Lua Nova do Eduardo escrita por AmandaC


Capítulo 19
Planejando o Cinema


Notas iniciais do capítulo

Aii desculpem mesmo pela demora!! Vou ver se consigo fazer outro capitulo essa semana para compensar! Beijos e espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/64598/chapter/19

O tempo estava passando sem que eu me desse conta. Minha vida era Julia e escola; escola e Julia.

Bom, para o agrado de Renata, eu não estava mais infeliz. Ou pelo menos, não aparentava estar.

Apenas vivia, procurando por adrenalina para continuar tendo alucinações, procurando não pensar no passado e lutando para não esquecê-lo. Procurando não pensar no futuro. Apenas vivê-lo, sem planos para o amanhã, por que eu era como um planeta, como a Lua, que foi atingido por um acidente cataclísmico e fiquei pairando no espaço, sem ter mais orbita para girar.

Agarrando-me desesperadamente a uma garota que nunca seria retribuída em seus sentimentos. Mas que eu precisava dela mais do que ela poderia precisar de mim.

O tempo foi passando e melhorei com as motos. Isso era ruim, embora houvesse menos curativos, também havia menos alucinações. Diante disso, joguei-me ainda mais na tentativa de encontrar a clareira. Eu precisava de algo, desesperadamente.

Como eu não pensava em nada do futuro, apenas em ir me arrastando dia após dia, até que um dia tudo acabasse, nem me dei conta quando, parado diante da casa de Julia, ela se aproximou, toda sorrisos:

- Feliz dia dos namorados!

Ela então segurou uma caixa em forma de coração embaixo do meu nariz. Sem querer dei um passo para trás.

- É dia dos namorados? – comentei, como um idiota. Mas eu não sabia na verdade o que responder.

- Claro, claro. Você viaja às vezes. Então, vai aceitar ser meu namorado por que não me comprou uma caixinha de chocolate a preço de banana?

Eu fiquei na defensiva, as palavras brincalhonas tinham um fundo de verdade.

- O que envolve ser um namorado? Acho que me esqueci como... – fiquei calado. Era um assunto que eu não devia nem tentar brincar. Como se eu tivesse esquecido alguma coisa mesmo.

Julia fingiu não notar, ou realmente não notou.

- Ah, o básico. Escravo para o resto da vida.

- Hmm, acho que posso aguentar. – aceitei a caixinha.

- O que será amanhã? Caminhada ou hospital? – ela debochou.

- Caminhada. Estou ficando obsessivo. – Por que será? – Até acho que esse lugar não existe. – como a pessoa que me acompanhou da ultima vez quer que seja.

- Que isso. Vamos encontrar esse local. Pode ficar tranquilo. – a animação dela me contagiou. – Então motos na sexta?

- Acho que não. Vou ao cinema com uns amigos da escola- estava mais do que na hora. Eles andavam me cobrando sobre isso.

- Hm. – Julia olhou para baixo.

- Quer ir junto? Se você aguentar os idiotas! – comentei. O rosto dela se iluminou imediatamente.

- Quer que eu vá?

Bom, eu podia mentir. Mas tinha que ser sincero. Eu queria muito que ela fosse, apenas ela conseguia me animar um pouco. E eu me sentia tão conectado a ela para machucá-la. Como eu havia sido machucado...

- Sim. Será mais divertido. – eu não devia dizer isso. Não mesmo. – Leve a Quimbeli também.

- Claro. Ela vai adorar o pessoal da cidade. – Julia riu.

Nós não mencionamos o Emerson.

 

Comentei com o assunto na aula de Português com o Mike.

- Então, ainda vai rolar o cinema na sexta?

- Você vai ir cara? Claro, combinadíssimo. Vai toda a galera.

- Tudo bem então. Vou levar umas amigas do Pirai ok?

- São gatinhas?

- Achei que você fosse acompanhado. – provoquei. As palavras dele me incomodaram. Por que eu também não agia assim? Por que eu tinha que ficar me torturando por alguém que queria ser esquecida?

Ah, talvez por que eu sou um idiota!

- Acompanhado, não cego. – ele gargalhou.

- Acho que posso ir com o meu carro também, caso seja necessário, vai dar muita gente. – mudei de assunto, aquilo não era legal.

No fim meu carro não foi preciso. Laura e Jessica desistiram de ir quando souberam que eu ia. Mike e o pessoal do futebol tiveram que ir treinar para uma partida da Estadual no sábado. No fim, apenas me vi cara a cara com Adriani, super empolgada com aquela ideia.

Soube que a Angélica e o namorado também viriam. Uffa, era uma sorte. E Julia também. Até a Quimbeli ficou de fora dos planos – tinha brigado na escola – eita garota danada.

Na sexta quando cheguei em casa encontrei a Julia encostada num capo de um carro vermelho. Saltei da caminhonete com um largo sorriso.

- Eu não acredito! – e não acreditava mesmo. Não é que a guria construiu mesmo um carro?

- Sim. Terminei ontem. Vai ser a inauguração! – ela estava toda animada. – Será que posso levá-los hoje?

- Claro. – concordei, não podia decepcioná-la.

Adriani virou a esquina, aproximando-se lentamente.

- Eu me lembro dela. Ainda pensa que é sua namorada? – o que? Era ciúme o que eu estava ouvindo? Espero que não.

- Tem pessoas que nunca percebem quando são rejeitadas. – comentei, talvez foi rude, mas era a verdade.

- Bom, acho que a persistência pode levar a alguma coisa. Não se deve desistir facilmente. – ela rebateu.

- No entanto isso pode ser muito irritante.

Para que isso não se tornasse uma briga, foi sorte que a Adriani chegou.

- Oi Edu! – ela então parou quando viu a Julia.

Eu também olhei para a minha amiga, tentando ser objetivo.

Tudo bem, ela não parecia ter dezesseis anos, havia crescido, seu corpo tinha ganhado forma, seu rosto era mais de mulher do que de menina. E ela era bonita. Isso eu tinha que admitir.

- Lembra-se da Julia Galibi? – perguntei.

- Não. – respondeu, secamente, e nem estendeu a mão para cumprimentar. – Vamos?

O telefone tocou dentro de casa e eu fui atender, soltando um “já volto” e um olhar do tipo “não se matem”.

Quando eu voltei Julia e Adriani não pareciam ter feito nenhuma evolução na amizade. Ao contrario, parecia haver alguma tensão entre elas.

- Era a Angélica, o namorado esta doente. Não vão poder ir. Acho que é só nós. – que maravilha, eu estava ferrado.

- Não sei se devíamos ir então, - começou a Adriani.

- Bom, eu vou de qualquer forma. – interrompeu a Julia.

- Pois eu também! – afirmou Adriani.

- Tudo bem então. – dei um suspiro. – Vamos no carro da Julia. Ela que fez. – contei, orgulhoso.

Adriani lançou um olhar desdenhoso para o carro.

Por Deus, esse filme seria muito looooongo!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!