A Vida Secreta de Rachel escrita por L CHRIS


Capítulo 3
Chel


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura. Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/646619/chapter/3

Havia uma sombra sobre a luz fraca, quase não enxergava um palmo a minha frente, tudo era silencio demais.

Mas aquela sombra, ela se movia. Lentamente.

Meu coração estava acelerado, podia sentir meu corpo estremecer.

Aquilo era medo?

Dei mais alguns passos corajosos indo de encontro com aquela sombra enigmática.

Suspirei.

Olhei para baixo e pude perceber que estava nua. Por um momento me perguntei o que estava acontecendo.

Tentei me cobrir minhas partes intimas.Mesmo no escuro, sentia-me envergonha.

Engulo a seco, meu coração ainda batia forte, sentia minha mão molhada.

Eu estava mesmo soando?

Aproximei-me mais.

A sombra se transformou em duas. Duas sombras se movendo.

Elas estavam deitadas?

M e perguntei.

Houve o clarão.

Meus olhos ardiam.

Por um momento não enxerguei nada, tudo estava confuso.

Eu vi a sombra. As sombras.

As sombras estavam transando.

Uma das sombras era eu.

– Mamãe! – A voz de Bath ecoou em minha mente, fazendo-me despertar.

– Oi, querido. – Murmurei sonolenta.

Demorou algum tempo até conseguir abrir meus olhos e acostumar com a luz da manhã que entrara pela janela.

O dia já havia chegado, estava abafado, típico naquela época do ano. Olho para meu criado mudo, o relógio eletrônico marcava 10h28minmin.

Volto meu olhar para pequena figura que estava parada em minha frente, Bath tinha olhos verde mel como os meus, mas alguns traços dele lembrava muito mais o pai, como o queixo cumprido e o formato mais oval do rosto.

– Eu queria que o Arthur me deixasse jogar videogame. – Protestou ele em um tom emburrado.

Bath era o mais novo, tinha 5 anos, Arthur estava com 8 anos, as vezes era difícil fazer os irmãos pararem de brigar. E pelo visto, aquela manhã de sábado não seria diferente.

– Tudo bem. Vamos resolver isso. Mas primeiro, eu quero meu beijo de bom dia. – Abro um sorriso.

Bath pula em minha cama e começa a me dar beijos babados de bom dia.

* * *

Já estava quase na hora do almoço quando ouço uma batida na porta, Allan havia chegado. Preparava batatas soute, os meninos brincavam no fundo da casa.

Allan adentrou a cozinha, eu pude notar que ele me observará.

– Cadê os garotos? – Começou. Sua voz já denunciara que a noite fora boa demais.

– Estão lá fora. – Havia amargura na minha voz.

– Rachel.

– Não! Por favor.

Naquela altura meus olhos se encontravam marejados, odiara chorar, ainda mais por alguém como Allan. Mordisco a parte interna de minhas bochechas, com a tentativa falha de cessar o choro.

Sinto seu abraço, suas mãos passam por minha cintura, seu halito é azedo – talvez pela bebedeira da noite anterior – posso sentir sua barba roçar em meu rosto. Fecho meus olhos e suspiro, alguns anos atrás, me entregaria para ele , provavelmente transariamos silenciosamente ali.

Mas agora.

Bem, agora a única coisa que consigo sentir é uma completa repulsa.

– Para. – Peço gentilmente, tirando suas mãos de mim. – Você precisa de um banho, e depois pega as crianças, seja um bom pai para seus filhos. Bath e Arthur sente sua falta. Leva-os para sair. Almoçar.

Tiro o avental de cozinha e o coloco por cima da bancada, desligo o fogo enxugando meu rosto.

– Mas e você? – Questionou.

– Ficarei bem. – Conclui com a voz embargada pelo choro.

Naquela altura da minha vida, nada me animara mais, meu marido era um homem repulsivo, passara a noite entre mulheres, bebidas e talvez drogas.

Quem era aquela Rachel? Me perguntara toda vez que encarava o espelho.

A Rachel dos velhos tempos não aceitaria isso, não tão fácil. Mas não me importara mais, estava velha demais para lutar por alguém, ou pra fingir que estava tudo bem.

Ainda éramos a família perfeita aos olhos de terceiros, mas no fundo, não passávamos de dois estranhos que dividiam a cama. Estranhos que não se gostavam mais.

Aquilo era tão deprimente.

Com a saída de todos, tomei um banho, precisava relaxar, e o banho parece uma boa ideia em curto prazo. Após deixar o banheiro, caminho para meu quarto e procuro algo no closet, visto roupas intimas e um vestido de seda que ganhara de minha irmã alguns anos atrás.

Fecho o closet e ligo o meu laptop, era quase três da tarde, os garotos haviam saído com Allan, e naquela tarde de sábado, não tinha muita coisa para fazer.

Resolvo entrar em alguns sites, gostava de ler artigos de diferentes tipos.

Meus olhos percorrem a tela, mas é como se não tivesse ali, como se meus pensamentos estivessem muito longe dali.

Encontro às escuras. Essa ideia invadia meus pensamentos a cada palavra que tentava ler sobre uma matéria sobre animais silvestres.

Não. Aquilo não era uma opção. Adverti em pensamentos.

Allan era um completo idiota, mas não faria isso.

Aquilo era absurdo. Eu não me submeteria a isso.

Afasto o laptop e encaro aquele quarto por um momento, lembro-me quando ganhamos essa casa decorada de Soia, Allan ficara tão feliz de passarmos nossa primeira noite aqui. Ele não me deixou dormir, nadamos, conhecemos cada cômodo como dois jovens bobos que éramos. Ele me dissera que nunca fora tão feliz na vida. Talvez, ele nem se lembre desses antigos momentos.

Ele não se lembra. Conclui.

Puxo novamente o laptop para perto, sinto minhas mãos tremuras, aquilo era louca, eu sabia.

Mesmo assim, fui até o mecanismo de busca e coloquei.

Encontros com estranhos.

Apaguei.

Fitei por um longo momento a pequena faixa branca, na qual dizia “Pesquisar.”

Então digitei com firmeza cada letra de forma que aparecera na tela.

Encontros pela internet.

Pesquisar.

Vários sites, matérias apareceram. Mas entre tantos, um me chamou atenção. Chamava-se: Doce desejo.

A principio fiquei relutante em clicar, aquilo parecia tão errado, eu não devia estar fazendo isso. E se alguém descobrisse? Eu seria tão adultera quanto Allan.

Clico.

Você tem mais de dezoito anos?– Fora a primeira frase que apareceu.

Sim. Cliquei.

Cadastrar-se/ Login.

Olhei ao redor.

Senti-me de volta aos meus 15 anos, como se minha mãe fosse entrar pela porta a qualquer momento e me pegar fazendo algo errado. Mas minha mãe não estava aqui, e eu já tinha meus 32 anos.

Cadastrar-se. Cliquei.

Escolha um nome de usuário.

Fico algum tempo encarando a tela em minha frente, pressiono os lábios.

Rachel.

Apago.

Não poderia usar meu nome. Pensei aflita.

Ruiva.

Apago.

Era péssimo.

Analiso mais algum tempo aquele quadro.

Chel.

Esse era o nome que escolhi.

O passo seguinte era uma senha de oito dígitos.

E pronto, fácil assim.

Eu estava agora oficialmente cadastrada naquele site de nome cafona.

Havia salas, com os mais diversos temas, algumas com nomes sugestivos como exemplo; “Ninfetas gostosas.” “Prazer a dois, ou três.”, algumas mais peculiares do que outras.

Aquilo me fez rir.

Aquilo me soava mais engraçado do que realmente atraente.

Eu não sabia que pessoas iriam encontrar quando entrasse em qualquer uma daquelas salas. Mas ao julgar pelos nomes, certamente não ganharia muito estando naquele site. Mas de qualquer forma cliquei em uma das salas. Tinha apenas cinco online, e seu nome era. Sem formalidades.

Chel acabou de entrar na sala.

Loira sexy desconectou-se.

Pablo diz para Chel: Olá delicia.

Meus olhos se arregalam com tal ousadia, mas talvez fora só isso que podia se encontrar por aqui, homens tarados.

O que eu estava fazendo naquele site? Aquilo era de longe a solução.

Chel desconectou-se.

Respiro.

No fundo me sinto emburrada. Aquilo era loucura, eu não poderia criar a ilusão que um site como aquele fosse capaz de cicatrizar minhas dores de um casamento infeliz.

Fecho meu laptop.

A melhor coisa fosse esquecer isso. Talvez, devesse me conformar com a vida que escolhera.

Não tinha nada que eu pudesse fazer.

Eu estava condenada aquele casamento.

Aquela vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai. O que acharam? Até o próximo capitulo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Vida Secreta de Rachel" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.