Obra de Sangue escrita por Dannoninho


Capítulo 1
Capítulo 1- Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Ol gente bonita!!! Esta minha segunda One Shot, e uma alegria imensa compartilh-la com vocs! Realizada para o Desafio do Grupo do Whats mais badalado do universo! Essas meninas so incrveis! Desafio aceito, one postada! kkkk (Estou dentro do prazo!!!) Minha desafiante foi a Paula, sua linda! Fanart escolhido por ela! Por mais que no seja um tema que eu tenha afinidade, adorei escrever! Postada tambm no SS! Boa leitura!!!



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Obra de Sangue

Por Dannoninho

Capítulo Único

O preço do desprezo não é barato...

A escuridão me consome, as escaras já começam a fazer parte de minha pele, esta que não está mais tão leitosa.

Minhas madeixas adquiriram um tom desbotado, os fios secos são como farpas demadeira. Há! Se Ino me visse assim..... Me lembram os caixotes que separei para minha nova decoração da sala, rústica. Mudança que não será concretizada. Queria tanto ver o resultado final do painel de fotografias... iria ficar tão lindo!

O chão que me sustenta é pegajoso, as pedras irregulares dão forma a um mosaico tenebroso. Não há janelas. Não sei qual é o tamanho deste lugar. Mas... há corredores.

Eu corro. Corro. Corro.

NÃO!

NÃO!

NÃO!

Tudo está tão longe!

É frio. É fúnebre. Tenho medo.

Ouço vozes ao longe, se parecem com ruídos, eles maltratam os meus ouvidos. Elas se aproximam, mais e mais.

As paredes me comprimem. Meus braços doem, as pernas fraquejam.

Despenco.

Como uma trovoada a porta se abre, deixando um fresta de luz entrar. Seus passos são traiçoeiros. Seu cheiro me é familiar. A alavanca é acionada e o rugido das correntes é ensurdecedor. Estou em pé.

– Por que a aflição minha querida Rosada? – Sua voz é grave – Não está confortável? – Quanta ironia.

– Quem é você? – É uma vitória minha voz não transparecer o que realmente sinto, pois as lágrimas são inevitáveis.

– Ho! Me sinto ofendido! Não me conhece, ou melhor, não me reconhece? – Ele debocha.

– Se soubesse não estaria perguntado! – Rebato.

Com uma mão força meu queixo para cima, a mandíbula estrala, então eu vejo seus olhos. Tão sombrios quanto a noite, tão gelados quanto seu próprio coração.

– NÃO!

– Que saudades minha pequena!

– Que saudade.... Por que me estou aqui? O que você quer? O que quer de mim?

– São tantas perguntas! E apenas uma resposta, você! – Próximo ao meu ouvido ele soletrou - Q-u-e-r-o v-o-c-ê!

Recuei o rosto.

– Deveria estar morto! – O que meus olhos viam não podiam ser verdade, não podiam, eu estava alucinando, enlouquecendo, mas.... mas ele estava aqui, bem na minha frente! Ele estava aqui!

– Deveria? Agora me chateei! Gostaria que eu estivesse morto?

– Não pode ser real! É um sonho... um pesadelo! Pare! Pare! – Lancei minha cabeça para os lados, forcei meus olhos até arderem. Devo acordar! Eu tenho que acordar! Há pessoas que precisam de mim! Precisam! Ele está morto! MORTO!

Uma sonoro gargalhada ecoou.

– Não adianta... não é um sonho, não há como acordar, não há do que acordar! – Disse.

– Não houve escolha! Fiz o que fiz e não me arrependo! Pra ser sincero foi um deleite ser algemado por uma beldade cor-de-rosa! – Sorriu. – Mas uma pena que tenha sido em condições sem calor algum.

E caminhando à minha volta, continuou – Vamos, olhe para você mesma! Veja!

Estou um trapo. Minha farda esta rasgada, a saia manchada, é sangue seco, os bolsos detonados, descalça, e só agora percebo linha vermelha trilhada na minha perna direita. Fui pega em serviço. Me lembro...

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Uma explosão se faz ouvir. Com um chute arrombo a porta.

Aquele desgraçado vai se ver comigo!

Reviro a sala de estar, as almofadas vão pro chão! Revistas pornográficas! Ainda existem colecionadores disso! E o sexo já não está banalizado demais! Ele pagaria bem menos com prostitutas do que com papéis impressos! E ainda haveria uma satisfação maior! Ou não. Vai entender esses marmanjos!

Onde está?

O copo de uísque ainda está úmido! É recente, ele esteve aqui! Aff! E ainda é do mais vagabundo que tem no mercado!

Sigo pela casa. Entro em um quarto tipicamente masculino, pôsteres de modelos nuas são como papel de parede, meu fugitivo está na puberdade? Sapatos embaixo da cama, a pirâmide de roupa na poltrona já deve estar em decomposição. Que horror!

Uma passada! Não estou sozinha!

Mês braços são imobilizados, é cortante! Uma mão cobre minha boca, me sufoca, falta o ar. Tento resistir, mas as pálpebras pesam, pesam, pesam, pe...

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– Como sabia que eu... – Ele me interrompe.

– Não é tão difícil arrumar trombadinhas por aí!

– Estava por traz disso!

– Qualquer um quer dinheiro fácil e rápido. E a segurança da cidade vem deixando a desejar....

– Como ousa!

– Ora minha querida Sakura! Estive ao seu lado na corporação e, devo ressaltar que há vários profissionais desqualificados! Mas.. – Fez uma pausa.

– Mas?

– Me surpreendi! A tão renomada senhorita Haruno, a flor de cerejeira do olhos do Tenente, não ter estranhado a simplicidade do caso.

– São casos cotidianos!

– E como sempre foi sozinha resolvê-lo.

– Trabalho sozinha!

– Então como fui esperto! A encontrei só!

– Sempre me pareceu tão estupido. – As correntes foram forçadas, e a luz aumentou. – Uchiha!

– Sempre me fiz de estúpido, Haruno!

– Estagiário! Interessante, se infiltrou para que exatamente? Me deixou confusa, já que foi pego com coisas ilícitas lá dentro mesmo.

– Como o dia está tão lindo, serei benevolente! Alguém muito especial!

Sasuke se abaixou em minha frente, retirou do bolso dianteiro uma pequena faca.

– O que vai fazer? - Sobressaltei-me.

– Sabe, sou um ótimo artista! Adoro telas em branco para as minhas criações. Nas horas vagas me dedico à pintura.

– Isso é, é novo para mim, pensei que já qu..e entrou para a polícia gos...tasse de ação. – A proximidade do objeto pontiagudo me causava calafrios.

– Gosto de obras com sangue.

O frio metal encostou na lateral de meu pescoço e, perfurou-me.

– Sakura, Sakura, como pôde ser tão... Sakura. – Enquanto sussurrava, traçava. A dor latejante percorreu-me a espinha. – Devo confessar que me intriga, como uma garotinha franzina e meiga veio a se tornar uma mulher incrivelmente saborosa e, frustrada!

– Aham... – Dor, pare!

– Esquecida no fundo da sala, pisoteada na fila da cantina, trancado no banheiro. Tudo em função dele! DELE! – A cada palavra, as lembranças bombardeavam a mente. – E mesmo com tanto desprezo, continuava com aquele sorrisinho irritante nos lábios! Até que se cansou!

– Nada disso lh..e diz res..peito! E como...

– Mas é claro que diz! – A faca traçou linha reta em meu nariz. –Como sei!? – Arqueou a sobrancelha. – É a parte que mais me deprime. Pois eu era aquele garotinho que ouviu os seus gritos, seu clamor, que lhe tirou do banheiro, que comprou o seu lanche, que limpou seus machucados, que enxugou suas lágrimas, que suplicou a SUA ATENÇÃO! – Gritou!

– Mas sempre era ele, ELE!

O gosto de ferro do sangue se misturou ao salgado das lágrimas chegando a boca.

– Por ele se humilhava, e o que recebia? Hem? “Caia fora chiclete!”, “Você me dá nojo goma mastigada!” Não era assim?

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– Saia coisa rosa! Está empacando a fila! – Aqueles olhos amendoados se direcionaram a mim. E como sempre entrei em colapso!

– ANDE! SAIA! – Assustei-me ao ser empurrada para fora de meu lugar. Cai, meu joelho sangrou.

– Não empurre a menina Sarosi! Ela não tem culpa de ser tão sonsa! – E gargalharam. Toda a cantina entrou em euforia e eu? Eu paguei de boba da corte, novamente.

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– Mas eu estava lá! Bem na sua frente e, não me enxergava?

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– Deixe que eu te ajude moça bonita! – O menino de cabelos escuros e traços suaves veio de novo pegar a minha mão.

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– Dispunha de toda minha gentileza e cuidado! – As correntes pesaram, ele pegou minhas mãos e, levando-as aos lábios trilhou um caminho de beijos sobre as falanges, se dedicando demoradamente a cada contato de pele. – E mesmo assim me ignorava! – Acusou-me.

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– Não me toque garoto! Sei levantar sozinha! – Rudemente o afastei.

– Eu tenho um nome, é Sasuke!

– Não me importa seu nome.

Se Sarosi dilacera todo o meu amor, não é digno dele. Mas não preciso da compaixão de ninguém, NINGUÉM! Me levantei, puxei minha sai de pregas e desfiz a cara de amedrontada. Eu fui forte o bastante para suportar o desprezo. Eu sou forte o bastante para desprezar também.

E a partir daquele dia, uma nova Haruno Sakura surgiu!

..............................

– Da água para o vinho se transformou! – Novamente em posse da faca, contornou-me cada unha. Aaai!

– Partiu para longe e quando voltou... há! Quando voltou estava esplêndida!

Com brusquidão puxou-me as pernas, a saia subiu revelando a palidez de minhas coxas e, apalpando-as criou um desenho imaginário a partir da linha existente.

As forças estão se esvaziando, o líquido vermelho se extravasa de meu corpo e encharca a camisa detonada. Não sei se são as luzes, mas o foco me deixa desnorteada. Argh! Há um sorriso macabro que me entorpece.

Grandes mãos envolvem-me o dorso e, num abraço destroem o que um dia chamei de roupa. Exposta.

Num requisito de lucidez suas pedras ônix se deliciam como uma criança que ganhou um doce. Sou como Danone gelado para um menino abandonado em dia quente.

A crosta que me encobre os seios é retirada. A aréola esquerda é circundada. Argh!! E depois a direita. Cortes paralelos são traçados nas mamas. A clavícula desenhada.

Um beijo é plantado em meu umbigo enquanto o melaço púrpura escorre junto a perfuração. Lambe os lábios.

– Eu tinha que me aproximar. Consegui! E ainda assim não passei de um estagiário!

Grudou-me o braço e em espiral circulou com o objeto cortante.

– Eu fugi e naquela confusão toda, fui dado como morto! Sabe, eu adorei o meu velório! Todos tão tristes! E até você! Você chorou por mim! - Riu. – Foi emocionante!

Com o outro braço fez a mesma coisa. A mesma ardência. Ah!

– Então resolvi lhe presentear com minha imagem novamente! E aqui estamos! – Ele se juntou a mim. Fogo e gelo. Deletou-se em minhas paletas. Saiu, deu pinceladas e parou a minha frente.

Nas costas, os cortes eram mais profundos. Doíam muito! Eram como asas! Asas que me levavam pela mão. Já não entendia mais nada, apenas resmungos se faziam presentes no ambiente. Forcei a voz, mas as cordas pareciam esticadas como arames. A ânsia por ar me acometeu.

– Sempre tão linda! Eu a amei! A amei em silêncio, em juras proféticas. – Cheirou-me os fios rosa. – Me entorpeci por cada mecha. – Suas mãos cobriram- me os olhos. – Estes olhos hipnotizantes, esmeraldas de tão pura fortuna. Apaixonantes! Este rosto límpido, protagonista dos meus delírios.

– Lou...co..o – Num fôlego sofrido.

– Louco não querida! Apaixonado! – Repreendeu. – Tudo fez sentido quando a palavra “muito” passou a ser pequena para definir a intensidade do meu gostar por você. – Concluiu.

– Sempre a achei uma boneca. Quero eternizá-la como Minha, a MINHA boneca, o MEU anjo, somente MINHA, a MINHA obra!

O rangido cortou o silêncio. As correntes foram suspensas. O chão sumiu de meus pés.

Luz! Ela se fez por inteira. A agonia percorreu seu caminho de sonho.

Estampado em cada canto, paredes e telas, em degrade rosado, meu rosto estava.

– Minha obra de sangue.

A gota vermelha percorria-me fervorosamente até se juntar as demais, logo abaixo, no piso imundo.

Esgotada.

Um sorriso modelou sua face.

O suspiro da vida me aniquilou.


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Notas finais do capítulo

E ento??? Por favor no me matem por ter aniquilado a nossa Diva Rosada!!! Obrigada por ler! Beijinhos Aucarados!!!



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