Minhas mãos se encontravam tremulas quando notei que o perfil de Frankie ainda estivera ativo, era como se uma emoção forte dominasse meu corpo. Algo que naquele instante não saberia explicar.

Encaro pela ultima vez o carro em minha frente.

Estava na hora, eu não ia mais tolerar ser tradada daquela maneira.

Era um tempo de mudanças, e eu começaria hoje.

Envio.

Chel diz: Frankie?

Meus olhos percorriam a tela e por um momento penso que talvez tenha sido um erro enviar aquela mensagem. Já passara dias desde que o deixei sem resposta. E o pouco que conhecera sobre homens, eu sabia que o ego ferido deles era algo difícil de reverter. Provavelmente Frankie ficaria esbravejado com minha mensagem, o mínimo que poderia acontecer era ele xingar-me e pedir para deixa-lo em paz.

Mas para minha surpresa, não fora isso que acontecera.

Frankie diz: Chel? Pensei que não voltaria.

De fato não voltaria, porque sou uma burra! Pensei com amargura.

Chel diz: Está livre essa noite?

Sei que talvez tenha sido um erro ser tão direta, mas eu não queria delongas, já enrolara tempo demais da minha vida. E aquela noite eu tinha um objetivo, e nada me tiraria o foco.

A resposta de Frankie demorou muito além do planejado, e naquele momento eu tinha certeza que o seu lado “ego ferido” havia despertado.

Mas para minha surpresa sua resposta veio, e sem nenhuma palavra ofensiva ou algo do gênero.

Frankie diz: O bar Hollis é perto da sua casa?

Naquele momento um sorriso involuntário saiu dos meus lábios, de fato sabia que Frankie e eu morávamos na mesma cidade, conforme aplicativo havia indicado, mas não imaginara ser tão perto.

Hollis era um bar antigo que ficara alguns quilômetros daqui. Lá eles serviam um delicioso chopp e batata frita Holandesa – nunca entendi o nome, já que as batatas fritas eram como qualquer outra.

Era um lugar rústico, talvez Frankie fosse um homem rústico. Mas eu gostei. Ninguém era capaz de imaginar Rachel Sandie em um ambiente como aquele, e era exatamente aquilo que eu queria. Que ninguém soubesse do que estava sendo capaz aquela noite.

Sei que seria apenas uma única noite, não haveria reprises, apenas uma doce lembrança do meu pequeno delicioso deslize.

Chel diz: Sim.

Olho o relógio.

Chel diz: Podemos nos encontrar em meia hora. Tudo bem?

Frankie diz: Ótimo. Então, estarei a sua espera.

Por um momento me senti perdida.

Chel diz: Como vou saber que é você?

Frankie diz: Não se preocupe. Eu vou te achar.

Senti uma quentura dominar meu corpo, quase como ternura, como se no fundo Frankie fosse realmente capaz de me encontrar, e eu sabia no fundo que aquilo era possível.

Naquela noite tudo era possível.

Quando finalmente terminara de combinar o local com Frankie, sentia meu estomago formigar, minhas pernas estavam bambas e minhas mãos frias, não acontecera isso desde minha adolescência, quando Robbie Ron me chamara para o baile de formatura, era a coisa mais excitante que vivera nesses últimos anos.

Encarei pela ultima vez a casa de meus pais, todos que ali estavam, se divertiam em uma festa animada. Eu sabia que meu pai ficaria chateado.

Mas o que poderia fazer? Eu precisava daquilo, ao menos uma noite eu teria que quebrar as regras. Quebrar o que parecia certo.

Fiquei ali parada em meio aquela lua que banhava a rua silenciosa entre os carros, entre o Allan que transara em um dos carros.

Eu precisava me encontrar com Frankie, voltar à festa e pedir o carro da minha irmã seria uma péssima ideia.

Por mais sensata que minha irmã achasse que fosse, pedir seu carro emprestado e sai no meio da festa levantaria muita suspeita.

Meu carro estava ocupado demais para que pudessem usá-lo.

O que eu fiz, talvez, fora a maior mentira que contara em toda minha vida, mas é como dizem; algumas mentiras eram perdoáveis. Eu só esperava que aquela também fosse.

Megan, não me sinto bem. Vou para casa. Cuida das crianças para mim? Beijo, Rachel.

Envio a mensagem.

Sem ao menos esperar a resposta de Megan, desligo o celular e enfio no bolso.

Aquela era a minha noite, e não queria nada que me desviasse a atenção dela.

Caminho em passos apressados pela silenciosa rua, que proporcionava um delicioso mistério. A noite estava apaixonante, e naquele momento eu estava indo atrás de uma paixão de um único dia.

Era apenas aquela noite, nada mais.

Meu salto, parecia bem menos confortável a medida que caminhando, mas aquilo era o menor dos problemas. Eu estava indo para um encontro com um total estranho. E por algum motivo, eu não me sentia desconfortável. Tinha uma conexão, eu não sabia como, mas ela estava presente.

Não demora muito até encontrar um taxi, saltei para dentro do mesmo lhe passando as coordenadas do meu destino.

O motorista um gorducho careca me encarou por um momento e pareceu não acreditar no endereço que havia lhe passado.

– Um lugar muito inapropriado para uma mulher, não? – Comenta.

Dou de ombros.

– Apenas dirija. – Murmurei ignorando seu comentário.

Aquela noite eu iria para bar Hollis.