FINALMENTE caminhou até o centro do salão.

— Aqueles a quem pedi para ficarem, por favor, fiquem em seus lugares. Os outros podem acompanhar Effie até a sala de jantar. Pois em breve vou me juntar a vocês. — Suas palavras me fizeram franzir o cenho. O que isso significa?

Levantei-me como a maioria dos garotos, e comecei a caminhar. Ela provavelmente só queria passar mais tempo com os outros que seriam escolhidos para ficar. Vi que David era um deles. Sem dúvida ele era especial, tinha nascido com aparência de rei. Não cheguei a conhecer os demais, e nem me interessava tanto, honestamente. Eles não queriam me conhecer, então, por que precisa ser recíproco? As câmeras ficaram para registrar o que quer que fosse. O resto de nós seguiu seu caminho.

Entramos na sala dos banquetes e lá estavam, com um ar mais majestoso que nunca, o rei Snow e a rainha Clara (nomes irônicos, eu sei). Também tinham mais câmeras para registrar o momento, é claro, para o primeiro encontro com o casal real.

Fiquei sem reação, por não saber se ficava na porta, esperando nos deixarem entrar, ou avançar. A maioria dos garotos pareciam pensar a mesma coisa, mas avançaram e eu copiei, ficando bem atrás deles.

— Será que isso é o certo? — Finnick perguntou me cutucando de leve.

— Hm... acho que sim — Gale respondeu em um sussurro, e não importa o que signifique. É legal estar no mesmo grupo que eles.

— Eu só estou seguindo o fluxo — falei levantando as mãos em rendição, com uma cara de “é o certo a se fazer, e eu arraso”, fazendo-os rir.

Fui rapidamente para a última cadeira da mesa, na intenção de não ser notado por ninguém.

Effie entrou segundos depois e dominou a cena.

— Senhores, receio que não tenhamos conversado a respeito disso. Sempre que entrarem em um cômodo com o rei e a rainha, ou se Vossas Majestades entrarem em um cômodo que estiverem, a atitude correta é uma reverência. Em seguida, quando lhes responderem, endireitem o corpo e tomem assento. Vamos fazer juntos agora? — Todos nos levantamos e fizemos uma reverência para a mesa, ao rei e a rainha.

— Bem-vindos, garotos — disse o rei. — É um prazer tê-los aqui. Por favor, sentem-se em seus lugares e fiquem à vontade no palácio. — Sua voz tinha um tom grave, poderoso, mas calmo e nada programado, assim como na televisão, e eu espero que seja algo positivo. Espero que esse seja o caráter dele. É horrível quando se espera muito de uma pessoa e ela te decepciona.

Como Effie tinha explicado, os serventes encheram nossos copos com sucos de limão, exceto para Finnick, que estava ao meu lado.

— Alergia... — disse corando, dando de ombros envergonhado. Claro que ele, na verdade, não gosta, mas dei de ombros.

— Sou alérgico a chocolate — admiti e ele me olhou assustado. — Mas não me importo de ficar com algumas pintas vermelhas. Chocolate é vida. — Sorriu, assentindo, então colocaram a nossa frente um prato grande, coberto por uma redoma, que os mordomos retiravam na nossa frente, e meu rosto foi chutado de forma gostosa pelo vapor de panquecas.

O rei abençoou nossa comida, e todos começamos a comer, da forma que Effie nos aconselhou, escolhendo os talheres da direita para a esquerda, etc.

Minutos mais tarde, Katniss entrou no cômodo, segurando a mão de sua irmã caçula, que eu não tinha visto desde a sua última aparição na TV, me fazendo sorrir. As duas pareciam ser cúmplices, e é muito legal ver isso. Sem que pudéssemos nos mover, ela disse:

— Por favor, senhores, não se levantem. Desfrutem do café da manhã. — Ela se dirigiu mesa, abraçando sua irmã mais nova pelos ombros que passou com um sorrisão, acenando para nós com as duas mãos exageradamente, nos fazendo rir.

— Fiquem à vontade, gente! — a pequena disse, depois de dar um beijo na bochecha da mãe e do pai, que olhavam orgulhosos para ela. Katniss fez a mesma coisa antes de se sentar ao lado direito do pai.

Assim como Prim, Katniss começou a comer, como uma verdadeira dama, tranquilamente, e nada de David voltar, assim como alguns outros garotos. Olhei para todos os lados, confuso, e contei quantos faltavam. Onze. Onze caras estavam ausentes.

Gale, que se sentava à minha frente, respondeu à minha pergunta que eu fizera com os olhos, e Finnick não parecia muito diferente de mim.

— Eles foram embora — afirmou, pegando um pedaço de bolo.

Embora? Mas o que raios eles fizeram em menos de cinco minutos para que ela tomasse tal atitude? Porém, com esse mesmo pensamento, suspirei tranquilo, por ter ao menos sido honesto. Eu havia ficado na Seleção, a princesa realmente tinha me perdoado.

Era simples assim, já éramos vinte e cinco, julgados apenas por uma conversa de cinco minutos e sorriso que carregamos no rosto.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Espero que tenham gostado, de verdade, foi um capítulo escrito com muito carinho, pois as coisas não podem acontecer de repente, mas depois de nove capítulos sem um encontro, eles precisam interagir mais, não? *sorriso* Eu sei, eu sei, cópia 70%, mas prometo já estar tratando melhor a respeito disso, quero poder depois, olhar para essa história, e sentir que tem um pouco de mim, e um pouco de alguns dos meus livros favoritos. AOS SPOILERS!

"- Senhor Peeta? – Uma voz chamou-me, e todos naquela sala nos voltamos para a dona da voz, princesa Katniss. Cacimba, ela vai me eliminar agora, e entregar os pontos, dizendo que sou um interesseiro descarado, e penso mais na comida do que nela. Espero poder pelo menos terminar de comer essa torta.

A pior parte de ter seu nome chamado de supetão, é, diacho, estar com a boca cheia de comida! Cobri a boca com as mãos, mastigando e engolindo o mais rápido que podia, notando a cara orgulhosa do Cato. Tomara que ele morra engasgado com um pedaço de torta, esse miserável.

— Sim, Alteza? – Atendi seu chamado, depois de ter comido a maior parte da comida na minha boca, e tentei soar o menos assustado possível. É fácil disfarçar o que estou sentindo.

Katniss estava prestes a rir, e eu não sei se foi pela minha cara de susto ou de ter visto a minha expressão de deleite pela torta. Droga, eu queria que essa comida fosse uma pessoa, para eu me casar com ela. Esquece Delly, Katniss, o mundo. Eu queria mesmo que casar com essa torta de limão.

— O que está achando da comida? – Ela perguntou com um sorriso torto nos lábios, e ela tem um belo sorriso torto, com duas covinhas inexplicáveis próximas a boca.

— Excelente, Majestade. Essa torta de limão... eu tenho uma irmã e um irmão que são muito mais chegados a doce do que eu, e eles com certeza chorariam de pura emoção, principalmente meu irmão."

"Ela usava uma saia pregada alta, indo até seus joelhos, na cor branca, e usava uma blusa de manga comprida, cobrindo seus pulsos, com flores. Ela parece gostar bastante delas, e já temos um ponto em comum. "
"Gente, minhas vidas, eu preciso ir. Demorei demais para escrever essa carta, que a princesa deixou que escrevêssemos para mandar à vocês, mas quero que entendam que eu amo vocês, estou muitíssimo bem, a viagem foi agradável, e tem muitas pessoas incríveis ao meu redor. Estou com muitas saudades.

Ps.: Falaram uma coisa na hora do café da manhã, algo sobre... orgasmo. O que é isso?

Ps2.: Amélia e Stuart, essa torta não é tão boa que vocês sentem vontade de chorar?
Me respondam logo, ou eu não falo mais como são as coisas por aqui,

O melhor, o único, e o mais bonito filho e irmão, perdendo apenas o de mais gostoso para o Ben...

Peeta Mellark."

Queria dar mais, mas se eu fizer isso, vai perder a graça, mas saibam que vai ter muito Peetniss, ao som de Postcard, Bridgit Mendler!
"Eu vou pegar essa pequena faísca brilhante
E eu vou segurá-la, mais apertado no meu coração
De todos os dardos seu pequeno
Se você diz que eu nunca vou chegar à lua
Vou enviar-lhe um cartão postal em breve"
Esse é o trecho! :D

Hm... Pessoal, o próximo capítulo, que vou postar o mais rápido possível, é bônus, e eu não sei como escrever ele. Acham que deve ser sobre o que a Katniss achou do Peeta ou mais político, contando a razão da Prim se ausentar às vezes, a amizade dela com a irmã, mas também contando o que ela achou do Peeta? Mas não vai ter todas aquelas falas do capítulo anterior.
Vou tentar voltar o mais rápido possível, com o bônus, e também estou enviando agora mesmo o capítulo para a Lê, muito obrigada mesmo pelos comentários, dos favoritos, das mensagens, por tudo. Vocês são os melhores. Ia contar uma decisão muito séria e completamente definitiva que eu tomei nesse capítulo, mas não vou contar agora, só mais pra frente.
Beijos! E até a próxima! *acenando com um sorriso torto*