Que horas eram? escrita por Fósforo ambulante


Capítulo 1
Capítulo 1 - A nova turma chegou chegando


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/644299/chapter/1


POV. AUTOR

– mãe! Olha o Felipe!- Fernanda gritou do seu quarto.

– mãe! Olha só a Fernanda! Ela não quer brincar comigo!- Felipe gritou também.- ela me odeia!

Flame, com um livro na mão, estava no sofá tentando ler respondeu:

– ou brinquem de outra coisa ou não brinquem! E sua irmã não te odeia!- completou brava.- olha que se fizerem bagunça seus amigos não vem para cá.

Os dois se sentiram culpados e foram brincar de outra coisa. Nesse momento, ouviram a campainha e saíram correndo. Flame foi atrás.

– Marcy, que bom que já chegou! Poderemos conversar enquanto essas pessoazinhas se divertem. Estava enlouquecendo.- ela começou a falar sorrindo.

– oi, Flame. Também acho as crianças uns pirralhos completos com chatice de sobra as vezes. Ninguém quer saber se eles passaram ou não batom de plástico numa boneca de plástico que não pisca os olhos. Essas bonecas não são do bem, cara. Não mesmo. Elas não piscam!!- falou um discurso enquanto abraçava Flame- oi, Felipe! Oi, Fernanda!

Antes de terminar de falar, os dois já tinham se juntado com seu filho Cayo e ido embora. Talvez eles já tivessem dito "oi, tia Marcy" antes. Ou talvez não.

Antes de as duas mães poderem sequer pensar em talvez pensar que as crianças as ignoraram ouviram uma buzina. Camilla saiu correndo para dentro da casa quase não falando "oi, tias."

– oi, Flame! Oi, pirralha!- Marshall falou se referindo a Marcy.

– oi, imaturo!- Marcy respondeu quase na mesma hora.

– e imaturidade você é especialista, né?- implicou Marshall.

– mal-educado!

– somos irmãos, se sou mal-educado você também é! Sua idiota!

– idiota você! Somos primos! Só fomos morar juntos aos 8 anos! Sua anta!

– época que melhor aprendemos a educação.

– aprendemos a nossa educação assim que nascemos, sua jaca!

– disse a senhorita sou-melhor-que...

– gente! Para! Qual é a idade mental de vocês?!- se intrometeu Flame.

– é cara. Para que ta feio.- Marcy disse.

– que?! Só eu? Como assim?! Você também tava!

– geeeenteeeee!!! Para!- Flame de um mini gritinho.- para!

Nesse momento um outro carro parou na frente da casa. De lá saiu a Fionna. Ela usava um óculos escuro grande e um vestido azul água com listras brancas.

– oi, gente! A Camilla já veio, né? O Marshall esqueceu ela em um sinal de trânsito?- Fionna perguntou fechando a porta do carro e completou entre os dentes- de novo.

– a culpa não foi minha se ela saiu andando pela rua.- Marshall quis explicar.

– depois falamos sobre isso...- respondeu tirando os óculos.

Todos entraram na casa e o Marshall foi embora por ser o único homem e não querer ser afogado em maquiagem.

Enquanto isso, as crianças se divertiam brincando de que tinham que derrubar o outro num espaço de oito quadrados do piso com almofadas sem pisar ou encostar na linha.

– Cayo, você pisou na linha!- Camilla acusou durante sua luta.

– pisei nada! Você que pisou! Olha aí!- Cayo respondeu e no mesmo momento Camilla tirou o pé da linha.

–é que eu pensei que você tinha pisado.

– Cacá, o Cayo tem razão, você pisou.- Fernanda disse.

Camilla, com aquela mente meio problemática de criança pequena, olhou fixamente na direção da Fernanda e a empurrou.

– você também pisou! Sua chata!- Camilla gritou com a Fernanda, enquanto essa chorava no chão.

As mães chegaram ao ouvir o choro de alguém e perguntaram o que aconteceu.

– a Camilla empurrou a Fefê.- Felipe disse.

– e ela caiu no chão.- Cayo completou.

– ela estava me provocando! Aquela chata!- Camilla retrucou.

Flame ajudou a sua filha a se levantar e a sentou no seu colo enquanto as outras mães "apartavam a briga".

– Camilla! Milha filha!- Fionna se intrometeu.- de qualquer jeito, como se empurra a sua prima assim? Quer ir pra casa quer? Quer ficar de castigo?- Camilla olhou pra baixo.- agora, vai lá pedir desculpa para a Fernandinha e chame ela para o lanche. - Fionna terminou confirmando as horas no seu relógio. Fez sim com a cabeça mais para si mesma.

Camilla chegou perto da sua prima e disse:

– Fefê, desculpa. É que eu não queria sair da brincadeira. Mas eu pisei na linha, sim. Foi mal. Eu vou jogar melhor da próxima vez e não reclamar se eu pisar na linha. Vem lanchar comigo?

– claro!- Fernanda respondeu descendo do colo da mãe.

Quando as quatro crianças saíram, as mães conversavam:

– elas se perdoam tão facilmente!

– Que gracinhas. Só tem 3 anos...

– tomara que elas sempre sejam assim!

===============================================

3 ANOS DEPOIS...

– mãe, eu não quero ir a escola!- Aylla reclamava.- eu não quero...

– filha, vai ser legal.- Marcy a encorajava.- no recreio você vai ver o Caio, vão ter outras menininhas... Você vai gostar! Eu prometo.

– ta bom. Mas se eu não gostar, eu não volto mais!

– você terá de esperar pelo menos umas duas semanas pra dizer isso. Mas sei que vai gostar.- Marcy completou e beijou a testa da Aylla.- agora vai lá, que você não pode se atrasar.

– você não vai comigo?- Aylla perguntou com uma cara de birra.

– não posso. Eu estudei aqui e aqui ainda tem as pessoas velhas que me davam aula. E sabe... Eu não fui uma boa aluna... Mas você vai ser. Com certeza.- Marcy completou rápido.

Depois de uma longa conversa chata, Aylla aceitou ir. Chegando lá percebeu, com uma cara de manga, que ficaria na turma de três de seus primos: Liane e Leon, filhos da Fionna e do Marshall (ou seja, irmãos da Camilla) e Noah, filho da Jujuba e do Chama (que tem uma irmã de 2 anos (1 ano mais que nova que essa turma))

Ela apressou o passe e, estranhamente, ela já sabia o caminho para a sala.

=======================================

Na sala, a professora do reino Girassol, Giane já estava aos nervos em simples 5 minutos. Aylla mordeu o lábio inferior, era muita gente. Sentiu o rosto esquentando. "Quem sabe" pensou "se eu entrar rápido ninguém perceba".

Mas no instante que passou pela porta ouviu seu nome sendo gritado acima dos gritos gerais.

– AAAAAYYYYLLAAAAAAAAAA!!!!!

Sentiu dois braços a abraçando por trás e amassando seus livros, lápis de cor e folhas para desenhar que estavam na sua mochila. Liane gritava e apertava cada vez mais.

– Aylla, eu ti amo!!! Você é minha pima favorita!!! Você é muito liiiiinda!!!

Liane era loira, como Fionna, vampira, como Marshall Lee e tem uma mania de dizer a Deus e o mundo que é lindo e é o favorito.

– Noah!!! Leon!!! A Aylla veio!!! Jan-Jan, vem cá também!!!- Liane continuou berrando.- você é tão fofa e tão linda que dá vontade de apertá até morrer!!!- ela disse apertando ainda mais. De onde uma garota tirava tanta força? Aylla já estava sem conseguir respirar direito.

Uma menina muito alta, muito magra e muito morena apareceu. Seus olhos eram preto tão preto que a íris se misturava com a pupila. Sorriu mostrando os dentes mais brancos que Aylla já tinha visto (o que não eram muitos, porque ela só tem 3 anos). Com duas covinhas profundas nas bochechas ela disse:

– sua mami dexa você pintar o cabelo?- no final da frase deu um pulinho e segurou uma mecha de cabelo da Aylla. O seu cabelo era preto com alguns fios rosa, espalhados pela cabeça.

– é... Bem...- Aylla começou.

– ela nasceu assim.- Liane foi prática. Ela já a havia soltado, embora continuasse com o braço no ombro dela.- po isso é minha balinha. O papai dela é o titio Chiclete. Ela é meio doce, sabe?

Por pouco, um caderno que apareceu do nada não acertou o nariz de Liane. Ela começou a rir como uma hiena. Leon apareceu atrás delas e se enfiou entre Aylla e Liane. Ele tinha o cabelo preto em um mini topete e era um pouco mais alto que Aylla. Ela não o via a umas 4 semanas.

Ele abraçou Aylla de um jeito estranho e rápido e pegou sua mão, saindo arrastando no meio de um garoto que chorava, um grupo de garotas que dançavam um balé muito mal feito, dois meninos que brincavam de lutinha com réguas, um menino jogando seus tênis em uma menina que fazia o mesmo, uma garota desenhando no chão, quietinha e um bolo de gente apontando figurinhas num jogo de bafo.

Aylla já estava perdida quando Leon finalmente parou, se enfiando em baixo de uma abertura em um forte de cadeiras e mesas. Ele a chamou:

– vem, Aylla. Aqui é da hora. Muito legal. Queto.- (quem não entendeu é "quieto", ok?) ela se enfiou lá dentro e percebeu que Liane e a outra garota grandona a seguiram. Quando finalmente pôde ficar em pé, percebeu que era quieto mesmo. Iluminado por uma lanterna, no ambiente havia ela, Leon, Liane, Noah, a menina gigante e um menino baixinho e gordinho que parecia parecia a menina alta, pelo cabelo e pelos olhos.

– Aylla...- Liane começou já se abraçando nela de novo. Por pouco Aylla era maior que ela.- você conhece o Noah, né?- falou com uma voz fofa.- e o Leon também. E eu. A Jan-Jan é ela.- apontou para a menina altona.- Ela é do reino metal. Ele, o Thiago, é do reino metal também. Eles são pimos.

Então, quase que por magia, Noah brotou do seu lado e a encarou com um olhar sinistro. Ele era filho da Jujuba e do Chama, mas tinha o cabelo castanho. Ele tinha mais sardas que a Flame e o Chama juntos. Seus olhos eram cinzas arroxeados.

Aylla se perguntou quanto tempo faltava para acabar a aula, pois estava chato, desde quando as crianças (sem ser ela (excluída!!!)) começaram a conversar e a excluir. Ela desenhou de tudo: árvores, pássaros, cachorros, gatos, animais, pessoas, pessoas andando, pessoas velhas, pessoas novas, pessoas atirando balões d'água em outras pessoas, pessoas felizes, pessoas tristes, bebês, flores, casas, roupas, fogo, água, rios, fábricas, corações, estrelas, uma mão, a chatice, o sentimento de ser excluído (não me pergunte como)...

E ainda não tinha acabado a aula.

Cansou de desenhar. Ficou com fome. Pegou o pacote de biscoitos recheados que tinha roubado da despensa e comeu. Ouviu a conversa dos outros. Começaram a falar sobre por que o rosa é das meninas e o azul é dos meninos. Sobre as cores, o arco-íris, o céu, os anjos que moram em cima das nuvens, da histórias das nuvens, da chuva, da água, da terra, das flores, do jardim da Fionna que a Liane e o Leon pisaram, dos tênis que usavam, da sapatilha de balé da Jan-Jan, de hip-hop, da cantora da moda, das roupas da moda, da música da moda, do livro da moda...

E ainda não tinha acabado a aula.

Ela pegou um livro (só de imagens) e "leu". "Leu" sobre as vacas, o leite das vacas, o boi, a carne do boi, o futuro da boi, o sapo, a língua do sapo, as moscas que o sapo comia, o local onde o sapo vivia, a rã, o camelo, as costas do camelo, o dromedário, o elefante, o peso do elefante, a tromba do elefante, a girafa, o pescoço da girafa, as manchas da girafa, a zebra, as listras da zebras, o por que as zebras eram brancas e pretas (aliás, as zebras são brancas com listras pretas, ou pretas com listras brancas???), o macaco, as gracinhas do macaco, a cara do macaco, a língua do macaco, a banana e o macaco, a cauda do macaco, o papagaio, a voz do papagaio, a cor do papagaio, a inteligência do papagaio...

E, finalmente (graças a Deus), a aula acabou. Aylla estava apodrecendo, mofando lá. "Se eu ficasse mais um minuto lá dentro," Aylla pensou."eu não sei se teria um célebo nomal." (Cérebro normal pra quem não percebeu).

Ela saiu daquele amontoado de cadeira e mesas e olhou para a janela. Nunca tinha se sentido tão aliviada e livre (também, né? Ela só tem 3 anos!)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu queria colocar uma imagem feita de /():;?!.,"- entre outros, mas o fanfiction tirou todos os espaços.