Lua Nova do Eduardo escrita por AmandaC


Capítulo 6
Conversa




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Peguei os presentes e entrei em casa. Coloquei a chave do carro no meu bolso de trás, e estava me sentindo o máximo com ela ali. A anestesia já estava perdendo o efeito e meu braço começava a doer.

Entrei, achando que passaria despercebido – mas era tolice minha acreditar que Renata não estaria me esperando.

- Eduardo, você voltou! Como foi lá meu menino? – achei que ela iria me apertar num abraço sufocante, ainda bem que ela não fez isso.

- Foi legal. – tentei não pensar muito. – Ganhei vários presentes.

- Ah é. O que você ganhou, bebê?

- Hm... Um carro. – comentei displicente.

- Quê? – ela parecia que tinha engasgado. – Um carro? Como assim? Eles te deram um carro?

- É. Um carro velho. Barulhento. – eu acho. Nem prestei a atenção. Estava preocupado com Clara. – Achavam que eu merecia por fazer 18 anos!

- Não.  Você não pode aceitar um presente tão caro.

- Ah não. Nem vem. Já aceitei. – protestei. Minha mãe não podia fazer isso com meu presente. – Além disso, o Dr. Carlos e Esther vão ficar muito ofendidos se eu devolver o presente. – despejei. Sabia que minha mãe não iria querer isso.

- Bom, - ela hesitou. – sendo assim. O que aconteceu com seu braço. – ela finalmente reparou no curativo. E devo confessar que o braço doía muito.

- Eu cai. Não foi nada. – dei de ombros. – Vou me deitar. – eu me afastei.

- Boa noite, bebê.

Apenas revirei os olhos e subi as escadas, totalmente apressado. Liguei o computador, e enquanto esperava fui abrir os presentes. O primeiro que peguei era de Carlos e Esther, desejavam que eu gostasse do carro e que curtisse também o presente extra – eu nem acreditava que pudesse merecer tanto.

Abri o envelope e encontrei duas passagens aéreas para o Rio. Uma para mim e outra para Clara. Bom, ela só poderia sair durante a noite, mas acho que adoraria um passei noturno pela cidade. Imaginei como seria se fossemos abordados por algum individuo suspeito – tenho certeza que iria rir de sua cara de espanto ao ver a força de minha namorada.

Depois, abri o ultimo presente, de Clara e Elidia. Era um CD numa capa transparente. Fui até o computador e já o coloquei para que pudesse ouvir, enquanto o programa abria, peguei a câmera digital.  Quando a música começou a tocar, me surpreendi ao reconhecer as composições de Clara.

Conectei o cabo da câmera, ansioso por ver as fotos – ver como minha deusa sairia.

Bom – estava perfeita. Como era de se imaginar. Aquilo era tão incrível. Tão surreal. Havia uma foto que Elidia havia tirado, eu ao lado dela. Meu ego inflou quando vi como formávamos um lindo par.

Meu braço começou a me incomodar, e o sono bateu. Desliguei o computador, após salvar as fotos, e fui me deitar.

Apenas quando estava quase dormindo foi que descobri o significado do beijo dela, o que ele me lembrava: o momento em que me despedi dela antes de nos separarmos para me proteger de Vitoria. Por um instante, tremi de medo antes de chegar a inconsciência.

No dia seguinte meu braço doía demais. Fui comer algo, e minha mãe já havia saído. Bem, pelo menos ela não encrencou muito com o negócio do carro.

A hora passou e Clara não havia chegado. Achei estranho. Mas, animado, decidi ir com meu novo carro para a escola. Segui o caminho lentamente, cuidadoso demais para mim. O carro de Clara já estava lá, no estacionamento, fiz questão de estacionar ao lado. Mas me senti um pouco estranho por estar com um carro tão sem graça enquanto ela tinha um volvo.

Sai do carro e ela veio em minha direção. Seu rosto estava estranho, vazio. Aquilo me incomodou. Eu tinha muitas perguntas para fazer, mas preferia esperar pela Elidia.

A aula se passou devagar, Clara estava estranha, não falava direito comigo. No intervalo perguntei:

- Onde está Elidia?

- Está fora. Vai ficar com o Joaquim.

- Ah. – comentei, um pouco envergonhado. Era minha culpa, mais ou menos. Eu acho...

No final da aula o silencio estava ridículo. Eu não queria quebrá-lo. Mas não tinha escolha.

- Vai lá em casa? – perguntei, para a silenciosa perfeição que andava ao meu lado.

- Tudo bem. – ela deu de ombros, sem emoção.

Eu parei no meu carro. Ela foi para o volvo. Não sei por que, mas senti medo de que Clara não aparecesse. Enquanto voltei para casa, dirigi devagar, minha cabeça cheia de preocupações.

Quando estacionei em casa, Clara estava encostada no portão, divina, como sempre. O volvo não estava por perto, provavelmente já o tinha deixado em casa. Desci do carro, aliviado por vê-la. Isso era estranho.

- Vamos conversar? – perguntou, solene.

Eu fiquei alerta.

- Tudo bem. – concordei. Seguindo para o portão.

- Podemos ir até o final da rua? Perto das árvores? – na rua sem fim onde eu morava, o final era árvores até se perder de vista. Achei o pedido estranho, mas concordei. Seguimos silenciosos até lá.

- Tudo bem, vamos conversar. – sai corajoso, para minha alegria.

- Estou indo embora, Edu. – ela comentou.


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Notas finais do capítulo

Bom gente, vou começar a trabalhar, então só poderei postar no findi. Se der durante a semana eu posto, mas não posso prometer. Espero que sejam pacientes.
OBrigada!