A Incrível História do Garoto que Ofegava escrita por PepitaPocket


Capítulo 6
O Senhor do Fogo




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— Yamamoto Genryuusai?! – As dois amigos, repetiram em coro o nome dito pelo recém chegado, uma expressão de admiração surgiu em seus semblantes, antes de se desfazer em uma expressão estranha, enquanto eles concluíam também em coro:

— Nunca ouvi falar. – Eles disseram em uníssono.

— Claro, que não ouviram falar... Dois amadores, querendo brincar de caçadores de recompensa, não são tipo que coleta informação primeiro, para depois agir.

Ukitake ficara com as bochechas rubras, porque para ele aquele sermão fazia todo o sentido. Diferente de Shunsui que ficou ainda mais amuado, e fez cara feia para o recém-chegado.

— Não precisa passar sermão, vovô. – O garoto de cabelos negros dissera fazendo alusão a aparência envelhecida que estava a sua frente.

— Se somos dois idiotas, não precisa perder tempo conosco. – O outro disse sendo calado, por uma dolorosa batida na sua cabeça, com o cabo de sua espada, e aquilo era dolorosa.

— EU JÁ PERDI TEMPO POR CAUSA DE VOCÊS, SEUS IDIOTAS. POR SUA CULPA PERDI O RASTRO DA DAMA DAS ESPADAS. – Yamamoto dissera soltando literalmente fogo pelas ventas, o que foi uma visão assustadora mesmo para Shunsui que se encolheu um pouco.

— Dama das espadas?- Aquelas palavras chamaram a atenção de Ukitake, que lançou um olhar questionador para Yamamoto, que por sua vez se surpreendeu por pelo menos um daqueles dois saber usar ao menos um pouco os neurônios.

Ele ponderou por um momento, em meio ao silencio, mas o que quer que estivesse passando por sua cabeça, não foi transparecido em seu semblante.

— Voltem para a vila. – Ele disse em um tom frio, e cortante.

E, aquele desfecho foi ainda mais surpreendente para os dois jovens viajantes, que esperavam obter ao menos um pouco de informações.

Mas, aquela fração de segundos que eles se olharam, foi o suficiente para que o velho caçador desaparecesse, deixando os dois ainda mais aturdidos, ainda.

...

— Aqueles dois são interessantes. – O velho refletia há uma distância segura, a figura dos dois jovens desajeitados, que continuava olhando em todas as direções em busca de sua presença.

Sendo que ele estava bem a frente deles, mas escondido atrás de uma distorção de energia espiritual, que era uma das proezas mais básicas que os indivíduos com aquele tipo de peculiaridade, conseguiam realizar.

Mas, pelo visto nem algo tão básico assim, eles conseguiam ao menos notar, mesmo tendo um poder espiritual latente, que estava longe de ser fraco.

— Tomara que eles encontrem o caminho, Yumiko. – Ele dissera como que em uma prece silenciosa, antes de marchar em busca de seu objetivo: o demônio que não era um demônio, mas estava perto de se tornar um, se não fosse encontrado.

...

— Desista Shunsui! Aquele senhor não vai ser encontrado se ele não quiser que a gente o encontre. – Ukitake dissera com impaciência, enquanto sentia seu maxilar protestar, por cortesia daquela estranha sombra.

— Quieto, Ukitake! – O outro disse amuado, não gritou nem esperneou. Mas, seu temperamento forte e imprudente estava lá, dando as regras de novo.

— A única coisa que aquele velhote fez foi tirar de nós a oportunidade de ganharmos um bocado de moedas hoje. – Shunsui dissera com os olhos cheios de cifras, o que fez com que Ukitake rolasse os olhos com impaciência.

— Está brincando? – Ukitake perguntou amuado.

— A única coisa que ele fez, foi impedir que a gente morresse hoje... Porque não temos poder o bastante para lidar com aquilo.

— Então, vamos atrás do velhote, e vamos ver como se faz... Quem sabe a gente aprenda alguma coisa. – O outro disse cheio de vigor, e disposição o que fez com que Ukitake de novo soltasse uma risada de incredulidade.

— Acho que ele não vai nos querer por perto hoje... – Ukitake disse achando tudo aquilo uma tremenda loucura, a começar pelo detalhe de eles não terem como encontrar o estranho usuário de fogo.

— Além do mais... – Ukitake ia dizer exatamente, isto... Mas, foi calado por Shunsui que o puxou pelo braço.

— Já te disse que você tem de parar de pensar menos e agir mais... – Shunsui disse o puxando por uma direção que possivelmente não era a certa, mas também não tinha como se saber que era a errada.

E, esse pensamento pusera um sorriso nos lábios de Ukitake, porque Shunsui precisava pensar mais, antes de agir... E, talvez por isso eles se completassem tanto.

...

Há cerca de três quilômetros dali, Yamamoto caminhava cautelosamente pela floresta, com a mão na bainha de sua espada, qualquer movimento renderia, um corte carregado de chamas incandescentes, ao primeiro desavisado que entrasse em seu campo de visão.

A floresta que se encontrava estava quieta, e aquele silêncio era o aviso de que algo sobrenatural e ameaçador, habitava aquele lugar e os animais eram muito bons em perceber esse tipo de presságio, antes que um mal maior aconteça.

Diferente dos humanos, que precisam que uma tragédia se revele, para se dar por conta da presença do inimigo o qual não podem controlar.

Pensar nisso deixara as mãos do velho caçador mais trêmulas.

Enquanto ele lembrava do tempo que era um simples agricultor.

Tentando tirar seu sustento de uma terra árida, e praticamente estéril. Mesmo com a aparente miséria, ele era feliz.

E, parte dessa felicidade vinha dela: sua doce Yumiko.

Como era bela, com seus longos cabelos negros-arroxeados. Seus olhos castanhos intensos, sua pele clara e leitosa, seu nariz pequeno e arrebitado, seus lábios vermelhos e levemente carnudos.

Era magra e pequena, mas tinha um tipo de força que Yamamoto nunca soube como descrever, mas ele a sentia em cada fibra de seu ser.

Quando eles despertavam abraçados um no outro. Quando eles trabalhavam lado a lado, na agricultura. Quando eles repousavam na sombra das árvores, partilhando os poucos frutos coletados com seu árduo trabalho. Quando eles se refrescavam no regato, ou quando eles trocavam carícias intimas na alcova, ele sentia sua força animando-o.

Mas, agora ela já não estava mais lá.

Faltava tão pouco para o nascimento de seu primeiro e inesperado filho. Gestações naquele mundo, eram um acontecimento raro. Diziam que apenas seres de poder, das famílias mais abastadas, conseguiam este fato.

Isso só aumentou a felicidade de ambos, que mesmo com o pouco que tinham, aguardavam a chegada daquela criança, com os corações cheios de amor e esperança.

Então, o monstro mascarado apareceu, em sua casa repentinamente. Naquele dia Yumiko que estava sofrendo com o cansaço da gestação, ficara para trás, para descansar, enquanto ele seguia para mais um dia de labuta.

Mas, ao retornar para seu vilarejo, ao invés da balburdia das crianças, ao invés do falatório incessante das crianças, ele deparara-se com o silêncio mortuário, que foi o primeiro sinal que os dias de alegria haviam se ido.

Os restos mortais sem vida, jazidos ao caminho, lhe causaram um frenesi de desespero, e mesmo que parecesse egoísmo de sua parte, ele só queria encontrar sua amada esposa e se certificar de que ela estava bem.

E, a partir dai pensar em tudo o que aconteceu, era doloroso demais.

Ela já não estava viva.

Mas, a força que o animou enquanto ela esteve ao seu lado.

Continuava o animando mesmo agora que ela não estava lá.

Abastecendo o calor de suas chamas que o tornaram o mais poderoso e  perigoso caçador de sua geração.


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